Capítulo Nove
OJOS NEGROS | ϐοα ℓєιτυяα
𔘓 ‧₊˚ Capítulo nove
Estava nervoso. Deus, minhas mãos suavam e minhas pernas tremiam. Não parava de pensar no motivo pelo qual o senhor Hoseok havia me dito para que esperasse nesse quarto. Quer dizer, o senhor diabo Jeon esteve exatamente ontem neste mesmo quarto e nesta mesma cama com uma mulher que poderia parar o trânsito só para vê-la passar.
Suspirei e inalei profundamente. Ao menos não cheirava a velas aromáticas, se fosse assim eu teria molhado as calças só de pensar. Mas em que infernos estava pensando? Era óbvio que não era a sua escolha da noite. Certamente só queria falar comigo sobre... não sei sobre o que, mas o que quer que fosse que queira falar comigo me mantia com os cabelos em pé.
Então, finalmente a porta abriu e senti que o ar parou dentro de meus pulmões. Idiota, Yoongi, respira, respira; disse a mim mesmo ao vê-lo entrar pela porta. Me olhou com seus olhos negros, profundos e grandes, era como se me consumissem. Meu Deus, Jesus, Maria e José, ele acabou de sorrir para mim?
Respira, respira, respira idiota; Voltei a me dizer, ao ver que sem desviar os seus olhos de mim, pressionava a trava da porta. Oh, meu Deus! Queria gritar internamente, mas minha voz não saia. Então o vi se afastar da porta para caminhar até mim.
Inferno, como eu tinha ousado me sentar sobre a cama? Por acaso eu era estúpido? Pensaria que eu estava insinuando coisas inapropriadas? Por acaso eu estava insinuando coisas inapropriadas? Foco Yoongi, foco, não fique louco.
Precisava me acalmar. Respirei profundamente e um odor de tabaco mesclado com colônia inundou minhas narinas, enquanto ele me olhava parando em um canto do quarto, onde havia um mini bar.
Fiquei o olhando fixamente, esperando que ele dissesse algo, o que fosse, mas seu silêncio parecia me sufocar e aparentemente ele sabia.
— Desculpe se te fiz esperar. — me disse então com uma voz suave e amável. Eu neguei com minha cabeça ainda sem desviar meus olhos dele. Assim, de novo sorriu para mim. — Parece cansado, espero que não tenha sido por culpa de Jimin.
Então desviei meus olhos dele. Claro que era por culpa do clone do Ken.
— Me fez correr por dez quilômetros. — grunhi e ele sorriu.
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Era adorável, ainda que parecesse cansado por culpa de Jimin, ficava adorável fazendo bicos em sinal de censura.
— Então foi dez quilômetros, é? — disse, me encostando no móvel do bar atrás de mim, enquanto o olhava mais atentamente.
Já não parecia tão assustado como quando eu tinha entrado pela porta. Ao menos agora respirava, o qual pareceu ser algo que meu menino havia esquecido de fazer quando me viu entrar pela porta. Por isso, havia me acomodado bem em frente à ele, exatamente atrás do bar e por isso procurei um assunto que o acalmasse um pouco e o distraísse. Pelo que parecia, tinha funcionado.
— É importante ter uma boa condição física, é a regra número um para qualquer tipo de treinamento. — comentei sorrindo, enquanto Yooni me olhava sem sequer piscar, para segundos depois, bufar rendido.
— Sou muito ruim em tudo que tenha a ver com rendimento físico. — me disse agora levando os olhos ao chão e logo olhando para suas mãos.
Mais uma vez sorri e cruzando meus braços, Ihe disse:
— Jimin me disse que você foi bem.
Seus olhos escuros se levantaram de onde estavam e eles brilhavam em esperança. Sorri em resposta, ele sorriu para mim. Lentamente meu sorriso foi desaparecendo de meus lábios, porém, meus olhos nunca deixaram os seus.
Inferno, o que era essa sensação deliciosa? Lambi meus lábios sem desviar meus olhos dele e o vi engolir, como se estivesse sedento. Sedento do que, Yooni? Queria perguntar. Porém, não o fiz. Ao contrário de tudo que queria fazer, desviei meus olhos e soltei o ar que tinha estado prendendo em meus pulmões.
Tinha que fazer algo, me mover, não poderia ficar quieto ou do contrário eu enlouqueceria e os loucos fazem coisas verdadeiramente perigosas.
— O senhor corre? — me perguntou com a voz mais doce e inocente que alguma vez eu tivesse imaginado que um garoto da sua idade teria. Surpreendentemente, meu menino doce ainda guardava um pouco de inocência em seu coração.
— Claro, todos os dias. — disse, ao mesmo tempo que tirava minha jaqueta do traje para colocar sobre uma das cadeiras do bar. — Vinte quilômetros, todos os dias. — o olhei, queria ver sua expressão ao dizer aquilo.
— Nossa, e eu me queixando porque corri dez. — sussurrou e acabei rindo. — E a onde vai correr, senhor?
— Não saio de minha casa, uso minha esteira. — Ihe disse. — Jimin prefere ir a rua, eu, pelo contrário, prefiro a minha casa.
Subi as mangas de minha camisa e de novo me encostei contra o bar. Conversamos, sobre o trabalho, sobre seus companheiros de trabalho, sobre Seokjin, Jung e Jimin, especialmente sobre os dois últimos.
— Assim que entrou em sua casa enquanto dormiam? — perguntei e meu menino assentiu com sua cabeça. — Eu teria batido nele.
Ele me olhou e com seus olhos brilhantes sorriu para mim. Então me perguntou:
— Tem quantos anos, senhor?
O olhei de novo em silêncio, pois cada vez que me chamava de senhor, sentia meu coração pulsar.
— Quantos você me dá? — disse, ao mesmo tempo que tirava minha caixinha de cigarros de minha jaqueta.
— Eu não sei. — sussurrou. — Trinta?
Em seguida eu ri, desviei meu olhar dele e tirei o cigarro de meus lábios.
— Não tenho trinta. — respondi sorrindo, o que parece que fez o se envergonhar. Deixei o cigarro sobre a bancada do bar e de novo o olhei. — Posso me aproximar? — disse apontando para o canto livre da cama.
Seus olhos varreram todo o espaço e com as bochechas completamente vermelhas, assentiu com sua cabeça, enquanto olhava para o chão. Inferno, este menino queria me matar com tanta ternura.
Comecei a caminhar e ao chegar ao seu lado na cama, me sentei junto dele.
— Tenho vinte e três. — disse. Ele me olhou depressa e com seus puxados olhos negros carregados de incredulidade, me disse:
— É oito anos mais velho que eu.
Assenti com minha cabeça.
— É o que parece. — disse.
— Me desculpe se o ofendi. — sussurrou escondendo seu olhar com suas mãos.
— Não o fez, é normal, todos pensam que sou mais velho, e mais, sempre me dão mais de trinta. — comentei agora olhando o seu perfil.
— Talvez pelo traje. — explicou.
— Possivelmente, quem sabe? — disse não dando importância a este assunto, pois na verdade, o que queria era levantar seu olhar e que me dissesse o motivo de estar corado e seu nervosismo.
— Sempre está com esse traje. — completou.
— Ele é quase como meu uniforme. — sussurrei enquanto me aproximava lentamente dele, que ainda constrangido e tímido olhava para o chão. — Tenho muitas reuniões de trabalho ao longo do dia, as vezes eu tenho que ir para minhas empresas e algumas outras vezes a cafés da manhã com executivos de algumas firmas, então, como vê, é meu uniforme de trabalho.
Estava a quase vinte centímetros dele, porém seu olhar continuava perdido no chão.
— Tenho que te confessar algo. — disse com minha voz baixa, ao mesmo tempo que tocava seus cabelos com minha mão esquerda. — O motivo pelo qual te chamei.
E então, assim que disse aquilo, seus olhos estavam sobre os meus, nervosos e preocupados.
— Tranquilo, não é nada mal. — disse, acariciando agora sua bochecha. — O que acontece é que nos preocupamos por você, sabia garoto?
Meus dedos deslizaram por seu pescoço e lentamente se acomodaram em sua nuca, o vi engolir em seco e lamber seus lábios. Desta vez, o sedento era eu. O olhei detalhadamente, suas sobrancelhas, seus cílios, seu nariz, seus lábios, seu pescoço, inclusive cada pequeno sinal de seu rosto.
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Meu coração batia agitado, como um furacão enlouquecido. Ele me olhava de uma maneira intensa e seus olhos pareciam querer me dizer algo que seus lábios não diriam. Era isto que o senhor Hoseok estava se referindo a respeito da tensão sexual? Porque se fosse assim, estava a ponto de sofrer um infarto.
Me sentia trêmulo, desesperado, desejava que me tocasse mais, mas sua mão havia parado sobre minha nuca e havia ficado ali. Não o bastante, seus olhos pareciam desejar me comer. Por Deus, que fizesse isso logo.
O vi sorrir e senti um formigamento que baixava até meu estômago e mais embaixo. Nunca tinha me acontecido algo parecido e porém estava o desfrutando como nunca.
— Yooni. — me sussurrou só a centímetros de minha boca e juro por tudo que seja sagrado nesse mundo, que minha voz ficou presa em minha garganta do contrário eu teria gritado. Nos aproximamos lentamente, logo nossos lábios se tocariam, estava a nada de fazê-los. Até que então, alguém bateu na porta.
— Senhor Jeon. — disseram e o encanto se rompeu exatamente neste instante.
Vi em seus olhos, senti no ar. Suspirei e então, o vi se afastar para caminhar para a porta.
— O que? — grunhiu ao que estava do outro lado enquanto a abria.
— Senhor, o senhor Kim está o chamando, é a respeito do garoto novo. — disse um homem que nunca havia visto.
O senhor diabo se virou para me olhar e com a voz suave, me disse:
— Já volto, se deita um pouco se estiver muito cansado. — assenti com minha cabeça, porém estou quase certo de que ele nem sequer o notou, pois em seguida havia saído e fechado a porta atrás dele. Suspirei desanimado para segundos depois compreender o que havia estado a ponto de acontecer.
Haviam nos interrompido, mas se não tivesse sido assim, estava certo de que agora estaríamos nos comendo a boca com beijos e talvez deitados sobre a cama. Deus, teria sido isso que aconteceria? Nem eu sei o que seria, só me lembro de ver seus olhos e depois disso, tudo era como se estivesse sendo impulsionado por um imã, um que havia me empurrado ao senhor diabo.
Suspirei confuso, pois meu coração ainda palpitava e minhas mãos ainda tremiam. Fechei os olhos e desanimado me deixei cair sobre a cama.
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Inferno, aquilo tinha sido intenso. Estava certo de que se Minho não tivesse batido na porta, agora mesmo eu estava tirando as roupas de meu menino sobre a cama. Olhei o Choi e ele me olhava de canto de olho. Claro, havia o surpreendido, porque nem em um milhão de anos ele teria imaginado me ver trancado com um homem.
Mas é que ainda se o explicasse, ele não me entenderia. Caminhei para a cozinha e ali os vi, o garoto que eu tinha comprado e Seokjin me olhando com preocupação.
— Finalmente. — me disse Seokjin ao me ver entrar pela porta. — Vem aqui. — me arrastou pelos corredores e saímos pela porta lateral que levava para o beco. — O que você fez Jungkook? De onde tirou este menino? Por mais que queira não me diga que vai abrir uma nova seção para garotos jovens porque eu não aprovo, me ouviu? É um garoto apenas e pelo que vejo está traumatizado, toquei em seu ombro por um momento e ele pulou do banco como se estivesse fervendo, Jungkook...
Meu amigo falava e juro pelo que seja que eu estava Ihe dando atenção. Porém, meu amigo me olhou fixamente e então se calou.
— O que aconteceu contigo? — me perguntou.
Engoli em seco.
— Estive a ponto de beijar Yooni. — sussurrei.
Seokjin não disse nada, se calou de novo. Simplesmente me olhou em silêncio e assim disse mais uma vez:
— Não sei o que diabos está acontecendo comigo, mas eu não sou assim, não faço as coisas sem pensar; Jin, você sabe, mas quando ele me sorriu... — arrastei meus dedos pelo meu cabelo e negando com minha cabeça, completei. — Maldito seja, Jin, você me conhece, eu não sou assim, isto é porque é Yooni, porque seu rosto me lembra a Yooni que eu tenho procurado por anos, a mulher, mas ele não é, maldição, Yooni é um garoto e eu não sou gay, o que demônios eu estou fazendo?
Seokjin apenas me olhou em silêncio, me escutando, como sempre o fazia. Ele era um expert em escutar. Então, suspirou e suavemente colocou uma mão sobre meu ombro.
— Acho que você precisa se acalmar um pouco, está muito exaltado e está me preocupado, Kook. — me disse por fim.
Eu assenti com minha cabeça e suspirando profundamente, sussurrei:
— O que farei com Yooni?
Seokjin tão pouco falou, ele simplesmente se encostou contra a parede e suspirando me olhou por silenciosos minutos.
— Está claro que te atrai, sempre tem sido assim, desde que me lembro te ver no jardim ao seu lado. — disse. — Além do mais, é possível que ele se sinta atraído por você, sempre estava contigo, ele te seguia por todos os lados, como um pintinho seguindo a sua mamãe galinha.
O fulminei com o olhar.
— Não estou dizendo que seja uma galinha, só foi... esqueça. — negou e massageando sua testa, completou. — Toma um descanso, Jungkook, acho que tem sido muitas emoções juntas, talvez não tenha tudo claro, meu conselho é que tente se limpar, pegue umas férias ou algo para que pense em tudo com mais calma.
Ri, porque meu amigo não tinha a menor idéia do que estava me falando. Não podia tirar umas férias sem dar explicações. O que diria? Que estava começando a duvidar de minha sexualidade porque queria foder com meu menino?
Inferno, eu tinha admitido. Senti um calafrio percorrer meu corpo e o suor banhou minha pele. Seokjin me olhou com seus olhos muito abertos. Então, ambos soubemos que minhas férias não serviriam de nada, porque ainda que voltasse um ano depois, sentiria as mesmas vontades quando voltasse a vê-lo.
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Eu dormi, não me dei conta em que momento, mas ao acordar sobre a cama do local, me dei conta do que tinha acontecido. Eu tinha dormido e como estava o quarto, tinha a impressão de que passava das cinco da manhã.
A luz se infiltrada pela janela e sobre meu corpo tinha uma manta suave me cobrindo. Me coloquei de pé como se a cama queimasse e olhando tudo ao meu redor me encaminhei para o banheiro. Lavei meu rosto e rapidamente sai do cômodo. Tudo estava em completo silêncio. Olhei para todos os lados no corredor, mas não vi e não escutei ninguém.
Peguei o caminho a direita, para onde estava as escadas, desci com meus olhos atentos e assim cheguei a cozinha. Tão pouco se via uma alma, mas então, bem quando estava para acender as luzes do local, escutei a porta metálica da frente. Voltei rapidamente o olhar e então, o senhor Hoseok apareceu por ela.
— Oh Yooni. — me disse amável. — Dormiu bem?
O olhei mudo, ele sorriu e completou.
— Pelo que parece você dormiu na cama do quarto de cima, o senhor Jeon deu a ordem de não te acordarem, mas te confesso que pensei que acordaria logo pelo barulho do lugar, meu erro. — voltou a rir enquanto colocava as chaves sobre a barra do local.
— São que horas? — o perguntei com pesar.
— São seis e quarenta. — me respondeu. — Todos os da cozinha acabaram de ir a pouco, Seokjin acabou de sair, ele foi o último, não queria ir, estava preocupado com você, mas eu lhe disse que eu ficaria aqui te esperando, então...
— Sinto muito senhor, eu dormi sem nem perceber, me desculpa. — disse baixo, fazendo uma reverência de desculpa.
Ele sorriu de novo e caminhando até mim, disse:
— Não se preocupe tanto.
O senhor Hoseok pegou mais uma vez as chaves e sorrindo para mim incansavelmente me levou com ele para a saída.
— Tinha dias que eu não fechava o bordel. — comentou para mim. — Antes de você aparecer, eu ficava aqui até as seis da manhã, as vezes um pouco mais.
Sorri a ele, ao ver seus olhos amáveis me olhando.
— Você gostaria de ir desjejuar em algum lugar? — me perguntou. Porém ainda me sentia cansado e o único que eu queria era chegar em casa e dormir. — De acordo, então vamos para casa. — me respondeu. — Se Jimin vier hoje nós acordar, eu chuto a bunda dele.
Ri, primeiro porque me pareceu engraçado e logo porque sabia que ele não faria.
[ Obrigada pela leitura ꨄ ]
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