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Eu não sou racista

Henrique percebe a Tatiane sentada sozinha no pátio, esperando o Uber, se lembrando da aposta que fizeram com a Paula ele resolve ir até ela, o seu sorriso para muitas meninas dali era lindo, mas para Tatiane é apenas um garoto que acha o garanhao da escola:

— Pode até ter muita gente interessada, mas só consigo achar você interessante.

Tatiane apenas o ignora, voltando a ler o seu mais novo livro "A pele do avesso" do Jeferson Tenório.

— Gata, você não é a Garota de Ipanema, mas é a coisa mais linda e cheia de graça que já vi. - a inconveniência do garoto continua, Tatiane não sabe mais o que fazer para ele parar com isso, será que as duas refeições que ele levou dela não adiantou de nada. — Você deve estar cansada, né? Porque passou a noite toda na minha cabeça. - Henrique ajeita o seu bone e sorri de lado.

— Esse Uber que não chega, quero tanto um ar condicionado.

— Está calor, né? Mas não é de hoje que eu me derreto por você.

Agora Tatiane olha para ele, Henrique pensa que ganhou mais essa, que a ruiva está no papo, então ele se aproxima, não percebendo em como a deixou desconfortável.

— Eu vou te dar um beijo. Se você não gostar, me devolve, tá?

Tatiane tenta se levantar, mas ele a segura pela cintura, fazendo seus corpos se aproximarem. O sorriso do Henrique aumentando por saber que irá beijá-la e provavelmente a levar para cama.

— Tatiane. - Elizete a chama, assim fazendo a mesma consegui sair do agarre de Henrique - Temos um trabalho a fazer juntos. - A mesma fala apontando para si e Otávio.

— Então vamos.

— Sua vadia, você atrapalhou o nosso lance aqui.

— Desculpa, não, não peço desculpa, pois claramente ela não estava querendo.

— Mas ela vai querer. - Henrique se levanta e vai embora.

Elizete decidiu ir ao shopping, mas não sem arrastar Otávio e Tatiane com ela. O sol estava quente, com 36 graus celsius, fazendo Tatiane reclamar o caminho inteiro pelo calor. Otávio e Elizete apenas rindo da garota e do seu drama.

— Você precisa de roupas novas, as que você tem lógico que vai te deixar com calor. - Elizete fala revirando os olhos.

— As minhas roupas são ótimas.

— Você veio da Suíça, então você não tem roupas apropriadas para um país tropical como o nosso e também eu quero roupas novas e o Otávio está aqui para carregar as nossas sacolas.

— Te odeio.

— Também te amo.

— Para que Shopping iremos? - Otávio pergunta.

— Botafogo Praia Shopping, tem várias roupas lindas.

"Hoje em Gurupi - Tocantins na Escola Particular Educa+, nesta quarta feira (12/08) ocorreu um tiroteio às dez da manhã, matando cinco alunos e dois professores, além de dez feridos, uma aluna não identificada entrou na escola com uma pistola semi-automática e uma pistola glock. O tiroteio durou trinta minutos."

Os três adolescentes vêem na TV do shopping a notícia, logicamente nunca mostrando o rosto da aluna que fez esse massacre escolar, possivelmente por ser de menor e por ser filha de alguém com algum poder.

— Por que alguém faria isso? - um desconhecido perguntou.— Que atrocidade, essa menina deve ser louca por fazer isso.— Ela deve ter sofrido bullying.— Isso é só brincadeira de criança, não é para tanto também não.

Depois de escutarem cada inverdade dita por leigos, Tatiane, Elizete e Otávio vão para uma das lojas do shopping.

Após entrar em uma das lojas, Otavio sabe muito bem que ele precisará ser o crítico de moda para as duas garotas e assim foi feito, após pegar as roupas cada uma vai para o provador.

A primeira a sair é a Tatiane, seu look é um corset preto tomara que caia e uma saia branca plissada, bem diferente do que ela esta acostumada a se vestir.

Logo em seguida é a Elizete com um cropped verde de bojo e uma calça camuflada estilo militar, combinando muito bem com ela

— Você ficou linda com essa roupa. - Elizete fala. - Vamos experimentar mais.

Já o segundo look que Tatiane aparece é um conjunto de cropped de bojo e um short curto branco, uma jaqueta rosa clara para compor e colocar uma cor. O look de Elizete é um cropped da cor bege e com rendas, tendo bojo e um short jeans curto.

O terceiro look de Tatiane é um cropped branco de alcinha simples, um short jean preto com cinto e uma jaqueta jeans preta cropped. E o da Elizete é uma jardineira jean branca com um cropped preto de renda e com bojo e um cinto de correntes.

E assim se segue por quase duas horas, nesse meio tempo Otávio saiu sem elas perceberem para poder olhar algumas coisas para si e comprar.

Elizete é a primeira a notar uma pequena roda perto de algumas roupas masculinas e ver que Otávio não está sentado em um dos sofás perto do trocador ela percebe o que está acontecendo.

— O que está acontecendo aqui? - Elizete pergunta cruzando os braços, Tatiane fica ao lado dela sem entender nada.

— Eu só pedi para poder olhar em seus bolsos. - uma lojista fala apontando em desdém para Otavio.

— Por qual motivo? - Tatiane perguntou erguendo a sobrancelha para a mulher. - Eu gostaria de saber por qual motivo. - só então Tatiane olha para o crachá que contém o nome da lojista. - Irene. - sem resposta, Tatiane ri em desdém, vendo Elizete tentando consolar o amigo, a Noronha se aproxima da Irene. - Você é racista.

— Eu não sou racista.

— Então por que você não me pede ou me ordena a olhar os meus bolsos ou mochila? Só por que eu sou branca? - o desdém e sarcasmo rolando em sua língua de uma forma que fazia a lojista se encolher. - Oh, você chamou o segurança por causa de um preto dentro da loja? Se isso não é racismo então o que é?

— Mocinha, olha como fala comigo. - Irene fala se sentindo mais segura por ter um segurança ao seu lado.

— É você que precisa saber como fala comigo, já que eu sou filha de Rômulo Noronha, sabe que em um estalar de dedo você é demitida e seu currículo não será aceito em lugar algum. Ah, queremos pagar por essas roupas, mas não será com uma racista como você.

Em questão de minutos a outra lojista atende os três adolescentes e então as roupas são pagas e eles vão para a praça de alimentação.

— O meu pai vai vim nos buscar. - Elizete fala. - Quer uma carona Tatiane?— Sim.

Os três esperam o pai de Elizete chegar.

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