Capítulo 11
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— Onde eles estão? — Chin perguntou chegando perto de Danny, que estava trocando mensagem com sua mãe. O loiro apontou para a lixeira cheia e Chin ficou ainda mais confuso.
— Só mais alguns segundos — o detetive respondeu guardando o celular no bolso.
Segundos depois eles ouviram um grito, era alto e desesperado. As pessoas que passavam na rua olharam assustadas em volta. Chin olhou em para cima, em direção ao prédio, tendo que proteger seu rosto do sol.
— E lá vamos nós — Danny suspirou tirando a as algemas do bolso, ao mesmo tempo que um corpo despencava de uma janela do terceiro andar, caindo diretamente nas lixeiras — Frank Barlow, você está preso.
O homem ainda estava petrificado de medo em cima do lixo, Danny precisou da ajuda de Chin para tirar o criminoso de dentro da lixeira. Então a viatura chegou para buscar o homem, que balbuciava algo sobre ter sido perseguido pelo próprio demônio.
— Estamos perseguindo esse suspeito há semanas, como conseguiram pega-lo tão rápido? — o sargento Duke perguntou.
— Na verdade, dessa vez que só fiquei aqui de boa, Steve que subiu e o derrubou lá de cima — Danny deu de ombros.
— Deve ser bom namorar o chefe — um dos oficiais, o Kalani, riu — dá pra ficar quieto na sombra enquanto o outro faz todo o trabalho.
A notícia do namoro já tinha se espalhado e todos sabiam, não que fosse uma grande novidade. Algumas pessoas encararam numa boa, outros soltaram os "finalmente!", mas tiveram os idiotas que não encararam tão bem. Afinal era o comandante do Five-0 e um detetive, da mesma equipe, que estavam em um relacionamento amoroso e não tiveram problemas em assumir isso publicamente.
Não que eles soubessem que foi Steve que não teve problemas em assumir publicamente, já que Danny nem foi consultado. Mas ainda tinham pessoas que achavam isso um desrespeito ao uniforme.
— Que engraçado — Danny revirou os olhos — sua sorte é que eu não estou querendo me estressar hoje.
— Calma, é só brincadeira — o policial se justificou.
— Sorte dele que o Steve ainda não está aqui, se não o oficial Kalani entraria em licença médica — Chin disse negando com a cabeça.
— Falando nisso, cadê aquele animal?
— Danny — Kono gritou, nisso Danny e Chin saíram correndo para encontra-los.
Kono e Steve estavam saindo do prédio, que no momento estava uma bagunça de policiais e peritos. Steve estava mancando e Kono o abraçava pela cintura, o dando apoio para andar.
— Eu estou bem, não é nada — Steve disse rapidamente assim que Danny chegou perto.
— Nada? Estou vendo que não é nada — o loiro brigou assumindo o lugar de Kono, segurando o namorado pela cintura.
— Eu estou completamente bem — o comandante garantiu.
— Ah, é? Então anda sozinho — Danny o soltou e empurrou levemente o SEAL, que não chegou nem a dar um passo antes de tombar para o lado, Chin teve que segura-lo antes que ele caísse no chão.
— Danno! — Steve reclamou indignado.
— Idiota! — o loiro o abraçou de novo, dando apoio e o ajudando a chegar até a ambulância — Eu falo para você pensar antes de você fazer alguma, mas você alguma vez me ouve? Não! Seu animal!
— Tinha mais um suspeito, ele estava escondido. Depois que o Barlow pulou da janela, ele nos atacou, quase pegou a Kono. Eu precisava fazer alguma coisa — o SEAL se explicou.
Quando o paramédico viu que era Steve ele arregalou os olhos e respirou fundo, era o mesmo do dia da bomba. Chin bateu no ombro do profissional, lhe confortando.
— Pulou da janela? Steve, pulou da janela? — Danny estava revoltado.
— Sim, ele pulou — o SEAL respondeu calmamente, o paramédico resolveu verificar Kono primeiro, mesmo que a policial não tivesse mais do que arranhões.
— Steve McGarrettt, você está tentando me convencer que um criminoso procurado em diversos estados, responsável por assaltos milionários, narcisista e muito, muito perigoso, simplesmente resolveu pular do terceiro andar para cair em lixeiras? — Danny perguntou bravo, haviam momentos em que ele tinha certeza que poderia atirar no namorado.
Aquele era um desses momentos.
— Ah, tinha mesmo uma lixeira — o SEAL sorriu e se virou para Kono — viu, eu falei que tinha uma lixeira para absorver o impacto e que não era para você se preocupar.
— O QUE? — Danny sentia seu coração falhando, era isso, uma hora ele ia acabar enfartando.
— Não, eu disse que SE NÃO tivesse uma lixeira para absorver o impacto você deveria se preocupar, porque o Danny iria te matar — a policial o corrigiu.
— Vocês só podem estar brincando comigo, é isso, só pode ser brincadeira — o loiro respirou fundo — Eu disse que não ia me estressar hoje, mas você está me testando. Ok, respira fundo — ele dizia para si mesmo — cadê o outro suspeito?
— Hã? — o SEAL de fez de desentendido e Kono começou a limpar poeiras imaginárias das suas roupas.
— Steve, onde está o outro suspeito? — Danny perguntou bem devagar, porque se gritasse sentia que iria matar alguém.
— Irmão, facilita as coisas e fala logo — Chin aconselhou.
— Ah, o suspeito, que atacou a Kono e eu precisei reagir, né? — ele se fez de inocente e Danny o olhou como se pudesse mata-lo — sobre ele...
Nesse momento a perícia passou por eles carregando um corpo dentro do saco preto e o colocou dentro do carro do necrotério.
— Não!
— Danno, por favor!
— Não! Sai! — o loiro empurrou o namorado, que ainda fazia biquinho.
— Você não pode ficar bravo o final de semana inteiro.
— Ah, eu posso sim! — ele suspirou — E você fez de propósito, sabia que eles chegam hoje e quase se matou ontem.
— Não fiz não — Steve finalmente conseguiu abraçar o namorado, ele sabia que Danny estava tenso com a chegada dos pais — quando eu vi o suspeito eu só reagi, eu não pensei em como isso poderia nos afetar depois.
— Você nunca pensa — o loiro resmungou, mas aceitando os carinhos.
Eles estavam no aeroporto, Eddie e Clara Williams estavam chegando ao Havaí para umas pequenas férias. Ficariam duas semanas em um hotel e aproveitariam passeios pelo lugar. Enquanto Clara parecia empolgada com a experiência, Eddie não parecia tão animado.
Quando Clara ligou para confirmar os horários que eles chegariam e se o filho poderia lhes buscar, Danny foi obrigado a contar para a mãe que não estava mais na mesma casa e sim morando com Steve. Ele esperava que teria que dar explicações, mas o que recebeu foi:
— Morando juntos? Oh, isso quer dizer que vocês resolveram dar um passo adiante e vão se casar? — ela perguntou — Oh, Danny, estou tão feliz por vocês!
— O que? Não mãe, espera, dar um passo adiante?
— Sim, porque vocês estão juntos há tanto tempo. Aliás, você é o único dos meus filhos que tem um relacionamento estável e normal, porque suas irmãs... Bridget voltou com aquele namorado estranho que usa mullet e trabalha no boliche, quem namora alguém que tem mullet e trabalha em um boliche? E eu nem vou falar de Stella — ela suspirou.
— Ah, sim.
— Mas eu amo como você e Steve são fofos um com o outro. Ele é um bom rapaz e normal — ela riu e Danny olhou para o lado, onde seu namorado estava guardando suas novas granadas no seu pequeno arsenal.
— Totalmente normal — o loiro murmurou.
Ele voltou dos pensamentos quando o quadro de voos mostrou que o avião de seus pais já tinha pousado. Seu coração disparou e ele precisou respirar fundo, estava ansioso por aquele momento e ele achava que não era do jeito bom.
— Eu que deveria estar nervoso, sou eu que vou conhecer os pais do meu namorado — Steve brincou tentando distrair Danny.
— Se você não ficou nervoso enfrentando os chefes da Yakuza, não acho que ficaria nervoso com os meus pais — o detetive sorriu.
— Mas eu poderia atirar nos chefes da Yakuza, nos seus pais eu não posso — ele deu de ombros.
— Você "poderia atirar nos chefes da Yakuza"? Não foi exatamente isso que você fez mais de uma vez?
— Detalhes. Mas é o que realmente está te incomodando?
— Desde a morte do meu irmão que meu pai anda estranho comigo, mais exigente. Ele critica minhas decisões, parece que tudo que faço é errado. Além de que você vai ser o primeiro namorado que eu apresento para ele.
— Acha que ele pode não gostar?
— Ele é meu pai e eu realmente queria que ficasse tudo bem, mas a opinião dele não é um fator decisivo na minha vida. Eu não preciso da aprovação dele para nada — ele suspirou — o lado bom é que minha mãe só te viu uma vez, mas já te ama.
— Gosto dela também — Steve sorriu — prometo tentar me comportar e fazer o que eu puder para que fique tudo bem.
— Você vai se comportar? — Danny zombou — Você vai ficar duas semanas sem explodir alguma coisa?
— Eu disse "tentar" — o SEAL o corrigiu.
O desembarque foi anunciado e eles foram encontrar com o casal Willians. Clara usava um vestido florido, os cabelos presos, sandálias e tinha um sorriso feliz. Eddie usava camiseta, calça e sapato, fora que ele olhava desconfiado ao redor. Steve quis rir, porque parecia muito com Danny no começo.
— Meninos — Clara disse acenando e praticamente correndo para encontra-los — eu estava com tantas saudades! — ela disse abraçando o filho.
— Eu também mãe — ele respondeu carinhosamente.
— Steve, você está ótimo — ela sorriu e o abraçou o SEAL também.
— Obrigado Clara, você está ainda mais bonita.
— Oh, Steve — ela riu, dando um tapinha no seu ombro.
— Pai — Danny deu um abraço sem graça no pai — como foi o voo?
— É um voo de mais de onze horas, o que você acha? — o mais velho resmungou e Danny nem poderia culpa-lo. Um voo longo já era quase insuportável, ainda mais que ele conhecia sua mãe e imaginava que ela tinha passado o tempo inteiro falando sobre todo o planejamento das férias.
— Olá, Sr Williams — Steve estendeu sua mão, o homem o olhou avaliando, mas acabou aceitando o aperto de mão.
Danny quase não podia acreditar que seu namorado, que na maior parte do tempo agia como um neandertal, estava sendo tão educado. Parece que ele tinha levado mesmo a sério a ideia de tentar fazer tudo ser tranquilo. Bem, era melhor aproveitar enquanto durasse, porque considerando o longo histórico, não duraria muito.
— Estou louca para visitar tantos lugares e eu queria tanto fazer um daqueles passeios aéreos em helicópteros — Clara falou enquanto eles iam para o carro. Ela tinha grudado no braço do SEAL e eles iam conversando, deixando Danny e seu pai para trás em um silêncio um pouco desconfortável — Mas Eddie disse que são muito caros.
— Mas eu posso resolver isso — Steve disse solicito.
— Por acaso você tem um helicóptero? — Eddie perguntou, claramente tentando zombar.
— Não, mas meu amigo tem um e eu posso pilotar — Steve respondeu distraidamente guardando as malas do casal no porta malas do Camaro.
— Steve, isso é maravilhoso — Clara comemorou.
— Ele também pilota helicópteros? — o mais velho perguntou surpreso para o filho.
— Steve faz muitas coisas — Danny suspirou. Manter a boca fechada não é uma delas, ele pensou.
— Querem ir direto para o hotel ou passamos comer alguma coisa? — o SEAL perguntou com as chaves do carro na mão.
— Ele dirige seu carro?
— Pai, quanto mais rápido você entender que o Steve faz as coisas do jeito dele, melhor vai ser — Danny respondeu dando de ombros e entrando no carro.
— Podemos ir para o hotel e depois sair para comer, o que acham? — a mulher sugeriu animada.
— Por mim, tudo bem — Steve sorriu ligando o carro.
O hotel que o casal Williams se hospedaria, o Royal Grove Waikiki, ficava perto de Waikiki Beach, o quarto que eles tinha alugado era um um simples, mas assim que o gerente soube que era para a família de Danny, os transferiu para um quarto maior e melhor sem acréscimo no valor já pago.
— Nós trabalhamos em um caso aqui no ano passado — Steve deu de ombros.
— Foi o do falsificador ou do stalker? — Danny perguntou distraído, colocando as malas para dentro do quarto.
— Do falsificador não foi no Alohilani Resort? — Steve comentou tentando se lembrar — Ele fica só a duas quadras daqui, por isso que a gente confunde.
— Não, no Alohilani foi do assassinato daquele advogado — o detetive respondeu.
— Você tem certeza?
— Steve, você socou o gerente — o loiro falou e o SEAL concordou, se lembrando da cena.
— Verdade, ele não quis dar as gravações inteiras das câmeras de vigilância — o moreno deu de ombros — espera, o do falsificador foi no hotel Hale Koa, aqui foi do stalker mesmo.
— Sim, o cara que você ameaçou jogar embaixo do ônibus — Danny concordou.
— Você ameaça jogar pessoas embaixo de ônibus? — Eddie Williams perguntou surpreso.
— Nesse caso especifico foi necessário para assustar o suspeito, não que eu fosse fazer de verdade — Steve garantiu e Danny, por trás do pai, cruzou os braços e levanto a sobrancelha — então, o que acharam do hotel?
— Steve, querido, é perfeito — Claro abraçou o genro — só duas quadras da praia e tem tanta coisa por fazer por perto. Veja Eddie, poderemos ir caminhando para vários lugares.
— Ok, a localização é boa, mas o quarto poderia ser melhor, né? — o bombeiro aposentado resmungou.
— Pai, para quem ia pagar oitenta dólares por noite, você poderia ficar mais feliz por ter uma suíte que o preço original é mais cento e vinte cada diária — Danny respondeu o pai.
— Meninos, não comecem — Clara interveio — vamos almoçar? Aquele amigo de vocês ainda tem aquele caminhão de camarão?
— Você viajou milhares de quilômetros para comer no Kamekona? — o detetive riu.
— Sim, eu só vim aqui uma vez e mesmo assim não me esqueci, foi o melhor camarão que eu já comi! — a mulher disse sorrindo.
— Eu fiz reservas no Azure — Eddie falou interrompendo a conversa.
— No Azure? — Danny perguntou incrédulo.
— Sim, meu amigo Carl, que joga golf comigo, veio para Honolulu no ano passado e disse que é o melhor restaurantes da ilha — o homem mais velho respondeu.
— Seu amigo Carl disse que nesse restaurante o prato chega a custar duzentos dólares? — o loiro estava tentando não se irritar, por isso Steve colocou a mão no ombro do namorado — Você reservou um quarto de oitenta dólares a diária, mas vai gastar duzentos em um prato? Isso não tem nem lógica.
— Tudo bem, vamos nesse restaurante, amanhã podemos ir no Kamekona — Clara interveio, de novo.
— A noite podemos em uma bar e restaurante que sempre vamos, nosso amigo canta nele — Steve tentou ajudar.
Danny estava dando créditos para o namorado, Steve realmente estava tentando fazer tudo ser agradável, mas seu pai não estava ajudando em nada. Eddie sempre foi um pouco critico as escolhas do filho, ele era um ótimo pai, mas ás vezes exagerava em algumas coisas. E tudo isso tinha piorado depois que Matt, o irmão de Danny, tinha falecido. Agora ele era o único filho homem entre suas duas irmãs, mas também era o filho que morava longe e tinha uma vida da qual o pai não estava presente.
Eddie teve dificuldade de aceitar a sexualidade de Danny quando ele se assumiu para os pais no seu primeiro ano da faculdade, ao contrario de Clara que foi receptiva ao filho desde o inicio. Inclusive a mulher começou a fazer parte de grupo chamado "Mães pela diversidade" que apoiavam a comunidade LGBTQIA+, ajudava em abrigo e participava das Paradas do Orgulho. Danny achava que sua mãe tinha se empolgado um pouco demais com o assunto.
Já com o pai, mesmo depois de ter assimilado o que foi falado e ter jurado que apoiava o filho, ele aproveitou que o assunto nunca tinha retornado e parece ter resolvido fingir que aquela conversa nunca existiu.
O detetive suspirou, ele sabia que as chances daquele almoço acabar em paz eram as mesmas de Steve passar uma semana sem explodir algo.
— Aqui é um lugar muito bonito — Clara falou quando eles se sentavam em sua mesa.
— Viu, eu tinha razão — Eddie se vangloriou. Danny revirou os olhos, o pai estava transformando aquilo numa competição.
— E Grace e Charlie? Estou louca para vê-los — a mulher sorriu.
— Vamos busca-lo mais tarde, Grace fica no grupo de estudos depois da aula e Charlie tem treino de futebol, mas vamos jantar juntos — o detetive garantiu.
— Podemos ir no treino dele?
— Podemos Steve? — Danny perguntou sarcástico para o namorado, que fingiu estar lendo o cardápio.
— Claro que sim — o SEAL falou sem olhar para o loiro — o sub técnico apenas recomendou que eu não fosse mais nos treinos, eu não estou proibido de ir.
— O que houve? — Clara perguntou achando aquilo divertido.
— Nada, apenas que algumas pessoas não sabem ouvir criticas construtivas — Steve respondeu.
A conversa seguia e Danny tentou que fosse tudo calmo, ele realmente tentou, mas seu pai o estava forçando a estourar. Steve foi outro que respirou fundo várias vezes, ele odiava qualquer pessoa que fosse grosseira com Danny. Isso já tinha quase causado um incidente internacional quando um embaixador estrangeiro tinha gritado com o detetive e Steve quase foi para cima dele, sendo segurado por Chin no último momento. Então sua paciência com Eddie Williams estava, claramente, chegando ao fim.
— Não se preocupe, pai, tudo está tranquilo — Danny respondeu suspirando.
— É claro que me preocupo, você é meu filho. Sei que é um homem adulto, mas ás vezes age como criança.
— Espera, como? — o detetive perguntou revoltado.
— Você saiu da faculdade e já entrou na policia, conheceu uma mulher durante uma ocorrência, casou com ela, teve uma filha, separou, ela veio para o Havaí, você veio atrás e engravidou ela de novo. Agora está "namorando" seu chefe?
— "Namorando"? Você está brincando comigo? — Danny sabia que aquela falsa paz não ia durar — Primeiro que Steve é meu namorado, não entre aspas, não é algo incerto. Nós moramos juntos, meus filhos o chamam de Papa, ele faz parte da minha vida e vai continuar nela, você querendo ou não. Segundo, eu não vim para Havaí atrás de Rachel, vim por Grace e não me arrependo, porque isso trouxe as coisas maravilhosas da minha vida, como Charlie e meus amigos que são minha família aqui.
— Vida maravilhosa — Eddie bufou.
— Eddie, pare, por favor — Clara pediu.
— Você já foi irresponsável algumas vezes, mas agora se superou — o homem disse rispidamente para o detetive e o loiro não perdeu como Steve segurou seu copo apertado.
— Do que você está falando? Porque tem noção que nada do que está falando tem sentido? — Danny perguntou bravo.
— Não fale assim comigo.
— E você quer que eu fale como? Que reaja bem enquanto você me ofende e diz que só fiz escolhas imbecis na minha vida? Por que não diz logo o que quer dizer e para de enrolar? Diz logo que eu não sou perfeito como Matthew.
— Danny, por favor, não é isso — Clara disse imediatamente.
— É isso sim, não é pai?
— Matt nunca faria isso — Eddie falou. Danny iria responder, mas percebeu Steve se mexer na cadeira do seu lado, por isso virou-se para ele, colocando a mão na perna do SEAL.
— Não faça nada — Danny avisou o namorado.
— Por que?
— Porque ele é meu pai — o loiro disse. Ele conhecia Steve mais do que ninguém e sabia, só de olhar sua expressão, como ele estava irritado.
— Eu sei que ele é seu pai e eu o respeito por isso, então é claro que eu não vou fazer nada — o SEAL falou.
— Obrigado — Danny suspirou.
— Eu o respeito mesmo que ele não mereça — Steve encarou o ex bombeiro por cima da mesa e Danny revirou os olhos.
— Como é? — o Williams mais velhos perguntou revoltado.
— É isso mesmo, se você trata seu filho assim não merece o meu respeito. Danny é uma das melhores pessoas que eu conheço na minha vida, mas você ignora tudo isso por causa dos seus preconceitos.
— Isso é entre meu filho e eu — o outro respondeu encarando Steve — não é da sua conta.
— Pai, não o encara, ele é louco.
— "Isso" passa a ser da minha conta quando você destrata o homem que eu amo — o SEAL devolveu.
— Agora vamos falar dos nossos sentimentos? — Danny perguntou irônico, mas ainda sendo ignorado pelos dois.
— Oh, eu acho tão fofo que ele não tem problemas em falar o que sente por você — Clara sorriu com as mãos no peito.
— Mãe, isso não está ajudando.
— Amo? Como podem saber que é amor? — Eddie bufou.
— A questão, pai, é que a vida é minha e sou eu que tomo as decisões sobre ela. Você não pode, simplesmente, me ver feliz e ficar feliz também?
— Eu ficaria feliz por você se você tomasse escolhas conscientes e responsáveis. Mas você sempre faz isso, não é? Se joga em qualquer coisa sem nem pensar direito nas consequências.
— Não, o problema nunca foi esse. Foi eu não seguir o caminho que você achou que eu deveria seguir. Eu não preciso que você aceita minhas escolhas, minha sexualidade, ou meu relacionamento. Não precisei antes e, com certeza, não preciso agora. Se não quiser participar da minha vida, não vou pedir. Mas se você não consegue me ver feliz com a pessoa que eu amo e que me ama, sabendo que um faria qualquer coisa um pelo outro, só porque ele também é um homem, isso diz mais sobre você do que sobre mim. Também diz que tipo de pai você é, um tipo que eu nunca seria para os meus filhos.
Danny se levantou e se afastou indo para a parte externa, onde ficava a área dos fumantes. Ele só precisava pensar melhor. Ele achou que as coisas poderiam ser complicadas, mas aquilo tinha superado suas expectativas. E olha que ele era um pessimista.
— Danno — o loiro sentiu braços o envolvendo e ele suspirou, deixando que o namorado o envolvesse — me desculpa, não queria que as coisas tivessem sido assim.
— Não foi você, meu pai precisa entender que sou que eu tomo as decisões na minha vida e nada será como ele quer. Eu sei que ele sente falta de Matt, mas ele não pode jogar em cima todas as suas frustações e expectativas. Meu irmão era o filho perfeito, mas infelizmente nós o perdemos. Só que ao invés de tentar se aproximar de mim, meu pai só me empurra para longe.
— Quando estamos sofrendo, lidamos de formas diferentes e nem sempre somos racionais.
— Experiência própria? — Danny o provocou e Steve riu, beijando o namorado.
— Talvez sim.
— Talvez? Porque eu acho que você tem uma vasta experiência em tomar atitudes irracionais.
— Por isso que eu tenho você, para pensar nas coisas por mim.
— E de que adianta eu pensar no perigo por você, se antes de eu falar algo você já se jogou nele? — Danny resmungou e os dois voltaram para dentro.
O detetive sabia que a conversa tinha sido para distraí-lo e ele era grato pelo namorado. Eles estavam de mãos dadas, voltando para a mesa e mais calmo. Ele daria a opção para o pai de aceitar sua vida ou ele se afastaria, sem brigas, apenas pegaria seu namorado e iria embora.
— Perdão — um homem que esbarrou nele resmungou e seguiu seu caminho para o banheiro.
— O que foi? — Steve perguntou.
— Eu não sei, mas não estou com um bom pressentimento — ele respondeu em voz baixa.
Voltaram para a mesa, Eddie e Clara pareciam ter uma discussão em voz baixa quando chegaram, mas a encerraram quando os viram. Clara puxou um assunto qualquer, falando sem parar sobre coisas banais, tentando aliviar o clima. Mas Danny já não estava prestando atenção.
Ele olhava para a mesa que o homem que tinha esbarrado nele estava, ela ficava no caminho logo após entrada e ele a dividia com mais cinco homens. Todos usavam ternos e poderia parecer apenas um almoço de negócios, mas como Steve vivia dizendo, ninguém usava aquelas roupas por ali. Fora que eles olhavam muito em volta, conferindo o lugar regularmente, e dois deles, que pareciam um pouco nervosos, passaram a mão pelas costas três vezes.
— Eu vi — Steve disse em voz baixa — ligue para Kono, vamos precisar de reforços.
— O que está havendo? — Clara perguntou.
— Mãe, eu preciso que vocês dois saiam do restaurante agora — Danny respondeu já discando o celular ligando para a amiga.
— Oi, Danny, achei que você estava com seus pais hoje — Kono falou quando atendeu a ligação.
— Steve e eu estamos no restaurante Azure, na Kalakaua Ave, em Waikiki, precisamos de reforço, possível ação está prestes a acontecer.
— Do que está falando? — Eddie perguntou — Nada está acontecendo.
— Deixa que eu faço o meu trabalho — Danny avisou — e saiam logo, por favor.
— Era para ser o meu dia de folga — Kono esbravejou irritada do outro lado do telefone — eu tinha planos para hoje que envolviam meu noivo, nossa banheira, champanhe e muita espuma — ela digitava no seu computador.
— Ás vezes você da detalhes demais — o loiro disse observando Steve passar perto da mesa do suspeitos com o celular na mão, como se falasse com alguém, mas estava os filmando para mandar as imagens para equipe.
— Como se você e o chefe não tivessem aproveitado a banheira daquele hotel — ela resmungou — da próxima vez eu levo o Adam e nós que nos infiltramos como hospedes. Consegui as câmeras da rua, o que estou procurando?
— Steve vai mandar as imagens dos suspeitos, temos seis homens com roupas sociais, possivelmente armados. Temos três que parecem de origem asiática, dois brancos e um latino.
— Ok, recebi as imagens do chefe — a policial disse — estou olhando as câmeras e tem mais três homens que batem com as descrições do lado fora, dois latinos e um asiático.
— Avisei Chin — Steve disse voltando a se sentar do lado de Danny.
— Kono falou que tem mais três do lado de fora — Danny o avisou e então notou os pais ainda na mesa — pelo amor de Deus, deem o fora daqui.
— Certo — a mãe dele concordou na hora, se levantando e puxando Eddie.
Porém eles não tiveram chances de chegar até a porta, porque mal tinhas dados alguns passos longe da mesa e um dos homens se levantou, agarrando o pescoço do garçom que passava e segurando uma arma contra seu pescoço.
— Todos quietos e ninguém se machuca — ele avisou.
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