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Centro do mundo


Foi com surpresa e contento que muitas das mais ilustres pessoas da corte do Rio de Janeiro receberam convite para estar na festa de boas vindas oferecida por Marcel Desfleurs. O que deveria ser apenas uma recepção íntima acabou se tornando um baile porque o homem queria estreitar laços com algumas pessoas. Convidou artistas da Escola Imperial de Belas Artes para fazer uma performance temática, acompanhou de perto o preparo do que seria servido para comer e beber, e claro, como sempre, tratou de arranjar uma roupa bem alinhada para que estivesse perfeito no evento.

Na noite em questão, Marcel recepcionava aos convidados, vestido em seus trajes elegantes, bem barbeado e com o cabelo alinhado. Sorria com facilidade a todos que chegavam e como bom anfitrião falou com absolutamente todos os que ali estavam. Até mesmo aqueles pelos quais não nutria simpatia, mas que ele mesmo tinha convocado pessoalmente, escrevendo seus nomes de próprio punho.

Ninguém além da irmã jamais soube dizer ao certo quem era Marcel Desfleurs, sua personalidade ou do que ele era capaz. O francês sempre optou por se acomodar na sombra dela, a temida e louvada Clementine Desfleurs, Mãe dos Vícios de Paris. E quando alguém falava dele, sempre o descrevia como agradável, simpático ou bonito. As mulheres louvavam a Marcel em toda sua extensão e os homens não o temiam.

De fato Marcel era do tipo sensível a arte, muito simpático e alguns até poderiam chamá-lo de bon-vivant. Ele chegava a desmaiar algumas vezes, quando sentia emoções fortes demais, dependia da situação. Contudo, a grande verdade, é que por debaixo de todo o carisma e calor, vivia um homem temível, vingativo e sem escrúpulos. Raramente ficava nervoso, mas quando extrapolava o limite se tornava uma fera incontível. E poucas coisas eram capazes de fazer com que ele chegasse a tal estado.

Uma delas era mexer com sua família. As outras... Permanecem como mistério porque quem saberia dizer, está morto. Marcel nunca matou alguém diretamente, ainda assim muitos que atravessaram seu caminho estavam a sete palmos debaixo da terra.

Existe um hábito interessante da sociedade civilizada, talvez desde seus primórdios, que é não temer homens não testados. Ninguém naquele salão de baile temia o homem de sorriso brilhante que prometia danças e flertava até mesmo com as casadas, revelando personalidades e comportamentos. Ninguém ali, de fato, tinha medo de levar um golpe do punho de Marcel Desfleurs porque ele não era um homem definido por ser muito atlético. E apenas uma pessoa, em todo aquele baile, queria propositadamente liberar a fera que existia dentro daquele homem. Essa pessoa se chamava Honória Cunha.

Honorinha gostava dos desafios, por isso preferia os casados e os estrangeiros, e viu em Marcel a oportunidade de ter um sexo tão violento que seria difícil sair viva ou inteira. Sim, ela queria desafiá-lo ao ponto da quase morte.

O anfitrião não era o tipo de canalha que batia em mulheres. Se se encostava a elas era, geralmente, para causar prazer. Se precisava se impor somente usava de postura para tal. E ele pretendia continuar assim até morrer.

A viúva o observava com olhos de cobiça enquanto ele conversava com um parlamentar. Em sua cabeça calculava formas de atrair Marcel para sua teia e ao mesmo tempo fazer com que ele jogasse seu jogo perverso.

Ficou desgostosa quando percebeu quem adentrava o salão, aquela que era claramente a única em seu caminho. Marcel fazia tudo por aquela mulher. Despia-se das simpatias quotidianas para defendê-la, se declarava para ela na frente de todos, e suportava a irmã mais nova que era, em sua opinião, uma pirralha metida a sabichona. Honorinha pensava nisso, cheia de ciúmes, quando Marcel beijou a mão de Ofélia Weirtz.

Ofélia inspirou o ar do salão abafado com aroma de perfumes, bebidas e tabaco. Não estava tão empolgada quanto Mirtes, apesar disso resolveu ir para ter algum contato social com pessoas com as quais tinha negócios. Nem se deu ao trabalho de se enfeitar muito, simplesmente colocou um vestido cinza de corte simples e prendeu os cabelos loiros em um coque mais simples ainda. Usava o tapa-olho como sempre, pois trazia uma arma presa na coxa, caso alguma emergência ocorresse.

Mirtes, ao seu lado, resplandecia, causando inveja em boa parte dos corações ambiciosos. Por ser uma festa de Marcel, a menina optou por ir como gostava, mesmo que isso gerasse comentários que ferissem seu coração. Era a casa de seu amigo, afinal. Ela podia ser quem era e quem queria ser. O vestido branco tinha mangas curtas um pouco bufantes, a primeira camada de tecido era fina e bela, brilhava sob as luzes dos lustres. Os cabelos castanhos claros estavam arrumados em uma cascata de cachos e ornados por jóias de brilhantes.

Após cumprimentar Ofélia, Marcel beijou a mão de Mirtes.

— Quem diria que eu teria hoje uma pérola em meu salão? — O homem elogiou. — Para vê-la brilhar assim, posso dar muitas recepções!

Mirtes sorriu em parte constrangida, e em parte orgulhosa.

— Não seja tão exagerado, senhor Desfleurs. — Ela replicou.

— Ele está certo, Mirtes. Você é a mais bela de todas. — Ofélia sorriu para a irmã.

— Aos olhos da sociedade, porque aos meus você é a mais brilhante e extraordinária beleza que posso ver. — Marcel sorriu ladino enquanto encarava Ofélia. — Tout mon coeur.

Mirtes soltou uma risadinha e Ofélia estreitou os olhos. Apesar de manter a expressão séria, seu rosto estava corado evidenciando que o elogio de Marcel tinha feito seu sangue correr mais rápido.

— Não exagere nos elogios, senhor Marcel. — Ofélia abriu um leque para se abanar e esconder o rosto. — Suas tantas conquistas podem se ofender.

— Minhas conquistas, que são mesmo muitas, podem ficar a ver navios. Comme d'hab. — O homem riu faceiro quando a mulher ergueu uma sobrancelha.

— Não parecia que pensavas com tal cinismo o último baile, quando a viúva Cunha ficou sem alguma resposta mais efetiva se sua parte. — Ofélia alfinetou.

Mirtes se desligou de ambos e olhou para o salão, onde uma dança seguia animada. Ela procurou pelas mocinhas de sua idade, mas aquelas que não estavam dançando, se viam em companhia de gente que não gostava das irmãs Weirtz.

Il est passé beaucoup d'eau sous le pont. — Marcel deu uma piscadela. — Já passou, assim como meu medo de perder tudo. Afinal a senhorita é rica e não me farão falta as regalias que tenho agora. Quando nos unirmos em matrimônio, digo.

Ofélia arregalou os olhos boquiaberta com o flerte descarado de Marcel. O homem começou a rir pela reação dela, que parecia ter se esquecido de como ele era. A mulher pegou Mirtes pela mão e a escoltou até o encontro dos Olivares enquanto Marcel recebia outros convidados que chegavam.

O que Marcel dissera, apesar de soar em tom de brincadeira, era verdade. Por Ofélia ele estava disposto a perder tudo.

A certa altura da festa Honorinha se pendurou no braço de Marcel e implorou duas danças seguidas, e o homem, mesmo que a contragosto, aceitou para não passar aos demais a impressão de que poderia ser inflexível. Ofélia sentiu o interior ferver ao ver enquanto eles valsavam pelo salão. Por mais que a expressão de Marcel estivesse séria, Honória claramente de derretia por ele. Mais que isso, sempre que passavam por Ofélia a mulher lançava olhares de desafio para a Weirtz mais velha. Era uma provocação porque Ofélia não dançava mais, e provavelmente não poderia dançar com Marcel.

— Já chega disto. — Sorte, sentada com a mão sobre a barriga, estava mais irritada que Ofélia. Os humores da gravidez a deixaram sensível. — Azarado, faça sua mágica.

Azarado olhou para a esposa um pouco perdido, mas quando seus olhares se encontraram ele entendeu o que ela queria dizer.

— Senhorita Weirtz, me concede a honra da próxima dança? — Azarado pediu cortês e Ofélia olhou sem crer.

— Está de troça? — Questionou.

— Confie em mim, sou bom nisso. — Ele se levantou quando viu que a música tinha acabado e a próxima já ia começar. Uma valsa foi anunciada.

— Não pode estar falando sério. — Ofélia replicou para a mão do homem que estava estendida.

—Vá Ofélia, se entregue a ele, deixe que te guie. Será como se você nem precisasse tocar o chão. — Sorte estimulou enquanto batia no braço da amiga.

— Sim, farei com que os movimentos tenham apoio na sua perna comum. — Ele argumentou.

Nesse exato momento Ofélia viu Honorinha rindo gaiteira para Marcel enquanto se preparavam para a segunda dança. O homem rolava os olhos impaciente. Entretanto, o que fez Ofélia se levantar não foi a proximidade do par, mas o fato de Honória Cunha lançar um olhar de desafio.

Ofélia Weirtz se encheu de determinação e pegou a mão do par que a apoiou. Sorte agarrou a bengala da amiga porque ela não ia precisar. Sem ter certeza, Ofélia ergueu o queixo e se deixou guiar para entre os olhares atônitos. E o imprevisível aconteceu. Todos os casais se desfizeram e abriram espaço, se recolhendo às bordas do salão para assistir Ofélia Weirtz valsar com Azarado Almeida. Eles, que eram um ex-casal. Volta e meia alguém olhava para Sorte cuja face era de aprovação e apoio.

Melhor seria dizer que quase todos os casais se desfizeram, porque Honória e Marcel continuaram lá. À contragosto de Marcel que queria ver como Ofélia se sairia.

Então Azarado arrumou a posição de seu par, invertendo o lado da dança. Porque o que ninguém tinha notado até então, é que o homem era ambidestro e conseguia executar os movimentos tanto no sentido horário quanto anti-horário. Claro que a coordenação motora ajudava muito.

Ele não precisava que Ofélia soubesse executar a dança com perfeição, ela só necessitava se mover de acordo com os comandos. A valsa começou e os movimentos de ambos os pares começaram também. Um dos segredos da dança é que o movimento de todos os pares deve seguir na mesma direção para que não se trombem, todavia ambos os pares naquele salão seguiram nas direções opostas.

Ofélia mal acreditou que estava dançando perfeitamente e em público. Azarado, seguro de si, apoiava a maior parte do peso dela e comandava os movimentos com uma maestria sem igual. Mais que isso, ele chegou a executar passos difíceis e que não se via com frequência senão vindos de quem realmente tinha apreço pela dança, como deixar Ofélia girar em torno do próprio eixo e sozinha. Nada atrapalhou seu movimento, nem o vestido pesado e nem o desconhecimento sobre aquilo.

Em algum momento a mulher viu Sorte ao longe, com um sorriso tão largo que podia ser enxergado a quilômetros de distância.

Os olhos de Ofélia se encheram de lágrimas porque ela pensava que nunca mais flutuaria por um salão de baile com a mesma maestria de antes. E que se não fosse a generosidade de Sorte, a quem ela já tanto ferira um dia, isso realmente não seria possível.

— Não chore, Ofélia. Hoje é dia de sorrir. — Azarado falou para a amiga.

— Obrigada, Azarado. — Ofélia agradeceu com voz trêmula. — Isso aqui para mim não tem preço. Nada no mundo pode comprar uma dança.

Ele sorriu.

— Se pensa que nós deixaremos nossos amigos secarem na amargura, saiba que está enganada. — Ele falou. — Sempre que quiser valsar, estarei pronto.

— Melhor não dar abertura para as más línguas. — Ofélia abriu um sorriso genuíno de muita alegria.

De onde estava Sorte soltou uma risadinha contente de puro orgulho. Mirtes tinha chego pouco antes, pois estava do outro lado do salão com um par. A mocinha não controlou o choro e segurava a mão de Sorte.

— Pensei que nunca mais a veria valsar. — Mirtes disse enquanto enxugava as lágrimas com um lenço de renda.

— Azarado faz seus próprios milagres. — Foi o que Sorte disse se lembrando de quando se conheceram.

A marquesa tinha o coração leve de poderem proporcionar um momento de alegria para Ofélia, pessoa que era muito fechada em si desde os acontecimentos trágicos antes do divórcio com Azarado.

Não, a marquesa não tinha raiva. Uma vez dissera para Clementine que todo mundo merecia uma segunda chance, principalmente quem estava implorando por uma. Ofélia não tinha implorado, mas ela merecia também. E Sorte nunca se arrependeu do voto de confiança.

A dança terminou com Marcel surpreso e enciumado porque não tinha sido ele a conduzir Ofélia, e ele admitia que não tinha talento suficiente para tal. Azarado era o melhor dançarino que ele já conhecera. Honorinha estava triplamente ofendida porque Ofélia tinha brilhado justo nos braços de Azarado, um homem que não saía de perto da esposa para nada, Marcel não tirara os olhos de Ofélia e uma de suas maiores vantagens fora derrubada.

Quando a música acabou o que os pares ouviram foi uma sauva de palmas inesperadas enquanto Azarado graciosamente conduzia Ofélia de volta para seu lugar.

Sorte recebeu a amiga e ao marido com alegria enquanto ouviam o burburinho crescente.

Marcel viu todos reunidos e quis ir para junto deles, porém Honorinha segurou o braço do homem. Ele aproximou o rosto sorridente até o da mulher e pronunciou as palavras seguintes com ódio contido.

— Contarei até três, e se não soltares meu braço, garanto que se arrependerá. — Garantiu.

— O que pretende fazer? — A mulher desafiou.

— Um... — O sorriso de Marcel foi substituído por uma linha reta. — Dois...

Honória soltou, mas não de medo. Estava emocionada, seu corpo tremia de alegria por ver novamente aquele Marcel ameaçador.

O homem saiu sem se despedir enquanto outra dança começava no salão. Não conseguiu chegar a Ofélia, no entanto, porque seus deveres de anfitrião o pararam pelo caminho.

Quando ficou livre não viu mais Ofélia no salão. Ela já tinha ido para casa e ele tinha a tediosa festa pela frente.

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Bon-vivant: Pessoa que gosta de aproveitar os prazeres da vida.

Tout mon coeur: Todo meu coração.

Comme d'hab: Como sempre.

Il est passé beaucoup d'eau sous le pont: Literalmente tem sentido de "muita água já passou debaixo dessa ponte", muita coisa já aconteceu desde então.


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