˖࣪ ❛ VISÃO
— 24 —

— KINBOTT DEVE SER O XAVIER.

Winnie deixou um chiclete de morango no meio do caminho quando a ouviu, olhando para ela um pouco incerta.

─ Tem certeza? Eu sinto que... Não é que eu não concorde com você ou que eu não acredite em você, mas... Eu não sei, talvez mais uma prova de que é assim? ─ ela murmurou, sem saber como se expressar sem levar a mal.

— Eu nunca estou errada. — respondeu Wandinha .

─ Não estou dizendo isso, mas... ─ ela franziu os lábios, procurando uma boa resposta. ─ Vamos esperar encontrar mais evidências para que eles acreditem em nós, ok?

Wandinha assentiu com a cabeça e voltou a se concentrar no diário de Nathaniel, Winnie suspirou, algo lhe dizia que ela estava desaparecida, mas como estava, ela não sabia o quê.

─ O Hyde fica dormindo até ser liberado por um evento traumático ou por indução química ou hipnose. ─ Wandinha leu, Winnie notou que o tio Fester estava pegando o ketchup, fazendo o possível para não rir da cena, embora para Wandinha não parecesse que foi nada engraçado. — Está escutando?

Fester assentiu, mostrando que estava muito concentrado, embora estivesse mais concentrado em beber aquela coisa do que em ouvir.

— Ele deve ter descoberto que era um Hyde e usou hipnoterapia para acordá-lo. — continuou ela. — Isso explica suas sessões secretas. ─ Fester acenou com a cabeça, notando como Winnie se aproximou um pouco mais de Wandinha para ver o diário, ela quase disse algo mas seu olhar parou em Tyler, pensando que ela estava olhando para ele.

─ Acho que o rapaz do bar me reconheceu. ─ incluiu ele, o casal olhou para ele, Winnie seguiu seu sinal percebendo Tyler incomodando-a lembrando do que quase aconteceu entre eles.

Wandinha revirou os olhos, o pior lugar que seu tio queria se esconder era ali e nenhum outro.

─ Sim, ele está vindo aqui. ─ Wandinha olhou para ele com tédio. ─ Vou aplicar uma chave romena de sonho a ele. Me proteja!

─ Aqui, um chá com leite e bolo de chocolate. ─ ele se virou para Winnie com um olhar terno, a ruiva sorriu um tanto forçada, lamentava ver que alguém como Tyler gostava dela e que por sinal não era recíproco. ─ A Casa convida...

— Ei, obrigado garoto! — tio Fester exclamou, e Tyler olhou para ele confuso enquanto pegava a comida para si. — Embora para o próximo possa ser um café preto, sabe, este é mais como o minha Winnienini, mas é apreciado. Mhm, que bolo gostoso, tem outro?

Winnie olhou para ele um tanto divertida, Wandinha ficou satisfeita ao ver que ele interrompeu a tentativa fracassada de Tyler.

─ Bem... ─ Tyler começou, quase dizendo a ele que era para Winnie mas resolveu ficar calado quando viu que ele pedia outro ketchup. ─ A-ah..

─ De qualquer forma, obrigada. ─ Winnie sorriu para ele, tentando não acabar com o clima constrangedor. ─ Ele é o tio Fester, bem, tio da Wandinha mas eu me acostumei a chamá-lo assim... Bem não, na verdade eu o chamo de careca, mas pode chamar de Fester. ─ ela parou ao notar que estava divagando de novo, Tyler apenas assentiu.

─ Ah, ah.. Olá, Fester... ─ ele reclamou quando um choque elétrico atingiu sua mão quando ele a apertou com a do homem, surpreso ele acariciou a área afetada para tentar acalmar a dor.

Tio Fester apenas ria, Wandinha sorria e Winnie sorria um pouco, mas se encolhia como se quisesse sumir. Felizmente para ela, Tyler não disse nada, mas seu olhar terminou com o jornal que ainda estava aberto na área de Hyde.

─ Isso é...? ─ ele se inclinou sabendo que não haveria espaço para os três no mesmo lugar, Winnie se aproximou de Wandinha sem querer olhar para trás quando percebeu que ele estava olhando para ela com o canto do olho como se ele estivesse esperando algo. ─ Hyde. ─ ele leu e continuou submerso na página, até que pareceu se lembrar de algo e se levantou mas ficou ali. ─ Certo, Winnie, podemos conversar... A sós?

─ Hã? — ela perguntou, estando um pouco perdida em seus pensamentos. — Eu... ─ ela olhou para o tio Fester que parecia muito concentrado na situação à sua frente, como se fosse uma novela, e depois para Wandinha que continuou com uma expressão de querer matar qualquer um que cruzasse seu caminho.

─ Serão apenas alguns instantes, naquela mesa. ─ ele insistiu, Winnie olhou para ele apontando para o lugar a cerca de três mesas de distância.

Winnie suspirou, talvez não fosse nada e se ele levantasse o assunto de 'gostar' ou o que quer que seja por que Tyler estava tão interessado nela, ela diria a verdade, ela não aguentaria mais rejeitar alguém.

─ Claro.

Ela olhou para Wandinha dizendo a ela com os olhos que tudo ficaria bem, felizmente eles estariam próximos, então se Tyler tentasse algo, Wandinha não pareceria estúpida olhando para tudo.

Ela se sentou e ficou grata por Tyler estar sentado no outro lugar, se eles estivessem juntos ele diria qualquer coisa e isso certamente arruinaria seus planos.

─ Bem, aqui estamos nós. ─ o silêncio entre eles quebrou, Tyler estava um pouco nervoso, mas ainda com seu sorriso característico.

─ Bem... Eu queria falar sobre nosso encontro um tanto malsucedido, é como se algo não quisesse que tivéssemos. ─ ele brincou, deixando escapar uma risada, Winnie o seguiu um tanto forçada a saber o porquê.

— Sim, sobre isso...

─ Não se preocupe, mas eu queria falar sobre outra coisa. ─ ele a interrompeu antes que ela pudesse continuar, a ruiva se calou esperando que ele terminasse, era como se ele já soubesse a resposta mas não queria aceitar isso, e uma lembrança disso me veio à mente: o baile.

E se a senhorita Thornhill lhe contasse algo? Se eles falaram foi algo... Inesperado para ela, ela não sabia que eles se conheciam. Mas se Tyler sabia sobre ela e Wandinha, dizendo que Thornhill deve ter entendido mal o conceito de 'casal', então por que ele insistiu?

Ele não iria atrapalhar... Iria?

— Winnie?

─ Hã? ─ ele piscou reagindo. ─ Sim, sim, desculpe, o que você estava dizendo?

─ Que se eu puder te levar a algum lugar, quero te mostrar algo antes que seja tarde demais.

─ Tarde demais? ─ ela repetiu pensando que tinha ouvido mal, mas Tyler apenas sorriu como se nunca tivesse dito isso. — Bem... Eu não sei, quando seria?

─ Hoje à noite, por volta das 20h.

─ Sim, quanto a isso... Não posso sair, eles nos vigiaram depois de tudo isso.

— Não se preocupe com isso, já arrumei isso. — ele sorriu genuinamente, esperando que ela aceitasse.

Winnie olhou para baixo, sem saber o que fazer.

─ Eu... — mas felizmente, não tanto para Tyler, o xerife Galpin entrou no refeitório interrompendo a conversa.

★

Wandinha estava na sala, arrumando o smoking que usava pela quinta vez. Mãozinha olhou para ela, parecendo orgulhoso que o casal finalmente teria seu primeiro encontro depois de tantos anos esperando por esse momento. Rosetta, a borboleta de Winnie, estava em cima de Mãozinha movendo suas asas como se acompanhasse sua emoção.

─ Pode calar a boca? Você me dá dor de cabeça. ─ ela o impediu, ele a estava deixando de mau humor com tanto barulho. ─ Cala a boca, não estou nervosa, só quero que tudo seja perfeito. Você zoa de novo e eu escondo todos os seus cremes. ─ ela olhou para ele por cima do ombro e Mãozinha permaneceu como uma estátua, até que a garota de cabelos negros olhou para ela mesma no espelho novamente e Mãozinha voltou a se emocionar mas agora em silêncio.

Ela não estava nervosa, ela apenas se lembrava repetidamente de como Winnie estava animada com o primeiro encontro delas e queria que ela sempre tivesse isso em mente como algo perfeito.

Algo que Winnie merecia lembrar.

Elas não podiam ir além das grades, mas isso não era problema. Não é como se elas soubessem o que iriam fazer também.

Já estava ficando na hora, então ele olhou para Mãozinha.

─ Toma conta do jornal ─ ordenou e o referido ergueu o polegar, desejando-lhe boa sorte. ─ Obrigada. — agradeceu e finalmente saiu do local, indo direto para onde Winnie estava hospedada.

Ela ouviu algumas vozes assim que chegou à porta, algo alto como se estivessem apressando alguém. Ela revirou os olhos imaginando Enid falando alto sobre o encontro que Winnie possivelmente disse a suas amigas.

Ela bateu na porta umas três vezes e as vozes morreram em microssegundos, até que Winnie se deu a conhecer e fechou a porta atrás de si antes que Enid pudesse dizer mais alguma coisa, cega pela emoção.

─ Ei... ─ ela sorriu nervosa ao ver como Wandinha a olhava. ─ Espero que eu esteja bem vestido ou juro que vou começar a chorar no meio de um encontro. ─ ela tentou brincar, soltando um pequena risada.

Ela estava com um lindo vestido e no braço carregava uma bolsa cor de creme, os cabelos soltos como sempre, mas enfeitados com uma coroa de borboletas brancas, iguais às que ela usava no baile.

─ Você está linda, Cara mia. ─ a ruiva se emocionou, sorrindo grandiosamente.

─ Sério?

— Não me faça repetir. — Winnie sorriu divertida quando viu que ela notou suas intenções.

─ Bom, bom. Você continua linda, Mon chéri, sempre gostei quando você veste um smoking.

─ Eu sei. ─ Wandinha concordou, ela sabia bem porque era sua primeira e única opção de se vestir.

Isso era o que ela ia fazer esta noite. Dar a Winnie tudo o que ela gosta.

Winnie sorriu emocionada com sua ação e as duas se dirigiram para a saída, tentando não serem vistas por ninguém. Ambas estavam com as mãos entrelaçadas e Winnie as jogava para frente e para trás.

Elas poderiam ter grandes problemas por sair sem avisar, mas estava feito. Minutos depois elas conseguiram sair da Academia e foram para a mata, embora Winnie estivesse um pouco insegura sobre ir longe, mas ela estava tentando se acalmar e aproveitar o momento.

Nem em sonho Wandinha iria ter seu primeiro encontro em um lugar típico como um restaurante ou um parque de diversões, muita gente para o seu gosto. Ela tinha outros planos, aliás sendo ajudada por Mãozinha a conseguir as coisas sem gastar dinheiro.

Vantagens.

— É aqui. — Wandinha a interrompeu antes que Winnie pudesse saber para onde elas estavam indo, Winnie olhou para ela sem entender porque elas estavam no meio do nada.

─ Por que até aqui? — ela olhou em volta esperando ver alguma coisa, mas nada.

Ela sentiu que Wandinha estava atrás dela e em segundos sua visão escureceu, a mulher de cabelos negros incitando-a a continuar em frente com as mãos cobrindo os olhos.

Outra coisa que sempre esperou ter: uma surpresa, embora detestasse ficar intrigada.

Wandinha a parou depois de mais alguns minutos até sentir que não estava mais tocando grama ou folhas, mas sim um chão duro.

— Talvez não tenha tido uma boa primeira impressão com este lugar, mas talvez mude. — Wandinha falou depois de um longo silêncio, começando a tirar as mãos dos olhos de Winnie até deixá-la ver onde estavam.

Winnie ficou surpresa ao ver que elas estavam na cripta de Crackstone, mas com algo diferente que quase nem mostrava o que aquele lugar realmente era.

O local foi iluminado por luzes prateadas, e um raio de luz branca saiu de um canto, fingindo ser a luz da lua. Bem no meio havia um cobertor com travesseiros, ao lado de um havia uma cesta como as que Winnie gostava. Ao redor do cobertor havia flores, verdadeiras e falsas, e pode ser que Wandinha as 'pegou emprestadas' da Srta. Thornhill.

E então um pôster muito colorido para Wandinha ter feito. Embora esse fosse o trabalho de Mãozinha, que foi pedir a Enid que o fizesse, Wandinha era teimosa demais para pedir ela mesma.

─ Feliz aniversário, Cara mía. ─ Winnie se virou ao ouvi-la e se surpreendeu ao vê-la segurando um pequeno bolo decorado com morangos, ela levou as mãos à boca tentando conter a vontade de chorar. ─ Talvez você tenha esquecido seu próprio aniversário, o que é meio surpreendente, mas não aqueles ao seu redor.

─ Me desculpe, com tudo isso eu nem percebi que dia é hoje. ─ ela sorriu um tanto constrangida por ter esquecido seu próprio aniversário, que sempre a emocionava. ─ Obrigada, Wandinha...

Mas seria o primeiro aniversário sem a família, isso não era motivo de entusiasmo. Muito menos com um monstro por perto esperando o momento certo para atacar.

Wandinha espalhou o bolo esperando a vela apagar, o que fez após alguns segundos pensando em seus desejos. Winnie bateu palmas, já que Wandinha não podia, mas ela continuou sorrindo.

Primeiro encontro e aniversário juntas, nada importava.

─ Tem alguns presentes para você. ─ a ruiva sorriu e a seguiu até que ambas se sentaram no cobertor, Wandinha pegando a cesta até tirar alguns presentes.

Enid, tio Fester, teve um dos pais dela que com certeza pediu a Wandinha para ficar com ele, dos Addams e teve até um de Mãozinha.

─ Uhm, Wandinha.. ─ a morena cantarolava para ela continuar enquanto tirava o que havia sobrado na cesta, alguns doces que Winnie gostava e, nunca poderiam faltar, as gomas de morango. ─ Nada. Obrigada por preparar isso para mim, amo tudo. ─ ela sorriu agradecida.

─ É o mínimo que você merece , Mon amour. ─ Wandinha olhou para ela, a ruiva sentiu que ela estava corando como toda vez que ela dizia algo para ela ou usava o 'Cara mia'.

Winnie jamais se arrependeria de ter rejeitado Tyler, apesar de se sentir mal por ele, naquele momento ela só pensava em Wandinha e em como estava grata por ter ido para Never More com ela.

A noite foi passada com elas compartilhando um momento memorável, Winnie divagando de vez em quando por causa do quão nervosa ela estava.

As duas acabaram deitadas no cobertor, de barriga para cima aproveitando a luz branca quase fraca que fingia ser a Lua, as coisas já estavam arrumadas de volta na cesta.

Winnie segurou a mão de Wandinha em seu abdômen, acariciando e dando-lhe o calor que ela precisava. Embora ela não estivesse reclamando, sua frieza era reconfortante.

Elas mergulharam em um silêncio confortável. Em determinado momento Winnie ousou se aproximar até encostar a cabeça no ombro de Wandinha, entrelaçando suas mãos.

— Não durma, Winnie. — a ruiva reclamou em seu tom autoritário. — Estou falando sério. ─ ela olhou para Wandinha percebendo que já a olhava com as sobrancelhas franzidas.

─ Mas me sinto muito confortável assim, vou acabar dormindo. ─ Winnie a abraçou escondendo o rosto em seu pescoço fazendo com que Wandinha revirasse os olhos.

─ Não vou te acordar, irei sem você. ─ ela a avisou mas em troca recebeu um aperto mais forte.

– Eu não vou deixar. — ela fechou os olhos, mas gritou quando foi empurrada de volta para o cobertor. — Ei, isso é cruel!

─ Você pediu. ─ ela se levantou e olhou para ela, vendo como Winnie olhava para ela com os braços cruzados como se a desafiasse com o olhar de que ela não ia mover um centímetro mas Wandinha não ia ficar atrás. ─ Vamos. Agora. — ela ordenou.

— Isso foi muito cruel da sua parte, Addams, não autorizo. — disse ela, fingindo estar com raiva.

─ Bem, volte sozinha no meio da noite, quem sabe você encontre um certo monstro chamado Hyde e o cumprimente para mim. ─ ela disse como se nada tivesse acontecido e começou a ir embora, sem se importar se no dia seguinte as coisas se foram.

─ Não me deixe sozinha! ─ Winnie exclamou quase sem medo de que algo lhe acontecesse, levantou-se e correu até quase derrubar Wandinha por se jogar contra suas costas. ─ Eu não vou te perdoar por isso.

─ Isso mostra. ─ Wandinha ironizou quando sentiu como ela a abraçou como se sua vida dependesse disso.

─ Você é cruel, vou repetir até você gravar. ─ ela cruzou os braços novamente e dessa vez ela foi na frente para sair, Wandinha sorriu de lado com o elogio.

— Obrigada. — Winnie lançou-lhe um olhar zangado, nem um pouco divertido.

As duas saíram e Winnie continuou andando, esperando que ela se lembrasse do caminho de volta sozinha. Wandinha a seguiu, um tanto divertida com suas ações.

─ Você ainda está com raiva, Cara mia?

─ Sim, e isso você me chamar que Cara mia não resolve! — ela respondeu, Wandinha soltou uma risada silenciosa para que Winnie nem percebesse que ela estava zombando dela.

A ruiva sentiu que algo a tocava mas depois de alguns segundos parou de sentir, olhou por cima do ombro um pouco confusa mas se assustou quando percebeu algo.

Wandinha estava tendo uma visão, e ela tinha cem por cento de certeza que era por causa dela.

Ela a pegou antes que Wandinha pudesse tocar o chão, em segundos Wandinha voltou a si, mas sua expressão a preocupava.

─ Wandinha? ─ ela perguntou sem obter respostas, tirou algumas mechas que cobriam seu rosto mas seu olhar estava perdido. ─ Wandinha, você está me assustando. O que viu?

─ Temos que ir. ─ Wandinha disse sem mais delongas e segurou a mão dela, começando a correr o mais rápido que podiam em direção à Academia.

─ O quê?! Wandinha, eu não entendo! ─ Winnie insistiu em tentar acompanhá-la, olhou em volta para ver se o monstro estava perto e tinha a ver com a visão.

─ Temos que sair daqui o mais rápido possível, e quando digo sair daqui quero dizer Never More, tudo que tem a ver com este lugar!

─ De tudo? — Winnie olhou para ela sem entender seu desespero. — Mas e quanto ao monstro, o que...

─ Winnie, chega de monstro! ─ a ruiva se assustou quando Wandinha parou de repente, segurando seus antebraços. ─ Foda-se o Hyde, foda-se toda essa gente, não vou ficar aqui enquanto você estiver.

─ Do que você está falando?

— O maldito Hyde é o estúpido Tyler, Winnie! — a ruiva olhou para ela sem conseguir processar aquela informação.

─ Ele...?

— Devemos sair daqui antes que seja tarde demais. Ele... Merda, não chegue mais perto dele, está me ouvindo? Se acontecer o que vi na minha visão, juro que... Temos que sair daqui, ok? — Wandinha olhou para ela, desesperada para ser ouvida, Winnie assentiu um pouco atordoada.

— Sim, sim, eu...

─ Vamos conversar na sala, vamos. ─ Wandinha a abraçou de lado e voltaram em direção ao Never More, Wandinha olhando para cada lado como se tivesse medo de aparecer de surpresa.

Winnie estava tão imersa em seus pensamentos que pareceram segundos antes que elas finalmente chegassem. Ela queria saber mais sobre a visão de Wandinha, mas percebeu que não seria fácil para a mulher de cabelos negros contar.

Mas algo lhe dizia que já sabia o que tinha para ver.

Elas chegaram ao quarto depois de alguns minutos, tomando cuidado para não esbarrar em ninguém. Wandinha abriu a porta e as duas entraram, mas pararam de repente ao ver o estado do lugar.

Tudo foi destruído, as páginas do romance espalhadas pelo chão, nem a parte de Enid foi salva.

─ O diário... ─ Wandinha murmurou, soltando Winnie para procurar rapidamente o objeto, vendo que não estava no lugar que ela havia deixado. ─ Mãozinha? ─ Wandinha procurou, mas alguns pingos fizeram as duas olharem na mesma direção.

Cada uma lentamente olhou para cima, com medo do que encontrariam. Winnie engasgou ao ver Mãozinha, uma faca o atravessava e o sangue escorria. Wandinha rapidamente foi em frente e Winnie olhou em volta lembrando de algo.

Ela procurou desesperadamente até que seu olhar terminasse no chão. Ela se aproximou com passos lentos e incertos, congelando ao ver Rosetta. Esmagada, sem chance de estar viva ou mesmo de ter outra chance.

Winnie a segurou enquanto corria atrás de Wandinha que ia em busca do tio Fester. Mãozinha sobreviveu, mas Rosetta seria enterrada sob a Lua, esperando que ela cuidasse dela.