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˖࣪ ❛ ENID E MÃOZINHA AMAM WINDINA
— 19 —
O BAILE FOI o melhor apesar do seu fim, mas a única coisa que elas pensaram foi que era um grande impulso para tudo o que viria em seu novo relacionamento.
Não era oficial, mas elas também não se importavam.
Chegou o dia em que os pais iriam para a Academia, e Winnie estava mais nervosa do que gostaria. Ela nem conseguiu dormir a noite toda, mas também não foi com Wandinha ou Enid para acompanhá-la, não queria incomodá-las.
Quando o sol já estava alto, Winnie já estava sentada em sua cama esperando que alguma delas acordasse.
Enid foi a primeira, muito antes da hora. Por causa de seus nervos, ela foi de um lugar para outro depois de passar cerca de dez minutos deitada de forma dramática na cama de Winnie contando sobre os problemas com sua mãe por não se transformar em lobo.
Ela então se trancou no banheiro dizendo que era hora de se arrumar, então Winnie teve a ideia de ir acordar Wandinha. Ela estava nervosa, mais do que antes, já tinha feito isso muitas vezes, mas desta vez ela se sentiu diferente.
Ela respirou fundo e se preparou mentalmente. Sua mente a torturava lembrando-a repetidamente da dança e da confissão, como se quisesse deixá-la nervosa de propósito.
Ela gostava da posição em que sempre dormia, os braços cruzados como se estivesse morta, e acreditaria se não estivesse acostumada a isso agora. Ela se lembrou daquela vez em que Enid a viu assim pela primeira vez e quase deu a ela algo para pensar que ela estava realmente morta, sua pele pálida e sem se mover a deixou por cerca de uma hora sendo consolada por Winnie enquanto Wandinha continuou como se nada tivesse acontecido.
Ela sentou-se na cama com cuidado e estendeu a mão, um pouco insegura se deveria fazê-lo ou não. Às vezes ela odiava querer ser tão demonstrativa com ações, algumas pessoas odiavam contato físico e ela estava ali querendo fazer isso.
─ Oh, Lua! — ela ficou surpresa quando os olhos de Merlina se abriram antes que ela pudesse estender a mão para tocá-la. — Quase morri, pare com isso, por favor. ─ pediu, tocando o peito para acalmar o coração.
— O que você estava tentando fazer? — a ruiva recuou quando Wandinha se sentou, quase esbarrando uma na outra, a garota de cabelos negros olhando para ela com os olhos semicerrados.
─ Eh... Indo te acordar? ─ respondeu embora soasse mais como uma pergunta, deu uma risada nervosa brincando com as mãos. ─ Sim, é hora de levantar, então decidi fazer isso sozinha, espero que não se importe.
— Por que eu me incomodaria? ─ Winnie olhou para ela com alívio ao ver que ela não estava com raiva nada. Wandinha se levantou e foi até o armário pegar seu uniforme.
─ É que você não gosta de ser incomodado na hora de dormir, você diz que te pegam desprevenida e podem fazer alguma coisa com você. ─ Winnie explicou.
— Eu sei quando você faz isso e quando outra pessoa faz isso. — ela informou, e Winnie abaixou a cabeça de vergonha. — Mas também sei quando alguém chega muito perto de mim. ─ Wandinha olhou para ela desconfiada, encostada no batente da porta e a ruiva riu nervosamente.
─ Ah... Bem, é que... Você sabe, às vezes as pessoas tropeçam e... Não, tropeçar, não, não tem nada a ver com isso, mas... Eu... ─ Winnie tentou encontrar uma desculpa, mas parou quando ela viu que Wandinha não acreditava nela. — Bem... Eu queria te acordar com carícias... E te b-bei... Não me faça dizer isso. — ela implorou.
— Eu te forço a dizer isso, Winnie. — Wandinha ordenou, a ruiva olhando para ela com reprovação.
─ Não. ─ ela balançou a cabeça e cruzou os braços, se falasse isso morreria de vergonha.
─ Bem, se você quer assim. ─ Wandinha foi até o armário e fechou a porta para se trocar, Winnie olhou para ela desesperada, pensando que ela tinha ficado com raiva.
— Você não está com raiva, está? ─ perguntou mas só recebeu silêncio. ─ Oh, pelo amor de Luna. — ela murmurou e ouviu outra porta se abrindo, Enid saindo do banheiro com um grande sorriso, esquecendo-se completamente da mãe.
─ Problemas de relacionamento? — ela perguntou como se adorasse o drama, levantando-se para ficar ao lado de Winnie. — Agora te obrigo a me contar tudo, vi como se olharam no baile e posso saber que acabou mais que bem. Vocês já são um casal? — ela falou tão rápido que Winnie teve que interrompê-la antes que ela continuasse com mais perguntas.
— Bem... Infelizmente não. — ela lamentou, Enid baixou os ombros em desapontamento até que sua expressão mudou completamente.
─ Não importa! ─ a ruiva se assustou com sua mudança de humor. ─ Mãozinha e eu já temos uma ideia para finalmente serem o casal do ano.
Winnie olhou para Mãozinha sem expressão, o mencionado acima deu-lhe um sinal de positivo enquanto ela estava na mesa de Wandinha.
─ Eu...
─ Eu te aviso quando estiver tudo pronto, te conto tudo e você vai atrás de Wandinha. ─ Enid a interrompeu, empolgada demais para ouvi-la. ─ Eu até tenho o nome do shipp, Winlina! — ela aplaudiu e as duas ficaram paradas quando Wandinha saiu com o olhar fixo na loira.
─ Discrição não é sua praia, Enid.
─ Não estou interessada, vocês vão ser um casal ou eu vou ter um ataque cardíaco! ─ ela exclamou como se realmente tivesse acontecido com ela, Wandinha apenas olhou para ela e foi para o banheiro. ─ É óbvio que ela quer. ─ Enid encolheu os ombros como se fosse óbvio, Winnie olhava para tudo sem saber o que dizer.
★
As três estavam no pátio principal, Weems se posicionando na frente de todos no momento em que os pais começaram a entrar. Winnie procurava a sua com os olhos enquanto segurava a manga da jaqueta de Wandinha com força.
Embora soubesse que poderia tocá-la, não sabia se poderia fazê-lo em público e ainda mais com sua família à sua frente. Wandinha não suportava ouvi-los.
─ Never More foi criado como um refúgio. ─ Weems começou. ─ Onde seus filhos estudam e crescem, não importa quem ou o que sejam. ─ o povo aplaudiu. ─ Sei que muitos ouviram falar do infeliz incidente envolvendo um dos alunos, mas fiquei feliz em informar que Eugene está se recuperando e espera-se que se recupere totalmente. Vamos nos concentrar no positivo e fazer com que essa visita dos pais seja a melhor de todas.
Eles aplaudiram novamente e Winnie franziu os lábios, sentindo-se culpada por não estar com Eugene.
─ 'Está melhorando?' — Wandinha repetiu sarcasticamente. — Ele está em coma.
— Vocês já foram vê-lo? ─ Enid perguntou a elas, Winnie apenas abaixou a cabeça envergonhada, Wandinha apenas olhou para ela. ─ Vocês são amigas dele.
─ Eu sou a razão de ele estar no hospital.
— Isso não é sua culpa, ok? O monstro não atacou ninguém na semana passada, talvez eles finalmente o tenham afugentado.
─ Talvez eu vá para evitar esse encontro. ─ Wandinha olhou que seus pais e os de Winnie já estavam no pátio, as duas famílias conversando entre si. ─ Como não trouxe minha máscara da peste?
─ Wandinha... Acho que não estou pronta como pensei. ─ Winnie sussurrou para ela, ela quase fugiu quando viu sua mãe, ou bem, Joliett.
Wandinha apenas acariciou sua mão para tranquilizá-la e as duas se separaram para que nenhum de seus parentes notasse aquela aproximação.
─ Olhe para minha família. ─ Enid murmurou sem perceber o que estava acontecendo, o casal olhou por cima do ombro para uma mulher e um homem que estavam olhando para um grupo de lobisomens. ─ Mentalidade de embalagem tóxica. Dou trinta segundos a minha mãe para que suas garras de julgamento saiam. ─ Enid soltou um longo suspiro. ─ Vamos acabar com isso.
As três assentiram e cada uma seguiu seu caminho.
Winnie, não conseguindo evitar, correu até se esconder nos braços de seus pais, sua irmãzinha a abraçou por trás e as quatro mergulharam em um grande abraço.
Apesar de tudo, Joliett e seu marido, que ainda não sabia seu nome, haviam lhe dado uma vida que ela tanto merecia.
─ Minha filhinha, quase fui pro outro bairro por ter você longe por tanto tempo. ─ exclamou o pai, dramaticamente, Winnie riu e os três se soltaram, a filhinha ainda abraçada com medo de acordar e ver que Winnie ainda estava longe dela. — Conte-nos tudo, como você está? Você gosta de Never More?
─ Você sabe que se você se sentir desconfortável e quiser ir embora, pode nos dizer, minha Lunita. ─ Joliett disse acariciando sua bochecha, Winnie fechou os olhos tranquila ao seu toque.
─ Já está se tornando meu lugar preferido, sério, não estou reclamando de ter aceitado. Até fiz uma melhor amiga e tenho um grupo de amigas! ─ ela sorriu ao se lembrar, seus pais estavam ansiosos para ver o progresso. ─ Então eu as apresento, seus nomes são Enid e Yoko.
─ Estamos tão felizes que você finalmente pode seguir em frente, eu sabia que o Never More seria o melhor para você. ─ Joliett disse. ─ E diga-nos, como Wandinha leva isso?
─ A seu modo, mas suponho que seja melhor do que todos esperavam. ─ ela respondeu não tão convencida na verdade. — Mas por enquanto ela não quer fugir, nos primeiros dias sim, mas mudou de ideia.
─ Espero que não seja por causa daquele monstro, é melhor você ficar longe dessa coisa, Winnie. ─ seu pai ordenou e a ruiva assentiu rapidamente, ela sabia que se descobrisse tudo o que aconteceu com elas, a tirariam à força.
─ Eu juro que sempre fico o mais longe possível, e Wandinha está com outra coisa que tem a ver com a família dela, não se preocupe.
─ Que coisa? — Joloett perguntou sem entender.
─ De seu pai ser um prisioneiro. ─ ela explicou em resumo e a expressão de ambos os adultos mudou repentinamente. ─ O que vocês sabem?
— Tudo o que sabemos é que é melhor esquecer, sem envolvimento, Winnie Cowen. — sua mãe apontou em advertência.
─ Vou ter isso em mente. ─ ela concordou e os quatro resolveram passear pela Academia enquanto Winnie lhes contava alguns momentos.
Enquanto andavam, Winnie viu Wandinha, ela estava sozinha e com uma cara feia, parecia estar procurando por alguém. Quando os dois olhares se encontraram, Winnie se desculpou com sua família e se aproximou dela, a mulher de cabelos negros começou a andar até que ambas estivessem em um corredor vazio.
— Wandinha, o que está acontecendo? — ela perguntou preocupada quando Wandinha parou com os braços cruzados.
─ Meus pais vão fazer terapia comigo, é a pior notícia de todos os tempos. Isso é uma tortura, e não combina comigo. ─ reclamou com o olhar perdido, as sobrancelhas franzidas.
— Bem...Talvez não seja tão ruim. — ela tentou ajudar, Wandinha a olhou séria. — Certo?
Wandinha pensou nisso.
─ Tem razão. ─ concordou, a ruiva suspirou aliviada mas ainda a olhava. ─ Será o momento certo para falar sobre o caso, eles devem me dizer a verdade. Gostem ou não.
─ Uau... Você sempre planeja tudo. Eu gostaria de poder fazer o mesmo.
— Você falou com eles?
Winnie balançou a cabeça, um tanto envergonhada por não conseguir consertar as coisas.
─ Não posso, vou esperar eles fazerem. Também não quero estragar este dia, talvez primeiro eles queiram se divertir antes que tudo venha à tona. ─ ela deu de ombros sem saber muito o que dizer. ─ E se não o fizerem hoje, continuarei esperando.
─ Tudo bem, mas você sabe que se precisar de algo e-eu... ─ Wandinha parou sabendo que não poderia continuar, Winnie sorriu.
─ Eu sei, vou direto até você. ─ Winnie se aproximou e a envolveu em um abraço, a mais alta retribuindo-o. ─ Eu te amo, Wandinha.
─ Eu estou dizendo a mesma coisa. ─ ela disse rapidamente, a ruiva riu ao perceber que era difícil para ela. ─ Você zoa novamente e não verá o sol novamente.
— Vou manter isso em mente. — ela sorriu e apenas afastou a cabeça, olhando-a nervosamente. — Posso...
─ O que, cara mía? ─ Winnie piscou e engasgou incapaz de falar qualquer coisa, ainda pegando-a desprevenida. ─ Me beijar? — Wandinha perguntou, sua voz tornando-se zombeteira.
─ Não brinque com isso. ─ Winnie reclamou, se escondendo novamente entre o pescoço e o ombro. Wandinha deu um pequeno sorriso ao perceber seu constrangimento, mostrando-se orgulhosa.
— Agora, quem estava deixando a outra nervosa?
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