23 - Uma passagem rumo à escuridão
Hana estava sentada diante de Chuuya no apartamento dele. Ele a observava com a expressão triste. Queria que ela dissesse que o envolvimento dela com Dazai fosse apenas coisa da sua cabeça.
-Você e o Dazai... - Ele começou a dizer meio sem graça. - Vocês dois...
-Sim. - Ela não Mentiu. Não podia mais mentir para ele.
O homem se entristeceu, que chegou a cortar o coração de Hana.
-Por que? Pensei que você o odiasse.
-Eu também. Até eu conviver com ele.
-Hana, tinha que ser ele? Dentre tantos homens no mundo, você escolheu justo ele? - Os olhos dele estavam tristes.
-Me perdoe Chuuya. Eu sinto muito. Mesmo. Eu não sabia que vocês eram rivais.
-Mesmo assim Hana! Eu te amo! Sempre amei! E você sabia que era eu desde o primeiro dia que me reencontrou a dois anos! E você, mesmo assim... - Ele não conseguia conter a frustração.
-Eu não podia me envolver. Não podia correr o risco de você... se machucar.
Hana estava sempre tentando justificar suas próprias desculpas.
-Eu sou o Arahabaki! Não é fácil assim me derrotar!
-Mas, eu nunca soube disso! Você nunca me disse! E...Eu estava sendo enganada, Chuuya. O homem que "salvou" minha vida, também foi o responsável pela destruição dela!
-Então, compartilhe comigo! Vamos agora e destruo ele para você!
Chuuya tentava de todas as formas dividir o fardo de Hana. Mas, ela era sempre irredutível.
-A vingança é minha Chuuya! É a minha luta! - Hana chorava.
-Eu não permitirei que você vá sozinha! Nunca! Eu não suportaria perder você de novo!
Ela tocou o rosto dele com as duas mãos.
-Sou grata a você por tudo! Mas, eu preciso mesmo fazer isso.
Ele a encarou por mais um instante e depois fez a pergunta de que mais temia a resposta.
-Hana, me responda com sinceridade. Você ama o Dazai?
Ela ficou surpresa com a pergunta e ficou pensativa por um instante. Ele ficou triste ao perceber a dúvida.
-Hana...?
-Eu... - ela pensou nos próprios sentimentos. Em como se sentia quando estava com ele. - Eu não sei.
A resposta foi ainda pior do que um "sim". Chuuya engoliu seco e tirou as mãos dela do rosto dele. Ele não disse mais nada. Ficou parado olhando da janela terrivelmente triste.
-Chuuya... por favor. Eu não sei o que eu sinto por ele. Eu sentia ódio. Mas, agora...
-Do ódio ao amor é apenas um passo. - Ele disse finalmente. - No fim, era tudo mentira? Eu e você?
-Chuuya, eu amo você. Isso eu não menti.
-Mas, você também ama a ele? Há espaço para dois em seu coração? Mesmo nós dois sendo tão diferentes?
-Chuuya...
Havia espaço sim. Principalmente porque os dois eram literalmente o complemento um do outro. Portanto, ela amar os dois fazia sentido. Ela amava o que havia de melhor em cada um deles.
-Por favor, Hana. Não pisa mais em mim. Eu acho que não mereço isso. - Ele disse olhando triste para ela.
Ela se levantou e se aproximou dele. Estava decidida. Não iria dizer a ele, quando, nem onde. Sabia que ele a impediria. Apenas o abraçou fortemente afundando o rosto no ombro dele. Hachi, ou melhor, a Hana chorou de soluçar.
-Eu te amo Chuuya. Te amo de verdade. Mas, a vingança despedaçou meu coração. Eu ouço meus irmãos, meus pais, meus avós. É como se estivessem pedindo por isso. Não posso fraquejar agora. - Ela chorava sem parar. - Chuuya! Se puder fazer algo por mim, apenas não me esqueça. Os momentos que passei com você foram os mais incríveis da minha vida.
-Hana... por favor não faça isso. Me diga onde ele está. Me diga o que quer que eu faça! Me deixe pelo menos te proteger!
Ela balançou a cabeça negativamente. Se afastou dele enxugando as lágrimas e saiu correndo, ele ainda tentou impedir, mas por um momento pensou em o quanto aquilo a consumia por dentro. E hesitou.
Hana voltou para a casa de Dazai decidida. Arrumou as poucas coisas que tinha e resolveu ir a procura de Hiei. Ia destruir toda a organização sozinha. Chegou a escrever um bilhete de despedida, mas achou melhor deixar tudo como estava. Resolveu sair sem dizer nada.
Mas, Osamu Dazai a esperava na porta.
-Ia sair sem nem dizer adeus? - Ele disse com as mãos nos bolsos do sobretudo.
-Não tente me impedir Dazai.
-Jamais faria isso. - Ele ficou olhando para ela com expressão séria.
-Eu preciso disso. - Ela disse chorando.
-Eu sei. Já disse ao Chuuya? Afinal, vocês dois tem uma história.
-Você sabe? - Ela disse espantada.
-Não tinha certeza, até agora.
-Ah... - Ela disse ao perceber que ela mesmo havia confirmado. -Eu o conheci antes de tudo isso. Quando eu tinha 15 anos. Ele salvou minha vida.
-Não me deve explicações...
-Eu preciso dizer a você. Talvez eu não tenha outra oportunidade.
-Eu realmente entendo.
-Eu... - ela tremia os lábios. - Eu o conheci há sete anos. Ele foi o meu primeiro amor. Aí, tudo aconteceu, depois o reencontrei a dois anos e nos envolvemos mais uma vez.
- Hana, ele é um homem melhor para você do que eu jamais serei...
-Mas, eu gosto de você... - Ela disse quase que no impulso. Ela tinha dificuldade em entender os próprios sentimentos.
-Eu sou um homem péssimo. E você não merece o que eu sou.
-Dazai... você não é tão ruim assim...
-Sou sim Hana e sinto muito por isso.
-Eu...- Ela hesitou.
Ele deu um longo beijo em seu lábios e depois a abraçou fortemente.
-Você não precisa fazer isso Hana. - Ele disse ainda abraçado a ela.
-Eu preciso. Ele me humilhou o suficiente. Darei a ele o troco.
-Quero que saiba que é um caminho sem volta. Talvez, lá na frente seu coração estará tão vazio quanto o meu e não haverá mais nada no mundo que preencha isso em você.
-Eu sei.
-E mesmo assim, você ainda quer fazer isso?
Ela ficou pensativa e depois perguntou:
-Dazai... É ruim? - Ela disse se soltando do abraço. - A sensação de vazio.
-É a coisa mais horrível que você vai sentir.
Ela seguiu em direção à porta. Ainda olhou para trás uma última vez e ruborizou ao vê-lo com o olhar triste, de pesar. Ele sabia que ela estava afundando em um mar de trevas sem volta.
O caminho de vingança é um caminho sem volta. Ela sempre soube disso. Foi o que aquele maldito ensinou para ela.
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