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BONECA DE PORCELANA

Esse conto foi escritor por ; Thathya_fliX.

O vento cortava a vila com uma intensidade sobrenatural, e as árvores, que já estavam deformadas pela passagem de tempo, se curvam como se estivessem tentando se proteger de algo invisível, algo que se aproximava. Dentro da casa isolada, o artesão trabalhava incessantemente, martelando com uma força frenética. Sua oficina, normalmente repleta de vida e risos, agora estava imersa em um silêncio macabro, onde apenas o som de suas batidas reservava nas paredes.

Ele já havia feito inúmeras bonecas, mas nenhuma como aquelas. Ela seria especial. A última, que ele criaria para a filha que havia perdido. O vazio que sua morte havia deixado era insuportável, e nada mais o preenchia, nem a madeira, nem o trabalho. Quando a perda se torna insuportável, o ser humano é capaz de fazer qualquer coisa. Ele a viu, sentiu sua presença. A ideia nasceu como uma obsessão: a boneca deveria ser perfeita. Ela deveria ser *Helena*.

O artesão sabia que perdeu sua filha em um acidente terrível, mas não conseguiu se conformar com a ideia de que ela jamais retornaria. Ele passou noites em claro, alimentando uma ideia absurda, mas insuportável: se ele conseguisse, de alguma forma, transferir a alma de Helena para a boneca,  poderia tê-la de volta. E assim, ele começou a trabalhar. Ele desenhou o contorno de uma criança em madeira, e, pouco a pouco, o rosto da filha foi ganhando forma.

O artesão não notou a escuridão que o cercava, nem o silêncio que tomou conta de sua casa. Ele estava obcecado. Cada parte da boneca era esculpida com um cuidado doentio, o sorriso esculpido em seu rosto se tornava cada vez mais real. As mãos delicadas e finas, estavam posicionadas com precisão, como se a boneca estivesse prestes a falar, a rir. Mas o artesão sabia que algo não estava certo. Não podia estar.  *Nada fica certo quando o coração está quebrado.*

Ele passava horas ao lado da boneca, tocando seu rosto, seus cabelos, como se fosse possível sentir alguma resposta. Mas ela permanecia inerte, apenas um reflexo de sua filha. Até que, uma noite, um senhor apareceu.

O senhor estava coberto por uma capa escura, seus olhos como buracos negros, onde não havia luz, nem vida. Ele apareceu no limite da porta da oficina, observando o artesão trabalhar com uma expressão que beirava a desesperança.

— Você quer trazê-la de volta? — Perguntou o velho, sua voz arrastada, carregada de algo que o artesão não conseguiu identificar. Mas naquele momento, ele não se importava com os riscos. Nada mais importava além de Helena.

O velho sorriu de maneira incomodante, seus dentes finos e amarelados aparecendo por um breve instante.

— Se você está disposto a pagar o preço, então pode ter o que deseja.

Sem questionar, o artesão o seguiu. O velho o conduziu a um lugar proibido, onde rituais eram praticados, onde o fim e o começo se encontravam. Ali, ele deveria realizar o impossível. Invocar a alma de sua filha e fundi-la à boneca. Mas ele sabia que não poderia voltar atrás. Ele estava perdido em sua dor.

Naquela noite, iriam realizar o ritual. Desenharam símbolos com o sangue de um cordeiro ao redor e corpo da boneca. Entoando palavras em uma língua desconexa, palavras que arrancavam do ar qualquer vestígio de esperança. A casa parecia tremer, a madeira rangendo como se estivesse prestes a se despedaçar. Quando terminou, cortou a palma da mão e deixou o sangue escorrer sobre a boneca, que parecia não se mover. O cheiro de ferro no ar era quase insuportável.

Ele a encarou, esperando, mas nada aconteceu. Nenhuma palavra, nenhum movimento. O artesão sentiu o vazio tomar conta do seu peito. Até que, de repente, os olhos de vidro da boneca brilharam. Um brilho gelado, do qual não havia volta.

Então, uma voz baixa, sussurrando em um tom suave, mas aterrador, soou:

— Papai?

O artesão caiu de joelhos, seu coração batendo com tanta força que parecia querer rasgar sua carne. Ele a pegou nos braços, a abraçando desesperado, como se fosse real.

— Helena! — Sussurrou ele, a voz embargada.

A boneca, com sua expressão imóvel e sorriso estranho, se inclinou levemente, como se estivesse reconhecendo seu pai. Mas algo estava errado. Algo no ar estava pesado demais. O sorriso de Helena era bonito, mas ao mesmo tempo, cruel. Uma rigidez começava a tomar conta do rosto da boneca, como se algo estivesse se alojando ali, empurrando a verdadeira essência para fora.

[...]

A esposa do artesão, Maria, logo notou a mudança. Ela estava distante dele, não acreditando mais em seus olhos, em suas palavras. Ela sabia que a filha nunca voltaria. Mas ele não a escutava. Ele conversava com a boneca como se ela fosse Helena. Ele a chamava, sorria, e falava com ela como se fosse uma criança real.

Maria tentou intervir. Tentou fazer o artesão ver a verdade. Mas ele não queria ver. Ele estava obcecado, imerso na loucura que ele mesmo criara.

A casa estava fria, o ambiente pesado, quase sufocante. Uma tensão crescente tomava conta de todos. Maria começou a ouvir risadas baixas durante a noite, risadas que vinham do canto escuro do quarto, vindo da boneca. Mas Helena estava ali, ao seu lado, nos braços do pai. Não poderia ser ela. Era impossível.

Maria desapareceu naquela mesma noite.

Desapareceu sem deixar vestígios, como se fosse engolida pela própria escuridão. O artesão procurou por ela durante dias, mas nada encontrou. Sua mente começou a se desfazer. Ele procurava por ela em todos os cantos da casa, mas ela estava... longe demais. Quando olhou novamente para a boneca, a expressão do sorriso parecia mais cruel. Mais cheia de veneno.

— Ela quis nos separar, papai. Agora, estamos juntos. Para sempre.

Ele se levantou, um frio correndo pela espinha. A boneca agora não era mais Helena. O que estava nela era algo muito mais antigo. E ele havia liberado algo muito pior do que podia imaginar.

A casa estava cheia de segredos agora.

Ninguém ousava se aproximar. Ninguém sabia da dor que o artesão carregava. As pessoas começaram a desaparecer. As crianças, as mulheres, as famílias inteiras. Ninguém sabia o que acontecia nas profundezas da casa do artesão.

A cidade, que antes era pacífica, estava agora cercada por um manto de medo. Quando os corpos começaram a aparecer, ninguém podia acreditar. Alguns estavam amarrados, outros com as bocas costuradas de maneira grotesca. Mas os mais horríveis eram os corpos das crianças. Quando encontraram um, ele estava caído em frente à casa do artesão, e o que restou de seu corpo era nada mais que um casulo vazio. Não havia mais vida ali. Apenas uma pequena boneca com um sorriso grotesco, que parecia zombar de tudo.

O artesão pagou o preço, mas o que ele trouxe de volta não era a filha que ele tanto amava. O que ele trouxe estava além de qualquer compreensão humana.

Naquela noite, a casa foi tomada por um silêncio opressor. O artesão ficou sentado diante da boneca, segurando suas pequenas mãos de madeira com devoção cega. Ele ignorou os arrepios que subiam por sua espinha sempre que aqueles olhos vítreos pareciam segui-lo pela sala.

Quando o relógio bateu três da manhã, um som seco ecoou pela oficina. Um estalo, como madeira se partindo. O artesão olhou ao redor, confuso, mas logo percebeu que o barulho vinha da boneca. Seu pequeno corpo trêmulo se movia em espasmos. O sorriso esculpido começou a se expandir de maneira impossível, os lábios de madeira se rasgando até que a mandíbula se abriu com um estalo grotesco.

— Papai...

O som veio da boneca, mas era distorcido, como se outra coisa falasse através dela. O artesão congelou.

Então, a boneca se moveu.

Primeiro foi um pequeno giro de cabeça, depois um estremecer dos braços. O artesão recuou instintivamente, mas era tarde demais. Num piscar de olhos, a boneca estava sobre ele. Suas pequenas mãos de madeira se cravaram em seu rosto, unhas afiadas rasgando sua pele como garras. Ele tentou gritar, mas algo invisível agarrou sua garganta, forçando sua boca a se abrir num sorriso grotesco.

Os olhos do artesão começaram a sangrar. Ele se debatia, mas sua própria carne se esticava, seus músculos se rasgavam em espasmos involuntários. Seu corpo estava sendo moldado, torcido como se fosse argila viva.

A dor era insuportável.

Então, ele viu.

A boneca abriu os olhos por completo, revelando um vazio absoluto, um abismo negro onde milhares de mãos minúsculas se contorciam, tentando escapar. E, em meio àquele vazio, Helena estava lá. Chorando. Sufocada.

Ele tentou chamá-la, mas seu próprio corpo não lhe obedecia mais. A carne do artesão começou a apodrecer em segundos, como se os anos estivessem o devorando de dentro para fora. Suas unhas caíram, seus dentes estalaram e se desintegraram, e sua pele secou como papel queimado.

A última coisa que ele ouviu foi um riso infantil, suave e cruel.

No dia seguinte, quando os vizinhos foram verificar por que o artesão não saíra para abrir sua oficina, encontraram apenas um boneco esculpido com um realismo terrível, sentado em sua cadeira.

Tinha os olhos fundos e vazios. E um sorriso esculpido que não desaparecia.

E a boneca... ela ainda estava lá. Sorrindo. Esperando pelo próximo.

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