As vontades do noivo
Marcel estava por completo imerso nos preparativos do casamento. Apesar de Ofélia já ter sonhado com aquilo por muitas vezes quando era mais moça, já tinha deixado de ser um grande objetivo havia muitos anos. Aos seus olhos o rito perdera o brilho. Entretanto, o noivo não deixaria que a cerimônia fosse simples. Não era porque ele estava planejando o casamento que realmente queria, ou seja, a cerimônia de seus sonhos, mas o casamento que achava que Ofélia merecia.
Certo dia, em seu aposento, enquanto ainda se recuperava, trocava algumas palavras com a noiva. O tópico da conversação era a cerimônia vindoura.
— Já dispensamos o convite de minha irmã? — Marcel questionou enquanto olhava para o rosto da mulher, porque a parte dos convites ficara por conta de Ofélia.
— Sim, e esses foram de longe os mais fáceis de entregar. — Ofélia revirou os olhos em sinal de impaciência. — Não sei mais quantos barões, condes e outros titulados eu já visitei para convidar pessoalmente, Marcel.
— São poucas pessoas, mon coeur. — Marcel sorriu para ela de forma que fez o coração de Ofélia errar uma batida enquanto ela sentia um arrepio na nuca. — Na igreja não há espaço para tantos convidados quanto eu gostaria. E nem é pela presença de tais figuras, mas pelos presentes. E para assistir enquanto morrem de inveja do casal mais brilhante que há nesse Império. Sou um tanto egocêntrico.
— Felizmente não há espaço, Marcel. — Ofélia se mexeu na cadeira onde estava sentada, sentia vontade de beijá-lo nos lábios. — Eu deveria ter presumido que você faria um evento de tal porte, principalmente depois de ter assistido o aniversário de Mirtes.
— Aquela foi uma festa animada! — Sorriu com deboche enquanto se lembrava de Cristiano. — Que culpa tenho eu se quero entrar para a história da corte com um casamento que represente uma pequena fração do tamanho de nosso amor?
Ofélia sorriu sem jeito. Saber que aquela megalomania só representava uma pequena parte do amor deles fez com que seu coração se enchesse de ternura e encanto.
— Amo-te tanto, Marcel. — Ela se sentou na cama, ao lado dele, e foi abraçada pelo noivo que estava sem camisa. Pedido dele para seu maior conforto porque geralmente sentia muito calor.
O homem tirou o tapa-olho de Ofélia e beijou seu ombro que estava coberto por um tecido fino.
— A cada vez que ouço isso, sinto que ganho mais um dia de vida. — Marcel sorriu para Ofélia que o olhava de um ângulo mais abaixo. Segura em seus braços e abraçada em seu tronco.
A mulher passou uma mão sobre o desnudo de Marcel. Ele já estava quase completamente recuperado, pelo menos naquela área do corpo tudo se via como deveria estar.
— Eu ainda acho que meu mamilo está torto. — Marcel olhou para a região citada enquanto ficava sério por um instante.
— Não há nada de torto aí. — Ofélia revirou os olhos enquanto passava um dedo por sobre o mamilo do homem. — Ainda perfeitamente reto e completamente curado.
— Seu toque me causa arrepios de excitação. — O francês falou baixo e rouco enquanto sentia a vibração na região do púbis.
Passaram míseros instantes entre Ofélia notar que as pupilas dele estavam dilatadas e estar de olhos fechados enquanto recebia um beijo profundo. A vontade de ambos queimou. Antes que perdesse o controle, Ofélia se levantou da cama.
— Comporte-se. — A mulher disse e depois limpou a garganta na tentativa de desanuviar os próprios pensamentos tomados por desejos.
Marcel lançou sobre ela um olhar de súplica.
— Minhas partes já estão roxas de tão comportado que estou. Maldito seja o espírito de Thompson por ele ter me privado de você. — Marcel resmungou cruzando os braços na frente do peito.
— Eu nem estava viva naquela epoca. — Ofélia retrucou com uma sobrancelha erguida.
— Nem me fale, mon coeur. Nem me recorde de tal tragédia. — O francês fez uma careta de desgosto. Sentia um frio perpassar o coração sempre que aquilo era citado.
— Agora que já fez da cerimônia um rito de reis, qual será seu próximo passo? — Ofélia questionou enquanto também cruzava os braços.
— A festa, é evidente. — Marcel sorriu evidenciando que sim, ele tinha um grande plano. — Tive algumas idéias interessantes que permitirão a presença de todos os nossos amigos no evento.
— Diga então... — Ofélia ergueu ambas as sobrancelhas e baixou rapidamente, pois estava surpresa.
— Faremos uma festa aberta. Para toda a cidade. Na rua mesmo. — Marcel contou sua grande ideia enquanto sorria.
— Parece loucura. — Ofélia riu enquanto se acostumava com a ideia, tinha entendido rapidamente qual era o plano dele.
— É como um grande festival. Podemos ter vários espaços que separem os aristocratas enojados de para todas as pessoas que gostamos. Clementine detesta os nobres e Ícaro com certeza se sentirá melhor longe da gente desagradável. — O francês expôs alguns de seus pensamentos.
— E os desconhecidos? — Ofélia questionou já rendida.
— Deixe que festejem nosso amor, mon coeur. — Marcel sorriu faceiro e a chamou com as mãos.
A noiva se aproximou devagar enquanto falava.
— Vai custar uma pequena fortuna, você sabe.
— Só teremos Mirtes de herdeira e sei bem que você administra a parte dela separada da sua, somos muito ricos, podemos fazer isso sem preocupações. Além disso, a avareza é um pecado capital. — Marcel argumentou enquanto a puxava novamente para si.
Ofélia caiu sentada na cama.
— Podemos e devemos. — Ela riu entusiasmada. — Amo-te, Marcel. Meu bombocado.
O homem riu e segurou a noiva nos braços.
— Bombocado? — Perguntou vendo graça no apelido.
— Não gosta? — A mulher questionou passando a ponta do indicador no centro do peito dele.
— Amo tudo que vem de você, mon amour. — Marcel disse antes de depositar um beijo rápido sobre seus lábios.
— Marcel... O que seria de mim sem você? — A mulher puxou o rosto dele e o beijou da mesma forma.
— Você seria ainda a mais linda das mulheres. Já eu, sem você, sou somente um corpo sem coração. — Disse emocionado enquanto olhava nos olhos dela.
Ele se viu ali, refletido nas vivas íris de Ofélia. Vivas. Sorriu largamente enquanto pensava em todos os significados do verbo viver.
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