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43. Poder E Fardo


Para alguém que viveu uma década inteira fechada dentro de um bunker, Drica não deveria estar se sentindo claustrofóbica.

Mas, Deus, ela estava.

Aquele lugar era, para todos os fins, sufocante.

Talvez porque ela confiasse piamente em Louis e em sua engenhosidade quando estavam no abrigo. Todo aquele papo de circulação de ar apropriada era grego para ela, mas a deixava confortável e confiante.

Agora, estavam lá, no vão de uma estação de trem completamente abandonada, com obras inacabadas e materiais velhos e inutilizáveis espalhados pelo chão com camadas e mais camadas de poeira e cimento e sujeira. Fitavam os trilhos, esperando o tempo passar e o plano de seu pai funcionar.

Ela ainda sentia a adrenalina correr forte nas veias. As pontas dos dedos formigavam, e ela não conseguia deixar de andar de um lado para o outro, dois passos para lá e dois para cá, hiperventilando.

Os outros comemoravam como crianças que venceram uma partida de pique-bandeira.

Seus olhos pararam nela.

Zoe ganhara a confiança de Debby e Tom e agora segurava uma Olivia atenta.

Zoe falava, conversava com a criança que ninava nos braços, e a bebê olhava para ela como se fosse a coisa mais intrigante que ela já vira.

Talvez porque agora Zoe não usava mais as lentes de contato negras nos olhos, e as únicas pessoas com quem Olivia tivera contato tinham olhos de Corvo.

Algum poeta capturaria a cena em versos bonitos para a posterioridade. Algo como o encontro de um igual, mesmo que a pequena Olivia ainda nem soubesse que seus olhos são pacatos e que há uma guerra inteira envolvendo-os. Mesmo assim.

Passos nos trilhos fizeram os presentes congelarem e trocarem olhares.

Debby apagou a única lanterna acesa e Mat levantou-se de um salto, a arma nas mãos. Eric estava já ao seu lado com um pedaço de ferro que encontrou no caminho, esperando que não precisasse usá-lo tão cedo.

Os passos aumentaram calculadamente. Ficaram mais perto, mais perto e mais perto, até o tronco de Samira aparecer na escuridão.

Uma bufada de alívio coletiva tomou conta do local.

– Merda, Sam. – Mat guardou a arma na bainha da calça e estendeu a mão para ela, a qual Samira tomou, igualmente aliviada por vê-los. Ele içou-a para cima da plataforma. – Quase nos matou do coração.

Ela simplesmente sorriu, apressando-se em tirar as lentes de contato negras dos olhos como se aquilo já a queimasse.

– E então? – Drica indagou, os braços cruzados.

– Tenho um bom pressentimento – Samira contou, rumando para uma das mochilas que trouxeram e pegando uma garrafa de água. Estava sedenta desde antes mesmo de saírem da casa de Tom e Debby. Samira não mostrara-se a otimista do grupo. Então, aquilo só podia ser ou uma mentira para acalmá-los, ou a verdade da boca de uma realista. – Eles vão começar a se virar um contra o outro, é questão de tempo.

– Quanto? – Mat perguntou. – Não temos muito.

– Não consigo nem mensurar isso. – Ela deu de ombros, ainda tão agitada quanto os outros. – Mas não vai demorar muito. E, quando começarem, a gente aproveita a rabeira e sai logo daqui.

Os outros concordaram em silêncio.

– Que horas são? – Debby indagou, roendo as unhas.

– Uma e quarenta. – Eric olhou no relógio de pulso.

– E saímos daqui às...?

– Três – Miho lembrou. – É o tempo que vai levar para os outros nos alcançarem.

Foi uma afirmação precisa, ponto. Não tem margem de atraso, nem sequer de adiantamento. Às três, David falou.

– Tem certeza de que aqui é seguro, Miho? – Zoe perguntou, em um tom doce que não insinuava mais que uma dúvida sincera.

Ele concordou com a cabeça, e acrescentou:

– Esse lugar está abandonado há anos, as obras foram interrompidas por problemas estruturais. Nem sequer tem uma entrada habilitada. E eles não sabem que eu sei. Até ligarem os pontos, vamos estar longe.

Foram as palavras de conforto que precisavam.

– Temos uma hora e vinte. Descansem um pouco. – Mat verbalizou o que todos já calcularam. – Com sorte é a última noite de sono de todos nós nesse lado do mar.




– Foi Ramsés – Benji perguntou, quando já estavam longe do bunker, andando pela cidade de Havenna – quem dividiu o mar?

Andy carregava uma adormecida Laila nos braços. Ela dormia pesado depois de duas horas de caminhada e êxtase pelo mundo novo ao redor. Rodopiou e conheceu tanto que apagou nos braços do novo amigo como um boneco que acabou a bateria.

O garoto olhou para baixo, para Benji andando ao seu lado, e cerrou as sobrancelhas, tentando entender a pergunta.

– O quê?

– Na Bíblia. Foi Ramsés que dividiu o mar?

– Ah. Não. Foi Moisés. Não é?

– Eu não lembro.

– Por que pergunta?

Benji deu de ombros.

O plano de David consistia em andarem horas em direção à cidade vizinha, Tâmara, pelas ruas de Havenna.

Benji enfeitiçara-se pela floresta à noite, mas não via mais graça na cidade. Depois da caminhada de dias que fizeram até chegarem ao bunker, aquelas ruas todas iguais eram entediantes e, de alguma forma, ainda mais assustadoras que a floresta.

O menino gostava de histórias de fantasmas. Samira lia para ele algumas que trazia da cidade, eufemizando uma ou outra, até ele aprender a ler sozinho e afundar de cabeça em universos macabros que não chegavam aos pés da terrífica realidade em que viviam.

Ele conseguia imaginar as florestas de Havenna como um cenário para os contos mais aterrorizantes; espíritos perdidos, lobisomens sedentos, monstros esfomeados. Mas, na cidade, quando o perigo era real e os monstros tinham a mesma cara que ele – mas olhos negros como as sombras – e armas apontadas para sua cabeça... era aí que ele ficava realmente assustado.

– É uma história parecida, eu acho – ele continuou, cochichando. Um grupo de centenas conseguia atravessar a cidade em um silêncio controlado e contido. Até as crianças sabiam que não podiam dar um pio. – Um povo seguindo um cara para irem para uma terra prometida.

Andy riu com a escolha de palavras. Foi um bom resumo.

– É, acho que sim.

– Mas pelo menos David não vai ter que dividir o mar.

– Quem disse? – Andy brincou. Benji revirou os olhos. – Acredita nas histórias da Bíblia, Ben?

O menino parou para pensar.

– Às vezes eu esqueço que... não sei – ele contou, não sabendo o que o irmão queria ouvir. Que ele era um grande religioso e acreditava que Deus os salvaria, ou que aquilo era tudo uma grande bobagem. Nem ele sabia no que acreditar. Não tinha tido informação suficiente durante a vida para formar crença alguma. – Eu li a Bíblia porque a Sam me trouxe de uma das idas à Pedra Branca. Ela disse que era o livro de uma religião dominante no mundo, e que talvez fosse interessante eu saber, mas... posso ser sincero?

– Sempre pode, comigo.

– Eu li histórias de mentira mais reais que aquelas.

O irmão mais velho riu outra vez. Laila começava a pesar em seus braços, mas ele manteve-se firme e forte. Se Andy pudesse só acordá-la em Nóvora, o faria, para poupá-la do que ele sabia que seria uma jornada difícil.

– Não são fáceis de acreditar, eu sei.

– Tipo. O cara dividiu o mar?

– Eu acho que eles não tinham barcos nessa época, Ben.

– Deviam ter.

– Pra toda aquela galera?

– Ok, mas nós temos. Né?

Andy concordou, esperando que estivesse falando a verdade.

Ele acreditava em Deus. Das poucas lembranças que tinha dos pais, uma destacava-se. Andy foi uma criança assustada e, em uma época da vida, com cinco ou seis anos, tinha um medo imenso da morte. Não de morrer, especificamente, mas de perder os pais.

Então, uma noite, Stella e Beto deitaram na cama do menino, um de cada lado, e o abraçaram. Andy chorou, porque saber que um dia os perderia era desesperador. Então, o pai lhe entregou um pequenino embrulho em papel vermelho. Ele abriu, e viu um escapulário dourado de Nossa Senhora. Sempre que tiver esses pensamentos, filho, lembre-se de que há alguém lá em cima olhando por nós.

Andy desvencilhou-se de lembranças demasiado dolorosas e voltou a conversa ao irmão:

– Senão, nós vamos nadando.

– Eu não sei nadar.

– É instintivo. Só bater os braços e pernas e tentar boiar.

Benji deu um soco leve no braço do irmão, que chutou-o na mesma intensidade na canela, e os dois silenciosamente se alfinetaram.

Então, o irmão mais novo olhou para a cintura do mais velho, para ver o coldre da arma que ele levava com ele.

A brincadeira cessou, e ele fechou a cara.

Andy percebeu.

– É precaução.

– Não é – Benji murmurou, sério. – Sabe que vai usar.

Quando ficou tão difícil enganar o irmão de dez anos?

– Se eu precisar, pra me proteger, pra te proteger, então sim.

Cada esquina que viravam era uma nova ansiedade apertando a garganta, o medo de serem descobertos crescendo exponencialmente a caminho da cidade ao lado.

– Você mataria alguém, Andy? – Benji indagou.

Dessa vez, era Andy quem não sabia o que responder. O que ele queria ouvir? Que não, que matar era errado e ele nunca puxaria um gatilho? Ou que sim, ele mataria quem precisasse se isso significasse que estariam seguros? Ele não ligava de só ter dezessete anos. Se Samira lhe ensinou – ou pelo menos deixou que o ensinassem – a disparar uma arma, era porque sabia que seria útil. Preciso, até.

Ele alcançou o escapulário que ainda usava, todos os dias desde então, e girou-o nos dedos de uma das mãos. Olhou fundo nos olhos grandes e insistentes de Benji antes de responder.

– Eu dividiria o mar, se precisasse, Benji. Pra levar vocês pra um lugar seguro.




David Prior era um sobrevivente.

Ele sabia que todas as pessoas que o seguiam, desde a primeira dezena até aquelas centenas todas, também. Todos tinham bagagens, sim, e somente cada um sabia do próprio peso que era carregá-las. Mas, às vezes, a de David pesava tanto que ele já não sabia como tinha forças para o fazer.

Uma noite ele acordou com sede. Era madrugada, o som da geladeira cortava o apartamento, e então ele se levantou, calçou os chinelos e olhou para o lado. Viviane não estava na cama.

David esfregou os olhos, passou as mãos pelo rosto, acendeu as luzes, chamou o nome dela.

Eram três e quarenta e cinco da manhã.

Ele olhou no quarto de Adriana, e a menina dormia como um anjo.

Na sala, ele encontrou um bilhete.

"Caro David,

esse casamento já acabou há muito tempo, eu e você sabemos.

Não tem mais porquê ficarmos nos torturando, tentando viver infelizes nessa caixa.

Diga a Adriana que a amo, mas não posso ficar,

Vivi".

Três linhas, e Viviane jogou fora um casamento de cinco anos, onde ele tentou – de tudo – para que funcionasse. Terapia, viagens, flores, provas de amor, palavras bonitas, era tudo unilateral. Viviane parou de o amar. Começou a amar outro homem, ele leu nas entrelinhas, ele via quando ela chegava tarde em casa, corada, cheirando a colônia de outro, e ele não dizia nada.

E tudo o que sentiu ao ler aquelas palavras foi ódio. Mais ódio daquela frase vazia dedicada a filha do que por a mulher o ter deixado. Fria, pensou. Fria, nojenta, mal amada, aposto que nem beijou o topo da cabeça de Adriana naquela noite quando decidiu que iria embora.

Ele rasgou a carta e forjou outra, que leu para a filha: "Vou ver o mundo, Adriana. Vou conhecer tudo e volto para te contar. Mamãe te ama, mas tem que ir agora".

Três frases, mas muito melhores do que as originais. Era assim que ele lia para a filha.

David cresceu fruto de um divórcio, criou a filha na mesma mão, e não sabia se fazia um bom serviço. Lasanha de microondas dia sim, dia não, intercalando com a pizza do boteco da esquina e uma saladinha pronta de vez em quando, para ela se manter nutrida. Mas, Deus, apesar de parecer que seus olhos eram para o trabalho, apenas, David amou Adriana com toda sua força. Amou sua infância solitária, tentando entender a ausência da mãe; amo sua adolescência rebelde, mesmo quando ela voltava para casa cheirando a maconha; amou tudo. Amou quando ela aceitou ir com ele para o bunker, viver ao seu lado, até quando tudo deu errado, e amou ver a mulher forte e poderosa que ela se tornou, mesmo que para isso ela tenha parado de o chamar de pai e a tratá-lo pelo nome.

A coisa mais difícil que David fez foi aceitar que ela fosse para Luso.

Tê-la visto dias antes, viva e bem, saudável, na medida do possível, foi o ponto alto de um ano inteiro, mesmo que tenha acompanhado notícias de que eles aliaram-se a dois Corvos, do outro lado das fronteiras.

O homem sabia que era visto como um líder. Não tinha dúvida. Ele mandava, eles faziam. Foi assim desde o começo.

Antes, David pensava: isso é poder. Agora, tudo o que conseguia pensar era: isso é fardo.

Se os matassem na próxima encruzilhada, uma geração inteira estaria em sua conta.

Ele não aguentava mais, mesmo que não tivesse ninguém para quem dizer aquilo.

Não aguentava mais aquela vida, aquela pressão. Queria entrar em Luso, pegar na mão de Drica, subir em um bote e remar até o outro lado do mundo. Estava há muito pouco de fazer isso.

Mas olhou para trás e viu, mesmo na escuridão de Havenna à noite, o mar de cabeças que confiava nele.

Isso é poder, é fardo, é tudo junto.

Um pensamento aterrador e ao mesmo tempo tranquilizador lhe passou pela cabeça: hoje é o fim. Seja lá, em Nóvora, em liberdade; seja aqui, com um tiro na cabeça, sangue pacato manchando o chão das cidades fantasmas.

Hoje é o fim.

Ele respirou fundo e continuou.

Entraram em Tâmara.

David Prior foi o primeiro a adentrar a estação de trem abandonada que, por meio de um pequeno acesso negligenciado pelos Corvos, o levaria aos braços da filha.




– Samira? – ela chamou.

Estavam os oito espalhados pela estação de trem abandonada, reservados pela própria privacidade, enclausurados na própria cabeça e silêncio. Alguns mais próximos, outros mais espalhados. Alguns misteriosamente cedendo ao sono e outros, como esperado, ligados à insônia como uma melhor amiga insistente.

Drica tinha algumas coisas a dizer. Foi por isso que, quando procurou alguém para conversar, mesmo que os passos puxassem para um lado, ela rumou para outro, onde pontas ainda estavam soltas e ela queria juntá-las antes daquele dia acabar.

Samira olhou para cima, surpresa ao ouvir seu nome, e Drica sentou-se ao seu lado em um dos cantos da estação. Não pediu permissão, nem perguntou se ela preferia ficar sozinha. Apenas sentou.

– Tudo bem? – Sam indagou, as sobrancelhas cerradas. Não se lembrava de ter sequer uma conversa sozinha com Drica, sem ser a noite em que ela deixou implícito que não gostava dela, apenas a aturava, assim que chegou ao bunker em Havenna, suturada e machucada.

– Você está? – Drica ergueu uma sobrancelha, olhando-a de soslaio.

Samira apenas abriu um sorriso afiado. 

– Touché.

Era uma resposta óbvia.

– Olha, eu... – Drica recomeçou, procurando palavras que não tinha certeza de onde estavam. Pensou se não deveria só se levantar e não dar continuidade àquilo, mas ela estava mais manteiga derretida naqueles últimos dias. Talvez a morte e sua iminente proximidade a tivessem deixado mais sensível. Talvez fossem as novas companhias, de quem ela roubou um pouco do carinho e afeto – te devo desculpas.

Samira ergueu as sobrancelhas e, sem pensar, endireitou a postura.

– Me deve desculpas pelo quê?

– Tenho pegado no seu pé desde que chegou – ela admitiu, fitando o chão com os olhos claros, que ainda conseguiam ganhar destaque na parcial escuridão daquele lugar abafado e claustrofóbico. – Não foi justo com você.

Sam, então, riu, e foi a vez de Drica erguer as sobrancelhas.

– Desculpa, é que... essa é a última coisa que achei que me diria. Está morrendo, Drica?

– O que achou que eu te diria, Samira? – ela provocou, olhando-a pelo canto do olho.

– Não sei, talvez viesse me dar um aperto – Sam deu de ombros –, dizer pra eu não fazer besteira, não sair da linha, não deixar minhas emoções me moverem, ou dizer que seu pai estava errado em confiar em mim por causa de... tudo, de Tom, Olivia, eu não sei, mas desculpas não.

Drica também riu um riso afiado, balançando a cabeça.

– Eu... – ela umedeceu os lábios – fui injusta com você, desde o começo. Achava errado que meu pai confiasse tão cegamente em você, como se, só por ter olhos iguais aos nossos, você fosse confiável. Entende?

Samira concordou. Tinha pensado muito naquilo recentemente. Olhos-pacatos não são bons, olhos de Corvo não são maus. Não era preto no branco. Drica foi sensata em não confiar nela de olhos fechados no começo, sim, mas Samira era grata a David por ter trazido sua família de Pedra Branca.

Agora David a repudiava por ter colocado seus planos em risco, e sua filha estava ali lhe pedindo desculpas. Uma reviravolta quase engraçada.

– Você é superprotetora, Drica.

Sam apoiou a cabeça na parede de cimento mal acabada atrás dela. Drica olhava em seus olhos, agora, e ela sustentou.

– O que quer dizer?

– Quero dizer exatamente isso, que é superprotetora. E, assim que eu cheguei, se preocupou com as pessoas ao seu redor. E está tudo bem.

Drica mordeu o lábio inferior.

Um dia dos meses anteriores, em que ela estava tão ansiosa que as mãos tremiam e a última refeição voltava do estômago, Eric foi resgatado e trouxe consigo uma mulher desacordada e tão machucada que Drica achou que não sobreviveria, mas cuidou dela mesmo assim. E Samira aproximou-se de Eric, de Laila, de David. Eric a olhava com admiração desde que ela chegou. Laila parecia gostar ainda mais de Sam do que dela, e David, seu próprio pai, contou planos a uma completa desconhecida que não compartilhou com a própria filha. Podia ser ciúmes. Era bem provável que fosse. E não era justo com Sam.

Mas, sim, Drica era superprotetora. Não sabiam de nada sobre Samira Sabino, e ela podia muito bem decepcionar Eric, magoar a pequena Laila, trair a confiança de David. Isso para não falar de Zoe. No fundo, o que Drica Prior queria era que Zoe Guerreiro falasse dela como falava de Samira.

Acabou sendo mais dura do que precisava com alguém que estava no mesmo barco aquele tempo inteiro.

– É boa, Samira. – Drica balançou a cabeça, concordando consigo mesma. – Muito boa naquilo que faz. Tem fúria nos olhos, igual a mim. Dá pra ver. E tudo o que fez, se passou por cima de alguém pra conseguir o que queria, então fez pelos motivos certos.

Sam sorriu. Dessa vez, um sorriso agradável.

– Admiro a sua garra desde que te conheço, Drica – ela admitiu.

Drica retribuiu o sorriso.

– Trégua? – pediu. – Pra essa guerra que construímos sem querer? Mais por minha culpa, eu assumo.

– Somos amigas, agora?

Drica revirou os olhos.

– Ah, qual é! – Sam insistiu, quebrando o gelo. No fundo, sabia que a mulher fazia aquilo porque estava com medo de morrer em breve sem dizer o que tinha a dizer. – Vamos ser grandes amigas. Com direito a guerra de travesseiros e oficina de trança?

– Por favor, você não aguentaria uma travesseirada minha.

– E passar a noite falando de garotos e pintando as unhas?

Drica se levantou, limpando a poeira do corpo. Samira continuou a provocá-la:

– Tomando sorvete e assistindo comédias românticas? – A loira se afastou. – Aonde vai?

– Tchau, Samira.

Ela não conseguia ver o rosto de Adriana naquele momento mas, só de ouvi-la, apostaria que ela estava sorrindo.

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