11 - Como posso me desculpar?
A cara de Summer poderia se camuflar em um campo de rosas bem vermelhas, excluindo o significado que essa cor de rosa tem. Suas bochechas tinham a mesma tonalidade das flores mais escolhidas por namorados para dar de presente no "Dia dos Namorados". Nunca comemorei esse dia de verdade, pois nunca estava namorando durante a data, mas sei que as rosas vermelhas são as mais escolhidas. Dizem que representa o amor. Talvez seja verdade. Não que isso importe. O importante é a cor de Summer.
— Não está agora, certo? — Ela perguntou, surpreendendo-me. Se eu estava exitado? Com ela?
— Não!
Vergonha resumia tudo. Resumia o que ela claramente sentia e o que eu estava sentindo também. Eu errara feio em pensar em voz alta naquele instante, pois acabara com toda nossa noite. Summer voltou a prestar atenção ao filme, sem se aproximar de mim. Eu fiquei irritado. Fiquei irritado por ter comparado sua cor com a de uma rosa. Fiquei irritado por ter esquecido a mulher que amo por alguns segundos. Fiquei irritado porque a garota que eu acabara de beijar não me dava atenção. Fiquei irritado porque o Chris Pine era um ótimo ator. Fiquei irritado porque não conseguia mais prestar atenção no filme. Fiquei irritado porque não tinha como fugir. Fiquei irritado porque o filme acabou. Fiquei irritado porque Summer não disse mais nada enquanto saíamos do cinema. Então, eu disse outra coisa por impulso.
— Sabe que eu ainda amo Rebeca, não sabe?
Summer me olhou, parecendo não saber o que falar. Estava óbvio que eu não tinha mais como me desculpar por tanta besteira dita em um único dia. E também por tanta coisa boa feita durante a mesma noite. Era como se eu estivesse no videoclipe de Night Changes da One Direction, mas não em um encontro como eles. Não um encontro romântico! Apenas um encontro entre duas pessoas que estavam se conhecendo.
— Eu imaginei que diria isso. — Deu um sorriso fraco, vasculhando os bolsos de sua jaqueta jeans. — É, realmente não trouxe meu fone. — Riu fraquinho e balançou a cabeça. — Não teria um fone para me emprestar?
— Não. — Disse com convicção, decidido a voltar a ser o Ethan que fala pouco.
— Certo. — Ela deu de ombros e começou a andar. — Acho que ela não te ama.
— Eu sei que ela não me ama, mas sempre há esperanças.
— Depois de British Girl? Acho bem difícil.
Maldita música!
— Sempre há esperanças! — Repeti.
— Acha que ela pode se apaixonar por você?
— Eu acho.
— Boa sorte com isso então. — Sorriu, mas seus olhos não estavam demonstrando o mesmo sentimento. Eles voltaram a ser cor de âmbar e me perguntei se tinha alucinado anteriormente, quando os vira diferentes.
— Obrigado.
— Você não parece muito animado.
— É porque não consigo ganhar de um compositor como Sean!
— Por que não? — Ela cruzou os braços. Não consigo entender como estava me incentivando a ser positivo em relação a Rebeca quando eu acabara de a beijar.
— Porque eu não confio em mim. Nem em meus supostos talentos.
— E o que considera como "supostos talentos".
— Meus desenhos.
— Desenhos?
— Em 6B... Preto e branco, sabe?
— Sei o que 6B significa. — Olhou-me com um quê de sabedoria.
— Acha que um desenho seria um bom presente para uma declaração?
— Acho.
— Você gostaria? — Insisti.
— Eu amaria! Adoro presentes feitos do zero e com o coração.
— Não seria melhor um diamante ou algo assim?
— Não. De jeito nenhum!
— Então acha que devo tentar?
Summer deu de ombros e começou a cantarolar You Don't Know How To Love Her* do Sean. E ele estava me perseguindo novamente! Por que ela estava cantando uma música sobre um cara que sente ciúmes de outro que não consegue amar uma garota como ele amaria? Era uma indireta? Não tive como perguntar porque ela me deu um sorriso fraco e foi se afastando, rumo ao metrô, sem deixar de cantar. Estava óbvio que não me perdoara por tudo ainda.
E assim acabou a noite em que eu conheci Summer de verdade.
*Você Não Sabe Como Amá-la
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