7 - O que há de melhor em Vancouver?
Levando em consideração a lista anterior, a pressão vinda de Summer e meus sentimentos reprimidos, uma resposta surgiu.
— Amor é você brigar com a pessoa e ela ficar bem, pois te ama. É uma intensificação da confiança. — Era como se eu estivesse respondendo em tópicos. — Você pensa em uma pessoa repetidas vezes em um dia e alguns elementos em seu dia te fazem pensar nela. — A cara de Summer estava assumindo uma feição menos agradável do que a anterior. Estaria me odiando? — Amor é basicamente um motivo para fazer piquenique. — Como Sean faz para Rebeca. — É deixar sua namorada ir à balada sabendo que ela ainda te amará quando voltar. — Summer fez uma careta que assumi ser de repreensão. — São pequenas mentiras que você conta para deixar a pessoa feliz. — Agora Hayden franzia o cenho para mim e balançava a cabeça. Esse sim estava me repreendendo! — Como comer a comida ruim dela com um sorriso e cara de degustador! — Tentei amenizar.
Summer bufou. Pisquei algumas vezes, arrependido por minha resposta. Soara bem melhor em minha cabeça. Em meus pensamentos as frases tinham muito mais profundidade, além de complexidade e beleza. Na realidade elas eram apenas palavras sem muita conexão ou emoção. Eram apenas palavras! E até eu explicar todo o raciocínio para Summer... Bem, ela provavelmente não entenderia, ou se cansaria, ou ficaria irritada. Ou ficaria muito confusa.
— Concorda com ele, Hayden? — Foi apenas o que Summer disse.
— Minha namorada acabaria com a minha vida se eu dissesse que sim. — Foi o que o garoto respondeu, encolhendo os ombros. — Algumas coisas fazem sentido, mas eu não consigo concordar.
— Ótimo!
Eles se olharam, como se houvesse algum tipo de mensagem sendo trocada em suas mentes. Uma mensagem bem fora de alcance para mim, ao que tudo indicava. Após alguns segundos trocando mensagens mentais, eles sorriram. Sorriram como se tivessem um segredo enorme, ou como se tudo em suas vidas fosse ilustrado com lindos arco-íris. Isso me fez pensar muito. Em Taylor e Tom e seu namoro não assumido. Em Sean e Rebeca com seu namoro perfeitinho. Em Frankie e sua paixão por uma garota apaixonada por outra garota. Em meus pais e os anos que demoraram para ficar juntos. Na história de amor de Hope e Dougie, um casal considerado exemplo por Tom. Em meu fracasso no amor. Em meu fracasso em confianças. Na impossibilidade de eu ter uma ligação mental como a deles. No brilho nos olhos de Summer. Na improbabilidade de eu encontrar um lobo em Vancouver durante as férias. Na impossibilidade de ver neve em Vancouver, comparando assim com o tom de branco de neves de outras partes do mundo. Na idiotice que era eu estar diante de dois estranhos e por fora de sua conversa... A soma de todas as partes me tirou a paciência e impulsionou a seguinte pergunta:
— Sejam sinceros: Vocês namoram ou não?
— Não está óbvio? — Summer fez uma cara estranha ao olhar para Hayden.
— Agora que você disse, está sim. — Contive a vontade de bufar. Odeio quando falam sobre coisas serem óbvias ou não. Poucas coisas são óbvias para mim, principalmente as que envolvem algum tipo de interpretação. — A chave, o fato de dividirem a casa, os apelidos carinhosos...
Eu poderia ter dito o jeito que se olham, mas eu não tinha percebido nada demais nisso. Os dois se olharam novamente e eu encarei o papel de parede. Era um amarelo claro de fundo e algumas flores desenhadas em branco. Estranha combinação com o sofá azul. Ou com o pijama azul de Summer. E havia um outro detalhe para chamar minha atenção nada focada: músicas ainda atingiam meus ouvidos. Summer não parecia incomodada com o fato.
— Você não é muito bom com sinais. — Summer sorriu e eu dei um passo para trás. Ela estava com pena de mim? — Não, Ethan, não estamos namorando. Somos apenas amigos que se amam como se fossem irmãos. Entende isso?
— Acho que sim. — Suspirei, como o idiota que sou. Acho que sou assim com Frankie. Acho.
— Você também não tem muita certeza sobre as coisas. — Ela mandou um sorriso único para Hayden e voltou a me olhar. — Acho que se encaixaria em nosso grupo facilmente, senhor Pearce.
Como ela conseguia lembrar do meu sobrenome? Poucas pessoas conseguiam gravar de primeira! Mais um diferencial em Summer Young.
— Summy, — Haydey chamou, olhando para o relógio na parede. — está quase na hora.
— Jura? — Arregalou os olhos. Ela, ao contrário de mim, entendeu no mesmo instante a que o garoto se referia.
— Juro por todos os meus livros.
— Então eu preciso me arrumar! — Ela olhou ao redor, parecendo desnorteada.
— Acho que está ótima assim. — Hayden riu discretamente, fazendo Summer bater o pé e cruzar os braços.
— Por que você não vai no meu lugar, então? — Provocou.
E eu não tendo a menor ideia do que estava acontecendo.
Ótimo.
— Porque eu só filmo e edito os vídeos. — Retrucou ele, fazendo-a suspirar. Ele vencera, ao que tudo indicava. — E hoje vou sair. Combinei isso há um mês.
— Verdade. — A garota bateu na própria testa diante da revelação. — E quem vai filmar para mim?
— Ethan. — Hayden disse como se estivesse dizendo seu próprio nome.
Como assim?
— Eu? — Pisquei várias vezes, mais desnorteado do que a garota de cabelos castanho avermelhados. — Eu não sei filmar!
— Summer te ajuda!
— Eu estou precisando mais de ajuda do que um cinegrafista amador precisaria. — Alegou Summer, me olhando com intensidade.
— Mas o que vocês pretendem fazer?
— O que Summer pretende fazer. — Corrigiu Hayden.
— Certo. — Era irritante ter que pensar para falar. — O que você pretende fazer, Summer?
— Eu faço vídeos semanais sobre assuntos que ajudam pessoas a escrever. — Começou a explicar, com extrema paciência. — Fiz um único vídeo sobre "O melhor de Vancouver", pois vários inscritos no meu canal são de outras cidade e gostariam de escrever livros sobre minha cidade natal. Eu mostrei um pouco dos museus, mas falta muita coisa ainda.
— E você não pode filmar sozinha? — Eu só queria ir para meu quarto de hotel, usando o resto do meu dia para pedir a ajuda de Frankie com várias coisas. Já não me importava tanto com o perdão de Summer Young, pois ela nem parecia ter dado muita importância ao que eu fizera.
— Eu nunca filmo direito, pois meus braços são fracos e curtos. Eu preciso aparecer um pouco, para explicar algumas coisas, mas não consigo. — Fez cara de cachorro sem dono. — Não pode me quebrar esse galho? Hayden terá um encontro romântico e eu preciso ajudar alguns escritores pelo país. Poderia me ajudar só dessa vez? Depois não precisa nunca mais me ver!
Ela parecia mesmo desesperada.
— Esses vídeos são muito longos? — Eu estava cedendo!
— Não muito. — Ela piscou, tentando me persuadir. Acho que era isso. — Por favor!
— Ok. — Foi só o que disse.
— Obrigada! — Ela pulou de alegria, literalmente. — Você não se arrependerá!
— Espero que não. — Murmurei mais para mim do que para ela. Hayden parecia absorto em seus pensamentos. — Então... — Dei alguns passos até Summer, mantendo uma distância segura da garota, mas deixando a distância rude de lado. Mamãe me deu um pouco de educação! — O que há de melhor em Vancouver?
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Foi pequeno? Foi. Mas agora o livro começa de verdade.
Preparem-se!
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Liberei esse capítulo não calculado para animar as pessoas que ficaram abaladas como eu com o ataque em Manchester. Espero que isso ajude vocês! E eu estou como eu disse em meu Instagram (fa_apsilva):
"Você passa sua vida de escritora tentando salvar crianças e adolescentes com mensagens animadoras, lições de superação e de aceitação. Tenta fazer as crianças e os adolescentes acreditarem que podem mudar o mundo com suas ações. Então, em um momento de diversão, diversas crianças e adolescentes morrem, em um ataque frio e sem escrúpulos. Nunca vou superar que perdemos uma garotinha de oito anos, que tinha muito a viver ainda. Imagino como isso abala todos em Manchester, no Reino Unido, na Europa e no resto do mundo. Agora estão matando a inocência e a felicidade humana. O que nos restará?
Meus pensamentos estão em Manchester."
Beijos doces,
Fá 23/05/2017
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