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❝ CAPITULO OITO ❞
oito; não durma !
SENTADOS NAS ESCADAS DAS CAMAS, havíamos pegado cada um seu ovo cozido e uma garrafa de refrigerante de limão, o silêncio preenchia o ambiente enquanto começávamos a comer.
Peguei meu ovo e fiquei encarando-o por um instante, lembrando de como sempre fui péssima em descascá-los. A imagem de Jiwoo reclamando que eu destruía todos os ovos me veio à mente, trazendo um aperto no peito e uma vontade de rir ao mesmo tempo.
Antes que pudesse tentar, senti a mão do Sangwoo pegar o ovo da minha mão.
Ele o descascou com precisão, os movimentos firmes e cuidadosos. Quando terminou, ele me devolveu o ovo inteiro, sem uma única imperfeição na casca. Não disse nada. Peguei o ovo e o comi, deixando o silêncio falar por mim.
Logo em seguida, ouvi o som do refrigerante sendo aberto. Olhei para o lado e vi Sangwoo estendendo minha garrafa aberta. Ele parecia alheio ao gesto, mas havia algo naquele cuidado casual que me incomodava. Apenas aceitei, sem palavras, e tomei um gole.
Enquanto isso, Gi-hun falava algo sobre como o jantar era miserável, mas a voz dele soava distante.
No canto do dormitório, a tensão começou a crescer quando um grupo de cinco pessoas se aproximou dos guardas, reclamando que não haviam recebido comida suficiente.
————— Eles pegaram comida mais de uma vez! ————— o 217 acusou, gesticulava nervosamente enquanto apontava para o grupo do jogador 101 e da 212, que estava sentada ao lado dele com um sorriso provocador.
————— Não vi o seu nome em nenhuma garrafa.
A resposta deixou o 217 ainda mais irritado.
O jogador 217 avançou impetuosamente, tentando agarrar a garrafa de refrigerante das mãos do 101. No movimento desajeitado, a garrafa caiu no chão e se espatifou em pedaços, o líquido escorrendo pelo chão do dormitório.
–———— Você acabou com o meu refrigerante! ———–— o 101 rugiu, sua voz ecoando pelo espaço.
O olhar dele se tornou feroz, e ele avançou contra o 217 sem hesitar.
Antes que qualquer um pudesse intervir, o 101 desferiu um soco brutal no rosto do 217, que tropeçou para trás, cambaleando.
————— Eu to falando, que a gente, tem que dividir! ————— gritou o 101, dando outro golpe, desta vez direto no estômago do homem.
Ele continuou batendo, cada soco mais violento que o anterior. Quando o 217 caiu no chão, o 101 não parou. Ele chutou o homem repetidamente, enquanto a 212 observava ao lado, sem nenhuma intenção de interferir.
————— É tão difícil de entender? Seu filho da puta ————— o 101 gritou entre os chutes.
Os guardas não fizeram nenhum movimento para parar a briga, apenas observavam em silêncio, como se estivessem esperando algo.
O grupo ao redor assistia em choque, e mesmo eu, acostumada com situações tensas, senti um nó se formar no estômago ao ver o corpo do 217 ficando imóvel no chão.
Sangwoo, Gi-hun e eu nos aproximamos do corpo do 217 imóvel no chão. Sangwoo abaixou-se ao lado dele, balançando levemente o ombro do homem.
————— Levanta, rapaz ————— ele ordenou, mas não houve resposta.
Engoli em seco e me ajoelhei ao lado do corpo, colocando dois dedos no pescoço dele, procurando um batimento. Meu coração apertou quando percebi que não havia nada ali.
————— Ele tá morto. ————— Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, mas o suficiente para que Sangwoo me ouvisse.
Gi-hun arregalou os olhos, o pânico evidente em seu rosto.
————— Ele tá morto! Esse cretino matou ele! ————— ele se levantou de imediato, gritando. Ele correu até os guardas, apontando para o 101.————— Vocês não vão fazer nada? Ele matou um jogador!
Os guardas, imóveis como estátuas, não responderam. Eles simplesmente continuaram observando, como se nada tivesse acontecido.
————— Vocês são surdos ou o quê?! ————— Gi-hun insistiu, frustrado, a voz tremendo de raiva e desespero.
Tudo o que tivemos foi o som metálico do porco enchendo de dinheiro, ecoando pelo dormitório.
Cada bolo de dinheiro que caía parecia um lembrete cruel do preço da morte. Enquanto isso, alguns guardas de máscara pagaram o corpo do 217 do chão, o colocaram em uma caixa preta, rígida e sem qualquer cerimônia, como se fosse apenas um objeto.
O silêncio no ar era pesado, cortado apenas pelo som do relógio acima de nós, marcando os trinta minutos restantes até as luzes se apagarem.
O marcador parecia zombar da nossa vulnerabilidade, nos lembrando que não estávamos seguros nem por um momento.
—————— Ninguém dorme essa noite. Se alguém for atacado, todos nós vamos nos unir e revidar —————— Sangwoo quebrou o silêncio, sua voz firme e baixa:.
Assenti com a cabeça, me aproximando de Ali, que parecia mais perdido do que nunca. Coloquei uma mão firme no ombro dele, tentando passar alguma segurança.
—————— Qualquer problema, você fica com a gente, entendeu? ————— falei, o encarando diretamente.
————— Sim, senhora. Vou ficar.
Observei o grupo do 101, seus olhares fixos na 067, predadores calculando o próximo movimento. Suspirei, sentindo o peso da tensão aumentar, e fui até ela.
Sentada sozinha em um canto, seus olhos analisavam o ambiente com a mesma desconfiança de sempre.
————— Aqueles desgraçados vão tentar alguma coisa com você hoje. Qualquer coisa, a gente se reúne na cama do 446 ———— me abaixei ao lado dela e falei em um tom baixo, mas direto.
Ela ergueu os olhos para mim, me analisando meticulosamente.
————— Eu não confio em ninguém.
————— Não precisa confiar em mim. Eu também não confio em você. ———— cruzei os braços. ————— Isso é um acordo, só pra gente se manter viva até o fim da noite.
Ela ficou em silêncio por um instante, os olhos fixos no chão, antes de finalmente murmurar.
————— Certo.
Sem dizer mais nada, me levantei e voltei para o meu grupo, sentindo o peso do relógio contar cada segundo. A noite seria longa, e o perigo, implacável.
( . . . )
Assim que as luzes se apagaram, o dormitório foi engolido por uma escuridão.
O silêncio inicial foi quebrado por um grito feminino, cortando o ar como uma faca. Em um instante, o caos tomou conta. Sons de camas sendo derrubadas, passos apressados, objetos caindo e gritos ecoavam por todos os lados.
Tentei manter a calma, mas logo senti mãos fortes me agarrando por trás, um braço se enroscando em meu pescoço, tentando me sufocar em um mata-leão.
Me debati, chutando e tentando alcançar qualquer coisa que pudesse usar para me defender. Minha visão começou a escurecer, o pânico crescendo.
De repente, ouvi um som seco, metálico, cortando o caos.
O impacto fez o jogador que me segurava soltar imediatamente, e eu caí de joelhos no chão, respirando com dificuldade. Quando me virei, vi Sangwoo segurando uma barra de metal, o olhar sério e determinado.
————— Você está bem? ————— ele perguntou, segurando meu rosto, ofegante, os olhos avaliando rapidamente ao meu redor para se certificar de que estávamos seguros.
————— Eu to bem... os outros!
Sem perder tempo, corremos juntos pelo campo de destruição à nossa volta, desviando de camas caídas e corpos em movimento. Precisávamos encontrar o Gi-hun e os outros.
Quando finalmente chegamos na cama onde o 001 deveria estar, encontramos o espaço vazio. Gi-hun, desesperado, olhava ao redor, gritando pelo velho.
Sua voz era abafada pelos gritos e pelo som de corpos colidindo no caos. Enquanto Sangwoo procurava por Ali.
Senti uma presença atrás de mim e me virei rapidamente. Era a 067, ofegante e machucada.
————— Qual é o plano? ————— ela perguntou, a voz rouca e cheia de cansaço.
————— O plano é não morrer. ————— respondi sem hesitar, enquanto avaliava ao redor.
Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, meus olhos captaram o 101 vindo na direção dela, segurando seu canivete com um sorriso sádico.
Não pensei duas vezes. Empurrei a 067 para longe, girando a barra de ferro com força contra ele. O impacto o fez cambalear, mas não o suficiente para derrubá-lo. Ele se levantou com rapidez, enquanto avançava em minha direção.
Bloqueei seu ataque com a barra, o som do metal se chocando próximo. Ele forçou a lâmina contra mim, e eu usei toda minha força para segurá-lo.
—————— Parem com isso, eu to com medo! ————— o 001 gritou lá de cima de umas das camas, a voz carregada de desespero. ————— Vamos todos morrer! Por favor, parem!
Foi então que as luzes se acenderam de repente, cegando nossos olhos acostumados à escuridão. Os alarmes soaram, e a porta de metal se abriu com estrondo. Guardas mascarados entraram, armados e autoritários, ordenando que todos abaixassem as armas.
————— Larguem as armas! ————— um dos guardas gritou.
Larguei minha barra de ferro no mesmo instante, o metal batendo contra o chão.
Ao meu redor, outros jogadores fizeram o mesmo, rendendo-se à presença intimidadora dos guardas. O caos deu lugar a um silêncio tenso.
( . . . )
Quando finalmente o silêncio tomou conta e os guardas se espalhavam para garantir que a ordem fosse restaurada, eu notei 067 sentada perto do nosso grupo, afastada um pouco, mas ainda visível.
Sua expressão estava distante, como se tentasse processar tudo o que acabou de acontecer.
————— Qual é o seu nome? ————— perguntei, tentando suavizar o clima.
Ela me olhou por um instante, como se estivesse avaliando se deveria ou não responder.
————— Você realmente precisa saber isso? ————— perguntou, a voz baixa, mas sem rancor.
————— Faz parte do contrato de sobrevivência. ————— brinquei.
Ela hesitou por um momento, mas então, com um suspiro, respondeu.
————— Kang Sae-Beyok.
A resposta me pegou de surpresa. Não foi o nome em si, mas a sonoridade dele. Eu ri, sem conseguir evitar.
————— O que foi? ————— ela perguntou, levantando uma sobrancelha, intrigada.
————— É muita coincidência ————— respondi, ainda sorrindo. ————— O nome da minha filha quase foi Sae-Woo.
Ela me olhou por um momento, a expressão inexpressiva, mas não pude deixar de notar uma leve curva nos lábios dela.
Antes que pudesse responder a Kang Sae Beyok, vi Sangwoo se aproximando. Desci as escadas indo em direção a ele.
Sua expressão era tensa, o olhar fixo em mim de uma maneira que me fez perceber o quanto ele estava preocupado. Ele começou a tocar em meus braços, pescoço e rosto, como se estivesse tentando avaliar se eu estava ferida, se algo estava errado.
————— Você tá bem? ————— ele perguntou, a voz grave e urgente.
Me afastei um pouco, irritada com o comportamento dele.
————— O que deu em você? ————— perguntei, quase sem pensar, a frustração tomando conta.
Ele parou por um instante e, com os olhos ainda fixos em mim. ————— O que deu em mim? O que deu em mim foi que você quase morreu. A nossa filha quase ficou sem mãe.
As palavras dele me atingiram como um soco no estômago. Me irritou o tom possessivo, como se ele tivesse algum direito sobre a nossa filha.
Não era nossa, era minha.
————— Não, Sangwoo ————— disse, com os dentes cerrados, a raiva transbordando. ————— Não é nossa filha, é minha filha!
Ele hesitou por um segundo.
Sangwoo me puxou para um canto isolado, onde ninguém poderia nos ouvir, e segurou meu rosto com as duas mãos, forçando meu olhar para o dele.
————— Me deixa cuidar de você, tá? ————— ele pediu, a voz baixa, mas firme. ————— Eu sei que você me odeia, que eu desapareci e isso foi uma merda. Eu sei... Mas eu estou aqui agora, e vou fazer de tudo para você sair viva desse jogo.
Minhas mãos se apertaram involuntariamente, a raiva tomando conta de mim ao ouvir aquelas palavras. Ele estava ali, dizendo tudo o que eu queria ouvir, mas... era difícil confiar.
Ele ainda era Sangwoo, o homem que me magoou de tantas maneiras, mas, ao mesmo tempo, o único cara que eu amei.
————— Você não tem direito de me pedir isso ————— respondi. Eu o empurrei levemente, tentando me afastar, mas ele não soltava meu rosto.
Sangwoo, então, se aproximou mais.
Ele inclinou a cabeça para frente e, antes que eu pudesse reagir, sentiu o leve toque de seus lábios no topo da minha cabeça.
————— Eu vou cuidar de você, e da Jiwoo, quando tudo isso acabar ————— Sangwoo murmurou, sua voz suavizada por um tom quase suave, como se tentasse se redimir por tudo o que fizera.
Eu não sabia se queria realmente confiar nas palavras dele ou se tudo o que ele dizia era só uma tentativa de encontrar um pouco de redenção.
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