015
˖࣪ ❛ WANDINHA?
— 15 —
— NÃO VOU ENTRAR.
— Ah vamos, por que não? — Winnie perguntou. — Podemos pedir algo antes de irmos.
Wandinha quase revirou os olhos sabendo que se ela entrasse ela teria que ver Tyler, vendo como ele estava dando a Winnie um olhar tão desagradável. Jogando elogios ou aquele sorriso estúpido. Tudo o que ela não conseguia expressar e o que Winnie certamente queria receber.
Ela odiava saber que Winnie adorava contato físico enquanto ela odiava.
Tyler está tão perto do que Winnie gostava que a fez, inevitavelmente, querer ser ele. Mas ela nunca admitiria, pareceria desesperador e ninguém deveria saber que a própria Wandinha Addams havia se apaixonado.
Aliás, não foi correspondido.
Isso seria humilhante.
— Não estou com vontade de torturar ninguém hoje. — ela cruzou os braços e Winnie olhou para ela com uma sobrancelha erguida, mas Wandinha não retribuiu o olhar, olhando para qualquer coisa menos para ela. — Se queremos que Tyler nos diga a localização, é melhor que ele não entre... Outro dia eu não aguento a presença dele e eu vou obrigá-lo a esfaqueá-lo. — ela murmurou baixinho, Winnie quase sentindo pena do menino.
— Pobre Tyler.
— Pobre de mim.
─ Tanto faz, entre agora ou estamos ficando sem tempo. ─ ela mudou de assunto rapidamente, se sentir assim a deixou tão mal que por um momento ela quis fugir de lá de novo, mas ela estava com medo de Winnie e do que iria acontecer se ela não acabasse com tudo na hora.
— Ah, claro, claro. — ela repetiu e entrou no refeitório, com o olhar de Wandinha fixo nela.
Ela se obrigou a não olhar, odiava que tudo ao seu redor estivesse cheio de vidro onde ela pudesse ver tudo o que acontecia lá dentro. Infelizmente ela não poderia fazê-lo.
A tortura era a melhor atração para ela, e ela era indiscutivelmente a maior masoquista da história.
Winnie olhou ao redor sem perceber Tyler então ela foi até o balcão e tocou a pequena campainha, esperando.
─ O que você quer? ─ ela se assustou ao ouvir uma voz completamente diferente de Tyler. ─ Uau, você não deveria estar no Pilgrim World?
Ela quase revira os olhos para Xavier. Obviamente ela deve ter se deparado com ele. Mas talvez fosse hora de fazer as pazes, certo?
Xavier não achava que ele era um menino mau, ele apenas parecia um perseguidor... Talvez.
— Uhm, não é tão bom quanto muitos dizem. — ela deu de ombros, encostando-se no balcão ao ver que Xavier carregava alguns copos sujos. — Além disso, Wandinha foi expulsa por assustar os clientes e eu por comer os doces. — brincou e Xavier sorriu, aliviado ao pensar que Winnie não aceitaria bem pelas poucas reuniões que tiveram que não correram muito bem. — Devo admitir que não me arrependo, são bons.
─ Sim, eles são bons, mas apenas para comê-los uma vez por ano. ─ Xavier riu. ─ De tanto açúcar e chocolate dão diabetes intensa.
— Vou levar isso em consideração. — ela inclinou a cabeça. — Ei.. 1uero me desculpar pela forma como te tratei, não sei porque tenho agido assim ultimamente. Nunca tratei mal ninguém sem conhecer antes, sempre digo isso e foi exatamente o que fiz. Sinto muito por isso.
Xavier encolheu os ombros, descartando-o. Não é como se ela não tivesse seus motivos também.
— Acho que devo me desculpar. No festival eu te ignorei e até te virei as costas, isso é falta de respeito. Então eu disse para você afastar de Tyler, mas aparentemente é importante para você e sua raiva é compreensível, desculpe ir para onde não fui chamado.
— Então nós dois devemos desculpas um ao outro. — ela levantou a mão e Xavier sorriu enquanto a apertava.
─ Consertado. Então, você está aqui para pedir algo ou falar com Tyler?
— Uhm, ambos exatamente.
— Pegue o que quiser para poder falar com ele sem interrupções. — Winnie sorriu com sua gentileza, grata por não haver mais mal-entendidos ou brigas envolvidas.
─ Um café preto, chá com leite e um pedaço de bolo de chocolate, por favor. Para levar.
Xavier assentiu e foi pegar o pedido, enquanto Winnie tocava a campainha novamente e desta vez Tyler saiu do que ela presumiu ser a cozinha.
— Winnie? — ele sorriu confirmando que era ela.
─ Eu mesma.
─ Bolo de chocolate e chá com leite? — ele perguntou, lembrando-se daquelas vezes em que Winnie ia enquanto Wandinha estava em sessões de terapia, ela quase parecia a cliente favorita.
— Sim, mas isso é separado e Xavier já faz isso. — Tyler fez uma careta, mas Winnie inadvertidamente puxou um mapa. — Vim mais para obter informações, preciso de sua ajuda. Você conhece o Templo dos Peregrinos? O de... Já esqueci o ano, mas o de muito tempo atrás. Você sabe se ainda existe?
Tyler inclinou-se sobre a mesa, Winnie afobada com sua proximidade, mas não disfarçou.
─ O que restou está na floresta de Cobham, mas... São apenas ruínas.
─ Não importa, a gente se contenta com o que for. ─ fez um gesto com a mão insignificante. ─ Você pode indicar por favor?
Tyler a ouviu, Winnie viu que parecia estar no meio da floresta.
— Mas não é um lugar seguro. — ele olhou para ela com preocupação. — Você tem certeza que quer ir? Se você quiser, posso ir para... Protegê-la, quero dizer, ambas.
Winnie olhou para ele e se afastou como se sua proximidade queimasse, seus rostos estavam tão próximos que ela podia até sentir a respiração dele em seu rosto, isso a deixou mais nervosa do que ela esperava.
Ela limpou a garganta pegando o mapa, querendo sair o mais rápido possível, seus nervos iriam comê-la viva.
─ Ah... Bem, é isso... Podemos fazer isso sozinhas, e... É algo privado... Isto é, não é que façamos algo impróprio ou algo assim, não não não. Apenas... Uh... Coisas femininas!
Suas palavras saíram tão rápido que Tyler teve que esperar um momento para entendê-la, rindo ao achá-la tão fofa. Winnie pensou que ele estava zombando dela e se virou, afastando-se a passos largos.
─ Espere! — Tyler a parou antes que ela pudesse sair. — Eu não estava tirando sarro de você, não pense nisso, eu só... Você fica muito bonita quando está nervosa. ─ ele sorriu e Winnie desviou o olhar, ela não sabia se era possível mas agora ela estava mais nervosa do que antes. ─ Eu... Eu estava pensando, quando você voltar se você... Se você gostaria de sair um dia desses. Eu sei que quando você vem a gente já sai, mas... Eu gostaria que a gente saísse para outro lugar um pouco mais... Privado, sem te incomodar, claro.
Winnie ficou em silêncio por alguns segundos, sem acreditar.
─ Você? Quero dizer, como um... — ela tentou segui-la, mas não conseguiu e Tyler sorriu.
─ Sim, como um encontro. ─ ele parecia relaxado, havia esperado tanto para convidá-la que finalmente conseguiu, só esperava que fosse retribuído.
─ Eu... ─ ela ficou de boca aberta, mas não saiu nada, ela nunca havia sido convidada para algo assim, bem, não é como se ela estivesse com outro cara que não fosse Pugsley, mas ela não sabia como reagir.
Ela nem sabia o que dizer.
─ Se não quiser, não tem problema, eu entendo. ─ ele deu um meio sorriso, meio desanimado.
─ Sim! — ela exclamou de repente e Tyler se assustou, mas sorriu rapidamente, Winnie se sentiu envergonhada quando percebeu. — Eu digo sim, claro. Eu... Quando ficar mais fácil para você eu posso ir.
─ Excelente. ─ os dois sorriram, igualmente nervosos. — Que tal o fim de semana? Eu fico trabalhando até a noite então prefiro durante o dia, não gostaria que algo acontecesse com você, pode ser um pouco perigoso à noite.
Winnie assentiu e começou a recuar, gesticulando nervosamente. — Claro, eu, ahm... Vou confirmar se posso ou não, tchau! E obrigada por me convidar para sair, nunca estive em um, então me perdoe antecipadamente se eu fizer algo que não deveria em uma situação como esta. Eu...
— Winnie, eu entendo. — ele sorriu com simpatia e Winnie ficou em silêncio, sorrindo nervosamente e finalmente saiu do lugar.
─ Ah, o pedido, que bobo. ─ murmurou lembrando, mas sua atenção acabou em Wandinha que estava mais longe do que ela esperava, e ela não parecia muito bem.
Ela se aproximou dela sem entender o estado dela, aparentemente não a havia notado pelo que falou.
─ Wandinha? ─ a mulher de cabelos negros não respondeu, imersa em seus pensamentos. ─ Wandi... — ela tocou o ombro dela e recuou quando a sentiu estremecer, finalmente percebendo-a. — Algo aconteceu?
─ Por que você demorou tanto? Você gostou de estar com Tyler que nem lembrava o que deveríamos fazer? Estamos perdendo tempo, Winnie. — Winnie fez uma careta, encolhendo-se com sua atitude.
─ Ei, não... Não pense isso, foi a primeira coisa que fiz. Fica em Cobham Wood. Apenas...
─ Eu não me importo com o que você falou com ele. ─ ela se virou e começou a caminhar em direção ao bosque.
A expressão de Winnie caiu, ela sabia como era quando se tratava de Tyler, mas desta vez ela não achou graça e pensou que agora era algo sério. Ela correu até ela e a pegou pelo braço fazendo-a parar, soltando-a ao senti-la tensa.
Mais uma vez ela a afastou com contato físico. Ela não queria isso.
─ Por que tanto ódio contra Tyler? Ele só tenta nos ajudar, é o único a quem sempre pedimos informações ou para nos levar até este lugar. Até você me pede para ir com ele... Não te entendo, Wandinha.
Wandinha rapidamente se aproximou dela, fazendo-a recuar alguns passos, não estando preparada para aquela ação.
─ O que acontece comigo é que não aguento, não o quero nem ver na pintura. Eu o odeio tanto que você não pode imaginar. Você percebe os olhares que ele lança para você ou aqueles 'elogios' que ele lhe dá? Eles são nojentos, típicos de adolescentes com falta de auto-estima que vão com qualquer um para preencher esse vazio. É óbvio que ele quer algo de você e parece que só você não percebe. Feliz?
Winnie franziu a testa, sentindo seu coração doer ao pensar em romance.
─ Feliz? — ela repetiu zombeteiramente. — Pela primeira vez posso finalmente parar de me sentir desconfortável com um cara, posso finalmente falar, não ficar tensa toda vez que alguém que eu nem conheço está perto de mim, não pensar em como ele olha para mim ou se ele me julga pelas minhas costas. Pela primeira vez sinto que finalmente posso ter amigos, eu consigo e você só... Fica assim? Você não ficou feliz com meus avanços? Ou só quando você gosta? — ela apontou o dedo indicador para o peito dela.
onze
Wandinha desviou o olhar. Winnie ficou desapontada ao ver o que estava acontecendo novamente. Lembrando aquela garotinha que chorou por Wandinha e sua falta de comunicação.
─ Wandinha, apenas... Pelo menos me dê uma pista de por que você está assim. Não quero te perder, muito menos por um menino. Só preciso que confie em mim, por favor, Wandinha. O que há de errado com você e Tyler?
Aproximou-se um pouco tentando fazê-la entender que podia contar com ela para o que quer que fosse, e que ela não ficaria brava com o que dissesse.
Wandinha olhou para cima conectando-se com seus olhos azuis, ela ficaria admirando-os por horas se possível. Elas estavam a poucos metros de distância, quase colidindo, mas Wandinha não fez nada para afastá-la.
─ Wandinha, por favor... ─ ela insistiu em um sussurro, a mencionada inevitavelmente trouxe seu olhar para seus lábios rosados mas ela desviou o olhar novamente em alguns segundos.
— Conversamos depois.
E ela simplesmente se afastou, deixando-a para trás.
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