Summer riu enquanto pedalava e eu a segui, com igual bom humor. Alguns dias haviam passado desde que Frankie nos contara sobre Felicity. Era a primeira vez que nos víamos, pois combinamos um passeio de bicicleta pelo Stanley Park. Isso até me lembrava uma das músicas de Sean, com algo sobre uma garota que "pedala até seu coração". Era engraçado estar em uma situação romântica assim, ainda mais sendo quem sou. E tendo a garota que tinha ao meu lado. Era como naqueles filmes tão doces que você não consegue deixar de sorrir. A garota mais bonita da cidade, o estrangeiro misterioso. A junção perfeita de filme! O passeio perfeito de filme!

E ele acabara de começar! 

A garota e a situação estavam me fazendo lembrar de uma música, a qual eu estava determinado a mostrar para ela assim que tudo terminasse. 

— Duvido que ganhe de mim! — Gritou a vancouverite, pedalando com mais afinco. O que dizer sobre Summer e sua perfeição? Ela adora uma competição saudável. Eu adoro ganhar!

— Duvido que vá perder para você! — Gritei de volta, ultrapassando-a. Ela não ficou muito para trás, pois se esforçou ainda mais para me alcançar.

— É o que vamos ver! — Ela me ultrapassou enquanto gritava. Eu ri muito com nossa disputa idiota. — O que eu ganho se você estiver errado?

— Você eu não sei, mas eu vou ganhar um beijo seu. — Disse, sem precisar pensar duas vezes. Era o melhor prêmio que poderia ganhar!

Summer não disse nada, apenas deu uma risadinha envergonhada. Encarei isso como um sinal de que ela encarava aquilo da mesma forma. Não seria um prêmio só para mim, então não importava muito quem ganhasse, pois, no final, os dois teriam algo bom. Pelo menos foi o que eu pensei! Mas não estava 100% certo. Summer me mostrou isso ao me deixar muito para trás. Balancei a cabeça, impressionado com a teimosia dela. Como gosto quando está feliz! Isso me deixa mais feliz. Tanto que consegui pedalar ainda mais. Summer não sabia, mas essa era uma das poucas coisas realmente boas que eu fazia com meu pai, então me preocupara em ser um ciclista verdadeiramente bom. E foi assim que a ultrapassei novamente, rindo com toda a felicidade que tinha em meu ser. Acho que nunca ri tanto antes!

— Isso não vai ficar assim! — Protestou, tentando me alcançar. Isso só me fez rir mais e mais.

— Não?

— Não!

— Mas você ganha de qualquer jeito, Sun. — Comentei, feliz por estar certo.

— Não ganho nada!

— Não? — Virei um pouco para trás, tentando enxergar seu rosto. Estava parecido com meu último desenho. Acho que poderia vendê-lo, aliás. Estava ficando muito bom na arte de desenhar Summer Young!

— Não! O orgulho não deixa!

— Agora entendo porque o garotinho de oito anos não quis perder para você. — Comentei com tom zombeteiro, lembrando do acidente de bicicleta que ela tivera ao disputar uma corrida. É claro que o garoto foi babaca por não querer perder para ela, apenas por ser uma garota. Mas eu imagino que ficaria semelhante, tirando a parte de ter vergonha de perder para uma garota. Eu me sentiria honrado de perder se fosse assim! Na verdade, perder para uma garota não é muito diferente de perder para um garoto, tirando o fato de que sentimos muito mais orgulho delas do que deles. É um fato, pelo menos para mim. Por quê? Porque a sociedade diz que elas não podem fazer isso, e quando conseguem... Nossa! É uma vitória para todos!

— Engraçadinho você, Ethan Pearce! — Ela me ultrapassou novamente ao dizer isso, mas eu não desistira do meu beijo. 

— Você não criou um apelido para mim. Fico chateado! — Ultrapassei mostrando minha língua. 

— Não?

— Não.

— Deixa eu pensar então. — Continuamos pedalando no mesmo ritmo até que ela falou novamente. — Já sei!

— Fala!

— Promete não ficar bravo?

— Por quê?

— Promete? — Insistiu.

— Ok.

— Tem que falar a palavra!

— Prometo! — Revirei os olhos.

— Preparado?

— Sim!

— Tem certeza?

— Summer... — Resmunguei e ela riu por um breve momento.

— Peixinho de aquário! — Gritou, ultrapassando-me de novo.

Ótimo!

— De onde tirou isso? — Perdi até um pouco do meu ritmo com a confusão.

— Não consegue adivinhar?

— Se estou perguntando...

— É bem fácil de raciocinar, na verdade.

— Então eu sou tapado.

— Talvez...

— Nossa, como você é engraçada!

— Eu sei, né? — Riu, fazendo-me ter que segurar meu próprio riso.

— Você vai falar ou não? — Demonstrei impaciência para ter minha curiosidade saciada.

— Bem... — Ela hesitou.

— Young!

— Ui!

— Dá para você parar? — Vi ela me fazer careta com o canto do olho, pois agora estávamos quase lado a lado. Eu na direita, ela na esquerda.

— Você nada bem.

— E? — Peixe vem daí, mas o que há demais nisso?

— E você certa vez me disse que peixes de aquário têm memória de cinco segundos.

— Certo. — Agora eu estava entendendo. E era legal ver que pelo menos ela prestava atenção no que eu falava.

— E você esquece muitas coisas, então é um perfeito peixinho de aquário! — Ela concluiu com animação, quase como se terminasse uma equação que valesse milhões.

— Como você é engraçada!

— Você já disse isso! — Riu e eu tive que fazer o mesmo.

Dei uma leve virada na bicicleta, tentando seguir a trilha. Só que não prestei atenção nas coisas ao meu redor. Ou melhor, nas pessoas. Ou melhor, em Summer. Summer estava à minha esquerda. E eu virara a esquerda. E ela continuara reto. O que isso ocasionou? No choque lateral entre nossas bicicletas. Parabéns Ethan! Caímos no chão, logo depois de Summer dar um grito. Doeu um pouco, mas, pelo menos, as bicicletas não ficaram sobre nossos corpos. Apenas ficamos estirados na grama, como dois patetas. Voamos bastante, se quer saber. Seria cômico se não fosse perigoso.

Após me certificar de que estava bem, engatinhei até Summer para perguntar sobre seu estado. Ela começou a rir, mesmo com minha preocupação evidente. Tive que rir também, de alivio. 

— Acho que não temos muita noção de espaço! — Comentei, ajudando Summer a se sentar. Ficamos frente a frente.

— Não! — Ela ainda ria. Era bom ter minha Summer de volta, sem a depressividade! — E é por isso que combinamos!

Pois é. Ela nunca dissera algo assim antes, mas era bom ouvir. Muito bom!

— Sim, combinamos bastante! — Dei um sorriso enorme. Eu queria muito meu prêmio! — E então? Quem ganhou?

— Acho que as pessoas que estão nos encarando. — Falou mais baixo, dando de ombros. Olhei ao redor e me dei conta de que realmente muitas pessoas nos encaravam, como se fizéssemos parte de um show de comédia. Ou romance. Comédia romântica!

— Não podemos dizer que eu ganhei, já que você me atropelou? — Eu queria muito mesmo meu prêmio!

— Eu te atropelei? Foi você que ficou na minha frente!

— Sei...

— Por que você quer ganhar?

— Questão de honra. — Menti, determinado a tentar conseguir meu momento romântico.

— Acho que você precisa conquistar seu prêmio. — Falou com um ar de inocente, mas eu sabia o que isso significava. 

— Ah é? — Aproximei-me um pouco mais, meu coração descompassou. Era a hora certa?

— Sim. Com calma. — Sua voz estava consideravelmente mais baixa. E mais doce.

— Assim? — Coloquei uma das mãos em sua bochecha, aproximando nossos corpos ainda mais?

— Um pouco mais de calma. — Essa frase foi dita ainda mais lentamente do que a anterior. E mais sexy.

Ela estava me matando!

— Assim? — Aproximei nossos rostos com calma, deixando nossas respirações se encontrarem, da mesma forma que nossos narizes fizeram em seguida. Foi o beijo de esquimó mais inesperado da minha vida! Sempre pensei em fazer isso com alguém, mas nunca imaginei que faria mesmo. Foi um impulso! Dei meu sorriso habitual, aproximando nossos lábios. Ela não iria me impedir? Esperei por um "não", mas tudo continuou igual. Igual, exceto por nossa pulsação. Pude sentir que seu ritmo cardíaco mudara, assim como o meu. Estávamos acelerados! E, ao mesmo tempo, em câmera lenta. E foi assim que nos beijamos. Sem pressa, mas com um desejo incontrolável. Como se quiséssemos aquele beijo desde que nascemos! Foi algo inexplicável! Só quem sente algo assim pode entender.

E foi beijando minha Sun que percebi algo. Não queria mais mostrar aquela música para a garota. Não. Não estava certa! A letra não estava certa. Eu precisava mudar tudo. Tudinho! Cada mínimo detalhe. Precisava e ia mudar tudinho, apenas para ela se tornar digna de ser dedicada a Summer Young.

Eu só precisava contatar Sean novamente!

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A linda Yasmimcleao me lembrou que hoje é o aniversário da lunakingstonbooks, que também é minha leitora. Então gostaria de dedicar esse capítulo para ela, como um presente de aniversário especial. Desculpe não poder dar nada mais, Grasi. Espero que goste! Sinto sua falta nos comentários!

P.S.: Se você quiser receber algo assim também em seu aniversário, deixe a data de seu nascimento aqui e eu salvarei, assim ninguém ficará sem presentinho.