Summer estava no meu sofá, dormindo feito um bebê. Eu a levara para lá depois do encontro com Lola. Ver a garotinha animou um pouco minha vancouverite favorita, mas não foi o suficiente para fazê-la se sentir 100%. Ainda não era completamente ela! Não queria conversar, o que eu estava respeitando com toda a calma do mundo, mas aceitou várias demonstrações de carinho, inclusive uma coberta para se deitar no sofá. Antes que você fale qualquer coisa sobre cavalheirismo, devo dizer que ofereci minha cama diversas vezes, mas a garota recusou com ardor, alegando que me atrapalharia. Não discuti, por saber de sua condição emocional, mas apenas esperei o momento certo para contrariá-la. Quando percebi que estava dormindo profundamente, peguei-a delicadamente em meu colo, tentando ter pensamentos inocentes. Só que não pude evitar pensar em como seria carregá-la em um outro contexto.

Abanei tais pensamentos para longe, determinado a ser apenas carinhoso. Mesmo que ela não estivesse acordada e não soubesse meus pensamentos, cabia a mim ser respeitoso integralmente, independente das circunstâncias. Summer deu um leve sorriso em seu sono quando a acomodei da cama grande, como se agradecesse o ato. Sorri junto, mesmo sabendo que ela não poderia ver. Na verdade, era melhor que ela não visse minha cara de bobo! Eu parecia uma ameba boba!

Dei um passo para trás, admirando a beleza e energia — apesar de abalada — da garota que tinha em minha cama. Certo, essa frase saiu um pouco estranha, mas juro que não tive intenção. Foi apenas meu pensamento falando alto. Era uma cena belíssima! Mas não pude apreciar por muito tempo, pois ouvi uma batida insistente em minha porta. Caminhei até ela, preguiçoso, sem a menor vontade de conversar com quem fosse. Só que tive uma surpresa. Meu bom amigo estava lá, parecendo tão desnorteado quanto eu.

— Oi Frankie! — Dei um sorriso mais apagado, mas que não incomodou meu melhor amigo.

— Oi cara. — Ele suspirou, colocando a mão na testa.

— Tudo bem com você? — Perguntei, encostando minha mão no batente da porta.

— Não muito. — Olhou para seus tênis esportivos. Ele estava com sua roupa de explorador. Quando isso acontece, sei que está mais do que nervoso. Está complexado!

— O que aconteceu?j

— Conheci uma garota na festa do Sean.

— Festa do Sean? — Veja só no que eu presto atenção de verdade! — Que festa do Sean? Não fui convidado para nenhuma festa!

— Depois do show dele aqui em Vancouver. — Explicou, deixando-me ainda mais confuso e irritado.

— Eu não fui convidado! — Insisti. — Por que eu não fui convidado?

— Talvez porque você foi um babaca com Summer naquele dia. — Deu de ombros e fez sua cara de "dã".

— Certo.

— Podemos voltar ao que me preocupa?

— Claro. — Revirei os olhos, apenas para irritá-lo. Não funcionou. Ele parecia preocupado demais com o que tinha a me dizer. 

— Eu conheci uma garota na festa do Sean. — Repetiu.

— Que legal! — Eu fiquei realmente feliz por ele, imaginando que finalmente poderia viver algo sentimental.

— Não, não é legal! — Ele parecia exaltado, mas a cara que fiz o impediu de aumentar o tom de voz. Precisava deixar Summer descansar! 

— Não?

— Não!

— E por que não? Ela não é legal? — Eu não estava entendendo.

— Ele é muito legal. Divertida até.

— Viu? Isso é bom.

— Você não está entendendo!

— Então explique!

— É complicado.

— Tudo é complicado. — Suspirei, referindo-me a Summer. Essa era uma verdade tanto! — Quer responder minhas perguntas direito?

— Vou tentar. — Juntou as mãos, como se evitando o impulso de bater em algo. Ele estava mais nervoso do que eu conseguia me lembrar. Se bem que não lembro de tudo... Mas ok.

— Você sabe o nome dela? — Indaguei, curioso de verdade.

— Só o primeiro nome. Felicity. — Vi um sorriso tentando se formar quando ele disse o nome da garota. Era como se ele lutasse com os sentimentos positivos acerca da nova mulher em sua vida.

— E você quer vê-la de novo? É isso?

— Eu já a vi de novo.

— E perguntou seu sobrenome?

— Não foi necessário, ela trabalha em uma loja de câmeras muito legal e original por aqui. — Ele certamente se interessa por câmeras, não apenas por ser Youtuber, mas por gostar de tirar fotos e filmar. É um ponto a favor da garota.

— Então qual o problema? Ela tem namorado?

— Não.

— Ela não gosta de homens? 

— Não... Quero dizer, gosta. — Ele riu com o nariz, pensando em sua própria experiência. Frankie já se apaixonou por uma garota que tinha uma namorada. Foi sua primeira e única paixão, o que o afetou profundamente por saber que nunca poderia ficar com a tal garota. Sinto dó dele, mas pelo menos essa garota não estava na mesma situação.

— Então qual é o problema dela? — Perguntei, não entendendo todo aquele drama.

— O problema não é ela. — Admitiu. 

— Ah não, Frankie! O que você fez? — Bati a mão na testa, decepcionado com ele.

— Por que acha que eu fiz alguma coisa? — Se fez de inocente, mas ao ver minha feição séria, mudou de clima. — Eu disse a ela que meu nome era Logan.

— O que? Por que fez isso? — Arregalei os olhos, realmente decepcionado.

— Eu achei que nunca a veria novamente e queria preservar minha real identidade, assim como minha popularidade.

— Estrelinha! —Fingi tossir, só para descontrair.

— Vai! Você sabe como as pessoas ficam quando descobrem que sou Youtuber.

— Uhum.

— E agora ela acha que eu nome é Logan.

— Parabéns! Você merece um prêmio por ser um bocó! — Bati palmas de forma silenciosa.

— Você fala isso e não sabe metade. — Bufou.

— O que? Há mais para contar? — A curiosidade tomou conta.

— Ah sim, aconteceu muita coisa nesses dias em que andei sumido.

— Então pode começar a falar!

— Então... — Frankie foi adentrando o quarto, parecendo desconcertado. Quis rir, mas não fiz nada. Ele tinha muito a me esclarecer, de uma vez por todas!

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*Essa história que Frankie começou a contar está em outro livro meu, continuação da série. O nome é "Felicidade Anônima" e já se encontra aqui no Wattpad.