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CAPÍTULO 1: "Dois meses vão passar voando!"



Acordei sobressaltado, o som do telefone sempre pode ser irritante, mas ainda no escuro, pode ser assustador. Olhei, fazendo careta, para o rádio-relógio ao lado da cama, marcava cinco e quarenta e quatro da manhã. Quem telefona para alguém à uma hora dessas? E quando isso acontece... sempre espera-se pelo pior, nunca é uma boa notícia. Mas não desta vez.

- Alô!

E foi aquele alô que se dá sempre que é acordado muito cedo ou no meio da noite. Lento, preguiçoso e de cara fechada. Do outro lado uma voz um tanto familiar.

- Bom dia Will! Acordei você?

- Não, imagina, eu estava combatendo o crime, noite adentro, usando minha fantasia de homem-morcego.

Três segundos se passam em hesitação, com certeza ele não entendeu a piada. Então continuou.

Cara, hoje é seu dia de sorte!

- É mesmo? Não brinca. - Respondi ironicamente, ainda bocejando.

- É sério! Adivinha quem bateu o carro ontem e fraturou dois ossos do pulso?

- O Sylvester Stallone?

- Willian, às vezes é difícil falar com você.

- Desculpa cara, é que eu estou ainda meio contrariado de não ir na expedição...

Ele me interrompeu:

- Você vai! É o que eu estou tentando dizer, mas você fica com essas piadinhas mal-humoradas.

- Espera aí! Como assim eu vou? - Perguntei quase tendo um troço.

- Ontem, depois que o pessoal se despediu lá na redação, alguns foram comemorar a ida para o Canadá no Routz, parece que o Dan tomou uns drinques a mais e bateu o carro.

- Putz! Que pena pra ele.

- McAlister ainda vai chefiar a expedição, mas agora você também vai.

- Greg... não acredito, esta é a melhor notícia dos últimos anos! Bem... pelo menos pra mim.

- Então se apresse, o voo de vocês sai as nove horas, mas você tem que estar no aeroporto pelo menos meia hora antes para fazer o check-in.

Agradeci meu amigo e supervisor Greg e saí pulando pelo quarto enquanto minha amada esposa Barbara, que devia ter ouvido pelo menos parte da conversa, estava sentada na cama me olhando, naquela cena ridícula que a gente só faz na frente dos mais íntimos. Ela ainda não sabia de tudo, mas com certeza tinha algo à ver com a expedição. Barbara não sabe se ri ou se manda eu me controlar, afinal o dia ainda nem amanheceu.

Durante quase seis meses planejamos esta expedição ao Canadá, e eu fui um dos idealizadores. Iríamos filmar e documentar o comportamento de animais selvagens, principalmente o animal símbolo do Canadá, o castor. Afinal, quem poderia imaginar que um grupo de castores poderia construir um dique tão imenso que podia ser fotografado até por satélites no espaço? Era uma obra de engenharia primorosa. Levou cerca de quarenta anos para ficar pronta, consumindo toneladas em árvores e várias gerações de castores do local. Além destes adoráveis roedores, ainda gostaríamos de registrar um pouco sobre lobos, ursos e wolverines, se possível.

Há mais ou menos dois meses, tudo começou a degringolar para mim. Fui cortado do projeto sob a alegação infundada de que não tinha a experiência necessária para dirigir a expedição e outro monte de bobagens. Eu já havia trabalhado em outros documentários, tinha conhecimento de campo, apenas nunca tinha ultrapassado as fronteiras do meu país, nem havia dirigido um documentário e esta era a oportunidade perfeita. Deixar os pequenos documentários para encarar um de porte maior. É claro que castores nunca foram uma paixão, mas vendo o que eles arquitetaram, culminando na maior represa natural do mundo, não podia deixar de ser interessante. Agora... finalmente agora, eu iria. Estava animado, mesmo indo como assistente.

O problema podia ser o líder da equipe, Remo McAlister, um sujeito arrogante, metido a valentão, sempre dono da razão. Mas o pior é que ele tinha sim muita experiência, já tinha dirigido trabalhos de expedição para documentários em toda a América, já tinha feito um trabalho na Austrália, filmando cangurus, coalas, crocodilos enormes, serpentes super-peçonhentas e outros bichinhos estranhos que só existem lá. Por último, tinha feito um bom trabalho sobre ursos e lontras em países europeus. Por fim, ainda na Europa, teve alguns problemas de relacionamento com os integrantes europeus da expedição, chegando a trocar socos e pontapés com um alemão que não gostou do seu tom superior. "Problemas de relacionamento" haviam se tornado um termo comum por onde ele passou, mas seu currículo era bom, o credenciava para o trabalho bem mais que o meu. Eu já tinha trabalhado em documentários sobre águias, lobos, ursos e bisões norte-americanos e sonhava em breve poder dirigi-los.

Barbara estava ansiosa pela notícia completa e quando eu contei tudo, ela deu um pulo da cama e nos abraçamos pulando, até que caímos no chão aos risos.

- Quieto! - Disse ela, ainda com o sorriso no rosto - vai acordar o Jared.

- Ok, ok. - Respondi já procurando as malas.

- Eu falei pra você... faça seu trabalho sem se preocupar com os outros e logo você vai ser recompensado. Viu? Foi antes do que você imaginava.

- Como assistente?

- Está reclamando?

- Não, não... você tem razão. Aliás amor, você sempre tem razão. O que seria de mim, sem você, nessa minha vida doida?

Olhei para ela e seu semblante alegre estava desvanecendo-se. Eu já sabia o que se passava naquele coraçãozinho, então disse:

- Vou sentir saudades também, minha flor.

Ela fez que sim com a cabeça e me fitou firmemente com os olhos já um tanto marejados.

- Vamos esperar você... Jared e eu... contaremos os dias para você voltar.

Eu já devia estar acostumado, mas não é tão simples assim, não para mim. Tínhamos agora quatro anos casados, Barbara era a mulher mais maravilhosa que eu já conhecera, sempre tinha um jeito de me colocar pra cima, mesmo quando eu não estava, digamos... em uma maré de sorte. Além disso, era uma pedagoga apaixonada por crianças. Ela trabalha em uma escola primária, que fica há apenas sete quarteirões de nossa casa. De segunda a sexta-feira leva nosso pequeno Jared junto com ela e o deixa no berçário da mesma escola. Sempre que pode ela dá uma espiada nele, isto é bem cômodo para nós dois. Tinha sido assim desde que ela voltou ao trabalho há pouco mais de um ano. Neste tempo eu não havia me ausentado de casa mais do que alguns dias. Agora eu ficaria dois meses longe de casa, longe da minha amada Barbara, do meu pequeno Jared, que ainda tem aquele cheirinho de bebê. Ah, como eu vou sentir falta disso... mas também... olhando por outro lado, não é tanto tempo assim, mesmo que a saudade aperte, eu sei que retornarei para casa.

- Dois meses vão passar voando! Quando vocês menos esperarem eu estarei abraçando e beijando vocês aqui em casa de novo.

Barbara ri.

- Vamos arrumar suas coisas logo. - Disse ela. - Ou quer perder esse bendito avião?

- De jeito nenhum.

Nem acabo de falar e o estrondo forte de uma trovoada traz o prenúncio de problemas. Aos poucos, o som de pingos de chuva é ouvido no telhado e em poucos segundos o som transforma-se em um contínuo e ininterrupto chiado. A chuva, até então não esperada, parece ganhar força muito rapidamente.

- Droga!

- Calma amor, tudo bem, logo passa, não vamos perder tempo.

- Ok, você está certa!

Nunca tive uma manhã tão corrida, nem mesmo indo para outras expedições, pois tudo sempre fora planejado com muita antecedência, o que não era o caso desta vez. Um dia você se sente traído, fora do projeto e quando menos espera, você está na ativa novamente. O trabalho de ajudar internamente, na edição do material pode ser legal, mas somente se você não conhece a adrenalina do trabalho de campo. A batida do coração acelerada ao ficar próximo de um animal selvagem, observando, filmando, anotando e tudo o mais. Sentindo o vento no rosto, a chuva, a neve, o calor, não importa, aquele era um mundo fascinante, eu sempre soube que faria isso desde que assisti pela primeira vez o National Geographic, ainda na infância, eu devia ter uns seis anos de idade.

Assim que arrumamos minhas coisas, Barbara, Jared e eu saímos de nossa casa em direção ao aeroporto, a chuva ainda era constante, o céu estava escuro. As ruas já davam sinal de que logo poderiam ficar alagadas. Barbara dirigia enquanto eu a olhava, olhava para o banco de trás onde Jared estava na segurança da cadeirinha, sonolento, com a cabecinha querendo cair para o lado, entramos em uma curva, a inércia quase o despertou, ele abriu os olhinhos, ajeitou a cabeça novamente e adormeceu. Fazia tempo que eu não dava tanta importância para momentos como aquele. Um leve aperto no coração por deixá-los, a tensão causada pelo mau tempo e confesso... um pouco de ansiedade. Por um momento estávamos em silêncio no carro, paramos no semáforo. Fitei minha linda Barbara, seus cabelos loiros, lisos até os ombros e com algumas ondulações dali até o meio das costas. Seus olhos verdes eram há anos, meu refúgio, meu conforto, olhos que Jared herdou. Eu tinha certa inveja daqueles dois com seus belos olhos verdes. O sinal abriu e continuamos o caminho.

- O que foi? - Perguntou ela, percebendo meu olhar.

- Nada não. - Respondi calmamente, sem tirar os olhos dela. Ela continuou dirigindo, trocamos algumas poucas palavras no trajeto, mas em minha mente se passavam muitas coisas, tinha certeza que na dela também, mas, poucas palavras foram ditas naquele momento. Este era uma daquelas ocasiões em que as palavras vêm até a ponta da língua, mas por fim não saem. Talvez o silêncio naquele momento realmente fosse o melhor. Diria o quanto a amava e o quanto ela e Jared eram importantes pra mim quando nos despedíssemos no aeroporto.

Esperava que a chuva desse uma trégua a qualquer momento. Próximo ao aeroporto o trânsito estava um tanto conturbado e comecei a me preocupar, mas não levou muito tempo e já estávamos no estacionamento. Descemos do carro segurando o guarda-chuvas e Barbara me ajudou com minhas três malas, quando viu que estava tudo sob controle comigo e as malas, pegou nosso bebê no banco de trás do carro, com muito cuidado, tanto que ele não acordou de imediato, só depois que estávamos já a caminho do saguão. Então ele despertou lentamente, e vendo que está em um lugar desconhecido, olha atentamente em todas as direções, levantando a cabeça, para enxergar tudo que seus olhinhos podem alcançar. Parece insatisfeito, o vento traz minúsculas gotas de chuva em seu rostinho rosado, sua feição está fechada, mas assim que me vê logo atrás deles, sorri, com os dedinhos começa a brincar com uma mecha dos cabelos da mãe.

- Cadê o bebezão do papai?

Ele esconde-se atrás de uma mecha de cabelo da mãe.

- Achei você!

Ele ri.

- Que chuva chata hein filhote?

Chegamos ao saguão do aeroporto, com 35 minutos de antecedência para o voo, o que nos dá um bom tempo para realizar o check-in. No interior do saguão, tudo parece conturbado, algumas pessoas zangadas passam bem ao nosso lado falando alguns palavrões enquanto tantos outros mostram sinais de insatisfação, irritação e frustração. Logo encontramos o pessoal da expedição, algumas esposas, crianças se despedindo, pose para fotos, risos, alguns olhos chorosos, tudo como manda o figurino para uma partida.

Cumprimentamos o pessoal e logo pergunto:

- O que está acontecendo?

- Parece que todos os voos foram suspensos.

- Era isso que eu temia – falei para Barbara – desde aquela primeira trovoada.

- Vou ver se consigo alguma informação com a companhia aérea. – Diz Greg já saindo.

- Pois é meu povo, o negócio é esperar. – Fala Susie, nossa bióloga.

- Bem, estamos todos aqui não é mesmo? – Fala o grandalhão Remo McAlister – Eu sou o Doutor McAlister, jornalista especializado em documentários... estarei chefiando esta expedição.

- Ele disse doutor? – Cochicha Barbara.

- Sim, doutor beija-minha-bunda-doutorado-em-nada. – Respondo em voz baixa zombando da tentativa de nosso líder de expedição em impressionar nossos familiares. Barbara tenta engolir o riso enquanto Susie que está bem próxima a nós, faz o mesmo enquanto mexe com Jared. McAlister encara Susie e continua:

- Susie, nossa... bióloga.

- Presente! – Ela responde levantando a mão.

- Espero estar lidando com profissionais aqui, senhora bióloga.

- Pode ter certeza, doutor.

Após dois demorados segundos encarando-a, McAlister prossegue:

- Matt e Diego, vocês são responsáveis por todo equipamento, montagem... além de auxiliarem nas filmagens, fotos, pá pá pá... acho que tem mais alguém... ah sim, nosso auxiliar... Willian, deve ser você. – apontando para mim.

- Quem sabe? – Respondo quase cinicamente.

Levo uma cotovelada nas costelas vinda de minha esposa, que a essa altura já estava cochichando alguma coisa com Susie que tem Jared no colo e faz algumas caretas para ele.

- Como assim "deve ser você"? – Pergunta-me Barbara em voz baixa. - Vocês não trabalham juntos?

- Há um metro e meio um do outro nas últimas duas semanas.

- Parece que o clima não começou dos melhores. – Diz Barbara próximo ao meu ouvido.

- Claro, olha esse temporal.

- Não estou falando da chuva engraçadinho.

Então McAlister finaliza:

- Ainda temos na equipe o Doutor Charles Swenson, médico, que deve encontrar-se conosco em Ontario. E... ah sim, há também mais uma equipe de quatro pessoas que devem seguir para lá em dois dias, nos auxiliando com tudo, mas até lá é por nossa conta.

Greg retorna ofegante, gesticulando com os braços:

- Sem previsão gente, sem previsão! Dificilmente irá decolar alguma coisa daqui hoje.

- O jeito é irmos de carro. – Fala McAlister – são apenas algumas horas. Eu não vou ficar plantado aqui.

- Nisso ele tem razão - diz Susie – também não quero ficar acampada aqui não.

- Greg, passa as chaves da camionete da empresa pra cá e recolocamos todo o equipamento nela novamente. – Ordena o corpulento líder da expedição.

- Mas essa camionete está sob os meus cuidados. – Greg reluta em aceitar a ideia.

- Pegue um taxi pra voltar para casa porque nós estamos precisando mais do que você... chaves e documentos, por favor.

- Ok, você deve ter razão, se preferem assim... - Greg acaba por concordar.

- Vamos nessa então!

E assim McAlister finaliza seu show.



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