Capítulo 6
Vamos relembrar do recado do capítulo passado???
Eu NÃO pago terapia de ninguém, nem pago consulta com cardiologista ou medicação. Vocês estão lendo por conta própria, mas amo vocês :)
— Eu estou bem! — Steve bufou para paramédico que o atendia.
— Deixa a pessoa fazer o trabalho dela —Danny brigou e o SEAL revirou os olhos, mas ficou quieto.
— Obrigado — o paramédico murmurou.
— Danno! Tio Steve! — Grace passou correndo pelo bloqueio policial e chegou até eles, pulando nos braços do pai.
— Tudo bem, princesa, está tudo bem — ele beijou o topo da cabeça dela.
— Tio! — ela abraçou Steve, que estava sentado no degrau da ambulância — Porque vocês têm que fazer isso? Eu sou só uma adolescente, eu não posso morrer do coração! Eu nem me formei ainda, não fui no show do Niall Horan e nem perdi a virgindade!
— Espera, o que? — Danny cruzou os braços.
— Como assim?
— Eu não vou discutir isso com vocês — ela bufou, ainda abraçada ao SEAL.
— Não mesmo — Danny completou — nunca mais quero ouvir sobre isso.
— Você sabe que um dia eu vou me tornar adulta, né?
— Prefiro ignorar esse detalhe — o detetive respondeu e Steve concordou.
— Pronto comandante, podemos ir para o hospital — o paramédico avisou.
— Ah não, eu estou bem, não preciso — ele reclamou, o profissional colocou as mãos na cintura e olhou para cima, como se pedisse por paciência.
— Steve! — Kono veio correndo até ele e abraçou o chefe — Nunca mais faça isso comigo! Eu não sei se sobrevivo na próxima.
— Irmão, duas vezes no mesmo mês — Chin brincou negando com a cabeça.
— Apesar de ter sido divertido, tirando o fato que vocês poderiam morrer em uma explosão que destruiria todo o quarteirão e um parque nacional, não repitam isso, por favor — Max comentou.
— Irmãozinho, o negócio foi louco, me senti em um filme de espião — Kamekona falou rindo — esse negócio de ser policial até que é divertido.
— Por favor, eu preciso leva-lo para o hospital — o paramédico pediu.
— Perdão, vamos Grace, eu te dou uma carona — Chin disse para a garota que beijou o rosto de Steve e foi com o policial.
— Vai com ele, nós resolvemos tudo por aqui — Kono deu um tapinha no ombro de Danny.
— Preciso que alguém leve meu carro para casa — Danny lembrou.
— Deixa comigo, as chaves estão no carro? — Kamekona falou animado demais e o detetive suspirou.
— Tenho certeza que vou me arrepender disso.
— Vamos lá doutor — Kamekona chamou Max, que deu de ombros e o seguiu.
— Cuidado com o carro! — Steve gritou para eles — Eles vão destruir o carro.
— E você é a pessoa que vai julgar? — Danny revirou os olhos, entrando na ambulância com Steve, que teve que deitar na maca.
— Danno — Steve disse pegando na mão do parceiro — mahalo.
— De nada — o loiro respondeu sorrindo.
Eles só soltaram as mãos quando chegaram no hospital e Steve foi ser examinado. Danny se sentou na sala de espera e respirou fundo, aquele dia tinha sido uma loucura sem fim. De novo ele viu a morte próxima demais, mas dessa vez ele tinha a escolha de ir embora, mas não fez, porque ele nunca deixaria Steve sozinho.
Certo, ele sabia que o correto era dizer "eu nunca deixaria ninguém da minha equipe sozinho", mas não foi nisso que ele estava pensando na hora. Os últimos dias pareciam diferentes, a relação deles era a mesma, mas tinha algo a mais. Ao mesmo tempo que pareciam ainda mais próximo, parecia que tinha uma parede de vidro, algo que eles não conversavam sobre. E isso estava ficando cada vez mais pesado.
Steve estava deitado na maca olhando para o teto branco, esperando o resultado dos exames de sangue. A droga que tinham usado nele era fraca, só foi para imobilizado a ponto de colocarem aquele maldito colete. Ele já estava bem e pancada que levou a cabeça antes não tinha ferido, só desnorteado. Ele estava bem e era um exagero ter que ficar ali.
"Eu te amo"
"Eu também te amo"
Ele suspirou de novo, aquilo estava demais. Danny disse em um sentido, ele sabia que ele o amava, como amava Kono e Chin, por exemplo. Mas sua cabeça ficava criando coisas e ele mesmo, Steve, não sabia em que sentido tinha dito isso. Estava muito confuso e ele se sentia repensando sua vida inteira. Ele sempre foi tão certo de tudo, decidia o que queria e ia atrás. Nunca foi de desistir ou hesitar, mas agora sua cabeça estava uma confusão e ele não conseguia mais se entender.
— O que eu faço? — ele murmurou para si mesmo, se sentindo totalmente perdido.
— Oi — Danny sorriu chegando perto da maca e Steve sentiu seu coração palpitar — como você está?
— Bem, tudo tranquilo — mentiu porque nem ele sabia explicar o que estava acontecendo — e você?
— Ótimo, considerando o dia que tivemos — o loiro deu de ombros — Grace ameaçou nos deserdar, eu tentei explicar que é o contrário, mas ela não quis ouvir. Disse que "damos dor de cabeça demais" e que ela vai desenvolver problemas cardíacos por nossa culpa.
— Ela é mesmo sua filha — o moreno riu — dramática igual.
— Eu respondi que se eu não desenvolvi problemas cardíacos por sua causa, ela aguenta — ele falou e Steve revirou os olhos — o médico disse que assim que os resultados saírem, você pode ir para casa.
— Bom mesmo, eu estou perfeitamente bem. Poderia escalar uma montanha amanhã.
— Que bom saber que está tão bem disposto, porque prometeu ensinar o Charlie a surfar e ele não falou de outra coisa. Então divirtam-se enquanto eu fico na areia tomando minha água de coco — o loiro sorriu debochado.
Steve sorria, mas por dentro ele estava um caos. Mas as coisas iam ficar bem. Tinham que ficar bem!
Nada ficou bem.
Mais duas semanas se passaram e ele sentia sua sanidade escorrendo pelos seus dedos. Ele tinha focado tanto no serviço, que fazia horas extras chegando mais cedo e saindo depois de todos. Quando chegava em casa ele fazia corridas com Eddie até que os dois estivessem quase exaustos, assim ele apenas tomava um banho, comia algo e caía na cama sem precisar pensar em nada.
Mas os sonhos vinham, aqueles sonhos reais demais, vividos. Eram tão realistas que ele podia sentir cheiros e toque. Variavam as cenas, mas eram todas domésticas demais, tranquilas. Três noites ele teve sonhos quentes que o fizeram acordar de madrugada e ir direto para o banho.
Era sábado a noite, ele estava pirando dentro de casa, recusou os convites de todos os amigos. A equipe tinha ido para um bar, eles falaram disso por dois dias inteiros, mas Steve não conseguiu. Ele inventou uma desculpa qualquer e agora estava preso dentro de casa, sem atender o telefone e tentando se distrair.
Steve estava na cozinha quando Eddie começou a latir e arranhar a porta, isso fez Steve congelar, porque ele sabia o que significava. Então o barulho do motor surgiu e morreu segundo depois. Os passos soaram do lado de fora e ele não precisou abrir a porta, afinal Danny tinha sua própria chave.
— Para quem estava tão ocupado essa noite, você parece não estar fazendo muita coisa — Danny falou calmamente, fazendo carinho no cachorro.
— Achei que você estava no bar com o pessoal — Steve fingiu que estava tudo bem, até ver o sorriso irônico do outro.
— Eu estava, mas eu sou um idiota que continua correndo atrás de você, não é? É tudo que eu tenho feito nos últimos tempos, correndo atrás de você para resolvermos os problemas que seriam muito mais simples se você só me contasse sobre eles.
— Não entendi do que você está falando — o moreno negou com a cabeça.
— Eu estou tão cansado desses seus joguinhos — Danny falou cada vez mais alto — fale de uma vez!
— Não é nada — Steve disse em voz baixa se afastando, quase saindo da cozinha.
— Pare de fugir seu covarde! — Danny gritou e McGarrett se virou revoltado.
— Do que me chamou?
— De covarde, não ouviu? — o detetive respondeu encarando o SEAL — Quer que eu defina melhor? Também posso usar medroso, molenga, assustado e, o meu favorito, frouxo. Esses servem?
— Não fale do que não sabe — Steve disse entre dentes.
— Não sei, então por que não me explica? Porque o que eu estou vendo é meu parceiro, o meu melhor amigo, se afastando de mim de novo sem motivo algum. Ou tem?
— O que você está insinuando? — ele perguntou bravo.
— Cansei desses joguinhos, porque desde o dia que quase morremos soterrados, o dia que te contei o meu "segredo" você está estranho comigo.
— Não começa com isso de novo — McGarrett revirou os olhos.
— Então o que você quer que eu pense? Você está se afastando cada vez mais, às vezes está bem e do nada some. Você tem me tratado diferente desde que te contei que sou bissexual.
— E você acha que eu tenho problemas com isso? — o comandante bufou exageradamente.
— Não faça isso, não bufe para mim — Danny apontou o dedo para mim — eu sei quando você está mentindo e quando está me enrolando. Você está fazendo os dois agora!
— Você está enxergando coisas que não existem!
— Estou? — o detetive retrucou sarcástico — Até a equipe notou que você está estranho e você está me dizendo que EU estou inventando. A quem você quer enganar? Eu ou você?
— Não é nada! — Steve repetiu bravo.
— Ah. Vamos voltar a isso? Tudo bem, deixa que eu adivinho — Danny disse irônico — Desde que eu te contei que sou bissexual você está agindo estranho comigo, então temos duas hipóteses. Primeira, você é a porra de um homofóbico que...
— EU? — Steve gritou indo em direção ao detetive — Você realmente está dizendo que eu não aceito você? De todas as pessoas, eu não te aceito?
— Sinto muito, mas é isso que está parecendo — Danny gritava de volta, os dois separados por apenas alguns passos — porque a outra opção seria...
A voz de Danny morreu enquanto ele olhava nos olhos de Steve, pela primeira vez em tanto tempo sua raiva tinha vacilado.
— Qual é a segunda opção? — McGarrett não ia recuar, ele ainda estava bravo.
— Steve...
— Qual é a segunda opção? — ele repetiu ainda incisivo.
— Steve, não...
— Responda Danno — Steve ordenou entre dentes, dando um passo à frente — qual é a segunda opção?
— Que você me quer — o detetive praticamente sussurrou as palavras.
— Entre eu ser um homofóbico e querer você, você escolheu acreditar que eu sou homofóbico? — McGarrett chegou ainda mais perto dele, eles estavam quase se tocando.
— Eu escolhi não acreditar que você me quer — Danny também não desviou o olhar e nem se mexeu.
— Por que?
— E por que eu acreditaria que você me quer?
— Você não pode responder minha pergunta com outra.
— Você não respondeu nenhuma das minhas — dessa vez foi Danny que deu um passo à frente, agora sim eles estavam praticamente colados, até seus rostos estavam próximos — Steve, qual é a opção certa?
— A segunda.
Os dois se encaram, um tentando decifrar o olhar do outro, a proximidade era tanta que eles conseguiam sentira a respiração alheia na própria pele.
— Por que você não me falou? — o detetive sussurrou a pergunta.
— Porque eu tinha medo.
— Você com medo é uma novidade — Danny tentou brincar, mesmo que a tensão naquele momento fosse tanta, que era quase palpável.
— Meu maior medo sempre foi te perder, antes eu tinha medo que você me deixasse para trás e votasse para Nova York.
— E qual é agora?
— Que você saia por aquela porta e me rejeite — ele disse em voz baixa, mas sem desviar o olhar.
— Eu ainda estou aqui, não estou?
Foi apenas um segundo, era tudo que eles tinham para tomar a decisão, então Steve inclinou seu rosto e deixou que seus lábios encostassem de leve nos lábios de Danny.
O primeiro toque foi frágil, mal dava para registrar que ele realmente tinha acontecido, um leve raspar dos lábios. O segundo demorou um pouco mais, eles ainda estavam descobrindo o que fazer. Danny levantou um pouco mais o rosto e seus lábios ficaram pressionados aos de Steve.
Apenas suas bocas estavam em contato, seus olhos já estavam fechados, seus corações estavam disparados e eles estavam se sentindo. O momento durou alguns segundo até Danny entre abrir os lábios com calma, fazendo que McGarrett o imitasse. O detetive sabia que teria que ser ele a tomar a iniciativa, por isso ele levou as mãos até a camisa do amigo, se segurando nela e foi aprofundando o beijo bem devagar.
Quando um teve uma amostra do gosto do outro, foi como se algo explodisse no peito deles. Steve abraçou Danny o prendendo contra ele, que retribuiu do mesmo jeito. Os dois se beijavam vorazmente, parecia que nunca teriam o suficiente. Eles andaram as cegas pela cozinha até que as costas do detetive bateram contra a parede e ele ficou preso entre ela e o SEAL, mas tudo bem, porque ele não queria sair dali mesmo.
Tudo era intenso demais, eles mal conseguiam puxar o ar sem parar de beijar. A necessidade era gritante, parecia que tinha um concentrado de adrenalina correndo pelas suas veias. As mãos também não paravam, eles precisavam se tocar, onde pudessem e como pudessem, só precisavam de mais. O ar era necessário, mas a necessidade que um tinha pelo corpo do outro parecia ser ainda maior.
O beijo não era só intenso, era feroz. Eles estavam descontando toda frustração que sentiram por todos esses anos. Todas vezes que fingiram estar bem quando não estavam. Todo o ciúme. Todas as vezes que quiseram tocar o outro, mas não fizeram. Todas as vezes que foram obrigados a ver o outro com alguma mulher, sendo que queria ser ele a estar nos braços do parceiro. Toda confusão e toda atração que sentiam.
Os quadris deles se chocavam, os dois completamente duros. Eles se esfregavam, gemiam de prazer entre os beijos. Steve puxou a camisa de Danny o suficiente para sua mão ir por baixo do tecido. Ele conhecia o corpo do parceiro, pelo menos aquela parte. Já tinha scaneado tudo com o olhar tantas vezes, que tinha decorado cada detalhes, mas sentir a pele em contato com a sua era totalmente diferente.
— Steve — Danny gemeu enquanto McGarrett estava atacando seu pescoço.
Steve queria muito aquilo, ele necessitava de Danny. Sua mente estava nublada de tanta vontade e tanto tesão, finalmente ele estava o tocando como queria, finalmente seus lábios estavam juntos, finalmente ele tinha. Seus corpos se encaixavam perfeitamente, como se um tivesse sido moldado ao outro. Eles estavam tão próximos de um ser do outro...
Então a realidade o atingiu com um enorme balde de água gelada e ele pulou para trás, largando Danny confuso ainda encostado na parede. O comandante passou a mão pelo rosto, o que ele estava fazendo? Ele tinha perdido a cabeça.
— Steve — Danny o chamou, falando docemente porque ele entendia a confusão que o amigo podia estar sentindo — eu sei que você está confuso, mas nós podemos conversar.
— Não — ele recusou na hora, negando com a cabeça.
— Como assim? — o detetive perguntou sem entender — Por que...
Mas quando Danny deu um passo na direção do amigo recuou dois automaticamente. Aquilo doeu, doeu muito. Ele ficou encarando Steve, os dois em silêncio. Danny esperou que o parceiro falasse algo, mas ele apenas ficou calado.
— Certo — o detetive disse por fim, então ele pegou a chave do seu carro de cima da mesa e foi embora.
Steve ficou olhando a porta por onde Danny tinha acabado de passar, ele ouviu o barulho do motor se afastando até que o que sobrou foi apenas o silêncio esmagador.
O único barulho na casa era do relógio, o tic tac tic tac continuo parecia tão alto com aquele silêncio opressor, que nem no som das ondas do mar ao fundo ele conseguia prestar atenção.
O que tinha acontecido? Por que ele tinha deixado chegar naquele ponto? Por que ele tinha feito aquilo? Por que ele tinha se sentido tão bem? Por que ele finalmente se sentiu feliz? Por que ele parou? Por que deixou Danny ir?
Ele tinha visto a dor nos olhos do amigo... amigo? Ainda eram amigos? Essa palavra se encaixava na relação deles? O que eles eram um do outro?
— Eu vou enlouquecer — Steve disse apoiando a cabeça nas mãos.
Estava sentado no seu sofá, nenhuma luz da casa estava acesa, o deixando imerso em escuridão. Nem sabia dizer a quanto tempo estava ali, apenas revendo aquela cena vez após vez em sua cabeça. Ele sempre teve sua vida muito bem desenhada, sabia o que queria e tinha conseguido. Entrou na marinha, se tornou um SEAL, foi um dos melhores, voltou para o Havaí, se tornou o líder da equipe Five-0, tinham se tornado os líderes em resultados positivos. Ele tinha uma nova família agora, uma de verdade, que o amava e que ele amava, uns cuidam dos outros, o problema de um, era o problema de todos.
Onde que ele se perdeu nisso?
A questão é que ele sabia, foram naquela porcaria de olhos azuis claros! Quem tinha olhos naquele tom?
Steve revirou os olhos mentalmente, ele não conseguia seguir uma linha de raciocínio lógico sem que sua mente voltasse ao detetive Danny Williams?
Desde quando se conheceram, quando Danny ainda era o detetive responsável por investigar a morte de seu pai, McGarrett sabia que Danny era diferente, o jeito todo certinho e a maneira de falar, como tudo virava um drama e o fato dele não ter medo nenhum de brigar com Steve, o encantava.
Quem mais usa gravata no Havaí? E quem se transfere para o Havaí mesmo não gostando de mar? Apenas uma pessoa faria.
Danny era daquele jeito, não tinha meio termo, porque quando ele gostava, ele gostava de verdade. Danny amava Grace e fez tudo por ela, inclusive transferir para uma ilha do outro lado do país para estar com a filha enquanto ela crescia. Quando ele soube que Charlie era seu filho, ele não hesitou em fazer tudo para que o menino estivesse bem. Todas as vezes que Steve precisou, Danny foi o primeiro a notar, foi o primeiro a agir, foi o primeiro a estar lá.
Por Deus, ele tinha se ajoelhado do lado de Steve e o abraçado quando eles tinham certeza que não tinham mais tempo e que McGarrett morreria naquela explosão. Antes mesmo disso, quando ele invadiu o lugar só para salva-lo da armadilha. Steve sabia que também já tinha salvo o detetive, mas era diferente. Steve sempre se jogava no perigo sem pensar, mas Danny se jogava no perigo por ele.
— Eu sou um idiota — o comandante jogou o corpo para trás, deitando no sofá — ele sempre esteve lá por mim, mas eu o magoei.
"Não vou morrer sozinho, estaremos junto até o fim"
Tudo aquilo era muito confuso, McGarrett nunca tinha sentido atração por homens, mas desde que conheceu Danny tudo girava em torno dele. Não era algo premeditado, eles simplesmente se atraiam. Ele se sentia muito à vontade com Danny, de jeito que nunca se sentiu perto de alguém. Estar perto de Danny era seguro e confortável, deixava seu coração calmo ao mesmo tempo que o fazia se sentir mais forte. Ele sabia que podia invadir um prédio em chamas, correr no meio de um tiroteio ou apenas algo bobo, como cozinhar uma receita complicada, Danny estava com ele. O cobrindo, o xingando, o apoiando, jurando que nunca mais estaria ali, mesmo que todos, incluindo ele, soubessem que era mentira.
Steve sabia que poderia sobreviver se estive perdido em uma floresta, se estivesse no meio de uma guerra, se estivesse em luta corporal ou se estivesse em um tiroteio. Mas ele poderia sobreviver sem Danny?
— Quando você se tornou isso para mim? — ele perguntou para a escuridão.
Ele sabia que não poderia ir atrás de Danny sem entender os próprios sentimentos. Sabia que o senso de humor era bom, adorava o provocar, principalmente nos momentos de mau humor. Realmente acreditava que Danny era muito inteligente, adorava passar o tempo que fosse com ele, conversando, assistindo um filme ou bebendo. Também gostava quando ele era incluído nos programas de família, quando Danny o chamava para passear ou até mesmo viajar com Grace e Charlie. Steve os amava.
— Eu amo os três — ele murmurou pra si, então paralisou pensando nas suas palavras — Eu amo? — ele sentou no sofá totalmente em choque — Porra, eu o amo!
Pela primeira vez em muitos anos, Steve se sentiu hiperventilar, ele amava? Era isso mesmo? Quer dizer, ele sabia que amava, mas até então era só do jeito fraternal. Ou não? Será que sempre foi desse jeito, mas ele não se permitiu entender?
Ele ficou caminhando pela casa no escuro. Sim, ele sentia falta de Danny quando ele não estava. Ele se sentia melhor quando estavam juntos. Ele ficava incomodado quando via o Danny abraçado a alguma namorada. Então percebeu que ele mesmo, Steve, quando namorava não fazia nenhuma grande demonstração de carinho na frente do parceiro e vice e versa. Talvez os dois sempre soubessem o que sentiam, só não tinham entendido de verdade.
Bem, depois daquele beijo na cozinha, não tinha mais como nenhum deles negar. E McGarrett nem queria pensar muito, porque poderia ficar duro só de lembrar. Tudo tinha sido perfeito, o beijo, os lábios, o corpo, o toque, os gemidos....
— Merda — ele se repreendeu, tudo o que NÃO precisava agora era ficar excitado pensando na pessoa que ele, praticamente, expulsou de casa.
A pergunta era: se ele já tinha entendido que amava Danny, tinha entendido seus sentimentos, sabia que Danny também deveria sentir algo, o que ainda estava fazendo ali?
Steve saiu correndo, só pegou a carteira com o distintivo, as chaves do carro e saiu dirigindo como o louco de sempre, até a casa do homem que amava.
Danny suspirou de novo, ele já tinha passado a noite toda se revirando na cama. Como a coisa que ele mais quis por anos finalmente aconteceu e de repente virou um desastre total?
— Seu idiota! — ele bufou frustrado e nem sabia se estava falando de si ou do Steve, talvez dos dois.
Ele passou anos fingindo muito bem que nada daquilo o afetava, até teve outros relacionamentos. Todos com mulheres, porque só tinha um homem naquela porcaria de lugar que realmente o atraía e tinha que ser aquele idiota!
Danny desistiu de ficar deitado, resolveu pegar algo para beber, talvez aliviasse também no calor. Estava tão quente que ele só estava usando um calção de futebol e ainda parecia muito. Nem se deu ao trabalho de acender as luzes, caminhou até a cozinha pensando se deveria beber água ou cerveja de uma vez.
— Eu deveria é encher a cara para ver se isso passa — ele resmungou indo até o armário e depois até o bebedouro — calor do inferno.
— Danny...
— Porra! — ele gritou pulando para trás e Steve começou a rir enquanto acendia a luz da cozinha — Você é maluco? Mas que pergunta besta a minha, é claro que é, seu animal!
— Não se mexe, tem cacos no chão e você está descalço.
— Não teria caco no chão se você não tivesse quase me matado do coração — Danny retrucou, mas ficou no lugar — nunca mais faça isso, ouviu bem? Nunca mais!
— Eu precisava falar com você — McGarret se justificou, ele estava juntando os cacos do chão.
— Pensou em me ligar? Ou em bater na porta como uma pessoa normal?
— Eu não podia perder tempo — Steve chegou perto do detetive, que ainda estava muito irritado.
— Perder tempo não pode, mas chegar na minha casa na surdina, como um maldito ninja nas sombras e quase me matar de susto está tudo bem? Seu psicopata.
— Danny, se acalma.
— Não me manda me acalmar, eu estou no meu direito de estar puto da vida — ele avisou apontando o dedo. Toda vez que Danny se alterava, ele ficava com mais trejeitos italianos e Steve achava isso fofo.
— Eu estou tentando falar uma coisa com você.
— Não, o que você fez foi quase me mandar para o hospital. Você já pensou se eu estivesse armado, seu imbecil? Não, é claro que não pensou. Quando é que você pensa em... — então Steve revirou os olhos e o beijou
Os dois quase gemeram com o sabor um do outro. Steve segurava o rosto de Danny com as mãos e esse, antes que pensasse, envolveu o mais alto com os braços. Eles pareciam com saudades, como se tivessem passado muito mais tempos do que apenas poucas horas.
E tudo estava perfeito, até Danny empurrar Steve.
— Não, você não pode fazer isso.
— Danny — Steve disse sentindo o golpe no coração.
— Pare com essa cara de cachorro ferido — Danny revirou os olhos — você não tem o direito de agir como um idiota quando estávamos na sua casa, aparecer do nada no meio da madrugada, me beijar e achar que vai ficar por isso mesmo.
— Bem, eu achei ficaria assim...
— É claro que achou — Danny cruzou os braços — anda, explica.
— O que?
— Não começa Steve, você disse que me queria, você sabe o que aconteceu, depois de um amasso você simplesmente resolveu que não queria mais, então me rejeitou.
— Não foi assim — o SEAL passou a mão pelo cabelo.
— Então me explica, porque não tem como eu te entender se você não me explicar.
— Eu não sei o que eu quero, eu nem sei o que você quer, minha cabeça está muito confusa.
— Você mentiu para mim quando disse que me queria?
— Não — ele se apressou em explicar.
— Então você sabe o que quer, o que você precisa saber é o quanto quer e como quer. Você só quer descobrir se você também é ou não bissexual? Você quer me usar de teste? Você realmente quer a mim?
— Eu quero você, não é esse o meu problema.
— Então qual é? O nosso trabalho? Porque Steve, se eu não entrei no armário na época que eu morava com os meus pais, não vou entrar agora.
— Ok — ele respirou fundo, fazendo carinho no braço do loiro — eu nunca questionei minha sexualidade, nunca houveram motivos para isso. Desde que nos conhecemos eu me senti atraído a você, mas eu achei que era algo platônico, fraternal, sabe, como...
— Não use a palavra irmãos, porque depois de termos nos beijado e do jeito que nos beijamos, essa palavra não se encaixa.
— Concordo — Steve sorriu de canto — eu nunca tinha pensado que havia a possibilidade de ficarmos juntos.
— Você vem falar isso para mim? Sou eu que sou o bissexual da história que passou anos do seu lado sabendo que você era hetero.
— Acho que eu não sou hetero — ele brincou.
— Se você ainda pensasse isso, íamos precisar ter uma longa conversa — o loiro retrucou, fazendo Steve rir — você passou um mês se torturando sobre isso?
— Eu estava muito perdido, eu não sabia o que fazer.
— Se tivesse conversado comigo antes, poderíamos ter resolvido isso e não perder todo esse tempo. Sei que a descoberta da própria sexualidade é um caminho pessoal, eu já passei por isso. Mas você, seu imbecil, precisa pôr na sua cabeça, que não está mais sozinho, entendeu?
— Entendi — Steve respondeu com um sorriso de canto.
— E o que você decidiu? Por que eu não posso me jogar nisso se você não tiver certeza do que quer e dos seus sentimentos.
— Lembra quando estávamos naquele laboratório e nós alucinamos? Eu te disse que minha única alucinação foi com o meu pai e era verdade, eu só alucinei com ele. Mas eu vi o meu pior pesadelo — ele falava olhando diretamente nos olhos de Danny — eu tive menos contato com o vírus do que você, quando você começou a convulsionar eu ainda estava consciente, então eu estava te vendo morrer na minha frente, esse é o meu pior pesadelo.
— Por que você nunca me contou?
— Porque foi tão desesperador, que eu nem conseguia lembrar. Só hoje eu percebi porque doeu tanto. Eu nunca pensei na possibilidade que poderia acontecer algo entre nós. Então quando você me contou que é bissexual e isso de se tornou possível, tudo ficou muito confuso. Precisei de um tempo para entender, mas eu não quis te magoar.
— Nunca mais se afaste ou me empurre para longe, se tem algum problema você fala e resolvemos isso juntos, ok?
— Eu já disse que sim — Steve sorriu — então agora nós...
Danny revirou os olhos e o beijou.
Espero que todes estejam bem :)
Pergunta: Danny ou Steve?
Me: Danny (amo o Steve, mas Danny tem um lugarzinho especial no meu coração)
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