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Porque és tu, ó minha Ofélia!

Deitada sobre os panos macios da cama, Ofélia pensava em toda aquela noite, nas surpresas as quais alguns tempos antes jamais imaginara presenciar em todo o resto de sua existência. Quanto mais se lembrava da dança, mais se via como uma sortuda conduzida por um silfo. Aquilo não mudou sua visão sobre Azarado, contudo trouxe outra percepção sobre os próprios limites.

Todavia, não era somente isso que deixava Ofélia longe dos braços de Morfeu. Havia outra lembrança que queimava em seu coração, com chamas cada vez mais ardentes. Marcel era um descarado que flertava consigo na frente de todos, ainda assim a mulher não podia negar que cada um de seus encontros causava um impacto cada vez maior. O coração teimoso não queria mais ignorar a decisão racional, que com tanto esforço ela tomara, de deixar Marcel ter uma vida comum.

A cada dia que passava ficava mais e mais difícil fingir que não o amava profundamente.

Era fácil e simples antes, quando ele não interagia com ela. Porém algo mudou. Ele parecia sentir seus anseios íntimos e sabê-los mesmo não sendo revelados.

— Esqueça esse homem, Ofélia. — Sussurrou para si e pensou em soprar a vela para ir dormir, mas um barulho chamou a atenção da mulher.

Vinha da janela fechada. Algo batia na madeira. Era como se alguém estivesse... Ela sondou antes de abrir.

Lá embaixo, ao pé da janela de Ofélia, Marcel arremessava pedrinhas para chamar a atenção. Tinha pulado a cerca da propriedade a fim de entrar, como um gatuno se esgueirando pela noite. Trazia uma bolsa de couro pendurada na lateral do corpo e usava uma capa preta, mais teatral do que prática.

Quando viu a janela ser aberta, o homem estendeu um dos braços, colocou a outra mão sobre o coração e começou a falar.

— *Só ri das cicatrizes quem ferida no corpo nunca teve. — No tempo certo Ofélia apareceu na janela, com olhos arregalados de susto, cabelos soltos e cercada por uma aura dourada formada pela luz da vela. — Mas silêncio! Que luz se escoa agora da janela? Será Ofélia o sol daquele oriente? Surge formoso sol, e mate a lua cheia de inveja, que se mostra pálida e doente de tristeza por ter visto que, sua serva é mais formosa que ela. — A essa altura Ofélia acenava para que Marcel fizesse silêncio. — Deixa de servi-la; ela é invejosa.

— Marcel, deixe de escândalo! — Ofélia falou lá de cima olhando para os lados.

— *Oh, falou! — O homem sorriu descobrindo a cabeça e mostrando o cabelo bagunçado e ainda úmido do banho que tomara pouco antes. — Fala de novo, anjo brilhante, porque és tão glorioso para esta noite, sobre minha face, como um emissário alado das alturas ser poderia para os olhos brancos e revirados dos mortais atônitos, que, para vê-lo, se reviram, quando ele passa montado nas ociosas nuvens e veleja no seio do ar sereno.

— Diga de vez o que tu quer, Marcel! — Ofélia já cogitava jogar uma bíblia na cabeça do homem.

— Não, mon coeur, agora é quando você me pede uma jura de amor. — O francês repreendeu e se pôs a subir pela parede. Escalando com alguma dificuldade, já que ela não tinha muitos nichos.

Ofélia pensou em jogar um travesseiro nele, mas se o francês caísse como uma pamonha, acabaria machucado. Era melhor que ele terminasse de subir e depois saísse pela porta. Quando pensou na porta, a mulher correu até lá e olhou nos corredores verificando se alguém estava acordado. Nenhum sinal de vida, no entanto, porque Mirtes, apesar de ter ouvido Marcel, tratou de ficar bem quietinha no próprio quarto.

O francês pulou a janela e entrou no quarto colocando as mãos na cintura enquanto respirava fundo. Já a mulher cruzou os braços na frente do peito e fez expressão de desaprovação.

— Acho que estou sem prática. — Marcel riu olhando para a face de Ofélia e dando uma piscadela. — Você deve receber essa notícia com muita alegria já que significa mais do que parece.

A mulher bufou e Marcel observou que a sombra do corpo dela ficava delineada no tecido fino da camisola.

— O que deseja a essa hora, Marcel? Há limite para seguir ímpetos, por favor, tenha juízo. — Enquanto Ofélia falava, o homem mexia na bolsa que trouxe consigo. — Imagine o escândalo se algum estranho o viu.

O francês andou até a mulher, puxou uma das mãos dela, virou a palma do membro para cima e depositou sobre ele um pote totalmente coberto por um tecido de algodão cru e amarrado por uma fita de cetim azul.

Ofélia franziu o cenho.

— É doce de leite em pedaços. — Marcel sorriu. — Eu mesmo que fiz. Ia entregar lá em casa, mas você saiu sem nem mesmo se despedir de mim.

A mulher ficou surpresa que não soube o que dizer.

— Espero que goste, Ofélia. — Marcel bateu as mãos e esfregou.

— Obrigada. — Ofélia agradeceu e engoliu seco, pois tentava conter as lágrimas. Não pensou muito nos motivos de querer chorar, apenas não concebia que algo como aquilo aconteceria consigo. Não depois que sua mocidade ficou no passado. — Mas podia ter esperado até amanhã.

— Oh, simplesmente não podia. Estou ansioso para saber que é do seu agrado. — O francês replicou. — E a fita é azul porque sei que é sua cor favorita.

Ofélia pareceu ainda mais espantada diante daquela informação.

— Como descobriu? Nem sei quanto tempo faz que não conto isso. — Questionou enquanto abria a fita de cetim com todo o cuidado.

— Eu somente observei e analisei. Esse é um dos meus pontos fortes. — Revelou. — Devo dizer que azul também é minha cor favorita.

— É mesmo? — Ofélia destampou o pote e sentiu o aroma bom do doce. Um sorriso largo e involuntário se abriu em seu rosto enquanto os olhos brilhavam de contentamento.

Marcel suspirou e colocou uma mão sobre o coração ao ver aquela relação. Absorveu cada detalhe da cena para se lembrar até a morte.

A mulher mordeu um pedaço do doce, fechou os olhos e suspirou.

— Sim, azul é minha cor favorita desde que vi seus olhos. — Marcel respondeu.

Ofélia abriu as pálpebras e olhou com incerteza.

— Parabéns por seus dotes, Marcel Desfleurs — ela acenou com o queixo para o pote, — está perfeito. Obrigada por essa gentileza.

— Ofélia... — Marcel tirou a capa, dobrou e colocou dentro da bolsa.

Por baixo só usava camisa e calça. Os cabelos estavam quase secos e uma boa parte caía sobre a testa.

— Sim. — Ela não conseguia parar de olhar para a face séria e serena de Marcel.

Era difícil descrever ele, mas naquele estado o homem se assemelhava a uma escultura de mármore que ganhou vida. Devia ser a expressão mais tranquila dele e uma que ela jamais tinha visto antes. O certo seria dizer que ele estava descansado de suas atuações sociais. Estava nu, diante dela. E quando Marcel ficava de tal forma, era infinitamente mais desejável.

A vontade de beijá-lo e protegê-lo foi tão grande que a mulher quase o abraçou. Por que Marcel parecia tão passível de ser amado?

— Até quando se estenderá esse jogo de caça que há entre nós? — Ele lançou as palavras com calma. Não exigia de fato uma resposta, soava mais como um desabafo. — Eu sei que você me ama, posso ver em seus olhos. Tenho consciência de que prometi esperar, mas vejo suas intenções de não ceder...

— Faço isso por você. — A mulher respondeu.

— Acredito. Com minha alma. — Ele acenou com a cabeça ainda mantendo aquela postura desarmada. — Entretanto permita-me dizer que você está errando.

— Não estou, Marcel. — Ofélia colocou o pote sobre uma mesinha. — Você não me conhece como eu.

— Tem razão, entretanto eu me conheço. Eu vivo por você. — Marcel se aproximou de Ofélia e ficou perigosamente perto. — As paredes de Flor Bonita e os ouvidos das pessoas se cansaram de meus suspiros por você.

— Há uma vida a sua espera, assim que desistir de mim. — Ofélia pousou uma mão sobre a barriga dele para evitar que o homem se aproximasse mais.

Porque se ele chegasse mais perto, ela seria incapaz de resistir.

— Como pode haver uma vida à minha espera se minha vida é você, Ofélia? — O homem questionou enquanto os olhos se marejavam.

A mulher ficou ainda mais sem defesas diante daquilo. Não era tão acostumada a ver homens chorarem e o gesto seguinte de Marcel a surpreendeu ainda mais.

Ele se ajoelhou no chão, na frente dela e olhou para cima. Agora era ela quem o olhava de cima, sem a desvantagem da altura dele.

— Me diz qual é o problema, Ofélia. — Implorou. — Estou aqui, indefenso, vulnerável, sem suas mãos ponho meu coração aberto.

— Eu não sou uma mulher completa, Marcel. — Os olhos da mulher ficaram marejados também. — Não podemos ser uma família e não quero tirar esse direito de ti.

— Não diga bobagens, mon coeur. — Marcel encostou uma mão na lateral na coxa de Ofélia onde ficava a cicatriz. — Você é completa para mim e é só de ti que necessito.

— Marcel, para início de conversa sou uma aleijada! — Ofélia exclamou tentando chamar o homem para aquilo que ela achava que era a razão.

— E de que isso importa, Ofélia? Será que é tão difícil entender que eu te amo? Você! Assim como é. — Ele retrucou.

Ofélia puxou o tecido da camisola e deixou a perna à mostra. A cicatriz tinha um ponto onde era mais funda, e havia relevos de pele repuxada por boa parte da coxa. No dia em que a tirou da chuva Marcel não tinha observado direito, era maior do que parecia.

— Vê isso? É um dos motivos. Isso não é só feio, é um limite. — Ofélia disse. — Um limite entre ser uma esposa que pode te acompanhar e uma que deve se ausentar da maior parte de suas atividades. Nunca poderemos dançar, por exemplo.

— Não mesmo, porque não tenho o talento de Azarado, todavia não tenho ciúmes, ele pode ser seu par. — O homem respondeu.

— Eu não posso ser o seu. E tenho ciúmes. — A mulher disse. — Sou assim, de natureza mesquinha.

— Então não danço mais. — Marcel pronunciou.

— Agora você entende? — Ofélia abriu um sorriso triste enquanto deixava Marcel assimilar o significado de tudo. Ela o amava, por isso não podia tirar um dos prazeres dele, mas sua própria natureza a faria infeliz caso ela cedesse totalmente.

Do ponto de vista de Ofélia, aquela relação faria um dos dois perder algo. Sempre. Entretanto era com Marcel que ela estava lidando.

Ele sorriu.

— Acha mesmo que ficarei privado? Esquece-se das amigas? Mirtes, Sorte, Adália, Maria Belinha e minha irmã são opções viáveis. — Ele argumentou. — Está tão presa nessa certeza estúpida que se esqueceu de considerar o resto do mundo.

— Mas há algo que nenhuma outra poderá fazer. — Ela falou.

— Com certeza é algo irrelevante para mim. — O francês agarrou a perna dela e depositou um beijo suave sobre a cicatriz.

A área era duplamente sensível, tanto por ser a coxa quanto pela cicatriz. O toque macio dos lábios quentes acabou desconcentrando Ofélia e os pensamentos da mulher se anuviaram quando outros beijos vieram, fazendo com que algo se revirasse dentro de si. O ar quente que saía da boca do homem a fazia querer mais, e mais, daquele toque suave, estimulante e carinhoso.

— Você me quer, Ofélia? — Marcel olhou para cima e viu que ela estava com as pálpebras cerradas.

— Sim. — Ela sussurrou de dentro de algum lugar.

Marcel passou a ponta da língua quente sobre aquela pele, fazendo Ofélia estremecer. Ele gostou daquilo. Sentia que algo nela destravava e sorriu. Tudo estimulava a onda de energia que sempre guardara. Como esperado, ficou totalmente consciente da presença daquela mulher. Daquela coxa macia, quente e cheirosa entre suas mãos.

O homem passou a língua pelo lugar onde era mais fundo e Ofélia estremeceu ainda mais. Sem se conter ele lambeu a pele de Ofélia soprando ar quente e depois propositadamente jogava ar frio.

Os mamilos da mulher ficaram visivelmente intumescidos. Não era a primeira vez que um homem a tocava, mas era a primeira que alguém usava sua cicatriz para causar prazer.

Marcel se levantou do chão e a mulher abriu os olhos sentindo pesar pelo abandono.

— Você me quer, Ofélia? — Ele perguntou. Ela mirou as pupilas dele, dilatadas, como as suas próprias que estavam da mesma forma.

— Por hoje, eu preciso. — A mulher respondeu enquanto esticava a mão.

Enfiou os dedos entre os cabelos de Marcel e o puxou para si, encaixando a própria boca na dele. Ele aceitou o beijo, e aprofundou capturando a língua dela. Ofélia gemeu jogando os braços ao redor do pescoço do homem. Em resposta Marcel enfiou os dedos entre os cabelos da parte de trás da cabeça dela.

Ofélia plantou as mãos no peito dele e o empurrou para trás, fazendo com que ele caísse na cama. Ela então montou sobre Marcel e ajudou ele a tirar a camisa. Os olhos dele brilhavam de luxúria.

A mulher beijou o peito de Marcel que ainda tinha o cheiro do banho e ele sorriu de satisfação, porque ela também rebolava sobre si.

De repente ela parou e o encarou.

— Não sou mais virgem. — Falou.

Marcel riu.

— Excelente, não quero carregar esse pecado de violar uma castidade. — Respondeu e inverteu as posições jogando Ofélia de costas sobre a cama.

— Você gosta muito dessa camisola? — Ele questionou observando a dezenas de botões pequenos que a fechavam na frente, em uma fileira perfeita.

— Não tenho apego. — Ela respondeu sem entender.

— Que bom. — Ele falou enquanto puxava os dois lados do tecido, arrancando os botões que voaram para várias direções e deixando um vão aberto que ia dos seios desnudos até o umbigo.

Marcel beijou do pescoço de Ofélia até o umbigo deixando um rastro de fogo no centro do corpo e fazendo com que a área mais íntima da mulher latejasse, desesperada por um toque. O umbigo era muito próximo de onde a carne estremecia sensível e desejosa, Ofélia quase o empurrou mais para baixo, mas ele foi mais rápido e lambeu do umbigo até o queixo da mulher.

Antes de prosseguir o homem falou no ouvido dela:

— Então hoje vou mostrar porque você deve me querer todos os dias.

E a beijou.

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*Texto de Romeu e Julieta, obra de William Shakespeare. Cena II, ato II. Neste momento Romeu aparece ao pé da janela de Julieta a elogiando ao comparar com o sol, de quem a lua tem inveja, e com um anjo divino a quem os mortais observam com dificuldade. Julieta, por sua vez, responde de maneira positiva se lamentando por ele ser da família rival e pedindo que ele abandone a família, ou ela mesmo fará isso com a dela. Qualquer um dos dois que fizesse isso, estaria desonrando sua posição e automaticamente abandonando seu espaço na família de origem, sendo este ato uma grande prova de amor.

Shakespeare é considerado um dos escritores mais ilustres de todos os tempos. Suas obras superam as eras, sendo sempre muito admiradas.

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