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Maior que nós


Os três cavaleiros passaram pelas ruas mais periféricas da cidade do Rio de Janeiro até chegar ao caminho que levaria até a missão do dia. Quem guiava o grupo era Julião. Ofélia, com seu conhecido tapa-olho. e armada até os dentes, ia no espaço intermediário. Já Marcel seguia em último.

Cada uma daquelas pessoas refletia sobre algo distinto, mas que tinha ligações claras de tema. Julião ia magoado porque Ofélia o trocara. Ela dissera que não queria um alguém, mas tinha aceitado Marcel ao ponto de dormir a noite toda com ele. Ela nem mesmo tivera o cuidado de esconder. Para si era claro que o problema maior era ele ser um preto, e não que ela não o amasse. Se tivesse sido capaz de engravidá-la, talvez a história fosse diferente.

A mulher se concentrava como sempre, calculando pelo tamanho da fazenda quantos homens estariam de guarda. Ao mesmo tempo sentia a presença de Marcel Desfleurs atrás de si. Ele parecia tranquilo demais para ser do tipo que encarava aquele tipo de empreitada. Principalmente durante o dia. Era muito pior porque se alguém visse suas faces e escapasse vivo, todos estariam condenados. A sociedade dos abolicionistas era grande, contudo aqueles que realmente lutavam eram poucos e tentavam não se tornar cartas marcadas para que pudessem manter suas posições de privilégio de onde podiam obter informações.

A realidade era que quem mais lutava era o próprio povo preto e ela não passava de um apoio ali. Se havia herói, ele estava em algum lugar entre o quilombo e a senzala porque no final do dia ela ainda seria branca e a sociedade ainda a abraçaria. Eles perdoariam seus "pecadilhos" como uma mãe perdoa as artes do filho pequeno. Porém para aquele povo de quem a liberdade foi cruelmente arrancada, não havia perdão. Toda e qualquer resistência mais efetiva era considerada rebeldia ou um crime. Tinha consciência de que seu papel em tudo era pequeno, muito pequeno.

Marcel se perguntava se ela o tinha aceitado ou ainda não. Ao mesmo tempo calculava qual seria seu papel em tudo. Observar antes de agir era seu lema. No alvoroço as pessoas tendem a se atrapalhar, no entanto ele não seria assim.

Entraram em uma trilha difícil e sinuosa de uma mata fechada onde só passavam os cavalos, porque tinha a justa medida deles. Em alguns pontos Julião precisou cortar galhos com um facão.

Depois de passar por um córrego, um lugar completamente enlameado e escorregadio, finalmente saíram perto de uma plantação de café. Era possível ouvir tiros, sinal de que o movimento já tinha começado. Sem saber a posição exata dos inimigos, Ofélia achou melhor se abaixar. Julião ia à frente com cautela. A mulher pegou a arma das costas e engatilhou, soltou as rédeas do cavalo porque ele seguiria o de Julião. Era um risco que o animal se assustasse com os tiros e desembestasse, mas ela estava segura.

Logo ouviram os gritos dos escravos da fazenda. Estavam distraindo os feitores e capitães do mato para que o doente fosse movido. Era então cerca de duas horas da tarde e o sol a pino castigava.

Assim que encontraram a turma que movimentava o doente em uma esteira de bambu, Ofélia entrou na retaguarda do grupo para fazer a segurança.

Havia duas dezenas de pretos naquela missão. Uns forros, outros livres e os quilombolas fugidos que se arriscavam muito porque caso fossem capturados seriam devolvidos aos donos. Marcel apeou do cavalo na intenção de ajudar aqueles que carregavam o homem, contudo teve uma ideia melhor ao ouvir que os escravos já não conseguiam desviar a atenção dos algozes.

A esteira era forte e Marcel sugeriu que fizessem algo como uma rede que poderia ser carregada por dois cavalos emparelhados. Argumentaram que o homem poderia cair e Marcel falou de jogar sua capa sobre ele e amarrá-lo na esteira. Eles estavam em dúvida, porém já dava para ouvir os gritos dos capitães do mato que se aproximavam.

A ideia de Marcel foi acatada e quando viu o homem que era resgatado, o francês quase chorou. Era um idoso, sem nenhuma condição de lidar com as plantações de café. Nem de olhos abertos o homem conseguia ficar. Mesmo engolindo em seco, o francês ajudou na execução do plano. A cabeça de Marcel estava em risco porque avisaram que se algo desse errado a culpa seria dele. Uma vida por outra era o preço.

Os capitães do mato acharam a trilha daqueles que fugiam e os que iam na retaguarda pararam o movimento. Eram como uma barreira, seriam vistos, portanto nenhum dos capitães, feitores ou capatazes poderiam sair com vida.

Apesar de terem certeza que eliminariam todos os homens que os seguiam, os guerreiros e Ofélia, a única mulher e branca ali, colocaram máscaras de tecido preto para esconder os próprios rostos. Já estava acostumada com o tapa-olho. Seu raio de visão diminuía, todavia de algum modo a pontaria ficava mais certeira.

Os homens apareceram no campo de visão e aqueles que ajudavam na fuga começaram a atirar. Olhando para trás Marcel pôde ver Ofélia em ação. Ela era mais lenta para disparar, mas não errava sequer um tiro. O primeiro feitor, de nome Firmino, um velho cheio de si, Ofélia acertou no coração. Ele despencou do próprio cavalo, mas ficou com o pé preso no estribo e saiu arrastado por entre o cafezal. O segundo homem, de nome Danilo, um branco magro e algo, foi acertado na testa. Era de embrulhar o estômago a cena da cabeça estourada pelo balaço. Esse foi derrubado no chão pelo cavalo e ainda teve o corpo pisado pelo casco do animal. O terceiro homem, outro branco, mas de cabelos louros, foi acertado também no coração. Ele gritou, mas o grito morreu no vento. Marcel não viu o que aconteceu com o homem, contudo ele estava morto.

Ofélia matara um dos filhos do dono da fazenda, o primo que estava ali a passeio e um feitor.

Marcel não viu os demais porque se meteu no mato junto com os demais. Não assistiu quando Ofélia, sozinha, matou mais sete. Os sete a viram, um deles chegou a dizer seu nome, mesmo assim ninguém da incursão em busca do fugido voltou para a fazenda a fim de contar o que sabia.

Antes que mais gente aparecesse, os outros e Ofélia também desapareceram dentro da mata fechada.

A mulher se encontrou com o francês em um acampamento temporário onde os quilombolas ser organizavam para levar o velho na maior segurança possível. Por questão de segurança, Ofélia e Marcel voltaram para a cidade. Era melhor que dois brancos não seguissem com os demais, poderia chamar a atenção para quem fazia parte da organização e principalmente cair nas malhas de uma investigação. Era inevitável que se pegassem um, pegariam pelo menos metade da organização de abolicionistas.

Marcel montou na garupa de Ofélia, pois seu cavalo ainda estava sendo usado. Depois Julião o levaria de volta para a propriedade da mulher.

—Você sabe se guiar de volta? — Julião perguntou para Ofélia, um pouco preocupado porque o caminho era comprido e difícil.

— Irei por outra sina, Julião. Se encontrar uma pessoa pelo caminho eu poderei distraí-la. — A mulher afirmou.

— Você é abolicionista, ninguém irá acreditar em suas palavras. — Argumentou com o coração apertado.

Marcel não deixou de notar o tratamento informal.

— Tenho um homem na garupa. — Ofélia acenou na direção de Marcel com a cabeça. — Posso dar a entender que estávamos em um passeio íntimo.

Julião retorceu os cantos dos lábios e Marcel acenou com o chapéu antes de Ofélia colocar o cavalo em movimento. Quando a mulher o fez, o francês se agarrou em sua cintura para se firmar.

Agarrar é o termo correto, pois ele chegou a colocar o queixo no ombro de Ofélia. Ela bufou e revirou os olhos.

— Não reclame. Meu maior intuito é que a desculpa do passeio íntimo seja verossímil caso alguém nos encontre. — O homem disse com sorriso na voz.

— Quem não lhe conhece que te compre, Marcel Desfleurs. — Ofélia colocou o cavalo em um galope rápido.

— Não estou à venda porque já tenho dona. — Marcel riu.

Apesar de sua aparência externa, ainda estava perturbado pelo aspecto do velho que fora resgatado. Seria um milagre se sobrevivesse, mas o francês torcia para que isso ocorresse.

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