Capítulo Dois
OJOS NEGROS | ϐοα ℓєιτυяα
𔘓 ‧₊˚ Capítulo dois
Eu não me atrevia a levantar o olhar, principalmente ao saber que ele estava à minha frente.
— É só um garoto. — logo disse com a voz rouca.
Todos permaneciam em silêncio e inclusive imóveis. Podia sentir o medo fechando minha garganta, ao mesmo tempo em que ele andava ao meu redor me observando.
— Essa é minha capa de chuva perdida? — perguntou então.
— Sim, senhor Jeon. — responderam no mesmo instante.
Olhei dissimulado para onde o homem segurava meu casaco, o qual havia roubado deste lugar fazia mais de um mês, quando o inverno havia começado.
— E essas são minhas botas. — disse com a voz tranquila, tranquila demais. Merda, por que eu? Sabia que ele falava das botas que eu peguei no corredor. — Por que ele está com minhas botas? — perguntou, apontando para mim com um de seus dedos.
— Senhor, não sabemos.
— Tinha acabado de roubar elas quando o encontrei, o vi com as botas nas mãos, senhor. — respondeu o que chamam de Ravi. — Já estava saindo, de fato, não conseguiu porque o encontramos na porta dos fundos, se não teria ido com suas botas assim como fez com sua capa, senhor Jeon.
Voltei o meu olhar para o chão abaixo dos meus pés. Maldição, cala a boca, por tudo que seja mais sagrado, cala a boca. Só podia pensar isso, ao sentir o olhar desse homem aterrorizante sobre mim outra vez.
O homem, o tal senhor Jeon, bufou e o escutei andar até a porta novamente.
— Se ele já os tocou, não quero mais. — disse então.
— Senhor? — disse um daqueles homens, que caminhou atrás de seu chefe.
— Deixe que ele fique com a minha roupa, eu não usarei algo que já foi usado por um pirralho mendigo. — voltou a dizer o chefe daqueles homens. Maldição, esse cara é pior do que eu pensava, não é só um homem cruel, ele é um desgraçado insensível. Me chamou de mendigo na minha cara. O que ele acha? Que vou lhe contagiar com lepra se ele voltar a usar suas coisas roubadas?
Bom, eu entendo, não é como se eu vestisse roupa de marca, nem é como se eu andasse pelas ruas limpo e arrumado em meus velhos farrapos, porém tenho meus motivos, a água é cara e nessa época, gelada. Finalmente levantei meu olhar, para assim, o ver a ponto de sair pela porta. Logo, ele virou novamente e seus grandes e negros olhos me observaram fixamente. Rapidamente desviei o olhar. Nem em um milhão de anos eu sustentaria a maldita encarada de um homem assim.
— Porém se ele voltar a me roubar e vocês pegarem ele, cortem suas mãos. — espetou e assim saiu, me deixando petrificado sobre o chão acarpetado deste lugar.
O homem bonito de cabelos prateados o seguiu. Então, senti um golpe em minha cabeça com algo que parecia de pano. Meu casaco. Levantei de novo o olhar e encontrei com o olhar de um daqueles caras, o que sem dúvidas é um imbecil.
— Tem sorte, talvez você o fez sentir pena. — me disse com desdém. — Pega suas coisas e vai embora, mas você já o escutou, se voltar a entrar aqui, eu pessoalmente cortarei suas mãos
Peguei meu casaco, as botas e sem pensar duas vezes, corri em direção a saída.
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Bufei e Jimin ao meu lado voltou a me olhar.
— O que você tem agora? — me perguntou.
— Nada. — respondi realmente, ainda que soubesse que minha resposta não seria o suficiente para a curiosidade de Jimin. Bufei e desviando os olhos do computador, continuei. — Era só um garoto, você o viu, quantos anos acha que ele tem? Treze? Quatorze?
Jimin respirou fundo e me olhando respondeu:
— Acredito que tenha mais, porém a destruição e má vida o fez ficar assim, menor.
Suspirei.
— Jungkook. — me chamou Jimin, enquanto se aproxima mais de mim. — Já se passou três dias desde que esse garoto apareceu no bordel, por que continua pensando nisso? Ele não vai voltar, estou quase certo de que ele não vai, não acho que ele seja tão estúpido de voltar depois da sua advertência.
Grunhi, ao mesmo tempo que desviava meu olhar de Jimin.
— Te lembrou ela, verdade? — sussurrou Jimin. — Por isso deixou ele ir, se tivesse sido outro você daria a ordem para matar.
Levantei em seguida da minha cadeira e olhando para a janela, o adverti:
— Jimin, se cale.
Ele fechou a boca em seguida e sem dizer mais nada, fiquei ali olhando o lado de fora pela janela. O jardim que se via do meu quarto era mais bonito no inverno, especialmente quando nevava. Por que o branco sempre me atraía tanto?
Suspirei ao me lembrar da pele branca daquela garota que tinha vivido em minha casa há muitos anos. Como estaria agora? A última vez que a vi era só uma pequena garotinha. Três, quatro anos talvez? Sua mãe a trouxe um dia e da mesma forma repentina, a levou. Tinha estado muito pouco tempo com ela, porém esse tempo tinha sido inesquecível para mim, pois tinha que confessar que foi a primeira vez que experimentei aquele sentimento.
Eu tinha doze anos e ela se não me engano, quatro. Porém, seu sorriso tinha alcançado mais coisas que qualquer pessoa nunca me fez sentir. Sua inocência, seus olhos quando me olhava, sua expressão quando riamos, sua voz suave quando conversávamos.
Por um momento inclusive tinha desejado que ela crescesse mais rápido, a queria para mim. Agora sei que fui tonto por deixar que outros vissem minhas intenções. Era minha culpa que ela tenha desaparecido dali, era minha culpa se agora ela estava sofrendo. Devia guardar meus pensamentos e desejos. Nunca devia tê-los dito ao meu avô. Mas além disso, eu era só um garoto. Ainda que, para meu avô, eu sempre fosse mais que isso, era seu sucessor, seu herdeiro.
Depois da morte do meu pai, a sucessão do clã passou diretamente para mim. Ainda que fosse só um garoto de oito anos, ainda quando não podia velar por mim mesmo, já era um dos homens mais importantes para o clã e para as empresas Jeon.
Grandes hotéis, finos restaurantes e clubes noturnos, era meu atual império, os quais ocultavam os negócios baixos e vulgares dos bordéis, prostitutas e negócios ilícitos. Todos os prostíbulos e bares de má sorte ao longo de Seul eram meus. Assim, como tudo de ilegal que entrava e saia. Porém, daria tudo que eu tenho pelo poder vê-la só mais uma vez.
Eu tinha a procurado, havia contratado vários investigadores particulares para isso, porém todos me diziam o mesmo. Sua mãe a deixou com seus familiares depois de sua demissão e ela saiu da Coréia com um homem estranho, talvez um narcotraficante ou um cafetão. Pouco depois, estava morta, aquilo tinha dificultado minhas buscas, pois ela era a única que sabia o paradeiro exato da Yooni.
Agora, nem sequer sei se esse é seu verdadeiro nome, pois segundo os investigadores, possivelmente era uma abreviação de seu nome real. Apertei meus dentes contra minha língua e caminhando novamente para meu escritório, peguei um de meus cigarros.
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— Odeio o inverno. — murmurei enquanto caminhava tremendo e abraçando meus braços pelo frio. — Odeio a neve. — disse ao ver que estava nevando.
Olhei ao meu redor, cascos velhos e revestidos com qualquer coisa útil para aplacar o frio. Assim era minha vizinhança. Minha casa não era diferente dessas. Inclusive poderia dizer que alguns desses cascos são maiores que minha casa, onde vivi com meus avós, onde cresci até agora.
As vezes me surpreendo por minha tenacidade, não é qualquer um que consiga sobreviver ao ficar órfão aos doze anos. Porém, eu consegui. Não estou orgulhoso do que eu tive que fazer para conseguir comida ou roupa, independente disso, os fins justificam os meios.
Caminhei até sair da minha tranquila vizinhança, ao menos isso é bom. Viver em uma local onde só vive os velhos, o faz mais tranquilo e até mesmo seguro. Desgraçadamente, para poder conseguir comida, tenho que sair daqui e andar por lugares mais perigosos.
Era quase três da tarde, havia adiado minha saída por tempo demais, definitivamente pelo frio. Assim, cheguei as ruas movimentadas, onde as pessoas se afastavam ao me olhar, onde eu era invisível para todos.
Peguei a primeira esquina a direita e olhei perto da lixeira. Inferno, estava com fome. Minhas tripas soavam e o cheiro que vinha de lixo ao redor não era nada agradável. Olhei para a outra rua e me dirigi a próxima lixeira.
Coletar papelão ou jornal não era fácil, muito menos divertido, as pessoas o jogavam e a peste dos dejetos se impregnavam no papel com uma aborrecível facilidade. Porém, era a única coisa que me dava o que comer.
Nada, as lixeiras não eram tão boas no inverno, o papelão era mais escasso e o jornal desaparecia como se fosse mágica.
Caminhei de novo, de lixeira em lixeira. Impossível, era inútil procurar nas lixeiras, não tinha nada ali.
— Estou com dor de cabeça. — sussurrei enquanto tocava minha testa, ao mesmo tempo em que sentava ao lado de uma lixeira.
Precisava de um descanso, não comi nada e junto do frio, havia me deixado sem forças para continuar. Observei as pessoas passarem, falavam em seus celulares, caminhavam pela calçada conversando com outras pessoas. Então olhei do outro lado da rua, tinha outro contêiner de lixo, franzi o cenho e me pus de pé caminho para lá. Logo tudo ficou preto, minhas mãos formigavam e minhas pernas pesavam. De novo me sentei no chão, perto da rua desta vez. Cobri meus olhos e tentando conter a náusea, inalei e exalei várias vezes. Fiquei ali por vários minutos e quando comecei a me sentir melhor, fiquei em pé.
Me senti mais frio agora, minha pressão tinha caído, tinha certeza.
Apressado, caminhei de volta a minha vizinhança, porém para chegar nela, tinha que atravessar essa zona que chamavam de "a rua da amargura" que é onde os bordéis ficavam e as prostitutas apareciam por todo lado, junto com o cheiro de urina, o qual só intensificou meu mal estar, porém continuei, até que...
— Hey. — escutei uma voz masculina, amável. — Você está bem?
Levantei meu olhar e frente à mim vislumbrei aquele homem. Ho... Ho... Ho... Como se chamava? Depois disso, tudo escureceu.
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— Está aonde? — gritei exaltado.
— Hoseok o trouxe. — assegurou Ravi, limpando suas mãos de toda a culpa, como sempre, esse cara não se responsabiliza pela culpa dos outros, nunca, desviava delas como se fosse um polvo.
— Ele desmaiou na minha frente, não podia deixar ele ali estirado na rua, ou podia? Jungkook, tive que trazer ele. — me disse Hoseok, se justificando por ter trago esse garoto de novo ao meu bordel.
— Todos para fora, você não Hoseok, temos que conversar. — disse a todos sem desviar meus olhos do Jung.
Todos se afastaram e somente ficamos ele e eu em meu escritório.
— Jungkook...
— Quantas vezes tenho que dizer para não me chamar pelo nome na frente dos meus empregados? Sou seu chefe Hoseok. — interrompi o olhando agora com mais seriedade que antes. — Além do mais...
— Eu sei, eu sei, é o costume. — ele que me interrompeu dessa vez.
Suspirei ao mesmo tempo que desviava meus olhos dele.
— Onde está o garoto? — perguntei.
— O deixei com o Seokjin, ao que parece ele desmaiou de fome, então acho que estão o dando algo para comer. — disse Hoseok.
De novo suspirei. Inferno, esses meus amigos tomam decisões demais só porque são meus amigos de infância. Então, enquanto divagava em meus pensamentos, Hobi me disse:
— Hey, Jungkook, esse garoto não é parecido com aquela menina que viveu na sua casa?
Em seguida o olhei, e desta vez não tinha nada amável em meus olhos. Ele levantou suas mãos no mesmo instante e dando um passo para trás, me disse:
— Só foi um comentário.
Hoseok caminhou para porta e em um sussurro me disse de novo:
— Você tem que controlar esse seu caráter, Jungkook, olha que é por isso que todos pensam que você é o diabo, especialmente quando você os olha assim.
— Saia. — grunhi e a porta se fechou, me deixando completamente só dentro do meu escritório.
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— Já está melhor? — me perguntou o homem alto a minha frente, enquanto eu devorava tudo que ele havia me dado para comer. — Mastiga ou vai se engasgar. — completou entre risadas, ao ver que eu engasguei com um pouco de comida.
Me estendeu um copo de água junto ao prato e como um furacão, a tomei, para engolir tudo que ainda estava em minha boca.
De novo gargalhou, mas sempre e enquanto me desse mais comida, por mim, podia rir de mim o tanto quanto quisesse. Me olhou em silêncio mais um pouco e com curiosidade, perguntou:
— Onde estão seus pais?
Afastei o copo de meus lábios e o olhando sem dizer uma palavra, enchi novamente minha boca. Não tinha que ser muito esperto para notar minha cara evasiva e ele era perspicaz, tinha certeza que ele sabia o motivo do meu silêncio.
— Você tem algum adulto cuidando de você? — me perguntou então.
Mais uma vez, me calei. O senhor suspirou desanimado a minha frente e se encostando sobre as costas da cadeira, continuou:
— Poderia morrer ali fora, está fazendo um frio horrível e se Hobi não tivesse Ihe trago...
O olhei. Era a primeira vez desde que meus avós morreram que alguém tinha se preocupado comigo. De verdade, sem motivos ocultos, conseguia ver em seus olhos que não tinha dupla intenção.
— O que aconteceu? — me perguntou ao notar meus olhos fixos nele.
— Nada. — respondi rapidamente, enquanto voltava a comer o que tinha no meu prato.
— Se não tem um adulto cuidando de você, poderia chamar o conselho tutelar.
Em seguida detive a colher no meio do caminho até minha boca e me pondo em pé, disse:
— Obrigado pela comida senhor, estava deliciosa.
Fiz uma reverência e rapidamente caminhei para a porta.
— Espera, espera. — me disse. — Está bem, não terá chamadas para lugar nenhum, eu entendo, ok, vem, por favor, termine o prato.
Ele havia caminhado com pressa para interromper minha ida e havia conseguido. Me deteve, porém não só pelas palavras, e sim, porquê do outro lado da cozinha havia entrado o homem charmoso, ou como todos chamavam, Jimin. Olhava seu celular, vestido todo de negro, de novo fui invisível para ele. Porém isso me bastava, sempre e quando pudesse de longe, o ver, me confirmava com isso. O olhei enquanto ele seguia com seus olhos fixos em seu dispositivo e eu terminava minha comida.
— Você gosta? — logo me disse o senhor que havia se apresentado como Kim Seokjin, que definitivamente, tinha me descoberto olhando o rosto de boneca de Jimin. — Está tudo bem, todos sempre ficam deslumbrados quando o vêem, é óbvio, é um menino lindo. — completou sorrindo para mim. — Mas te darei uma advertência, não se deixe enganar por sua carinha bonita e sua aparência frágil, porque ele não é, nem um pouco, ele poderia arrancar suas tripas com uma mão enquanto segue perdido em seu celular.
Abri meus olhos impressionado e olhando o homem em questão, não me atrevi a comprovar.
— Senhor Kim. — chamou de repente um homem que entrou por uma das portas da cozinha.
Voltamos o olhar, inclusive o cara de boneca ao fundo da cozinha, se virou para ver.
— Mingyu, não sabia que estava aqui. — disse o senhor Kim.
O homem mencionado, moreno, alto e de corpo definido, entrou pela cozinha com o andar tranquilo. Me olhou e depois voltou a olhar o senhor Kim.
— O senhor Jeon está lhe chamando. — ele disse, me olhou novamente e rapidamente desviou seu olhar e então saiu.
O que inferno acontecia com todas essas pessoas? Me olhavam como se eu fosse um inseto ou um parasita. Estúpidos petulantes e mafiosos arrogantes de merda. Bufei e sem me dar conta, meu mau humor ficou claro.
— Já venho criança, se comporte. — me disse o senhor Kim sorrindo para mim como se estivesse falando com uma criança pequena. De novo bufei.
O senhor saiu da cozinha e eu o segui com o olhar. Será que tem quantos anos? Tenho que confessar que é certeza que esse senhor em seus anos de juventude era muito lindo. Inclusive ainda é.
Olhei ao fundo da cozinha onde o cara de Ken se encontrava, agora me olhando, estranhamente mais atento.
O sorri timidamente, porém, ele não respondeu, simplesmente me olhou sério e com arrogância, arqueou uma de suas sobrancelhas para cima e desviando seus olhos de mim, voltou seu olhar para a tela de seu celular. Claro, um homem assim podia ser todo o arrogante e insuportável que quisesse ser.
Suspirei silenciosamente e de novo voltei a pegar a colher para continuar comendo.
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— Está falando sério?
Seokjin parecia não acreditar em mim. Me olhava perdido.
— O que tem de estranho que eu te diga isso? — o perguntei. Porém, parecia que meu amigo pensava diferente. — Só faça o acordo.
Seokjin me olhou fixamente, em silêncio, mudo, quase tão incrédulo como sua expressão me fazia ver. Limpou a garganta e assim, me disse:
— Então...
Bufei entediado e me pondo de pé, disse:
— Apenas faça, Hoseok me disse que o menino desmaiou porque não havia comido nada.
— Bom, sim, mas...
— Seokjin...
Ele suspirou e agora desviando seus olhos para não me olhar, assentiu com sua cabeça.
— De acordo, não te perguntarei o porquê está me pedindo que fique responsável de um garoto, porém o farei, o menino me agrada, além do mais, poderia o contratar para a cozinha, assim poderia ter seu estômago cheio e mato dois pássaros com um só tiro, claro, hipoteticamente falando, não sou dos que machucam aves inocentes e isso...
— Seokjin, está divagando. — o interrompi.
— Eu sei, é sua culpa, agora tenho mil coisas na cabeça. — me respondeu. — O bom é que contratarei um novo empregado para a cozinha, no que fizer falta, já sabe, não damos conta e...
— Seokjin, está divagando de novo. — lhe disse novamente.
Ele ficou em pé e andando até a porta, completou:
— Te darei notícias sobre como vão as coisas. — me olhou por uns segundos em silêncio e suspirando fechou a porta.
Suspirei.
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Toda vez que aparecer esse separador de texto entre os parágrafos é porquê mudou o narrador. Espero que ajude vocês a entenderem melhor.
Continua...
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