29 - Jane Moriarty
Dazai encarava a mulher a sua frente. Olhos verdes, os cabelos ondulados e longos tinham uma cor de castanho avermelhado. Era alta, esguia, elegante. A roupa até disfarçava, mas os enormes seios pareciam agredidos na vestimenta justa. Os óculos eram redondos.
Ele havia pesquisado sobre ela. Estava de olho em Hana desde o dia que ela havia saído de sua casa. E quando descobriu que a própria Moriarty em pessoa estava aliada a ela ficou realmente impressionado. O nome Moriarty era uma lenda, embora pouquíssimas pessoas soubessem que se tratava de uma mulher. Era sempre assinado J. Moriarty, o que levavam a pensar ser James Moriarty, mas era Jane Moriarty. Estrategista brilhante, extremamente inteligente e sorrateira. Ela dominava metade de Londres. E era praticamente intocável. A situação estava começando a ficar mais interessante.
-Entendi. Você é deveras formidável. Mas, é a minha vez: Professora de matemática, talvez a melhor do mundo, rainha do crime organizado, sua ficha não é mais limpa que a minha. Além de sequestro, terrorismo, tortura, sequestro, contrabando, roubo e falsidade ideológica. Ninguém te dá muito crédito quando te vê. Afinal eles te conhecem pelo seu sobrenome não é, Moriarty?
-Estou impressionada. Na maioria das vezes ninguém me associa ao lendário Moriarty. Mulheres podem transitar por onde querem, afinal, somos invisíveis.
-Uma mulher como você não tem como passar despercebida.
-Está me cantando senhor? - Ela disse em tom sarcástico.
-Talvez eu esteja. O fato de você ser uma mulher linda, com o intelecto como o seu, me deixa muito excitado.
-Me poupe de seus flertes, senhor.
-É sério. Se pudesse ler pensamentos saberia das milhares de coisas que gostaria de fazer com a senhorita.
-Pena, não posso dizer o mesmo. - Ela foi indiferente.
-Uma coisa me intriga, o que a Rainha do Crime está fazendo aqui em Yokohama?
-Hum. - Ela sorriu de lado. - Tenho 3 motivos: o primeiro: tédio. Eu gosto da diversão e do desafio. Soube através de umas fontes que uma certa pessoa precisava de estrategista. Segundo: o Matriarcado. Uma mulher querendo derrubar um escroto machista? Aceito. E Terceiro, o mais importante. Soube que duas mentes brilhantes fizeram um estrago recentemente. Um deles é aquele ridículo do Dostoievski, aquele russo cretino e o outro, não menos cretino, Osamu Dazai. Queria ver de perto as duas mentes perturbadas que causaram o terror com incidente do Dead Apple.
-Ser objeto de sua curiosidade é uma honra. Mas, o que você pretende, neste momento? Você não foi no Vórtice só para me ver. Ou foi? - ele mantinha o olhar fixo nela.
-Não. Eu preciso de um favor. Nós vamos começar uma guerra. Gostaria de saber se o presidente teria interesse em fazer uma reunião com a Hana.
-Precisa de aliados?
-Sim. O Alacran tem aliados fora do país. Vai vir com força total. Precisamos de toda a ajuda possível.
-E a Máfia do Porto? - Dazai perguntou curioso.
-Um dos dirigentes é o namorado da Hana. Seu antigo comparsa, Chuuya Nakahara.
-Namorado?! - Ele disse meio surpreso.
-Te incomoda? - Ela disse olhando por cima dos óculos.
-Não. Isso era inevitável. Você acredita que o Chefe deles vai se envolver com isso?
-Se só o Nakahara se envolver já é o suficiente, não acha?
-Por isso precisa de mim?
-Você entende rápido. Como eu esperava.
-Se ela morrer, ele destrói metade dessa cidade. - Dazai concluiu.
-Foi um prazer conhecê-lo, Senhor Dazai.
-A honra é toda minha, Lady Moriarty. Algum dia terei o prazer de conversar com a senhora mais uma vez?
-Quem sabe? Não tenho interesse em seus planos sobre suicídio.
-Uma pena. - Ele ergueu a mão para a bela mulher. Ela colocou a mão sobre a mão dele. Ele gentilmente beijou o torso de sua mão, elegantemente. - Seria um prazer imensurável, morrer junto com a senhorita.
-Hum. - Ele olhava com desdém.- Passar bem, Senhor Dazai.
Ela se afastou devagar. Ele ficou parado olhando a bela mulher caminhar em direção à rua. O cheiro que ela deixou no caminho o deixou arrepiado, White Rose, um perfume inglês usado pela realeza.
-Que mulher! - Ele disse a si mesmo, tendo devaneios com a bela inglesa.
(...)
O encontro com o presidente da Agência de Detetives foi marcada para dois depois. Dazai não teve dificuldade em marcar, afinal o próprio Fukuzawa tinha muito interesse em conversar com a moça. Eles marcaram na própria agência em sinal de bandeira branca por parte de Hana. A jovem chegou acompanhada de Tengen e Moriarty. Ela agora bem vestida, com um longo vestido preto e um sobretudo branco, o cabelo preso num coque elegante e no pescoço ostentando um colar de ouro branco e rubi. Ela sentou-se na mesa de reuniões do presidente, que a encarava com certo espanto. Junto com o mesmo, estavam Kunikida e Dazai, os outros estavam de prontidão do lado de fora, caso algo aconteça.
Dazai parou por um momento e ficou encarando Hana e teve um estalo na mente, como se uma luz tivesse acendido. Depois sorriu de lado. Moriarty percebeu e em questão de minutos entendeu o que ele havia percebido.
-A que devo a honra de visita?... Como devo chamá-la? Sihadeko, Hachi ou Hana? - Fukuzawa começou.
-Agora é só Hana.
-Voltou dos mortos senhorita Hana?- Ele disse calmamente.
-Digamos que sim. Senhor Presidente, preciso de um favor.
-Você é direta.
-Sim.
-Precisa de aliados?
-Bom, senhor. Na verdade. Eu não preciso que lute comigo. Preciso que se eu perder a guerra contra o Alacran, não medirá esforços para derrotá-lo.
-Não quer um aliado? - Ele disse surpreso.
-Nenhum de vocês é responsável pela minha guerra pessoal com Alacran. Mas, eu preciso que protejam a todos caso algo aconteça. Ele é um homem ruim e perigoso. A lista de crimes deles é extensa e ele não medirá esforços. Afinal, ele matou até crianças inocentes.
-E o que a senhorita fará?
-Mandarei cada passo que aquele miserável der e vocês ficaram de olho. Aconteça o que acontecer, não deixe que ele vença.
O presidente ficou pensativo por um tempo e depois respondeu tranquilamente.
-Posso fazer isso.
-Serei eternamente grata.
Hana agradeceu mais uma vez e se levantou para sair da reunião. Moriarty entregou um envelope a Kunikida sobre os olhares atentos de Dazai, que a encarava sem um pingo de descrição. Antes de Hana sair pela porta, o presidente disse ainda sério.
-Você é igualzinha a sua mãe. Não só fisicamente, mas também na personalidade.
-Conheceu minha mãe, senhor Fukuzawa?
-Sim. Há muito tempo. - A frase saiu nostálgica.
Hana ficou confusa, mas não fez mais nenhuma pergunta. Os três saíram pela porta, no caminho quase na saída, Dazai foi atrás de Hana.
-Hana, tem um minuto?
-Claro.
-Nós vamos indo. - Tengen disse guiando uma Moriarty que encarava Dazai de forma julgadora.
-ok.
Dazai viu os dois se afastarem e depois começou.
-O que você precisa, Senhor Dazai?
-Mal oficializou e já voltamos às formalidades? - Ele disse se referindo ao namoro de Hana e Chuuya.
-Me desculpe. Eu acho que você já sabe ne?
-Que você e o Chuuya estão namorando? Não!
-Não seja irônico. Ele... eu amo o Chuuya. De verdade. Eu até achei que eu e você.... bem. Enfim! Mas, não posso viver sem ele.
Ele ficou um tempo em silêncio e depois continuou.
-Eu sei. Eu sempre soube. Como eu te disse uma vez, ele é um homem melhor para você do que eu.
Ela abaixou a cabeça.
-Eu sinto muito.
-Não sinta. - Ele disse calmamente. -A felicidade que você transborda hoje é algo que eu jamais poderia te dar. Aquele baixinho é muito bom nisso.
-Obrigada.
-Ah, e fique tranquila. Se algo acontecer a você, eu vou controlá-lo. Confie em mim.
-Por favor, não deixe que ele se machuque.
Hana saiu devagar, Dazai ficou olhando ela se afastar. No fundo, ele queria amá-la da forma como Chuuya a amava. Mas infelizmente, ele não conseguia.
(...)
Moriarty digitava os últimos detalhes de seu plano. Ela organizava tudo, até os mínimos detalhes como um cálculo matemático. Hana havia percebido certa frieza mais do que o normal desde o dia que vieram da agência de Detetives. Ela estava sentada a mesa se frente para ela, analisando uma planta de casa que Moriarty havia lhe entregado.
-Moriarty...
-Me chame de Jane. - Ela disse secamente.
-Desculpa, Jane... É... - Hana disse meio desconcertada.
-Se vai perguntar, pergunte logo.
-Por que você está estranha?
-Pareço estranha para você? - Moriarty mantinha os olhos na tela do Notebook digitando sem parar.
-Na verdade sim... desde que eu e o Osamu, digo, o Dazai...
Ela parou de digitar bruscamente e encarou Hana, que se assustou.
-E-eu... - Hana começou.
-Não precisa me dizer, Hana. Vocês são íntimos. Está escrito na sua testa.
-Sim... mas, foi só um caso ... - Hana tentava se justificar.
-Não me importo com sua vida pessoal e nem tampouco com quem você faz sexo! - Moriarty começou a digitar sem parar. - Eu só acho, que você deveria ser mais seletiva! Dormiu com os dois maiores rivais da Máfia do Porto! E que por sinal agora, estão em organizações inimigas! Você não se controla?
-Não precisa me dar um sermão... - Hana disse sem graça.
-É claro que eu preciso! É uma missão de vida ou morte, não pode permitir que coisas assim atrapalhe! Relacionamentos só atrapalham!
-Desculpa...
-Ainda está com o Dazai? Ele é seu amante? - a força da digitação aumentava toda vez que falava sobre Dazai.
-Não! Estou com o Chuuya! O Dazai e eu já encerramos seja lá o que tivemos.
-É bom mesmo! A última coisa que precisamos é dois criminosos brigando por você!
-Relaxa Jane. Calma.
Ela parou de digitar.
-Já me estressei. Vou sair.
-Onde você vai?
-Sair. Aproveitem e providencie os itens da lista que deixei anotado no bloco de notas!
-Sim, senhora.... - ela viu Moriarty sair pisando duro. - Mas, o que foi isso?
Moriary saiu pisando firme. Queria entender o porquê das pessoas perderem seu tempo em relacionamentos. Já estava tarde da noite. Ela passou por alguns bares da cidade e acabou parando em um barzinho muito elegante, chamado Lupin. A mulher rabugenta adentrou o bar discretamente e sentou-se na banqueta e escorando no balcão. Ela acenou para o garçom com avental vermelho e pediu.
-Uma dose do seu melhor Whisky. De preferência escocês. Com gelo.
O garçom a serviu em um copo para Whisky com um gelo em formato redondo, que ela rolava com o indicador, enquanto pensava na própria vida.
-Você sabe mesmo sobre mim.... - A voz de Dazai a tirou de seus pensamentos.
-Acredite ou não senhor, hoje foi uma mera coincidência.
-Não acredito em coincidências.
-Como preferir, senhor.
Ele observou o semblante triste de Moriarty e ficou curioso a respeito. Normalmente ela tinha uma língua afiada e aquela tristeza a deixava sem brilho, tirando toda a luz vibrante que ela emanava.
-Gosto mais quando você está sendo sarcástica.
-Não estou a fim de jogos hoje, senhor.
Ele acenou para o garçom e pediu o mesmo que ela. Depois começou a dizer.
-Eu costumo vir a este bar a muito tempo. Antes com um amigo, que já não está mais aqui.
-Eu sinto muito.
-Tudo bem. - Ele deu um longo gole em seu Whisky enquanto o silêncio pairava pelo bar.
-Como você consegue? - Ela disse finalmente.
-O quê?
-Se envolver com pessoas. Flertar com mulheres.
-Por que diz isso? - Ele disse escorando a cabeça com o braço.
-Eu não consigo. Amar, me conectar com pessoas. Eu... eu simplesmente não consigo. Para mim, é tudo distração!
-Já amou alguma vez?
-Não...
-Eu também não. - Ele disse a encarando de forma sedutora. - Já foi amada alguma vez?
-Sim... uma vez. E eu não pude retribuir.
-Eu sei. Comigo é assim. A única coisa que eu almejo neste mundo é morrer.
-Hum. Faz sentido.
-Mas... - ele disse tocando a mão dela. - Podemos nos divertir de vez em quando...
-Seu pervertido. Não quero nada com você.
-Eu estava pensando em xadrez.
-Xadrez? - Ela disse surpresa.
-Claro, ouvi dizer que a senhora é absurdamente incrível no xadrez.
-Eu sou mesmo.
-Então, vamos jogar.
-Quando, onde? - Ela disse confusa.
-Hoje, agora. Na minha casa.
-É só uma desculpa para me levar para sua casa!
-É verdade. - Ele disse bebendo mais um gole da bebida.
-Cretino!
-Não adianta mentir para você. Podemos jogar apostado.
A proposta despertou interesse em Moriarty. Ela finalizou sua bebida e pagou as duas doses.
-Eu aceito.
-Esta pagando minha bebida? - Ele respondeu com os olhos brilhando.
-Você é um pé rapado. Aproveitou que eu estava aqui.
-Não adianta mesmo mentir para você.
Eles caminharam juntos pela cidade sem trocarem uma palavra. Ele apenas a observava e ela retribuía da mesma forma. Ao chegarem em frente ao complexo onde ele morava, ela fez uma cara de desagrado.
-Você mora neste muquifo?
-Sinto que não esteja a altura da vossa realeza.
-Fazer o que? - ela fez uma cara de nojo.
Eles entraram no apartamento, ele tirou os sapatos enquanto ela o observava curiosa.
-Eu devo tirar os meus? - Ela disse confusa.
-Esqueci que você é britânica. Sim. É respeitoso comigo que sou o anfitrião. Os sapatos ficam do lado de fora, junto com os germes e bactérias.
-Tá. - Ela retirou os sapatos e entrou de meias no apartamento de Dazai.
Ele tirou o sobretudo e gentilmente se ofereceu para tirar o casaco que ela vestia. Depois pegou o tabuleiro e sentou-se no estilo seiza no chão próximo a uma pequena mesa no meio da sala. Ela sentou-se meio esparramada com as pernas esticadas para trás. Ele observou e ficou curioso a respeito.
-Não consegue se sentar no estilo seiza?
-O que é isso? - Ela era inteligente, mas ainda era uma cultura diferente.
-Assim. - Ele disse apontando para si mesmo. - Sentar-se de forma ereta sobre as pernas. É elegante e faz parte da nossa etiqueta.
-Vocês japoneses são estranhos. - Ela disse tentando fazer igual.
-Pronto. Você quer as peças pretas ou brancas? - Ele disse voltando-se ao xadrez. - Deixarei que escolha.
-Pode começar com as brancas. Vou te dar vantagem.
-Como preferir. Ah, vamos a aposta.
-Hum. - ela disse ajeitando as peças no tabuleiro.
-Primeira rodada: se você ganhar, me pergunte o que quiser. Se eu ganhar eu pergunto o que eu quiser.
-Justo.
-Lembrando que cada rodada é melhor de 3. - Ele disse em tom amistoso, quase infantil.
-Ok.
Eles começaram a jogar. Cada jogo demorou um certo tempo. Afinal, eram dois gênios. A primeira rodada, vitória de Moriarty.
-Xeque Mate. - Ela disse olhando com certo desdém.
-Hum. Então faça sua pergunta.
-Por que as ataduras?
-Pergunta simples. Cicatrizes. Tenho muitas. - Ele disse mostrando previamente os pulsos.
-Toda cicatriz tem uma história.
-Verdade. Próxima rodada. - Ele disse ajeitando o tabuleiro.
Eles jogaram mais uma vez. Moriarty estava achando algo estranho. Dazai perdeu mais uma vez.
-Pergunte. - Ele disse calmamente.
-Por que quer morrer? - Ela disse ajeitando os óculos.
-Não tenho nada nesta vida que me faça querer vivê-la.
-Deprimente. - Moriarty disse com desdém.
-Última rodada.
A última rodada demorou um pouco mais. Mas, mais uma vez, vitória de Moriarty.
-Não vai levar o jogo a sério? - Ela disse vitoriosa.
-Fazer o que, você é boa mesmo! Próxima pergunta. Deixarei que faça duas.
-Hummm. Por que deixou a Máfia do Porto?
-Por causa de uma promessa que fiz a um amigo. O único que tive.
-Tocante. Segunda... tem alguma coisa com aquela garçonete?.
-Tá falando da garçonete do Vórtice?
-Não se faça de sonso. - Ela deu de ombros.
-Estou flertando com ela. - Ele disse estreitando os olhos. -Te incomoda?
-Não. Faça como quiser. Ela deve ser muito burra e cair nas investidas de um cretino ridículo e mulherengo. Além de ser péssimo no xadrez.
-Ahhh... Assim você me magoa... Falando no nosso jogo, quero uma revanche. - Ele disse apoiando-se sobre os cotovelos.
-Revanche?
-Sim. O ganhador pode perguntar o que quiser e... vai poder pedir o que quiser.
-Pedir o que quiser? - Ela achou a oferta interessante.
-O perdedor não pode recusar.
-Este pedido terá restrições? - Ela disse confusa.
-Nada que envolva morte, dinheiro.
-Ok. - Ela disse olhando para ele fixamente. - Mas, antes... poderia me ajudar?
-O que?
-Minhas pernas estão dormentes. - Ela disse constrangida.
Ele soltou uma gargalhada.
-O que foi, idiota?
-Vocês ocidentais... - Ele ergueu a mão para Moriarty e a ajudou a se levantar. A falta de costume com a seiza a deixou com as pernas dormentes.
-Aí, isso é horrível.
-Aliás, como aprendeu nosso idioma tão bem?
-Minha irmã de criação. Kira. Ela é japonesa.
-Seu sotaque é quase imperceptível.
-Que bom. Me esforcei para isso. - Ela disse alisando as pernas.
-Pronto?
-Sim. - Moriarty disse verificando as pernas voltarem ao estado normal.
-Vamos continuar.
Eles ajeitaram o tabuleiro mais uma vez. E começaram a última rodada. As jogadas anteriores não demorou tanto quanto Moriarty esperava, mas esta jogada demorou muito. Ele começou sacrificando um peão e depois foi avançando. Ele cercava cada tentativa de jogada de Moriarty, como se estivesse lendo a mente dela. E cada vez que ela tentava algo diferente, perdia uma peça.
Quando menos ela pudesse perceber, ele encerrou as chances de vitória dela.
-Com isso, Xeque Mate. - ele disse convencido.
-Usou o gambito da rainha? - ela disse surpresa.
-É, usei. O jogador sacrifica uma ou mais peças em troca de algum tipo de vantagem. No Gambito da Rainha sacrifica-se um Peão inicialmente em troca de colocar dois peões fortes no centro. Após esse movimento, o Peão inimigo pode ser capturado facilmente pelo Bispo.
-Seu maldito! Você poderia ter vencido o tempo todo! - ela exclamou irritada.
-Você usa o Sistema London. Realmente formidável. Difícil de lidar. Precisei de uns minutos para poder fazer um contra ataque. London é caracterizada por uma pirâmide de peões no centro, um protegendo o outro, e um Bispo de casas pretas que sai cedo antes da pirâmide se fechar. Esse Bispo fica enfraquecido nessa formação, então recomenda-se que ela seja trocado com o Bispo de casa pretas do seu oponente para obter vantagem. Por formar um centro tão forte, muitas vezes o Rei não faz Roque na London e permanece no centro do tabuleiro.
-Cretino. - Ela estava perplexa.
-Agora é minha vez. Eu venci.
-Justo. Não serei uma má perdedora.
-Primeiro, a pergunta: a pessoa que amou você, quem era?
-Bem... - Ela ficou vermelha. - Holmes. Sherlock Holmes. Nós somos inimigos , lutando em lados opostos. Ele me perseguiu na Europa inteira. Eu me diverti a suas custas. Ele é o melhor detetive do mundo.
-Fala dele com carinho.
-Brinquei com ele o quanto eu quis. Jogos mentais. Destruí a vida dele. Mas, um dia em meio a tudo isso. Ele me confessou seus sentimentos... E eu recusei. Não pude acreditar que ele se apaixonaria por mim. Acho que no fim, ele se divertia tanto quanto eu...
-Mas, você não queria nada disso. Aí estragou a sua diversão e você veio para cá para buscar algo novo.
-É. - ela parecia nostálgica.
-Bem, vamos ao pedido. Não pode recusar hein? - Ele disse olhando fixamente nos olhos dela.
-Trato é trato.
Ele apoiou os cotovelos na mesa e se aproximou mais um pouco de Moriarty. Olhando para ela, ele disse com um sorriso safado.
-Você vai ficar comigo esta noite.
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