
35. Quites
O sol se punha no horizonte ao fim da rua residencial na zona oeste de Luso, despejando raios alaranjados no rosto de Tomas Steve. Se seus óculos de sol não estivessem no rosto da mulher ao seu lado – que parecia incessantemente fantasiar formas de matá-lo –, viriam a calhar.
O homem embicou o carro na frente de sua casa. Era grande, térrea, e parecia a típica casa feliz americana que aparecia nos filmes. Telhado cor de barro, janelas grandes, uma varanda agradável.
Tom apertou um botão acoplado no console do carro e a porta da garagem se abriu. Ele entrou com o veículo, e só quando viram-se fechados dentro da casa pelas quatro paredes cor de cimento, Tomas Steve abriu a porta do lado do motorista e saiu.
Ele girou o estilete nas mãos e, sem pensar duas vezes, colocou a lâmina para fora. Seu peito subia e descia rápido, e já não sabia mais o que estava fazendo. Mas, droga, lá estavam. Levou uma mulher de olhos-pacatos para a própria casa. Se ela não o matasse, a esposa provavelmente o faria.
Tom deu a volta no carro e abriu a porta do carona, que só destrancava por fora. Ele esperou-a sair e, antes mesmo que ela pudesse fazer qualquer coisa, o homem pegou em seu braço outra vez e colocou-a rispidamente contra uma estante de tralhas da garagem.
As costas dela bateram ali, mas ela apenas esboçou uma careta de dor e espanto e recompôs-se quando ele botou o rosto a centímetros do dela, uma das mãos segurando-a tão forte no braço que machucava, enquanto a outra empunhava o estilete em seu pescoço.
Ele tirou os óculos do rosto da mulher e, pela primeira vez, olhou-a fundo no olho direito, cujo disfarce não mais cobria.
Fosse quem fosse – não era mais Amanda –, tinha uma chama nas íris de quem o mataria se ele baixasse a guarda.
– Se fizer alguma coisa, qualquer coisa – ele ameaçou –, eu acabo com a sua raça.
Para a surpresa dele, um perigoso sorriso de lado esboçou-se nos lábios dela, que logo desmanchou-se com o veneno que ela despejou:
– Bela escolha de palavras – falou –, vocês já fizeram isso.
Samira não sabia o que esperar.
Era plausível que se deparasse com uma sala normal como aquela, mas uma parte dela esperava um ambiente hostil, escuro, abafado, e não aquele sofá creme, os quadros de cores vivas, uma televisão e almofadas bordadas.
Tom fechou a porta da garagem assim que passou, e Samira ainda sentia a mão dele apertada em seu braço e o estilete seguro contra suas costelas.
– Debby! – ele gritou para o espaço.
– Querido? – uma voz amigável saudou de algum lugar da casa. – Chegou cedo! O que-
Debby era uma mulher inegavelmente linda. Era pouco mais alta que Sam, e tinha um tipo físico magro, pouco musculoso, talvez até frágil. A idade devia ser a mesma do homem – quarenta e tantos. Tinha cabelos loiros ralos, uma franja sobre os olhos de Corvo, e sua expressão mudou da água para o vinho quando ela viu o marido segurando uma arma branca contra as costelas de uma mulher em sua sala de estar. Ou talvez fosse porque olhou dentro dos olhos de Sam, e empalideceu como papel.
– O que está fazendo, Tom?! – ela bradou.
– As janelas – Tomas bradou. – Feche, anda!
Debby correu, os olhos arregalados, e fechou as cortinas uma por uma, até não conseguirem ver o lado de fora. Ou, melhor, ninguém conseguir ver o lado de dentro.
– Meu Deus, mas que confusão é essa que estão fazendo? Vão acordar a... – Samira ouviu a voz de uma senhora de idade, logo antes desta entrar na sala.
– Vó – Tom chamou.
A senhora tinha cabelos brancos que um dia pareciam ter sido tingidos de castanhos, agora desbotados. Devia estar com seus oitenta e poucos anos nas costas, mas algum ar juvenil lhe mantinha em pé e sã.
Até então, Samira estava pensando se valia a pena pegar o estilete das mãos de Tom e nocauteá-lo. Prender o casal feliz no banheiro e depois pensar no que fazer. Até a senhora chegar. A reação dela foi diferente da de Debby. Ela olhou fundo nos olhos de Sam, um depois do outro, e focou na íris caramelo.
– Tomas, pelo amor de Deus, seus pais não te criaram assim! – ela resmungou. – Abaixe já essa droga de faca, filho.
– Vó, eu não sei quem-
– Shiu, não me desobedeça, menino! Troquei suas fraldas. Anda, vai.
Se Samira não estivesse congelada, talvez tivesse rido, em qualquer outra circunstância que não fosse aquela. Ainda mais cômico foi ver que Tom obedeceu-a. Ele contornou Sam e olhou fundo nos dois olhos dela antes de dizer:
– Tire essa lente. Não está escondendo nada de ninguém aqui.
Tom abriu a mão na frente dela, e Sam demorou a entender. Olhou da palma da mão estendida para o rosto impassível de Tomas Steve. Pela visão periférica, a mulher, Debby, andava de um lado para o outro com as mãos sobre a boca.
Samira ainda não vira porquê botar qualquer plano agressivo em ação. Tinha que saber jogar. Tirou, então, a lente de contato do olho esquerdo, e entregou-a na mão de Tom.
Agora, sentia-se nua, mais vulnerável do que nunca.
A vó, como Tom a chamou, saiu e voltou para a sala com uma maleta branca em mãos. Sentou-se no sofá, despreocupada, como se fosse apenas um dia normal, e Samira perguntou-se se a velha realmente ainda tinha sanidade. Talvez sofresse de Alzheimer e ainda estivesse presa em uma época em que gente com os olhos de Samira não fosse um crime.
Ela apontou para Sam e fez um sinal para que ela se sentasse no sofá ao seu lado. Tom bufou.
– Vó, eu realmente não achou que seja uma boa ideia.
– Ela não vai me machucar, Tom – a senhora murmurou, como se fosse uma verdade tão óbvia. Voltou-se para Sam, então. – Vai, querida?
Samira estava congelada. Esperava qualquer coisa, menos ser tratada com delicadeza por uma senhora de idade na casa do homem que ela jurou que estava prestes a matá-la ou sentenciá-la a pior.
– Não sei quem ela é – Tomas falou, ríspido.
– Não é a tal da Amanda? Castro, não? – a velha, sentada despreocupada no sofá, indagou. – Sua descrição bate com a menina.
As sobrancelhas de Samira se cerraram. Ok, ela estava certa: Tom contou para alguém sobre ela e suas suspeitas. Mas, a avó? Estava cada vez mais confusa.
– Sabemos que não é bem assim, vó.
– Tom? – Debby, chorosa, no canto da sala, tinha a reação mais esperada; parecia prestes a explodir com a visão de uma mulher de olhos-pacatos na sala de sua casa. Seu olhar se encontrou com o do marido. – Me diga que tem alguma ideia do que está fazendo.
– Conversem lá pra dentro. – A vó fez um sinal com a mão para os dois. – Me deixem com a menina.
– Vó...
– Meu Deus, Tomas, vá! Confie na sua velha – ela pediu. – E faça um café pra gente. Você toma café, querida?
Samira percebeu que a senhora falava com ela. Mas que porra?, pensou. Aquele jogo ela não sabia jogar.
Tom relutou até o último segundo. Olhou de uma para a outra. De Sam para a avó e para Debby. Por fim, pegou a mão da esposa e saiu da sala. E Samira estava boquiaberta com a facilidade que seria fugir dali mas, por algum motivo, não conseguia. Talvez não quisesse.
Percebeu que Tom lhe tirara a outra lente porque, assim, ela era uma prisioneira dentro da casa. Sem seu disfarce, estaria morta assim que abrisse a porta.
Ok, a decisão foi tomada por ela.
A senhora a esperava com uma expressão indecifrável no rosto.
– Vamos, menina, não mordo. – Ela riu, e abriu a maleta branca que colocou no chão à sua frente. Estava cheia de primeiros-socorros, e só então Sam lembrou-se da pancada em sua cabeça.
À passos calculados, Samira sentou-se no sofá na frente da senhora, que já tinha uma gaze e soro fisiológico nas mãos.
– Deve estar assustada, a menina – a velha disse. Ela levou a gaze ao rosto de Sam, que não recuou. – Qual seu nome?
A mulher não respondeu. A velha sorriu.
– Bom, meu nome é Lena.
– Não estou assustada – Samira murmurou, uma breve mentira. Mas a velha Lena pareceu gostar de ouvir a voz dela. – Estou confusa.
– No mínimo confusa, é claro.
Lena limpou o sangue da testa de Sam. Usou duas gazes, e fazia isso com as mãos firmes. Depois, descartou os panos tingidos de vermelho e colocou uma das mãos no rosto da mulher sentada à sua frente. Então, demorou-se nos olhos.
– Você tem os olhos dela, querida...
Sam engoliu em seco.
– Quem?
Lena encostou-se no espaldar do sofá, um sorriso nostálgico nascendo no canto da boca.
– Da minha filha.
Lena foi até o canto da sala, em um móvel cheio de prateleiras ornado em tons de um azul pastel, e da última gaveta alcançou um grande livro. Ela tornou a sentar-se ao lado de Sam, e colocou-o no colo da estranha convidada. Só então a mulher percebeu que tratava-se de um álbum de fotos.
– Eu sou das antigas – a senhora riu. – Gosto de um álbum de fotos. Tem algo no tato que a tecnologia de hoje não compensa, sabe, menina?
Samira ainda estava imóvel, desconfiada, petrificada com a simpatia.
Lena abriu o álbum e apontou, orgulhosa, para a primeira foto. Era a de uma mulher inegavelmente linda, com um sorriso de rasgar o rosto. Sam sentiu-se obrigada a sorrir para ela de volta, mas falhou. Quem quer que fosse, tinha cabelos armados e cacheados como sua mãe, e lindos olhos castanhos que refletiam o flash da câmera.
– Essa é a Lili. Liliana. Minha Lili – a senhora passou um dos dedos pela foto, uma mistura de orgulho, saudades e dor estampada no rosto maduro –, minha filha.
Samira olhou para ela, e não mais para a foto. Abriu a boca para perguntar o que aconteceu com Lili, mas calou-a logo. Era bem óbvio.
– Tiraram minha menina de mim porque ela nasceu com os olhos do pai, que Deus tenha meu marido – Lena contou. – Pelo menos Ciro não estava vivo quando fizeram essa brutalidade com a nossa menina...
– Sinto muito – Sam murmurou.
Lena olhou para ela, enfim.
– Eu sei que sente, querida, eu consigo sentir que é uma boa pessoa, isso é estranho, não é? Tom fala que eu sou uma ingênua.
Samira quis sorrir, mas ainda lhe faltava confiança nos próprios gestos.
– Quando eu era nova, menina, eu era uma geneticista das boas – a senhora recordou –, e sabe o que diferencia os meus olhos dos seus?
A mulher negou com a cabeça.
– Bom, querida, permita-me. Onde está Tom com nosso café? – a senhora falou a última frase mais alto, visivelmente irritada, o que arrancou o primeiro riso de Sam. – Bem, menina, então, vamos pensar nos olhos-pacatos, os olhos como os seus e os de Lili. O que diferencia a cor dos seus olhos pra cor dos dela?
– Melanina – ela falou, sem pensar.
– Exato – Lena sorriu, orgulhosa. – A genética é o que controla a quantidade de melanina que vai ter no olho de alguém. E temos os genes dominantes e recessivos, lembra disso?
Samira estudou isso com Benji em uma peça de enciclopédia que trouxe para ele depois de uma das idas a campo.
– Olhos castanhos são dominantes, azuis são recessivos, coisas do gênero.
– Perfeito. Então... bom, olhos-pacatos e olhos de Corvo são, por sua vez, determinados apenas por isso, querida. Genes. Seus olhos são dominantes e os meus são recessivos. Quando casei com Ciro – ela virou a página e, na seguinte, uma Lena anos mais nova segurava uma bebê de olhos-pacatos, com um marido com os mesmos olhos ao lado –, sabia que a chance da minha menina ter olhos como os seus eram gigantescas, e assim foi.
Samira pensara tão pouco sobre isso. Sobre a genética por trás dos olhos deles e de seus declarados inimigos.
Lena continuou:
– Então, quando ela casou-se com Clarke, um homem bonito de olhos bem verdes, o meu gene estava nela. E, apesar das poucas chances, Tom veio com os olhos iguais aos da Vó Lena.
Na próxima página do álbum, Lili e Clarke, ela supôs, seguravam um Tom de não mais de dois anos em uma festa de aniversário. Dois pais de olhos-pacatos, uma criança Corvo.
– Eu nunca pensei sobre isso – a confissão de Sam foi dolorosa para ela mesma, quase vergonhosa. – Em dez anos, nunca pensei nas famílias que foram separadas por causa da guerra.
– Nem todos aceitaram, menina, mas... mas nós sabíamos no que acataria não abaixar a cabeça, não é? E eu abaixei. Quando tiraram minha Lili de mim, eu abaixei, por causa dele. – Lena apontou com a cabeça para o batente da porta que dava para outro cômodo. Tom estava encostado nele, observando-as.
Samira olhou para ele, mas Tom só olhava para a avó, com olhos compreensivos de quem sabia o que ela passara por ele.
– Eu menti pra você, Amanda – ele falou, com uma leve ternura. – Vi nos seus olhos da primeira vez que te vi que você mentia também.
– Como? – aquela verdade a apavorou. Porque, se ele soube, outros saberiam também.
– Eu... estudei. Essa possibilidade.
Samira olhou para ele, então, com uma clara confusão.
– Deixe a menina ver, Tom, querido – Lena murmurou. – Ela não vai fazer mal.
O olhar da estranha convidada migrava de um para o outro. De uma avó esperançosa para um neto relutante. Lena continuou:
– Foi por isso que a trouxe, afinal, não é?
Tom desencostou-se do batente e caminhou em direção às duas. Passou a mão pelo rosto, tentando encontrar as palavras certas. Ele sentou-se em uma cadeira próximo a ambas, antes de começar a falar:
– Quando Debby engravidou, nós sabíamos que existia uma chance do bebê nascer com os olhos... como os da minha mãe. Como os seus. Na linhagem de Debby também têm olhos-pacatos, então... nós prevenimos. Decidimos que o bebê nasceria em casa.
Samira viu Debby aparecer no mesmo lugar onde outrora estivera Tom, mas ela não parecia querer se aproximar.
– Eu não sei o quanto as pessoas têm noção disso – Tomas continuou. – A ignorância é uma benção, não é? Eles não contam das possibilidades, das probabilidades, do que é pura ciência, então... nós sabíamos que o bebê... Nós tínhamos um plano.
Ele olhou para trás, procurando por Debby, e ela apenas o incentivou a continuar.
– Não teríamos o bebê em um hospital. Quando a bolsa estourasse, o bebê nasceria na nossa casa no interior, onde estávamos vivendo na última semana. Não têm vizinhos por perto, então seríamos só nós. Então... há algumas semanas, a bolsa da Debby estourou, enfim. Ela me ligou. Estávamos morrendo de medo, Amanda.
Sam viu o medo real nos olhos do homem, a honestidade com que ele exprimia cada uma das palavras. Ele insistia em chamá-la de Amanda, mesmo sabendo que aquele não era o nome dela. Parecia querer criar um vínculo de qualquer forma.
– Tom? – Debby chamou.
Samira perdeu o ar quando olhou para ela.
Mal vira quando a mulher saiu da sala e voltou, mas ela tinha algo nos braços. Alguém. E Sam ligou as pontas soltas da história.
Ela se levantou, assim como Tom, que fez um sinal para a esposa se aproximar.
– Enfim – ele puxou Debby para perto, que enroscou-se no colo do marido, e Samira pôde ver a criança nos braços da mulher –, essa é Olivia.
De repente, tudo fez sentido. Ele não perdeu a criança, ele estava escondendo-a. Olivia vivia uma vida proibida, e ela agora entendia o porquê. Entendia as palavras dele no carro; preciso te mostrar uma coisa que nos deixa quites.
Samira aproximou-se deles, devagar, como quem se aproxima de um animal que pode sair correndo, ou um animal prestes a cravar os dentes em sua clavícula. Mas ela só tinha olhos para Olivia e, quando ela entrou no campo de visão da bebê, viu que Olivia só tinha olhos para ela, e seus olhos eram castanhos como os da mãe de Tom.
– Nós pensamos em mudar nossas vidas completamente – Tomas contou. – Viver com Olivia isolados até conseguirmos colocar lentes de contato nela, mas... sabe como esse negócio é difícil de arrumar, não é?
Na verdade, Sam não sabia.
– E eu não quis levantar suspeitas morando com as duas no interior – ele continuou –, então, voltei ao trabalho, e minha avó mora com a gente pra ajudar a ficar com a Olivia. A desculpa é que Debby está enlutada e deprimida e... não sai de casa.
"Eu pesquisei. Fiz uma viagem pra Fiji há alguns meses, logo antes dela nascer, e acho que eu já tinha esse pressentimento. Arrumei uma clínica de lentes clandestinas. Eles não podem vender isso, mas... mas vendiam, lá. Lentes negras. E me mostraram que a opacidade da lente fica diferente da dos nossos olhos".
– Diferente como? – Samira indagou.
– As lentes são mais opacas.
– Merda – ela xingou –, então eu corria esse risco o tempo inteiro?
– Poucos devem saber, mas...
– Mas, sim, querida. – Lena levantou-se do sofá, por fim. – Tem sorte do meu neto ser um homem muito bom.
– Olha, chega de enrolações, acho que pra mim deu. – Debby balançou a cabeça e colocou Olivia nos braços da bisavó. Voltou-se então para a intrusa em sua casa. – Qual é o seu plano?
– Meu plano? – A mulher desentendeu.
– Sim. É viver o resto da vida aqui como se não guardasse um segredo colossal? Está aqui sozinha? Qual é o plano?
Samira ergueu as sobrancelhas. Tom interviu:
– A questão é, Am-
– Sam. – Ela fechou os olhos ao falar. Chega de Amanda. – Meu nome é Sam.
– Sam. – Tom parecia aliviado por finalmente ter um nome. – Não queremos que Olivia cresça nesse mundo.
– E sabemos sobre o novo continente – Debby acrescentou.
– Como? – Samira não negou. Não tinha porquê. – Estão escondendo isso a sete chaves.
– Bom, eu estou fazendo o trabalho que está tentando fazer desde que chegou, Sam. Você o fez por dois meses. Eu, por dez.
– Está dizendo que está por dentro das merdas do prefeito?
Tom concordou.
– Tive acesso às informações de Nóvora em uma das atas secretas da reunião que ele tem com aqueles homens periodicamente. Foi por isso que estava lá, na verdade, na noite em que te flagrei. Aí entendi o que queria. E queremos a mesma coisa, Sam.
Debby tinha olhos marejados de uma mãe exausta. Ela olhou para a filha nos braços de Lena, depois tornou a olhar Samira com uma súplica implícita nas orbes negras.
– Consegue um lugar pra nós lá, Sam? – a voz embargada pediu. – E, se não... se não nos aceitarem lá...
Ela não conseguiu terminar a frase. Um choro doloroso irrompeu-lhe pela garganta.
Tom a abraçou e beijou-lhe o topo da cabeça. Continuou por ela, olhando fundo nos olhos de Samira ao pedir:
– Consegue levar minha menina pra um lugar seguro?
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