Prólogo
As cores podem mudar nossas vidas. Elas podem refletir seu humor, sua personalidade, ou a falta de ambos. Gostaria que não fosse assim, mas é inevitável, pelo menos para um artista amador como eu. Quando criança, procurava usar todas as cores inimagináveis em minhas pinturas de escola, divertindo-me sempre com a criação inusitada de paletas. Mesmo naquela época eu já sabia o que era uma paleta! Adorava criar novas combinações, imaginando sempre que ninguém teria as mesmas ideias que eu. No colégio em Melbourne isso era um fato, porém, não poderia imaginar que a situação seria completamente contrária em Toronto. Eu já não era mais tão criativo na faculdade. Provavelmente isso aconteceu devido minha mudança inusitada de estilo e traço. Meus desenhos, antes coloridos e felizes, agora eram em grafite 6B e com traços melancólicos. Eu não teria mudado se meus pais não tivessem desconfiado de meu potencial. Brigara muito com eles para fazer a faculdade; eles simplesmente cederam. Cederam, não aprovaram.
Em Melbourne eu era um garoto divertido, mesmo que meus pais me proibissem de fazer várias coisas. Minhas roupas tinham cores alegres, mas nada pode sobreviver ao pessimismo de meus pais. Agora Ethan Pearce era nada mais, nada menos do que um emo australiano, completamente deslocado no tempo e no espaço. O maior problema era que eu realmente estava deslocado, pois decidira fazer faculdade de Artes bem longe de casa, para não ter que aturar os comentários maldosos de meus pais. Infelizmente, a internet ainda existe, então ainda sou obrigado a vê-los uma vez por semana, mesmo que estivesse estressado por ter tido um dia "menos canadense".
Por outro lado, apesar de não conseguir me adaptar ao jeito canadense de ser, eu tinha um grupo extenso de amigos. Muitos de nacionalidades diferentes, também preocupados em se adaptar no país. Mas nenhum de nós conseguia se passar por canadense. Principalmente eu, Becky e Harry, os únicos que vieram realmente de longe. Por outro lado, apenas Sean poderia ser considerado um "sangue puro" em Toronto, pois nascera na cidade em que reside até hoje, mesmo com sua jornada incrível e recente como cantor pop. Frankie, Tom e Taylor são norte-americanos; Chloe é britânica, assim como Becky e Harry. Chloe e Becky, aliás, são irmãs. Somos um grupo bem diferente do normal canadense.
Eu adorava meus amigos, principalmente minhas amigas. Elas eram sensíveis e entendiam bem minha própria sensibilidade, sem julgar-me por minha vulnerabilidade. Talvez seja por isso que eu acabei me apaixonando por uma delas; infelizmente, ela era comprometida. Então, nas férias de verão, decidi juntar todas as minhas tralhas e fazer o que fizera toda minha vida: viajar. Estava fugindo de um possível coração partido e de uma confusão que não estava disposto a começar. Vancouver foi o destino escolhido, principalmente porque eu nunca estivera na cidade. Mesmo há quilômetros de distância de meu amor não correspondido, não consegui parar de desenhá-la, desejando que me amasse. Estava enlouquecendo, figurativa e literalmente.
E então, em uma noite chuvosa e escura, conheci Summer.
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