10 - A bebida não cura a dor
Dazai ainda analisava os fatos. Um caso de sete anos estava bem diante dele e algumas peças ainda faltavam. Até agora ele havia descoberto que a família de Hana, era a base de uma organização muito poderosa chamada de Os Mantos Negros. O pai de Hana, Yusuke havia herdado a fortuna e toda a organização do pai dele. Eram donos de grandes empresas e controlava toda a área norte e tráfego aéreo. A organização era influente na polícia, política. Fornecia armamento contrabandeado, além de bebida e drogas ilícitas.
Na noite do acidente, a família inteira foi presa num bunker subterrâneo e atearam fogo na mansão. E somente a filha, Hana, sobreviveu. Porque ela não estava na mansão. O que levava Dazai a crer que alguém havia ajudado.
A polícia negou a perícia, os bombeiros omitiram fatos sobre o local do incêndio. Faltava agora, como alguém entrou na casa e trancafiou todo mundo dentro do bunker. Provavelmente, a segurança havia sido infiltrada pelo inimigo, alguém sabia sobre o bunker, o que leva ao fato de que era alguém muito próximo da família.
O restante das respostas estava com uma pessoa que era peça chave neste caso. Primeiramente, a identidade do Alacran, segundo a identidade da pessoa que ajudou Hana, e porque a Máfia do Porto, ou melhor o próprio Dazai, virou alvo desta história. Para isso, ele iria usar todas as armas necessárias, doa a quem doer.
Ele voltou para casa mais cedo. O apartamento estava arrumado, coisa rara de acontecer. Hachi havia arrumado tudo e comprado comida. Deixou um bilhete de agradecimento e o pijama dobrado sobre a mesa.
Ele queria encontrar Hachi, o próximo passo dependia dela. Mas, não tinha a menor ideia de onde encontrá-la. Então começou nos locais mais prováveis. Os bares da cidade.
Hachi não andava no centro da cidade. Ele nunca havia a visto por lá. Provavelmente com medo de ser reconhecida, por ser de família nobre. Então, ela se escondeu em um lugar onde ninguém a veria, um lugar esquecido: Suribachi.
Hachi era uma alcoólatra, como tal, ela praticamente morava no bar. Ele havia se dado ao trabalho de pesquisar sobre ela. Hachi era um pseudônimo, mercenária famosa no submundo, faz tudo pelo melhor preço. Trabalhou um tempo em algumas organizações menores, mas se encontrou mesmo fazendo trabalho sujo. A ficha dela era extensa, incluindo assassinatos, contrabando, extorsão entre outros crimes. Matava com requintes de crueldade, muito boa em artes marciais além de ser uma atiradora esplêndida. Segundo, o relatório que ele havia lido, ela acertou um alvo em um carro em movimento a uma distância de 60 metros com uma bala "sem rastro".
O maior defeito de Hachi era o vício. Alcoólatra, executava a maior parte dos trabalhos sobre efeito do álcool, o que levava Dazai a pensar, em como ela seria se estivesse sóbria.
Ela estava em um bar meia boca sentada com um copo de cerveja sobre a mesa. Contando as moedinhas ela fazia contas para saber se ia comer, beber ou dormir, como uma boa alcoólatra ela escolheu beber. Dormir ela dormia em qualquer lugar e comer... pra que comer?
Dazai puxou a cadeira e sentou-se diante dela. Ela arregalou os olhos ao vê-lo ali em plena luz do dia. Ela sempre o via a noite e não tinha notado o rosto dela sobre a luz. Olhos intensos, sorrisinho sarcástico.
-Ta fazendo o que aqui?
-Essas moedinhas são para comer, beber ou dormir?
-Eu tive que escolher entre os três.
-Pelo visto você escolheu a bebida.
-Isso não é da sua conta.
-Eu soube que você é boa no que faz.
-Depende do que estamos falando.
-Mercenária. Não é? - Ele disse apoiando os cotovelos sobre a mesa.
-Ah não ser que você tenha um trabalho para mim, isso não é da sua conta.
-Arredia como sempre. E se eu te arrumar um trabalho?
-Um trabalho? Quanto?
-A gente combina. Já pensou em trabalhar para a Agência?
-Nem morta!
-Não seria um membro oficial. A gente te chamaria quando necessário.
-E o que eu ganharia com isso?
-Um salário. Pequeno no começo, mas um bom salário. Você pelo menos teria o que comer e onde dormir.
-Preciso pensar.
-Tem para onde ir hoje? - Ele perguntou olhando intensamente nos olhos dela.
A encarada que ele dava nela a deixava constrangida.
-N-não.
-Durma na minha casa hoje.
-De novo? Não. O que você vai achar?
-Que você não tem onde dormir, o que mais eu acharia?
-Que eu quero dar pra você!
-E você quer? Se você quiser eu aceito.
Ela ficou vermelha instantaneamente. O rosto pegava fogo como brasas.
-N-Não! Nunca! Seu Cretino!
-Tudo bem. Mas, vá para lá. Você ainda pode ficar por dentro da investigação. Não vou poder fazer nenhuma gracinha.
Ela olhou desconfiada. Meio receosa ela resolveu aceitar.
-Tudo bem. Eu vou buscar umas roupas.
Até porque ela não tinha para onde ir mesmo. Ela deixou a pequena mochila de roupas em um bar onde frequentava, desde a briga com Hiei ela nunca voltou para lá. Sentia-se culpada por estar indo contra o que ele havia mandado.
Ao chegar no apartamento o homem estava sentado com as pernas cruzadas lendo um livro sobre suicídio. O que ela achava bizarro para falar a verdade. Ele vestia uma roupa um pouco mais confortável do habitual, uma calça de moletom, uma camiseta e um roupão. O corpo ainda estava enfaixado e coberto de ataduras.
-Bem vinda. Fique a vontade. Arrumei um futon para você. Para você dormir um pouco mais confortável.
-Obrigada...
-Primeiro, algumas regras: primeiro: Não faça perguntas. Segundo: Não mexa em nada. Terceiro: não interrompa meus processos e técnicas para se ter uma morte confortável.
-Seu bizarro. Faça o que quiser. Qualquer coisa eu mesma mato você.
-Eu não gosto de sentir dor. Se for algo assim, pode ser.
Ela fez uma cara de nojo e sentou-se em frente a janela e ficou observando a vista.
Ele desviou o olhar para ela e ficou a observando por um longo tempo. Ela não dizia nada, contemplava a vista da janela. O apartamento que ele morava não era luxuoso, era na verdade um complexo cedido pela agência que abrigava outros integrantes, mas era um local bem mais agradável do que de onde ela morava.
Ele deu um sorriso discreto e depois voltou a sua leitura.
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