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008

˖࣪ ❛ FESTIVAL
— O8 —

UMA PEÇA DE violoncelo foi ouvida por toda a Academia, que mergulhou num profundo silêncio.

Enquanto Wandinha tocava concentrada em seu violoncelo, Winnie se conectava com a Lua com imensa tranquilidade, adorava ouvir o som do instrumento.

O único instrumento que sabia tocar era o piano, era o seu preferido e o único que ela se propunha a aprender. Embora também estivesse interessada em aprender a tocar violão, seu foco principal era o piano.

Wandinha terminou e Mãozinha fez um gesto, a morena olhou de soslaio para Winnie percebendo que ela continuava com sua rotina e respondeu com linguagem de sinais sem querer interrompê-la sabendo o quão importante era a conexão.

A energia que Winnie tinha era graças à conexão com a Lua, se ao menos uma vez passasse no dia seguinte ela pareceria uma morta-viva que nem ia querer falar.

Winnie precisava da Lua, graças a ela, ela podia ser ela mesma durante o dia.

Ouviu-se um barulho e Enid saiu para a sacada.

─ Como você conseguiu tirar aquele violoncelo para... — ela parou quando percebeu o olhar que Wandinha lhe deu, olhando por cima do ombro para Winnie, murmurando desculpas.

─ Calma, já acabei. ─ Winnie sorriu para ela, sentando em forma de índio e balançando as pernas por cima do corrimão, Wandinha lançou-lhe um olhar de advertência para que tomasse cuidado, mas ela nunca a ouviu. ─ Quando a Wandinha toca, ela sempre me acalma e eu termino mais cedo.

— Oh, vou manter isso em mente. — Enid assentiu compreensivamente, depois engasgou ao notar que Mãozinha se afastava assustado. — O que é isso?! Onde está o resto?!

─ É um dos grandes mistérios da família Addams. ─ Wandinha respondeu e começou a guardar o instrumento e o que vinha com ele.

Uivos foram ouvidos e Winnie olhou por cima do ombro ao se lembrar do que Enid lhe dissera, percebendo como ela ficou desconfortável e triste.

Wandinha pareceu notar a mesma coisa, perguntando:

─ Por que você não é um lobo?

─ Não posso. Só posso fazer isso. — ela puxou suas garras e então as escondeu de volta, movendo-se para o corrimão ao lado de Winnie. — Mamãe diz que alguns demoram a amadurecer, mas eu consultei os melhores licanologistas. Eu tive que voar para Milwaukee, você pode imaginar? E ele diss que talvez eu nunca conseguisse... Você sabe.

─ E então o que acontece? ─ Wandinha se aproximou um pouco longe de Enid.

─ Um lobo solitário.

─ Parece perfeito.

─ O quê? O que você está falando? Toda a minha vida iria desmoronar. Eles vão me expulsar do rebanho sem possibilidade de encontrar um companheiro.

─ Sinto muito, Enid, talvez apenas... Ainda não chegou a hora, dizem bem que as melhores coisas demoram a chegar. ─ Winnie tentou consolar, ela não era muito boa com palavras então ela sempre refletia tudo com ações ─ Ou acho que foi assim. ─ ela murmurou, mas Enid podia ouvi-la, mesmo assim ela sorriu para ela ao ver suas intenções.

— Ainda não vejo qual é o problema. — interrompeu Wandinha.

— Eu vou morrer sozinha! ─ Enid exclamou um tanto desesperadamente.

─ Todos nós morremos sozinhos, Enid. ─ ela disse e Winnie olhou para baixo, submersa em seus pensamentos após sentir uma sensação horrível em seu coração, ela não entendia mas tinha certeza de uma coisa:

Ela não queria morrer sozinha, e pensar que Wandinha pensava assim a fazia se sentir tão... Ela não poderia dizer, excluída, talvez?

─ Você é péssima com essas coisas. ─ a voz de Enid a tirou do seu mundo, mas ela continuou olhando para baixo, não querendo olhar para nenhum delas, ou talvez não para Wandinha. ─ Em animar as pessoas.

Enid soluçou e Winnie olhou para ela, deixando de lado a tensão que sentia para colocar a mão em suas costas, começando a acariciá-la. Enid sentiu-se reconfortada, lembrando-se do que Winnie lhe dissera quando se conheceram.

Pensar que ela havia conquistado a confiança dela, mesmo com apenas algumas carícias, a deixava muito feliz. Mas ela ainda estava deprimida.

─ E por que você está chorando? — Winnie lançou-lhe um olhar ligeiramente irritado, Wandinha apenas deu de ombros.

Se Winnie não sabia consolar, Wandinha menos ainda.

─ Porque estou deprimida! — ela deixou escapar de repente. — Você chora ou é muito baixo para você?

Enid continuou soluçando e recebendo as carícias de Winnie, agora em seus cabelos. Alguns segundos depois Enid começou a se acalmar com as carícias, Winnie sorriu ao ver que funcionava e começou a trançá-la enquanto Wandinha estava imersa em seus pensamentos.

─ Foi uma semana depois do Halloween. ─ ela deixou escapar, Enid olhou para ela com o canto do olho sem entender. — Eu tinha seis anos de idade. Levei meu escorpião de estimação em um passeio e fomos emboscados. Eles se perguntaram quem seria estranho o suficiente para ter um escorpião de estimação. Dois me agarraram e me obrigaram a assistir... Enquanto meu escorpião era esmagado em sua bicicleta. Estava nevando quando enterrei o que restava dele. Chorei do fundo do meu coração negro, mas as lágrimas não resolveram nada. Jurei nunca mais fazer isso.

Outros uivos foram ouvidos e Enid parou de soluçar, mais calma e surpreendentemente reconfortante com a lembrança de Wandinha. Ela cuidou para que suas tranças não se desfiassem e virou-se para Wandinha. Winnie sorriu ao ver o progresso de Wandinha, embora fosse quase irrelevante para Wandinha, ela estava feliz.

─ Seu segredo está seguro comigo. Mas ainda te acho esquisita. ─ ela sorriu ao ver como ela a olhava, Winnie apertou os lábios para não rir. ─ Até Winnie me confortou sem palavras mais do que você.

─ Não vou te ajudar de novo. ─ ela voltou a ser ela mesma, Enid sorriu zombeteiramente, quase esquecendo completamente sua tristeza. ─ Gostaria de ter seu quarto de volta? ─ perguntou depois de alguns segundos em que Enid olhou para Winnie com ironia, quase não a entendeu. ─ Apenas ensine Winnie a usar seu computador.

─ E por que eu?

─ Você prefere que eu diga ao seu amigo tudo o que eu gostaria de fazer com ele? E garanto que ela ficaria encantada. ─ Winnie deu uma risadinha e Enid sorriu de lado um pouco surpresa com aquele ódio por tal garoto cujo nome ela não sabia. ─ Mas, é apenas para nos ajudar a escapar. Nada mais.

Winnie ergueu os braços em sinal de rendição.

─ Sim, chefe.

Winnie olhou para o computador de Enid e ficou confusa ao ver a tela mudar, lembrando-se rapidamente do que Enid havia explicado para ela e segundos depois Tyler apareceu na tela. Wandinha estava ao lado dela, olhando com a seriedade de sempre, mas com uma expressão que dizia claramente 'se você tentar alguma coisa eu juro que te mato pela tela'.

— Uh... Olá. — Tyler começou, parecendo perturbado.

— É a Mãozinha. — Winnie informou, compreendendo sua condição. — Ele é um bom amigo, ele não vai te machucar se você não fizer algo que ele não gosta.

─ Seu... Animal de estimação? Ou da sua amiga? Parece mais dela. — Winnie sorriu ao imaginar Mãozinha dando-lhe o dedo grosseiro.

— É sensível. — comentou.

─ Eu sei que Never More é o preferido das coisas estranhas, mas... Isso... Está além de mim. ─ ela deu uma risada nervosa e depois voltou para a tela onde só podia ver Winnie sem perceber que Wandinha estava atenta a tudo, embora ela preferisse assim para ver as verdadeiras intenções. ─ E o que aconteceu com não ser escravo da tecnologia? Ou é só com sua amiga?

─ Bem, no começo sim, mas agora vejo que não é tão difícil quanto eu esperava. Devo admitir que fiquei com medo. ─ ela murmurou para si mesma, sentindo-se envergonhada. ─ Mas é também para um momento de crise, como diz a minha amiga. Você ainda nos ajudaria a escapar?

─ Depois do que aconteceu hoje no café, pensei que eles iriam trancá-las para sempre.

─ Sim, bem, eles quase não se importaram, mas é melhor assim, certo? Não importa, Enid, nossa colega de quarto, nos avisou que este fim de semana é o festival da colheita. Com presença obrigatória, então aproveite. E eu me pergunto - estávamos nos perguntando se você ainda pode nos levar para a estação de trem. ─ Wandinha estreitou os olhos por alguns segundos.

Tyler assentiu, parecendo um tanto atordoado, o que fez Winnie olhar para ele confusa.

─ Aceito... ─ a ruiva sorriu e Tyler o devolveu um tanto boquiaberto, Wandinha se inclinou quase aparecendo na tela pronta para aparecer se as coisas mudassem de rumo. ─ E não se preocupe, a casa convida.

─ Por quê? ─ ela perguntou sem entender muito, se era horrível com os diretos, com os indiretos era pior ainda.

— Porque eu gostaria de poder ir com você. — Winnie piscou e Wandinha inclinou a cabeça. — Pelo menos um dos três sairá deste buraco infernal.

— Sim, bem, eu não quero que você venha conosco. — Tyler piscou para fora de seu torpor e abriu a boca para dizer algo, mas a ligação foi cortada.

Ele olhou para a tela preta de seu celular por alguns segundos e depois para Mãozinha, que balançou o dedo como se o avisasse de algo. Tyler franziu a testa, sem entender muito.

─ Wandinha!

— Não o estou estrangulando porque é a nossa única saída rápida. — Winnie ficava brava com ela e aplicava a lei do gelo, que, surpreendentemente sabendo que ela preferia a solidão, ela não queria que ela fizesse.

Esse dia chegou e as três colegas de quarto estavam na entrada do festival, vendo como Tyler brigava com o pai.

─ Tem certeza que confia nessa normi? — Enid perguntou, estreitando os olhos como se tentando adivinhar que tipo de pessoa Tyler era.

─ Confio que sabemos como nos proteger.

Elas notaram como o xerife estava saindo e as três se encararam, Enid no meio.

─ Bem, boa sorte e boa viagem. ─ ela tentou abraçar as duas, mas Wandinha recuou, Enid assentiu vendo que tudo continuava igual mas sorriu ao ver que Winnie sorria de volta para ela. ─ Posso?

─ Você pode. ─ a ruiva riu ao sentir que quase perdeu o equilíbrio quando a mais alta se lançou sobre ela, acariciando suas costas e então viram como ela desaparecia entre as pessoas. ─ Você viu isso, Wandinha?! ─ Winnie exclamou animada com seu progresso e Wandinha suavizou sua expressão, era como sua forma de sorrir para ela ou transmitir seu orgulho.

O que ela só fazia com ela.

─ Eu vi muito bem, Winnie. Estou feliz por você. ─ Winnie sorriu ainda mais se isso fosse possível. ─ Mas temos que nos livrar da diretora Weems. — Winnie olhou para a mulher, notando seu olhar intenso sobre elas.

— Acho que tive a ideia perfeita. — Winnie disse começando a caminhar em direção aos jogos, Wandinha a seguindo. — Mas... Podemos nos divertir antes, por favor? ─ ela juntou as palmas das mãos e olhou para ela suplicante, ela não se lembrava de ter ido a um festival como aquele, mas estava animada para experimentá-lo. ─ Mesmo que seja apenas um jogo.

Wandinha assentiu depois de alguns segundos, não faria mal se distrair por alguns momentos. Além disso, Weems veria isso e poderia ficar um pouco menos na defensiva.

Winnie acabou com um algodão doce na mão direita, Wandinha agarrava de vez em quando depois que Winnie insistia para ela experimentar, deixando a maior parte para a ruiva que parecia amar aquele doce com a vida.

Elas foram para um estande onde se todos os balões explodissem ganharia um panda de pelúcia, Winnie e Wandinha decidiram jogar separadamente. Sempre acertando o alvo, algo muito comum que elas tinham era que faziam a maioria das coisas juntas e suas habilidades eram as mesmas.

O homem que comandava a atração olhava tudo maravilhado, não conseguia acreditar que elas nem eram confortáveis ​​e puxava com muita confiança.

─ Nossa. ─ elas ouviram uma voz masculina, percebendo que era Xavier quem estava posicionado entre as duas. ─ Se fossem melhores matariam a alcateia inteira.

— Os pandas não viajam em bandos, eles preferem a solidão. — informou Wandinha, e os dois últimos balões restantes em ambas as pranchas explodiram.

Xavier assentiu, um tanto abatido. — Ok... Eu entendi a dica.

─ Estamos esperando uma pessoa. ─ Comentou Wandinha, Winnie estava apenas olhando a cena um tanto excluída por Xavier, ele virou as costas para ela como se ela não existisse e estivesse sozinha com Wandinha, algo que não caiu muito bem para ela dizer.

─ Ah é? Quem é o sortudo... Ou a sortuda?

─ Por que você se importa? — Wandinha olhou para ele e Xavier não disse nada, apenas olhou por cima do ombro ao perceber como a atenção de Wandinha estava desviada, vendo Tyler ao lado de Winnie, ele parecia ter acabado de chegar.

— Eu não queria interromper. — ele falou e Xavier balançou a cabeça, lançando um olhar para Wandinha e se afastando.

— Vai ser mais difícil do que eu pensava. — comentou Tyler. — Papai não quer que eu esteja aqui, vamos se quisermos chegar na hora.

— Primeiro temos que nos livrar de alguém. — Wandinha disse entre os dentes, Weems ainda estava em sua mira e ela as cumprimentou quando as duas melhores amigas olharam para ela. — Vá atrás do estacionamento quando o show começar.

Tyler assentiu e se virou, sorrindo para Winnie antes de ir embora. A ruiva sorriu de volta para ela e Wandinha desviou o olhar, sentindo aquela sensação assustadora novamente, como naquela vez com Enid, mas ainda mais intensa, se possível.

O homem colocou os dois pandas de pelúcia, ambos eram gigantescos.

─ Com licença, você não pode me dar um menor? ─ Winnie perguntou constrangida, quase sem coragem de dizer o que pensava. Wandinha olhou atentamente para o bicho de pelúcia tendo uma ideia. ─ Muito obrigada, e desculpe o transtorno. ─ ela sorriu agradecida para pegar um menor, melhor para ela ver e não carregar um gigantesco bicho de pelúcia que mal a deixava ver.

─ Você vê a mulher triste e solitária ali? — Wandinha disse ao homem olhando para Weems. — Ela precisa dessa validação patética mais do que eu. ─ ela pegou algumas notas e deu a ele. ─ Você se importaria de distraí-la?

O homem não pensou duas vezes e fez isso, ambas desaparecendo imediatamente quando Weems se distraiu.

Winnie olhou maravilhada para os fogos de artifício, chegando ao estacionamento onde Tyler já as esperava.

─ Ei, ah... Antes de sair, queria que você tivesse isso. ─ ele mostrou um arquivo, embora fosse mais para Wandinha, querendo ajudar embora ela parecesse querer enterrá-lo vivo. ─ É o arquivo do seu pai quando ele estudava no Never More. Acho que é por isso que meu pai o odeia.

Wandinha caiu em transe, franzindo a testa para o objeto.

─ Wandinha? ─ Winnie perguntou em um sussurro e a mencionada reagiu, acenando em agradecimento, mas ela ainda olhou para ele como se quisesse estrangulá-lo.

Mas ela estava se segurando por Winnie.

─ Nosso trem sai em uma hora, temos que nos apressar. ─ comentou Wandinha e começou a andar, mas foi interrompida por três meninos olhando para eles de longe, os mesmos do refeitório.

─ Venha, vamos onde o povo está! — Tyler exclamou ao notá-los, pegando o antebraço de Winnie enquanto Winnie inconscientemente segurava a mão de Wandinha, fazendo-a reagir e os três começaram a correr para o lado oposto.

Os três correram e ninguém percebeu o que realmente estava acontecendo, os fogos de artifício não paravam de aparecer atrás deles e Winnie sentiu o alto desespero que a fez apertar com força a mão de Wandinha para transmitir segurança a si mesma.

Wandinha nem pensou em momento algum em seu desgosto pelo contato físico, mais cuidado para que Winnie continuasse ao seu lado e não voltasse a ter um ataque de pânico.

Winnie tropeçou quando Wandinha parou de repente e acabou quase caindo no chão se não fosse o fato da ruiva a segurar com força, percebendo que ela tinha uma visão com a qual só ela sabia de sua existência.

Wandinha voltou a si e Tyler pediu que elas se apressassem, sem saber da condição de Wandinha. Winnie olhou para ela com preocupação e então ela olhou para a floresta, Rowan desapareceu nela e parecia ter algo a ver com a visão.

─ Wandinha! — ela gritou quando a viu segui-lo. — Fique aqui, eu irei atrás dela. ─ ela disse a Tyler e ele assentiu, embora quase a desobedecendo ao perdê-la de vista ao entrar na mata, preocupado com ela. ─ Wandinha!

Ela atravessou uma ponte e notou a silhueta de Wandinha ao longe, correndo atrás dela novamente. Por alguns segundos pensou que estava perdida, sem saber como se orientar entre tantas árvores e escuridão, apenas com a Lua a acompanhá-la.

Ela começou a respirar forte e rápido, desesperada para ver que não poderia encontrá-la. Fechou os olhos e respirou fundo até se acalmar, abriu-os novamente e sentiu como a Lua a ajudava, olhando com determinação para um dos tantos caminhos que existiam. Correu até parar, começando a sentir que tinha que fazer com cuidado e sem fazer muito barulho.

─ Exceto você. ─ ele ouviu a voz de Rowan, se escondendo rapidamente atrás de uma árvore. ─ Eu tenho que matar você... Assim como sua amiga Winnie, mas com ela será mais difícil do que eu pensava.

Winnie estava confusa, olhando com cuidado e cobrindo a boca com a mão para não deixar escapar nada quando viu Wandinha encurralada em outra árvore, na frente dela estava Rowan, aparentemente usando sua telecinesia.

— Não se atreva a tocar em Winnie. — então seus olhos se arregalaram com a lembrança de algo, fazendo-a sentir ainda mais raiva. — O gárgula... Foi você?!

Ruan concordou. — Sim.

─ Eles são sempre os mais quietos. ─ Wandinha murmurou e observou como Rowan usou seu poder para trazer um lençol com um desenho para mais perto dela.

─ As meninas do desenho? É você... E Winnie ─ a última mencionada prestou atenção, ainda vendo como ajudar sem que Rowan percebesse sua presença.

─ Você vai nos matar por causa de um desenho? — Wandinha perguntou, sem acreditar.

─ Minha mãe fez esse desenho há 25 anos, quando estudava no Never More. Ela era uma vidente poderosa, ela me disse antes de morrer.

─ Rowan, me coloque no chão. ─ ordenou Wandinha, Winnie olhou em volta e saiu de seu esconderijo.

─ Não! Minha mãe disse que era meu destino parar aquelas garotas se elas chegassem ao Never More, porque elas iriam destruir a escola e todos nela!

Winnie ficou preocupada quando viu que Wandinha estava começando a engasgar, Rowan a estava estrangulando e ele não iria parar até que fizesse algo. Aproximou-se por trás do garoto com passos pequenos, mas contínuos, tentando não fazer tanto barulho, embora Rowan estivesse concentrado em sua missão.

Os olhos de Wandinha se arregalaram ao notá-la, forçando-se a balançar a cabeça para avisá-la que não fizesse nada. Se Rowan percebesse, seria pior para as duas.

Alguns sussurros foram ouvidos e Rowan se virou, Winnie ficou tensa ao pensar que era ela, mas a atenção do menino se desviou dela e ele abriu a boca para gritar, mas antes que pudesse dizer alguma coisa, algo se lançou sobre ele.

Winnie tropeçou com a aparição repentina de um... Lobisomem, talvez. Wandinha caiu pesadamente no chão e Winnie reagiu, levantando-se e correndo em sua direção, certificando-se de que ela estava bem.

Ambas chamaram a atenção para o monstro, observando enquanto ele matava Rowan com suas longas garras sem parar por um segundo. Winnie agarrou-se à jaqueta de Wandinha, incapaz de tirar os olhos da cena.

O monstro parou depois de alguns segundos, olhando por cima do ombro para as duas, que ficaram tensas. Mas ele não fez nada além de olhar para elas e depois desaparecer nas árvores.

Wandinha reagiu e se levantou, ajudando Winnie a fazê-lo, certificando-se de que ela não tivesse nenhum ferimento. Winnie ainda estava um pouco perturbada, então ela segurou seus antebraços e foi até Rowan para ver se ele ainda estava vivo, embora provavelmente não. Mas sem chegar muito perto para não ter que largar Winnie, deixando-a sozinha mesmo estando perto.

O mesmo desenho caiu lentamente no peito de Rowan, Wandinha lançou um olhar para Winnie e ela assentiu sabendo o quanto a folha era importante.

Wandinha voltou para o lado dela depois de pegar o desenho e as duas olharam para ele. Atrás havia um lugar familiar e duas garotas, elas literalmente se pareciam com elas. Até a cor do cabelo.

Winnie se mexeu desconfortavelmente, Wandinha olhou para ela, pegando-a gentilmente pelo cotovelo. Enquanto voltavam ao festival em busca de ajuda, Wandinha tinha algo claro:

Ela cuidaria de Winnie como se seu exterior dependesse disso. E faria isso.

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