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Água mole, cabeça dura...


Uma chuva começou lá fora depois que Mirtes se recolheu ao quarto para ler um livro. O clima estava propício para entrar debaixo dos cobertores.

— Onde estão seus empregados que nunca os vejo? — Marcel questionou curioso para uma Ofélia que mirava a chuva que caía lá fora.

— Não tenho a mais pálida ideia de onde estejam nesse momento. — Ela respondeu distraída. — Eles são livres, não me cabe vigiar. Talvez Camila esteja no quarto de costura, ela gosta de lá porque tem a costura como passatempo.

— E as funções? — O homem se acostumara com as fazendas e a casa dos marqueses onde havia um teatro que se desenrolava, apesar da liberdade. Quando alguém queria partir a explicação que davam é que tinham enviado o escravo para uma das fazendas.

— Como você pode perceber, a casa está um brinco de limpa, nossa dispensa está cheia e não há o que fazer lá fora graças a essa chuva. Garanto que tem comida pronta na cozinha, portanto, está tudo em ordem. — Ofélia replicou. — Alguém virá pela noite preparar nossos banhos e o jantar, depois se irá novamente.

— Você sabe que dizem que os pretos são preguiçosos e inclinados ao vício? —Marcel comentou aquele que era um dos discursos dos escravagistas.

Ofélia não se deu ao trabalho de argumentar, pois nenhum dos dois acreditava naquelas palavras.

— Marcel...

— Sim. — O homem levantou os olhos do jornal que ele tinha pego para ler.

— Quantos filhos você deseja ter? — Ofélia questionou deixando o homem curioso.

— Por quê? — Ele respondeu uma pergunta com outra.

— Apenas responda. — Ela tirou os olhos da chuva e os voltou para ele.

Marcel coçou o queixo enquanto olhava as gotas que caíam mansas lá fora.

— Creio que nunca pensei nisso a sério. — Respondeu. — Claro que já me imaginei sendo pai uma vez ou outra, principalmente quando cuidava de Émile, entretanto depois que me afastei dele essa possibilidade parece distante.

— Você lida bem com crianças e jovens. — Ofélia pontuou enquanto lia a reação dele.

— Oh sim, eles gostam de minha pessoa porque sou simpático e aberto, mas isso não tem uma relação direta com o fato de ser pai e sim com minha predisposição natural para fazer amizades. — Ele suspirou, colocou o jornal ao lado de si e abriu as pernas enquanto relaxava. — Eu nem me lembro de meu pai, não sei se saberia ser um.

— Você nunca fala de sua família. — Ofélia observou.

— Minha família é Clementine e tudo que vem com ela. — Marcel suspirou. — Prefiro não falar sobre esse tópico e na verdade sequer tenho muito conhecimento para tal. Meu pai morreu cedo, minha mãe também e o cadáver dela foi jogado em uma rua imunda junto com os dois filhos pequenos e órfãos.

Ofélia sentiu um nó na garganta, principalmente porque viu sofrimento e fragilidade em Marcel. Os olhos dele estavam marejados e logo as lágrimas começaram a correr.

— Lembro-me vagamente daquele dia. O céu nublado... Então Clementine fez uma trouxa de nossos pertences, pegou minha mão e a partir daquele momento ela foi minha mãe, meu pai e minha irmã. — As lágrimas verteram ininterruptas pelas lembranças tristes, mas também pela gratidão que Marcel sentia. — A sociedade cristã nos diz que para ser uma família precisamos de pai, mãe e filhos, mas minha família inteira era minha irmã.

— Agora sua irmã é mãe do meu meio irmão Émile. — Ofélia sorriu enquanto se sentava ao lado de Marcel. Ela o abraçou e ele também a enlaçou olhando para o rosto dela.

— São laços complexos de parentesco. — Marcel comentou.

— Penso que sua irmã é uma ótima mãe, assim como você será um bom pai. — Ofélia disse.

— Clementine não planejou ser mãe, portanto ela somente aceitou com o coração aberto e se esforça para ser tudo aquilo que ela não teve. Na verdade ela não nota que já fez tudo por mim. — O francês riu rouco. — Se eu tivesse toda a felicidade do mundo, daria metade dela para minha irmã.

— E a outra metade ficaria consigo. — Ofélia encostou a cabeça no ombro dele.

— Não. — Ela olhou curiosa diante da resposta do homem. — A outra metade eu daria para ti.

Ofélia ergueu a sobrancelhas surpresa.

— Para mim?

— Sim. Se você e minha irmã estiverem felizes, eu também estarei. — Ele bateu um dedo na ponta do nariz de Ofélia e depois, com a ponta do indicador, fez círculos suaves sobre o tapa-olho dela.

— Por que eu? — Ofélia disse com voz embargada.

— Por que não poderia ser você? Acha que não merece ser feliz? — Marcel entrelaçou seus dedos com os de Ofélia.

— Meu tempo já passou. — Ela disse.

— Não passou, nunca vai passar. Não no meu mundo. — O francês disse. — Je t'aime. J'adore ton sourire. Tu me rends heureux. Je ne peux pas vivre sans toi. La raison es que je t'aime.

Ofélia sorriu diante da declaração de amor. Assim como tudo em Marcel, ela era suave, agradável, fácil de aceitar. E naquele exato momento, enquanto seu coração batia descompassado, a mulher percebeu que não tinha mais forças para lutar contra aquilo. Não contra o sentimento de Marcel, mas contra o próprio amor. Queria se entregar e dizer que o amava também.

— Quando eu era moça coloquei meus olhos em um francês, e naquele dia eu me apaixonei. — Ela declarou. — Isso ficou enterrado debaixo de anos e anos de uma vida na qual lutei pelo mínimo de dignidade depois de quase ser morta pelo meu pai, de quase ter perdido minha amiga mais preciosa e de precisar salvar o que restava da vida normal da minha irmã. Depois...

Ela engoliu em seco, as palavras não saíam mais, mas as lágrimas de desabafo sim.

— Você tem toda a vida para falar comigo, não se force. — Marcel beijou a testa dela.

— Eu descobri que se tem algo que não existe é toda uma vida. Podemos morrer a qualquer momento. — Ofélia replicou. — E quero falar agora porque sei que a coragem me vai esvair.

— À seu tempo. — Marcel disse. — Posso contar a piada do pintinho na chuva enquanto isso.

Ela riu. Aquele pequeno riso desatou sua última trava.

— Tu és inacreditável, Marcel. — Ela observou.

— Sim. É difícil crer em minha existência, mas cá estou. — Disse apertando o peito. — E sou inteiro seu.

— A questão, é que não consigo ser mãe. E antes que pense em soluções, eu já tentei de tudo. — Falou de uma vez.

Marcel absorveu as palavras por alguns segundos que para Ofélia pareceram infinitos. Depois suspirou.

— Ah Ofélia, sempre vendo problema onde não existe. — Falou enquanto olhava nos olhos dela. Naquele dia chuvoso em especial os olhos de Ofélia não pareciam aquosos e tristes, mas brilhantes como uma gema preciosa. — Em quê isso nos impede?

— Sua linhagem acaba em ti se não tiver um filho. — Ela foi objetiva.

— Minha linhagem é a dos Desfleurs e até onde sei a próxima geração já está garantida com Émile. — Marcel argumentou. — Meu nome, ensinamentos, e outras bobagens, podem passar para um filho adotivo.

Ofélia arregalou os olhos.

— Adotivo? — Questionou.

— Por que não poderíamos adotar um ou mais? — Ele questionou. — Somos ricos, Ofélia, e há tantas crianças precisando de um lar. A menos que você não queira ser mãe.

— Bem... Não sei ainda. — Ela disse.

—Tudo à seu tempo, mon coeur. — Marcel fez sinal para que ela deixasse o assunto para depois.

— Tem razão. — A mulher concordou.

— Então, essa conversa toda significa que minha espera terminou? — Ele sorriu torto.

— Preciso resolver algo antes... — Ofélia contrapôs.

— Sobre Julião. — O homem falou e pelo canto do olho viu ela se espantar.

— Como sabe? — Ofélia olhou assustada.

— Mulher... — Marcel segurou o queixo de Ofélia e a olhou nos olhos. Seus olhos brilhavam como os de um caçador. — Sou o mais observador e esperto dos homens.

— Não se incomoda? — Ela indagou surpresa. — Sobre Julião.

—Todas as pessoas têm um passado, um presente e um futuro. Ele é somente o passado. — Marcel respondeu. — Ademais, se você o quisesse, quem seria eu para dizer que não?

— Você é inacreditável, Marcel Desfleurs. — Ofélia sorriu e depois o beijou.

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Je t'aime. J'adore ton sourire. Tu me rends heureux. Je ne peux pas vivre sans toi. La raison es que je t'aime. : Eu te amo. Eu amo teu sorriso. Você me faz feliz. Eu não posso viver sem você. O motivo é que te amo.

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