Estressada e com vontade de ter uma arma para matar todos, era assim que estava nesse momento. Ainda mais quando o Jonas pediu para eu guardar o fone e prestar atenção no que ele estava dizendo. Ele não parava de repetir a mesma coisa o tempo todo.

Estou aqui obrigada, só pelas notas que preciso. Sem contar que estava com uma cólica dos diabos e um mar vermelho saindo do meio das pernas. EU ODEIO SER MULHER POR ESSE MOTIVO. Todo mês é esse mesmo perrengue, eu passo quatro malditos dias revirando os olhos de dor e com vontade de matar todo mundo, graças a Deus daqui a dois dias essa merda vai embora e me deixará em paz. Vontade de falar com as pessoas é de 0% eu quero mesmo é deitar, fechar os olhos e orar para todos os deuses para que essa dor me deixe respirar, mas ao invés disso tenho que ficar ouvindo o Jonas falando e falando.

- Uma coisa muito importante, em hipótese alguma vocês podem sair daqui desacompanhados ouviram? Só saem sob supervisão. - Todos começam a reclamar, eu só sei revirar os olhos.

- Podemos pelo amor de Deus ir pro quarto? Eu não aguento mais. - Reclamo e me apoio na Nayara, ela vai ficar comigo e com a Ísis no quarto.

- Está se sentindo bem? - A professora Thaísa pergunta.

- Estou tudo, menos bem. - Respondo e fecho os olhos, como dói. Isso não é justo! Nós temos que sentir tudo por quê? É a dor do parto, é a menstruação que acaba com o nosso estado, dor ao amamentar e essas merdas.

- Aguenta mais um pouco. - Caleb diz, e bom eu estou muito irritada então o resultado é um pouco exagerado...

- Eu não aguento mais, vocês já falaram tudo e estão repetindo cada coisa. Já entendemos que não podemos sair daqui sem vocês, já sabemos onde ficam os quartos, os horários e tudo o mais. Não somos dementes para não entender, estou morrendo de cólica e quero deitar pra ver se isso melhora, mas vocês não param de dar instruções repetidas. - Pronto desabafei, ai que alívio.

- Se está achando ruim, volta pra casa ninguém se importa se você está com cólica ou não. - Julianne cacareja e eu me viro pra ela.

- Querida, eu ainda não fui no canil para falar com a cadela então cala a boca.

- Já chega. - Jonas diz - Está certo, já foi tudo passado podem ir pros seus devidos dormitórios, nos vemos na hora do almoço.

Glória a Deus, saio igual uma cavala e entro no primeiro quarto que vejo. Me jogo na cama e me encolho em posição fetal.

- Amiga quer um remédio? - Samuel pergunta e passa a mão pelo meu cabelo.

- Quero, eu necessito mas não tenho nada pra cólica.

- Vou perguntar se alguma das meninas tem. - Ísis diz e sai do quarto. Fico com os olhos fechados até que Ísis volta com uma cartela de remédio e um copo d'água.

Tomo dois de uma vez e Nayara arregala os olhos.

- Pode isso?

- Sei lá, mas dois vai fazer o efeito mais rápido. - Digo e volto a fechar os olhos, acabo pegando no sono mais milagroso do mês. Durmo como uma princesa.

***

Acordo sendo balançada por alguém, abro os olhos e vejo o Caleb com uma bandeja.

- Seu almoço. - Me sento na cama e vejo que estou livre da maldita cólica. Pego a bandeja e boto em meu colo.

- Obrigada. - Nem me dou o prazer de olhar pra ele novamente, ele sai do quarto mas logo volta.

- Você está bem?

- Sim. - Boto uma garfada de macarrão na boca, para evitar falar.

- Humm... ok. Eu queria saber só mais uma coisa pra acabar com essa história. - dou um aceno de cabeça fazendo ele prosseguir. - O que realmente te fez aceitar a aposta?

Engulo a comida e resolvo ser franca na resposta.

- Foi saber que você era namorado da Caroline. - Ele levanta as sobrancelhas e balança a cabeça devagar, absorvendo minha resposta.

- Era exatamente isso que eu queria saber. Espero que você fique bem. - Ele diz e sai do quarto.

E depois disso eu não consigo mais parar de pensar no que ele falou.

Passo o dia todo tentando entender o motivo da pergunta, mas nada vem em minha mente com clareza. Minha única opção é ir até ele e confrontá-lo, não vou ficar no escuro.

Quando já passa da meia-noite eu me levanto e saio do quarto na ponta dos pés. Pego um copo d'água no refeitório, pra qualquer coisa disfarçar e sigo até o quarto do Caleb, como a porta está trancada eu bato e espero que ele abra.

Quando a porta é aberta eu entro sem ser convidada, ele tranca rapidamente e me olha.

- O que faz aqui? Isso é proibido. - Dou uma geral no corpo dele, às tatuagens estão todas amostra ele está usando só um daqueles shorts que é curto e seus óculos sexys.

- Eu vim saber sobre o que você falou mais cedo, eu não entendi nada.

- Está tarde pra isso.

- Nada disso, me fala o que foi. - Levanto as sobrancelhas incentivando ele a falar e dizendo somente com o olhar que não saio dali sem antes ter uma resposta.

- Por que você e sua tia se odeiam tanto? - Ahh, a Caroline falou o motivo pelo qual nos odiamos. Ótimo!

- Por causa do ex marido dela.

- Viu, era por isso que fui lá. Queria saber a sua versão e agora já sei.

- Sabe porra nenhuma, ela com certeza fez minha caveira como sempre. Se fez de vítima me botando como vilã. - Caleb concorda e me olha dentro dos olhos.

- Sim, exatamente isso mas dessa vez eu concordo com ela. Pois agiu comigo do mesmo jeito que ela falou que você agiu com o ex marido dela. Seduziu ele, assim como fez comigo, rolou uma aposta também? - Mordo o lábio fortemente até sentir gosto de sangue.

Que ódio, eu odeio ele e a Caroline junto. Como pode ser tão cruel quando não sabe nem 10% da verdadeira história? Filho da puta.

- Você não sabe de nada, acredita em inverdades em mentiras. Eu tinha dezesseis anos e ele era um velho de quarenta. Desde os quatorze anos ele ficava fazendo piadas ridículas, sarrando em mim quando tinha a oportunidade e dizendo que era sem querer. Até que ele tentou me agarrar e eu fiz o maior escândalo. Mas a sua princesa intocável acreditou nele, me xingou, disse que eu que estava seduzindo o homem dela, que estava tendo um caso com ele e depois disso me expulsou da casa dela. Antes disso ela era minha mãe, eu a considerava como minha segunda mãe a amava muito, era mais que uma tia mas ela acabou com tudo quando me humilhou por causa de um tarado, tudo isso para não afetar a "família perfeita" que ela tinha. Mas Deus é bom, e o ordinário pediu o divórcio acabando com o sonho de princesa dela, eu aplaudi de pé o caos que a vida dela ficou. Sabe por quê? Porque ela não perdia a oportunidade de me humilhar, de me xingar e dizer que a culpada disso tudo era somente eu. E depois, quando você entrou naquela maldita sala de aula e eu descobri que você era o namorado de ouro que ela tinha, resolvi fazer jus ao nome puta que ela me deu. Se alguém tinha que está putinha nessa história, esse alguém tinha que ser eu. Que mesmo depois da separação deles, o homem ficava me atentando só parou quando eu dei parte dele na polícia aí que a vadia da Carol me odiou ainda mais. - Caleb tenta me cortar mas levanto a mão, tenho uma última coisa a dizer, depois desse desabafo todo.

- Eu só peço que nunca mais me julgue sem saber. Posso ter sido uma vaca aceitando aquela aposta, mas você não sabe a mágoa que tenho da Caroline. E outra coisa, não diga que eu o seduzi pois se você não quisesse não teria acontecido, não me venha com esse papinho de que a carne é fraca. E depois desse desabafo todo, eu vou embora e a partir desse momento somos somente, professor e aluna. Passar bem! - Pego o copo que havia deixado em cima da cômoda e abro a porta, antes de sair Caleb me segura.

- Por que ela não acreditou em você?

- Porque ele nunca tinha tentado nada com a filha deles. Então na mente dela, eu era a culpada, eu quem dava em cima dele... mas no fundo ela sabe a verdade, ela sempre soube. - Dito isso saio do quarto dele e volto pro meu.

Visto uma calça legging, um moletom cinza e calço tênis. Saio de novo na ponta dos pés e pulo um muro mais baixo que achei no fundo do quintal. Preciso conhecer a cidade e espairecer a mente, esse episódio que tive com a Caroline sempre me deixa mal quando recordo.

Antes disso tudo, tínhamos uma relação maravilhosa, eu a amava mesmo ela tendo aquele jeito submisso e acomodado, mas estávamos sempre juntas e conversando. E em um passe de mágica ela destruiu tudo, quando preferiu se enganar com a desculpa do marido dela. Sinceramente foi minha primeira decepção da vida, e o mesmo ódio que ela nutriu de mim eu nutri dela e é por isso que hoje nos odiamos tanto.

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Viram nem demorei pra postar.
Eu gostaria de enforcar a Caroline. 😡