Alexandre e Olive estavam juntos no celeiro, Olive estava jogada no meio das palhas e Alexandre tentava arrumar o lugar, o que estava sendo quase impossível já que a garota não parava de reclamar.

- Alexandre, podemos dar uma volta? Aqui tá um tédio - A garota resmunga enquanto brinca com um pedaço de palha.

- Eu tenho que trabalhar - Alexandre responde - Por que você não está na escola?

- É sábado, gênio - A ruiva suspira e se levanta.

Olive caminhou de um lado para o outro até que uma lâmpada se acendeu em sua cabeça, a fazendo ter uma grande idéia para acabar com o tédio.

- Vamos procurar a casa em que a senhorita Circe mora lá na floresta - A garota fala e Alexandre suspira.

- Eu. Tenho. Que. Trabalhar. - Ele faz pausas no meio da frase, fazendo Olive ficar um pouco ofendida.

- Não precisava ser tão grosso e obviamente eu tenho um plano, já volto

Olive caminhou até a casa e encontrou Arabella tomando chá e lendo um livro, ela estava tão concentrada que ignoraria qualquer coisa que Olive falasse.

- Alexandre precisa sair e buscar algo em sua casa, mas para isso precisa do sua permissão, posso ir junto? - Olive disse as palavras rapidamente, mas Arabella apenas entendeu "Sair, casa, permissão e ir junto".

- Se isso fazer você calar a boca, pode ir - Era claro que Arabella não fazia idéia do que havia permitido.

Olive sorriu e correu para fora da casa, indo em direção ao celeiro. Alexandre apenas a olhou desconfiado e com uma sobrancelha levantada, o pobre fazendeiro tinha 99% de certeza que teria que acompanhar Olive em alguma de suas loucuras.

- Larga essa pá e vamos entrar na floresta - Olive puxa a ferramenta da mão do garoto e o arrasta para fora do celeiro.

Ao entrar em na floresta, notaram muitas combinações de cores, aquele lugar era maravilhoso, mas dava uma certa impressão de estarem sendo observados.

Quanto mais adentraram na floresta, mais tensa ela ficava, até chegar num momento que a luz do sol quase não passava pelas folhas das árvores.

- Estamos perto, eu acho - Alexandre afirma e atrai um olhar confuso de Olive

-- Como você sabe?

- Por Deus, Olive tem um chalé bem ali.

Olive franze as sobrancelhas e olha para a frente, como um chalé tão bonito passou tão despercebido? O lugar parecia a casa do quadro que ficava no quarto de Olive, só que sem o rio.

- Tá, o que fazemos agora?

- Sei lá, vamos dar um oi, talvez ela nos dê um chá.

- Acho que não gostaria de tomar um chá ou qualquer outra cois que uma mulher que mora sozinha num chalé no meio da floresta ofereça. Nunca ouviu falar de João e Maria?

- Não seja tão rude - A garota atravessa a pequena cerca do chalé e bate na porta.

Ninguém atendeu, então Olive bateu mais vezes até uma mulher atender. Ela usava um vestido longo e branco e tinha lindos cabelos castanhos, até parecia uma pintura renascentista. Alexandre estava encantado com ela.

- Olive? - A mulher pergunta, Olive e Alexandre trocam olhares.

- Você me conhece?

- Claro, sua tia me falou sobre você. Ela também falou que com certeza você viria para cá. Entrem.

Os dois entram no chalé, um pouco desconfortáveis. O lugar era bonito, tinha diversas plantas espalhadas pelo lugar, mas o que mais chamava atenção era um pequeno altar, nele havia um galho enfeitado com desenhos e fitas, penas, uma estátua de dragão, algumas conchas, um pentagrama, velas e diversos cristais.

- Então, a que devo a visita? - Valquíria pergunta depois que Olive e Alexandre se sentaram em seu sofá.

- A minha imensa curiosidade - Olive sorriu amigavelmente

- Ah, entendo, querem beber algo? Um chá?

- Sim, por favor - Alexandre fala sem pensar muito.

Olive notou o interesse do amigo e apenas riu maliciosamente para o jovem que ficou vermelho na hora, mas desviou o olhar da ruiva.

[...]

- Então, senhorita Circe, mora sozinha? - Alexandre pergunta tomando um gole de seu chá.

- Sim, faz alguns anos.

- Não se sente solitária no meio da floresta?  - Olive questiona um pouco preocupada com a mulher.

- Não, claro que não. A floresta é uma ótima companhia. É agradavel e cheia de vida. Agradeço muito a sua tia por ter me deixado ficar aqui, se não teria que conviver com os seres mais cruéis que existe na terra.

- Quem? - Alexandre deixa sua xícara de chá em cima da mesa.

- Humanos, obviamente. Deveriam saber que  "Tudo aquilo que fizer retornará a você nesta vida multiplicado por três".

- Belas palavras, mesmo eu não tendo entendido nada, parece sabia e...

- Temos que ir -Alexandre interrompe Olive e se levanta - está ficando tarde.

- Ah, tudo bem. - Valquíria sorri para Alexandre que secretamente se derreteu.

- Visitaremos a senhorita novamente - Olive acena enquanto Alexandre a arrasta para fora do chalé.

Os dois caminharam pela floresta mais calmos, depois de ter quase certeza que não teria nenhuma bruxa para temer.

- Ela me lembra a Anne - A ruiva fala e seu amigo a olha. - Frases sem nenhum sentido, mais que tem muito sentido.

- Então vocês três são idênticas.

- Nem tanto, Valquíria não é ruiva.