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˖࣪ ❛ SORVETE... NÃO, BOLO DE CHOCOLATE
— O5 —
DEPOIS DE UM 'pequeno' acidente em que Wandinha e Winnie quase acabaram sendo feridas, mas salvas por Xavier Thorpe, ambas estavam em seu quarto sem a presença de Enid, então só podiam ouvir o leve toque da máquina de escrever e um som suave de páginas sendo virado. Rosetta, a pequena borboleta branca, empoleirou-se delicadamente em cima do livro que Winnie segurava.
Elas duraram um dia na enfermaria porque Winnie estava um pouco resfriada. A ruiva apenas sorriu graciosamente ao ver a expressão que Wandinha fez ao ouvir a enfermeira.
Mas bem, ela ficou com ela a noite toda verificando se ela tomou a pílula que lhe deram.
Winnie era terrível com pílulas. Ela os odiava com toda a sua alma.
Wandinha sabia que ela os estava jogando fora fingindo que os havia tomado, então ela nunca tirou os olhos dela. Se fosse Winnie, ela até colocava o comprimido debaixo da língua e quando eles estavam distraídos ela cuspia.
Winnie olhou para cima quando não ouviu mais a máquina, ela não podia acreditar na rapidez com que o tempo passou. E bem na parte interessante do livro que ela estava lendo.
Ela observou curiosamente enquanto Wandinha se levantava de sua cadeira e se aproximava cautelosamente de sua cama, pegando o lençol, revelando uma mão cicatrizada que Winnie conhecia perfeitamente bem.
— Eu sabia. — Wandinha exclamou seriamente enquanto Winnie se levantava animada de sua cama.
— Olá, Mãozinha. ─ seus lábios se levantaram muito pouco, se você olhasse de perto você poderia ver um sorriso muito pequeno.
Mãozinha se abaixou sob o lençol e tentou se segurar quando Wandinha o agarrou, não conseguindo escapar.
─ Você realmente achou que meu olfato altamente treinado não captaria o leve aroma de flor de laranjeira e bergamota do seu creme favorito? ─ Mãozinha tentou se soltar, mas a mulher de cabelos negros o segurou com força. ─ Você acha que eu vou deixar você ir? — Winnie deu um pulo ao bater Mãozinha contra a mesa, notando como Mãozinha tremia. — Você desiste?
Mãozinha bateu contra a mesa e Wandinha o soltou. Ela empurrou um holofote para focar nele e recostou-se na cadeira.
─ Mãozinha! ─ Winnie sorriu quando se colocou ao lado de Wandinha, Rosetta tremulando até que ela estava em seu cabelo.
Ao vê-la, Mãozinha rapidamente moveu seus dedos correndo em sua direção, mas Wandinha abruptamente colocou a mão em seu caminho, parando-o.
— Ainda não terminamos. — Mãozinha deu um passo para trás e Winnie olhou para ela com certo aborrecimento, mas deixou que ela fizesse seu questionamento. — Mãe e pai enviaram você para me espionar, certo? ─ Mãozinha balançou e Wandinha inclinou a cabeça. — Eu poderia quebrar alguns de seus dedos.
Wandinha sentiu um toque em seu braço e olhou para Winnie.
─ Não fique assim, pobre Mãozinha. ─ o mencionado fez um gesto como se concordasse com ela e Wandinha revirou os olhos.
— Cuidado, Mãozinh. — disse ela, e a mão permaneceu imóvel. — O fato de acharem que eu não notaria prova o quanto me subestimam. ─ Mãozinha usou linguagem de sinais e Wandinha negou. — Oh Mãozinha, pobre e ingênuo. Meus pais não ligam para mim, são marionetistas malvados que querem se controlar mesmo à distância. A meu ver, você tem duas opções.
— Opção um. ─ ela pegou e abriu uma de suas gavetas, quase vazia exceto por uma tesoura. Winnie ergueu as sobrancelhas, mas antes que Wandinha pudesse fazer qualquer coisa, ela tirou Mãozinha de cima dela e olhou para ela, Wandinha revirou os olhos com o quão protetora ela era com Mãozinha e apenas continuou com sua ameaça. ─ Vou trancá-la aqui pelo resto do semestre e você vai lentamente enlouquecer tentando fugir. Você arruinaria suas unhas e sua pele macia e suave, e sabemos como você é vaidoso.
— Opção dois. ─ ela fechou a gaveta e lançou um olhar para Winnie, que estava deixando Dedos sobre a mesa quando viu que ele não faria mais nada. ─ Prometa lealdade incondicional a mim e a Winnie, embora seja óbvio que você já tem isso nela. ─ ela franziu a testa sabendo do ótimo relacionamento entre Winnie e Mãozinha, parecia maior que o dela.
Ela o encarou e depois de alguns segundos Dedos usou dois dedos fingindo se ajoelhar diante deles.
─ Nossa primeira missão é escapar desse purgatório adolescente. ─ Mãozinha perguntou. — Claro que temos um plano. E começa agora.
─ Agora? ─ Winnie perguntou um tanto confusa e Wandinha olhou para ela com uma sobrancelha erguida. ─ Ah certo, tinha esquecido. Desculpe. Mas vou sentir muita falta de Enid. ─ lamentou ao lembrar o que haviam planejado fazer naquele mesmo dia.
─ Enid nem é importante, você vai superar isso. ─ ela disse como se nada tivesse acontecido e continuou com seu romance, ainda faltavam alguns minutos para a Diretora Weems ir buscá-las.
─ Para você não será, mas para mim sim. Você sabe como tudo isso é difícil para mim e quando eu finalmente consigo, eu perco. ─ ela disse e se dirigiu para a cama de Wandinha, que era mais perto.
Wandinha olhou para ela com o canto do olho ao notar seu tom de voz, vê-la tão subjugada e ser consolada por Mãozinha fez sua expressão se iluminar.
─ Você tem tempo para se despedir dela. ─ ela viu como ela assentiu, mas sem tranquilizá-la nem um pouco, ela suspirou lentamente e voltou seu olhar para a máquina. ─ Sinto muito, sei o quanto isso é difícil para você, mas é assim que o mundo é. Você terá essas pessoas por um tempo, mas muitos não ficarão por perto pelo resto de sua vida. Você passará por muitos amigos, Winnie.
─ Você está certa. ─ ela soltou em um sussurro. ─ É inevitável, mas vou superar isso... Eu espero.
★
Winnie observou enquanto Wandinha entrava em sua primeira e última sessão de terapia. Ela estava no banco de trás da van com a diretora Weems, que olhou para ela pelo espelho retrovisor.
─ Você pode dar uma volta lá se quiser, Winnie. ─ ela sorriu gentilmente, Winnie olhou para ela um pouco confusa.
─ Você não acha que vou fugir como você disse a Wandinha?
— Eu sei perfeitamente que você não fará isso se Wandinha não estiver lá. — ela disse confiante.
Winnie ergueu as sobrancelhas e acenou com a cabeça depois de alguns segundos. Era tão óbvio? Com certeza sim.
Ela agradeceu e saiu, olhando em volta. Olhando para o local onde Wandinha estava, ela atravessou a rua e procurou algo interessante para ver.
Ela notou que alguns deles estavam olhando para ela, deixando-a desconfortável, procurando desesperadamente um lugar para entrar e se esconder um pouco.
Mas nenhum deles foi um bom esconderijo para ela, acabando por continuar caminhando e se aprofundando.
Ela olhou para o lado e sua atenção caiu em um dos lugares que havia bem no canto. Parecia um lugar para tomar café da manhã e bater um papo tranquilo entre conhecidos.
Uma cafetaria.
Ela tentou ignorar o fato de que não seria um bom esconderijo para tantos olhares e entrou. Vestir o uniforme da Academia não ajudou muito, pois assim que entrou já sentia como se estivessem atravessando sua alma.
Demoraria muito para que Wandinha aparecesse? Eu espero que não.
Ela notou um cara atrás do balcão onde ele anotava os pedidos e ela ficou completamente tensa. Inacreditável, deve ter sido um menino.
Ela balançou a cabeça em reação e se aproximou, um tanto tensa ao perceber como ele já estava olhando para ela.
─ Senhorita. ─ Winnie piscou ao ouvir isso, o menino pareceu perceber ficando um pouco nervoso e como se tivesse medo que ela dissesse algo para ele. ─ D-desculpe, eu perdi. Eu... Você quer pedir alguma coisa?
─ Ah... ─ ela hesitou ao perceber o que estava fazendo, nem pensou em comprar algo mas não quis ser grosseira ao perceber o quanto ele era gentil com ela. ─ Um sorvete, por favor.
O menino sorriu com sua distração.
─ Não vendemos sorvete, apenas bolos e cafés.
Os olhos de Winnie se estreitaram quando ela percebeu o quão estúpida ela deve ter parecido.
onze
— Desculpe, estou um pouco distraída. Então, um bolo de... Chocolate? ─ ela perguntou embora parecesse mais uma dúvida.
O menino assentiu e foi procurá-lo. Winnie bateu os dedos no balcão um pouco nervosa e sorriu agradecida quando o bolo estava na frente dela, tirando uma nota quando o menino lhe disse o preço.
─ Então... Você é de Never More. ─ falou o menino, tentando puxar assunto. Winnie assentiu, não querendo ouvir algo ruim sobre ela, ela não suportaria. ─ Não se preocupe, não estou dizendo isso para implicar com você, eu juro. Honestamente, eu não os odeio, eu só... Eles me deixam curioso. A propósito, sou Tyler.
─ Uhm, meu nome é Winnie.
Tyler acenou com a cabeça e depois de alguns segundos ele engasgou ao perceber que estava tomando seu tempo e como Winnie estava olhando de soslaio para uma mesa, mas esperando que ele lhe desse permissão para fazê-lo para não parecer rude por deixá-lo conversando com ele mesmo.
— Certo, você veio só para pedir sorvete. — ele brincou, e Winnie sentiu seu rosto ficar vermelho de vergonha. — Não para falar com um completo estranho. Há mesas para que você possa sentar onde quiser, desde que não haja pessoas sentadas lá.
— Eu sei onde devo sentar e onde não. — ela respondeu rapidamente, e Tyler riu quando percebeu que ela estava constrangida. — Obrigada, Tyler.
Ela segurou o prato com o bolo nas mãos e começou a se afastar.
─ Me diga se você gostou do bolo! ─ ele exclamou depois de alguns segundos quando Winnie estava prestes a se sentar, a ruiva assentiu ao ouvi-lo e acomodou-se com um pequeno sorriso que era inevitável para ela.
Ela cantarolava enquanto saboreava o bolo, olhando agradecida por conseguir uma mesa perto da janela. Procurou alguma aparência que se parecesse com Wandinha, mas nada, rezava para que desse um jeito de escapar e assim não ter que perder tanto tempo suportando olhares.
Ela ficou surpresa ao ver Tyler sentar-se em frente a ela. Ela não entendia por que aquele garoto estava interessado, mas incrivelmente ela não se sentia tão desconfortável como sempre ficava na presença de garotos. E ela estava grata por isso, ela não queria fugir e deixar todo mundo pensar em como ela parecia ridícula.
─ Você se importaria se eu fizesse companhia a você por um tempo? Eu não tenho nada para fazer e esses horários são sempre quando menos pessoas vêm, então... Fica um pouco chato. — comentou Tyler, sorrindo um tanto envergonhado.
— Não, não, não se preocupe. — ela balançou a cabeça. — É bom ter companhia. Você trabalha sozinho? ─ perguntou ao ver que só ele estava com a roupa típica de cada lanchonete.
— Tecnicamente não, mas parece que sim. — ele riu. — Eu trabalho todos os dias enquanto os outros têm seus dias.
— Por que essa mudança? — ela franziu a testa.
Tyler deu de ombros. — É complicado.
─ Claro, eu entendo. ─ ela balançou a cabeça quando percebeu o que disse. ─ Eu digo não, não entendo muito porque nunca trabalhei nem nada. Só não me levem em conta, às vezes falo coisas que não tem nada a ver com isso.
Tyler sorriu. — Calma, eu te entendo nesse caso. ─ ele viu que o prato já estava quase vazio exceto por algumas migalhas e manchas de chocolate, e apontou para ele com o dedo indicador. ─ Aparentemente você gostou, espero que sim e não apenas por querer ficar bem.
─ Ah não, estava muito gostoso. E falo sério, não só porque quero ficar bem. ─ os dois riram e Winnie parecia mais calma, milagrosamente.
─ Acho que você é nova, ou estou errado? Quase ninguém tem uma cor de cabelo muito bonita no Never More, ou não que eu tenha visto. ─ o mais alto admirou a borboleta, achando que era um acessório, combinou muito com ela.
Winnie sentiu-se corar, então descansou as bochechas nas palmas das mãos na tentativa de esconder.
─ Bom, sim, e a verdade é que não vi ninguém no Never More com a mesma cor ou parecida. Obrigada pelo elogio. ─ ela sorriu e desviou o olhar ao sentir que não aguentava mais retribuir a ligação.
Tyler abriu a boca, mas um barulho o interrompeu. Os dois olharam para o balcão, algo havia quebrado pelo qual Tyler se desculpou e se levantou.
Winnie olhou para tudo por alguns segundos até trazer o olhar para a entrada quando percebeu que a porta se abriu.
Ela sorriu quando notou Wandinha, mas ficou confusa quando viu sua expressão.
Ela sempre parecia zangada, mas desta vez parecia que ela não gostava de algo e Winnie não gostava nada disso.
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