Inveja
Vendo o apartamento, em um geral, Paula sente inveja de tudo o que a Tatiane tem, a sala de estar com uma enorme janela de vidro que ocupa toda parede, sala de jantar requintada, a cozinha planejada, além dos móveis que custam o dobro do salário que a sua mãe recebe por mês sendo diretora daquela escola.
Paula só conseguiu estudar naquela escola por boas notas e quando sua mãe foi ser diretora acabou recebendo uma bolsa de estudos. Para ela ver todos os dias aqueles riquinhos metido que não dão nem uma segunda olhada para ela, por saber que ela vem de uma classe inferior a eles.
No Colégio Florescer, pode ter alguns bolsistas, já que o Otávio conseguiu 100% da bolsa pelo seu esforço. Mas Paula queria muito mais do que isso, ela queria procurar o seu pai rico, mas sua mãe nunca lhe contou quem era ou nada sobre o homem, contando apenas que ele as abandonou antes mesmo da menina nascer.
— Preciso ir.
Paula fala já não querendo ver mais daquele luxo, mas querendo que Tatiane não queira que ela vá embora. Mas como está ficando tarde e dado o local em qual mora, é melhor ir logo.
— Amanhã podemos nos encontrar na porta da escola para discutir sobre o trabalho.
— Claro.
Paula sai ainda olhando todo aquele luxo, reparando em como é o prédio, os corredores largos e com tons pastéis, o elevador espaçoso, principalmente a entrada que mesmo que viu ao entrar sempre a deixa com certa inveja, já que mora em uma pequena casa que fica perto da entrado do Morro do Alemão.
Depois de quase duas horas em um ônibus até chegar na sua casa, Paula vai direto para o seu quarto, indo direto para frente do espelho, olhando o seu corpo de cima a baixo. Ela nunca sentiu inveja da Viviane, uma garota simples e educada com todos, não ligando para a beleza ou roupas, mas com Tatiane é diferente, enquanto ela é bronzeada, cabelos cacheados e volumosos e com corpo bem robusto, não tão gorda e nem magra, a Tatiane tem a pele branquinha, delicada, cabelos lisos enorme e ruiva natural, roupas caras, muitos sapatos e o cartão de crédito a vontade.
Paula nunca cobiçou ou sentiu inveja de Viviane, mas com Tatiane é diferente em vários níveis:
— Mãe.
— Sim filha.
— Posso alisar o meu cabelo?
— Por que disso agora? você sempre gostou de seus cabelos assim.
— Vai deixar ou não?
— Se é o que você quer.
E com isso Paula já começa a procurar uma boa cabeleireira para fazer isso, fazer uma escova progressiva e ter seus cabelos lisos.
A família Noronha/Timberg estão na sala de jantar, Rômulo como sempre está atrasado, então Adriana sorri para as quatro garotas, tentando fazer o possivel para a ausencia de Romulo nao estragar a noite:
— Mamãe, o papai não vai jantar com a gente de novo? - Larissa pergunta a Adriana.
— Talvez ele ficou preso no trabalho.
— Ele sempre chega tarde por causa do trabalho, o papai sempre se esquece que tem família.
— Larissa. - Isabela chama a atenção da pré adolescente ao ver o olhar da mãe e o desconforto das gêmeas. - Tenho uma novidade, o Richard e eu faremos uma festa de noivado daqui a duas semanas.
— Que notícia boa minha filha,o Richard é adorável.
— Só a família dele é racista. - Larissa sussurra, e todos na mesa a olha. - O que foi? Você sabe muito bem que é a verdade Isa, então nem adianta ficar me olhando dessa forma.
— Nós iremos enfrentar isso juntos, estamos enfrentando isso há anos. Então vamos conseguir passar por mais essa provação.
Larissa revira seus olhos azul-esverdeados, fazendo Tatiane a olhar de um jeito estranho.
— O que você tem contra o Richard? - Viviane a pergunta, por ter visto o desdém que ela se refere ao homem.
— Ele é um filhinho de papai. - a responde dando de ombros. - Mas se a Isa quer sofrer por causa daquela família, não posso fazer nada, pois é a escolha dela.
Isabela apenas olha para a irmã, sabendo que o que ela disse é verdade, quantas vezes ela teve que sair daquela casa por não suportar os comentários racistas da sua sogra ou o desdém do sogro. Está em um relacionamento inter racial muitas vezes leva a isso, principalmente se a família não aceita.
— Vai ficar tudo bem, Isabela.
— Obrigada mãe.
Após o jantar cada um foi para o seu quarto, Adriana espera o marido chegar, mas a sua mente está na família Schmutz e o seu preconceito:
— Adriana.
— Rômulo, como foi a reunião?
— Cansativo, hoje teve um estagiário novo, bem prestativo. - Romulo percebe que a esposa está preocupada. - O que houve?
— Tenho medo que a Isabela se machuque, Richard e ela estão planejando o noivado, mas conheço aquela família e o seu preconceito, também me lembro de como uma vez ela chegou chorando por causa deles.
— Se eles pensarem em machucá-la com suas palavras odiosas, eles vão ter que enfrentar a ira do Rômulo Noronha.
— Só rezo para que não chegue a esse ponto.
Os dois encerram o assunto e vão para o quarto, Tatiane que estava escutando a conversa já detesta essa família desconhecida, ela detesta pessoas que se acham melhores do que as outras só pelo dinheiro, cor ou orientação sexual.
— Você estava escutando a conversa?
— Isabela. Acho que posso ter escutado o final dela, as palavras que o Rômulo disse.
— Ele pode estar ausente a maior parte do tempo, é errado, mas ele gosta da gente e faria de tudo para que nada nos prejudicasse.
Tatiane a olha com dúvida, já que desde nova nunca viu ou se lembra do pai sendo amoroso com ninguém, mas ela era muito nova quando foi mandada para o colégio interno, tanto que nem sabia que tinha uma meia irmã. Na verdade ela tem três meio-irmãos, mas apenas conheceu a Larissa, já que os meio-irmãos maternos estão viajando com a sua mãe e o marido jovem dela.
— Vou dormir.
Tatiane entra em seu quarto pensando no que a Isabela lhe disse e acaba adormecendo.
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