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Capítulo Dez

OJOS NEGROS | ϐοα ℓєιτυяα

𔘓 ‧₊˚ Capítulo dez


   — Já não posso mais. — sussurrei.

O senhor Jimin se virou para me olhar e entre grunhidos se deteve.

— Você só correu cinco quilômetros. — me respondeu seriamente.

— Pois é suficiente para mim. — esclareci ofegante. — Não posso correr nenhum metro a mais, minhas pernas doem.

Ele suspirou e colocando suas mãos sobre sua cintura, me olhou fixamente.

— Está bem, mas amanhã você vai correr os dez quilômetros combinados e os cinco que faltaram hoje. — especificou.

Queria gritar, dizer que nem em mil anos correria quinze quilômetros amanhã. Como se não fosse o bastante, o senhor Jimin me disse:

— E se não correr os quinze quilômetros completos amanhã, depois de amanhã vai correr o que faltou e os dez do dia, fui claro?

Essa cara é um tirano. Hoje era meu segundo dia de treinamento e posso assegurar com isso que esse cara é um lobo em pele de cordeiro. Maldito seja, me fez levantar às oito da manhã e não feliz só com isso, me fez correr da minha casa até chegar ao parque onde estávamos agora.

Sinto falta da minha cama e invejo o senhor Hoseok que deve estar bem cômodo dormindo na cama de cima.

— Eu não sei porque se queixa, se dormiu toda a noite no quarto privado do senhor Jeon. — me disse.

Maldição! Como ele sabia? Por acaso todos sabiam? Se é assim, hoje vou ir trabalhar com um saco na cabeça. Que vergonha.

No final corri os outros cinco quilômetros que me faltavam e quando cheguei em casa, o senhor Hoseok já estava de pé. Eram onze e quinze da manhã e o cheiro de café se sentia antes de abrir a porta.

O senhor Hoseok sorriu para mime colocando uma taça de café sobre a mesa, e me disse:

— E Jimin?

— Teve que ir, pelo que parece tinha um assunto pendente. — respondi. Porém a óbvia fuga do senhor Jimin tinha sido evidente demais inclusive para mim e pelo que parece, para o senhor Hoseok também, que agora sério sussurro:

— Mas é claro, como não.

Desjejunhamos em silêncio e quando chegou a hora de sairmos, seu celular tocou. O tom de seu celular era escandaloso, talvez para poder escuta-lo ainda estando no bordel. Olhou a tela e maldizendo, disse:

— Legal, vamos ter que pegar o caminho longo, Yooni.

Eu assenti, para dizer a verdade não sabia o por que, mas se ele dizia, eu obedecia.

━━━━━━━ ⟡ ━━━━━━━

Eu não gosto de tumultos, muito menos de ir comer em restaurantes enquanto as pessoas me rodeavam. Meus restaurantes favoritos tinham quartos privados e zonas VIP's. Odiava os restaurantes de baixa categoria, especialmente pela minha excêntrica mania de privacidade, culpa do meu avô, devo admitir. Porém, era algo já estava enraizado demais em mim.

Por isso meus bordéis tinham as melhores VIP's da área e por isso me conheciam como o senhor privacidade. Sem graça e estúpido demais para meu gosto. Não o bastante, alguns de meus sócios me chamavam assim.

Não me importava e nunca havia o feito. Porém, por que agora eu parecia me incomodar de estar aqui esperando em um de meus restaurante? Olhei para Minho, meu guarda costas, e logo olhei para minha esquerda, onde a porta de vidro transparente que comunicava com o terraço me mostrava o jardim ainda frio mas indiscutivelmente bonito. Então alguém bateu na porta, era Im Jaebum, meu segundo guarda costas.

— Já me comuniquei com Jung Hoseok. — me disse o Im. — O menino e ele estão a caminho. — assegurou.

Eu assenti com minha cabeça e suspirando olhei novamente para o jardim. Tinha que terminar minha conversa como menino, aquela que havia sido interrompida. Não consegui dormir bem por isso; mas além disso, eu tinha passado a noite pensando no menino, em seu olhar, na cor de seus lábios e em seu hálito contra minha boca. Havíamos estado a ponto de nos beijar, e se não fosse por Choi teríamos feito. Agora não sabia se devia bater em Minho ou lhe dar um aumento.

Estava confuso, disso não havia dúvida. Porém, tinha algo mais, não era só confusão que sentia, também havia preocupação. Preocupação por ele, pelo o que poderia acontecer com ele se meu avô descobrisse que eu já havia o encontrado. Queria protegê-lo, porém não sabia como fazer. Porque sempre que se tratava do garoto eu nunca podia tomar uma decisão concreta.

A porta me tirou de meus pensamentos e no momento que abriu, Jung e meu menino entraram por ela. Inferno, ele está tão lindo, agora seu cabelo parecia mais brilhante e sua pele parecia mais branca do que me lembrava. Era como a neve.

Nos olhamos, como se nossos olhos fossem imãs e pude ver em sua pele cor de neve, como a cor vermelha aparecia em suas bochechas.

— Jungkook. — me chamou Jung, porém meus olhos só podiam ver o menino atrás dele, que agora com os olhos no chão, parecia constrangido.

— Jung, obrigado por trazê-lo, pode ir na frente para o bordel, eu o levo quando terminar de conversar com ele e diga a Kim que me desculpe por fazer com que ele chegue tarde. — disse, ainda sem deixar de olha-lo.

Soube que Jung saiu porque a porta se fechou de novo. Na verdade, nem sequer havia prestado a atenção se ele realmente tinha saido. Eu só podia ver o menino, que completamente envergonhado e absolutamente adorável, ainda olhava para o chão.

— Se aproxime, menino. — disse e ele me olhou de novo. Sem poder evitar sorri para ele ao vê-lo caminhar até mim, tímido e nervosamente.

— Sobre ontem. — sussurrou inquieto. — Me desculpe por ter dormido e deixado a conversa sem terminar.

— Está tudo bem. — lhe disse, ao mesmo tempo em que ele se sentava na cadeira a minha frente.

Tinha uma mesa no meio. Porém parecia não ser impedimento para o que era mais do que evidente. Inferno, eu estava o comendo com o olhar. Se essa mesa não estivesse ali, acho que já teria me lançado sobre ele como um lobo faminto.

Limpei minha garganta e disse:

— Ontem não pudemos terminar nossa conversa, assim eu queria falar com você em um lugar menos...

Menos o que? Menos perigoso? Menos óbvio para o que era claro que eu queria fazer com ele? O que fosse, não podia sequer voltar a pensar em ficar a sós em um cômodo com ele. Não com as vontades que eu tinha, não com as evidentes vontades que inclusive ele parecia ter.

— Barulhento? — ele finalizou dizendo, me tirando assim de meus próprios pensamentos. Mas além disso tudo, me deixando ver com claridade o quão inocente era.

Suspirei suavemente e assentindo com minha cabeça, disse:

— Serei claro contigo, fiquei sabendo que você não terminou o primário, assim que estive pensando que talvez eu poderia te ajudar financeiramente para que conclua a primária e que tenha escolaridade de acordo com sua idade.

Ele me olhou assustado e então pareceu que queria chorar.

— É sério? — me disse. De novo assenti com minha cabeça e pude ver o momento exato em que seus olhos se iluminaram com absoluta felicidade. — Eu adoraria, muitíssimo, sempre quis fazer isso, mas é muito caro. E claro que eu estive pensando em pagar meus estudos agora que estou trabalhando, inclusive o senhor Seokjin me disse que ia me dar um horário especial se fosse necessário...

O menino continuou falando, enquanto eu simplesmente o olhava em silêncio. Parecia como se o medo tivesse desaparecido de repente de sua vida. Só sorria e falava sem parar. Era realmente adorável a maneira inocente com que seu olhar brilhava ilusionado.

Então, finalmente se calou...

— Vai precisar de um tutor legal. — disse. — Aqui entre nós, acredito que Seokjin está morrendo de vontade de ser seu tutor e te ajudar com isso.

Seus olhos bonitos se abriram surpresos.

— Eu sinto um pouco de receio, ele já fez muito por mim. — me disse.

— Só deixei-o, ele faz porque o deixa feliz, o dê esse gosto, olha que se não consegue o que ele quer, ele vai começar a chorar. — brinquei e ele riu comigo.

— Vou me esforçar, te prometo que darei o meu melhor para ser aprovado nos exames. — me disse sorrindo.

— Estou certo de que sim. — disse sem tirar meus olhos dele.

Suas bochechas voltaram a ter o tom inicial de vermelho e meus lábios se curvaram para cima.

— Acho que poderia ser uma má influência para isso, mas... — murmurei. — Você gostaria de dar um passeio comigo? — olhei meu relógio de pulso e continuei. — Já não tenho trabalho para fazer hoje, então...

— Tenho que trabalhar. — me disse completamente sério.

— Eu me responsabilizo, de todas as maneira já tem a autorização de um dos donos do lugar que você trabalha, então não se preocupe. — ele pareceu duvidar no início, porém no final aceitou e inclusive provou comigo a sobremesa que eu tinha pedido.

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Estava sonhando, porque o que estava vivendo não podia ser real. Agora que tinha falado com ele, o senhor diabo realmente não era tão mal e quanto mais o via, mais percebia o motivo pelo qual era tão popular entre as mulheres, é porque ele é um completo cavalheiro. Além do mais, seu sorriso era bonito. Isso era um bônus extra.

Falamos por quase uma hora, ali sentados em frente um ao outro, enquanto seus guarda costas permaneciam sentados cômodos ao nosso lado, de onde poderiam nos ver e especialmente a mim. Me sentia minuciosamente observado por aqueles dois homens, que além do mais, me davam medo. Não tanto como o que tinha sentido pelo senhor diabo, porém seus olhares eram temíveis. Talvez pelo trabalho que costumavam fazer? Não sabia dizer, mas ainda que quiserem ser dissimulados, podia ver suas armas debaixo de suas jaquetas e seus olhares varrerem todo o cômodo com extrema atenção cada vez que se ouvia um som do lado de fora.

Divaguei, de novo, acho que já era costume. Então quando voltei meu olhar ao senhor Jeon, percebi que ele me olhava com uma de suas sobrancelhas erguidas e com uma expressão que podia se ler como irritação.

— Está me escutando, menino? — me repreendeu.

Engoli em seco ao escutar sua voz profunda. Inferno, de novo estava divagando e o pior de tudo era que ele continuava me olhando.

— Sinto muito, eu divaguei. — sussurrei.

— Eu percebi. — me grunhiu e por tudo que é bom que existia no mundo, devo admitir que escutar ele me grunhir era muito melhor. Deus, eu era um masoquista por acaso? Ele grunhia para mim e eu sentia meu corpo estremecer.

Suspirei e meus olhos ficaram fixos nele, enquanto o via olhar para seus dois guarda costas. Então, me dei conta sobre algo; o senhor Jimin, que sempre havia estado com ele desde que eu tinha os conhecido há umas semanas, parecia ter sido substituído por esses dois homens. Por que agora tinha dois gorilas com ele, no lugar de ter o sádico senhor Jimin?

— E o senhor jimin? — perguntei sem pensar e então de novo descobri que tinha aberto a minha boca imprudentemente. Muito bem, Min Yoongi, se na vez passada não tinha conseguido que te matasse, agora sem dúvida conseguiria. Especialmente ao ver o cenho mais do franzido do senhor diabo sexy. Inferno, quando havia agregado um adjetivo novo a este homem?

Soltei mais um pouco do ar que tinha estado dentro de meus pulmões e olhando para o chão, sussurrei:

— Desculpa, vou me calar.

Estivemos em silêncio por uns segundos. Até que então, ele falou de novo:

— Você gosta do Jimin?

Mais uma vez suspirei olhando para sua cara, Deus, é que ele é tão lindo, inclusive aparentando mal humor ele parecia bem. Por que até ontem não havia me dado conta de que esses intensos olhos negros também são muito bonitos?

— Hey. — grunhiu para mim de novo e eu estupidamente suspirei.

— Não, eu não gosto do senhor Jimin. — respondi sem piscar. Sim, eu sei, devo estar parecendo um idiota.

Com respeito ao senhor sádico, de certa forma era a verdade. No início poderia dizer que sim eu tinha experimentado uma absurda fascinação pelo sádico senhor Park, não o bastante, depois de saber o que tinha com o senhor Hoseok e o que aconteceu recentemente comigo e o senhor diabo, me atrevo a dizer que minha atenção foi fortemente absorvida pelo homem a minha frente.

Um momento. Comigo e o senhor diabo? Havia algo entre ele e eu? Seria possível? O olhei e seus profundos olhos negros seguiam me examinando atentamente. Logo em meio a meus pensamentos, ele disse de novo:

— Acho que esse é o momento de te levar de volta garoto, não queremos que Seokjin se irrite, ou sim?

Me olhou e agora sorrindo para mim se colocou de pé, seguido de seus homens. Eu fiz o mesmo e silenciosamente caminhei atrás dele. Caminhei cauteloso, mas atento, as pessoas do restaurante se despediu dele e assim chegamos ao seu carro, o de sempre. De novo pensei no senhor Jimin.

— Suba. — me disse e sem pensar duas vezes, entrei no carro.

Está era a segunda vez que subia em seu carro, porém havia uma sensação muito diferente em meu peito dessa vez.

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Ciúmes, o odeio. Sempre considerei que os ciúmes eram para os inseguros incapazes. Porém, quando os lábios do menino pronunciaram o nome do Park, senti minha cabeça ferver. O que infernos havia sido isso? Por que tinha desejos de bater no Park? Agora mais do que nunca. Suspirei e olhei dissimulado para meu lado. Ele está ali, olhando pela janela de meu carro, parecia pensativo, mas ainda mais, bonito.

Não era só a roupa nova e o banho diário que o fazia ficar tão lindo, havia algo mais, algo que não descobri ainda. Logo nos olhamos nos olhos e por horrorosos segundos acreditei que não poderia me conter. Suspirei.

— Jung te acompanha até em casa todas as noites? — perguntei.

Yooni assentiu com sua cabeça, ainda me olhando com firmeza. Sorri.

— Você voltou a encontrar com aqueles vândalos? — ele parecia confuso, pelo que parece não compreendia a quem eu me referia. — Os que te roubaram a roupa.

— Oh! — foi sua resposta, acompanhada de uma negação de cabeça. — O senhor Hoseok está comigo, então...

Não disse mais, mas era claro o que queria me deixar claro. Meu amigo era amável e muitas outras coisas, mas também era perigoso e seu caráter era de ser temido, especialmente quando o irritavam. Me fazia rir o pensamento do que poderia passar esses pobres diabos se encontrassem um Jung furioso.

Ri, talvez evidente demais, pois o menino me olhou. Então, exatamente nesse momento quando nossos olhos se encontraram, Minho disse:

— Já chegamos.

O menino se virou para olhar pela janela e de novo rapidamente voltou a me olhar.

— Muito obrigado por me trazer, senhor Jeon.

Oh, inferno, porque sua voz tinha um timbre tão bonito? Sorri e assim o vi abrir a porta. Então, justo quando estava para sair segurei seu braço, o mais próximo ao meu.

— Espera. — disse. — Que horas você sai do trabalho?

Ele piscou, enquanto olhava minha mão segurar com força seu braço. Era como se esse simples contato fizesse queimar nossa pele. Lentamente afastei minha mão e ele levantou seus olhos para me olhar.

— Normalmente saio as uma, mas hoje sairei mais tarde, para repor a hora que eu não trabalhei. — me respondeu e eu assenti.

— De acordo. — foi a única coisa que disse. — Vai, não quero que se atrase mais.

Ele assentiu com sua cabeça, confuso e em dúvida, mas apesar disso, me obedeceu. Assim desceu de meu carro para vê-lo entrar pelo beco que chegava a porta lateral do bordel.

— Você gosta dele. — me disseram de repente. Voltei o olhar e meus dois guarda costas me olhavam. O que tinha falado tinha sido Minho.

— Acho que gostar é pouco, está encantado por ele. — afirmou então Jaebum.

Não respondi, simplesmente os olhei em silêncio por uns segundos e logo suspirei, ao mesmo tempo que olhava o beco pelo qual o menino tinha desaparecido.

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Meu coração batia rápido demais. Deus, como eu gostava do senhor diabo sexy. Onde havia deixado o diabo? Agora eu me perguntava, tinha um corpo de adônis e o rosto de escultura grega. Maldição, me sentia tremer só de pensar.

Caminhei até entrar pela porta do local e ao olhar lá dentro abri meus olhos surpreso.

— Yoongi. — me disse o senhor Seokjin ao me ver frente à porta com os olhos abertos e surpreendidos.

Quem era esse garoto alto e por que estava em meu lugar?

— Vai me despedir, senhor? — perguntei preocupado.

Por Deus, se me despedia o que ia acontecer comigo? Não queria chorar, mas sentia meus olhos se encherem com a ideia da minha demissão.

— Não, não, claro que não, calma Yoongi, só está me ajudando porque você não tinha chego. — me disse o senhor Seokjin enquanto entrava pela porta. — Vem, vou lhes apresentar, ele vai te ajudar com os pratos a partir de agora, assim sairão mais rápido disso, o que acha?

Assenti com minha cabeça, enquanto que o nó em minha garganta diminuía. Não queria parecer mimado, nem chorão, porque na verdade, eu não era, nunca tinha sido. Sempre havia sido um garoto forte, ainda quando o inferno tinha se apoderado de minha vida.

— Não chore, Yooni. — me sussurrou o senhor Seokjin, ao mesmo tempo que limpava as lágrimas que saíam de meus olhos.

Não havia notado que tinha começado a chorar, inferno. Quando tinha me convertido em um chorão? Mas é que, desde que havia conseguido o trabalho, minha vida tinha mudado para o bem. Não queria voltar a passar fome, frio, nem muito menos o medo.

— Perdão. — sussurrei em resposta enquanto envergonhado escondia meu rosto.

— Está tudo bem. — me disse. — Vem, vou te apresentar o Kim Taehyung, ele chegou ontem e está nos ajudando muito.

O garoto me olhou fixamente, era alto, a pele ligeiramente bronzeada e seus enormes olhos cor canela pareciam dois cristais brilhantes da cor do chocolate. Nossa, era bonito. Porém, seus olhos refletiam algo que eu conhecia muito bem, escuridão e dor.

O senhor Seokjin nos apresentou e no instante compreendi a razão da escuridão em seu olhar. Havia sido propriedade de um homem verdadeiramente horrível, o cafetão. Não sabia seu nome, mas se lembrava de seus olhos fixos em mim, esses olhos que me prometiam coisas horríveis se tivesse a oportunidade de faze-las. Agora estava certo de que todas essas promessas em seu olhar nublado e pecaminoso haviam sido a causa da dor e da miséria desse garoto.

— Seu nome é Taehyung, não é? — disse e ele simplesmente assentiu com sua cabeça. Lhe sorri e então pude ver alívio em seu olhar. — Min Yoongi. — estendi minha mão para que ele segurasse e no instante ele o fez.

— Sei quem você é, todos falam de você. — disse.

Eu pisquei curioso.

— Ah, é? — perguntei, e ele assentiu com sua cabeça e colocando de novo as luvas de látex para lavar os pratos, me disse:

— Você é o favorito do senhor Jeon, o homem que me comprou.

Juro por Deus que quase sofri um infarto neste momento. Que eu era o favorito do senhor diabo sexy? De onde tinham tirado essa ideia? Pelo que parece meus pensamentos chegaram a ele, pois me olhou e com tranquilidade, e disse:

— Todos aqui o dizem, dizem que você é o favorito do senhor Jeon.

— Dormiu em sua cama. — Mark sussurrou para mim enquanto passava exatamente atrás de mim para logo se afastar.

O olhei rapidamente enquanto negava com minha cabeça.

— Foi... foi um erro, eu acabei dormindo e o senhor só foi amável... — não soube mais o que dizer, pois todos nesse momento me olhavam de uma maneira estranha.

— Yooni. — logo disse o senhor Seokjin. — Acho que você não entendeu, mas Jungkook não deixa ninguém dormir no quarto de cima; é verdade, o usa para certas coisas, mas ele não gosta que suas aventuras usem a cama para dormir, em troca, contigo foi diferente, ele te deixou dormir ali e inclusive me disse que não podia te acordar.

— Disse que parecia cansado e que era melhor que descansasse. — voltou a dizer Mark, agora sem me olhar, ele simplesmente cortava umas cebolas. — Sem dúvida você é o seu favorito.

Me olhou e logo sorriu enquanto negava com sua cabeça.

— Nossa, não sei se você é sortudo ou se você está condenado. — completou Mark agora rindo suavemente. — Porque você sabe o que isso significa, não é?

O olhei em silêncio, enquanto ele voltava a me olhar agora travesso. Desviei esses pensamentos de minha cabeça e sem dizer mais, nem escutar mais, comecei a trabalhar. Porém meus pensamentos pareciam perdidos e imersos em um mundo estranho. Um que me tinha com o coração acelerado e o rosto em uma cor de vermelho sangue. Inferno, estava envergonhado até a morte e estava certo de que se o senhor diabo sexy aparecesse neste instante, ficaria mais vermelho do que já estava. Seria possível? De verdade, não queria averiguar.

As horas tinham passado, Taehyung era rápido e para dizer a verdade, enquanto mais trabalhávamos juntos, mais ele me agradava. Tinha uma risada contagiosa e uma expressão incrivelmente inocente apesar de tudo. Logo seria meia noite e o senhor Kim deu um descanso a ambos.

— Então você e sua irmã foram vendidos juntos? — o perguntei e ele assentiu com sua cabeça, enquanto tomava um gole da lata que tinha em sua mão.

— O senhor Jeon nos comprou, minha irmã estava nervosa no início. — me disse.

— No início? O que isso significa? — perguntei de novo.

— Acho que ela gosta do senhor Jeon. — Taehyung negou com a cabeça e tomando outro gole de seu suco, completou. — Ela é uma idiota, por sua culpa acabamos nisto, por sua culpa...

Ele se calou e pude ver o nó preso em sua garganta com o que se passou por sua cabeça. Nós ficamos em silêncio uns segundos, ele olhando para o chão e eu olhando para o céu, era uma noite fria, porém o calor da cozinha fazia com que o frio da rua fosse milagrosamente agradável pela primeira vez em minha vida.

— Conheci o cafetão. — disse então sem medir minhas palavras e seus enormes olhos se abriram assustados. — Queria me comprar, mas o senhor Jeon disse que não, que eu não estava a venda.

Taehyung piscou e me olhando em silêncio pareceu alucinar.

— Desde esse dia penso em o que teria me acontecido se o senhor Jeon tivesse me vendido a esse homem. — disse. — Não tenho que ser um adivinho ou alguém muito inteligente para saber o que ele faria comigo.

Taehyung engoliu em seco, quase com tanta dificuldade como eu.

— Te amarraria, te bateria, te deixaria com fome por dias e enquanto tudo isso acontece, teria te estuprado. — ele se calou enquanto me olhava nos olhos. — Não teria piedade, nem sequer se suplicar que parasse, ainda que comece a sangrar não pararia e te diria que está te educando para ser uma boa puta, ainda que você não queira ser.

O vi estremecer e seguido de um tremor, o vi ocultar suas lágrimas com as mãos. Eu entendia, sabia o que acontecia com garotos como ele nas mãos de homens como o cafetão. Eu sabia, porque eu também tinha vivido nas ruas. Esse tipo de homens era a principal razão pela qual eu temia viver nas ruas, era a primeira advertência que recebia quando perambulava por elas, pois eram os principais promotores da prostituição em todos os bairros pobres.

Não temia que me roubassem, nem que me batessem em comparação com o que temia cair nas mãos de um homem como ele. Então, olhei de novo para Taehyung, ele era um sobrevivente, um lutador, porque não tinha inferno pior que cair nas garras dos senhores que controlavam a indústria do sexo.

Esse dia também soube que Taehyung e sua irmã não se davam nada bem, pois ela se vendia e por causa dos seus vícios e ações, tinha metido seu irmão mais novo naquilo. No lugar de cuidar dele e ajudá-lo a continuar na escola, ela havia feito todo o contrário. O havia oferecido em uma bandeja de prata para o cafetão só por algumas notas.

[   Obrigada pela leitura  ꨄ  ]

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