19
Turin, Itália, Maio de 2017.
No jantar, algumas coisas foram colocadas em pauta.
Giulia sentia seu peito mais leve do que um gás nobre, ele havia ouvido da boca do croata que aquele sofrimento tinha valido a pena.
Eles estavam juntos nessa.
Mas antes, o passado, os fantasmas, os poréns deixados sem pontos finais. Eles queriam fazer direito, fazer valer, vê o quanto aquele sentimento poderia amadurecer e melhorar, sem os mínimos erros possíveis.
E claro, era apenas o primeiro jantar, a primeira conversa.
Apesar dos corpos pedirem algo mais lascivo do que massas italianas - principalmente Giulia, que lutava para que seu ventre não gritasse mais alto do que a razão - no dia do jantar, os dois decidiram resolver as pendências que ainda continuavam andando colados em seus corpos, para que não houvesse preocupações.
Giulia decidiu conversar diretamente com Pjanić. Aquilo no jantar havia sido apenas o pretexto, ele não merecia um ponto de interrogação daquele jeito. Mario concordou, disse que tentaria falar com o bósnio, rezando para não arrumar confusão quando fosse. Mas a brasileira pediu calma, ela tinha feito o nó, ela iria desatar.
— Pode deixar comigo.
Mario fez o mesmo, disse que iria ver Ivana para resolver o que faltava, ainda mais que ainda tinha coisas da ex mulher em sua casa. Disse que iria colocar o ponto definitivo naquilo, iniciando um novo parágrafo em sua vida.
Saíram do jantar tão empolgados com as promessas que parecia que tudo daria certo como em suas cabeças.
Mas o destino, ah sim. Ele brinca com as pessoas.
Os dias passaram, e o telefone de Miralem caía na caixa postal imediatamente, deixando Giulia frustada a cada ligação que tentava efetuar. Ela não faria por vencida, então, como sabia onde o bósnio morava, decidiu ir até o apartamento, após o trabalho. As chances de dar tudo errado eram enormes, mas se ele não atendia, não seria ela que iria desistir tão fácil assim.
E assim fez. Bateu no apartamento e por incrível que pareça, o meia a deixou entrar. Mas ao entrar, deu de cara com sua cópia mirim, que sorria faceiro para a brasileira, que claro, ficou apaixonada.
Giulia, esse é meu filho, Edin.
— Oi Edin! Sou uma amiga do seu pai. Giulia.
Giulia cumprimentou o garoto, que logo abandonou a sala para ir no quarto, provavelmente por ordens do pai.
— Fico feliz que tenha me deixado entrar.
— Eu não atendi de propósito, queria conversar com você pessoalmente. E como sei que você não desiste...
— Me conhece pouco mas já sabe que eu iria ficar puta com isso.
— Faria quantas vezes necessário.
— Eu não vou vir aqui toda vez que você deixar de atender o celular. Eu vim agora porque precisamos conversar. — Disse se sentando no banco de frente ao sofá que Miralem estava sentado.
— Precisamos?
— Olha eu sei, eu fui totalmente cretina contigo. Menti para você e fui jantar com outro cara.
— Outro cara, não. Se fosse outro cara qualquer, não teria ficado chateado assim. É o Mario, Giu. Ele era como um irmão para mim.
— A culpa não é dele.
— Pouco me importa. Meu ego está machucado e minha vontade é de matá-lo.
— Por favor! Vamos conversar como dois adultos?
Miralem bufou, enquanto tomava algo na caneca que parecia ser cerveja.
— Eu vim aqui dizer que esse meu rolo com o Mario é muito mais velho do que você imagina.
— Você estava com ele e ele casado?
— Não! não, nunca! — Disse alarmada, enquanto se levantava. — Eu digo rolo pois é como se fosse peça do destino. Ele sempre estava perto de mim, na hora errada, momento errado. Eu lutei contra isso, mas quanto mais eu tentava sair, mais eu me afundava.
— Giu, eu realmente pensava em ter algo sério contigo. Mas eu deveria ter sido mais cuidadoso. Aquele dia que eu tentei falar contigo. O olhar dele sobre mim. Eu achei que era apenas por inveja dele ser casado e ter te achado bonita. Mas não, fui ingênuo demais.
— Ele não tinha o direito de olhar feio para você.
— Percebo agora que ele sempre teve.
A cada palavra sarcástica do meia bósnio, Giulia sentia seu peito murchar, ele estava certo. Mas ia morrer sem admitir.
— Miralem, eu não vim falar dele. Eu não quero deixar assim, não posso. Eu preciso ser franca com você.
— Eu já entendi, Giulia. Já disse que não quero satisfações suas. Quanto menos eu te ouvir, melhor. Se me der licença, meu filho é minha prioridade agora. Adeus.
Ele tinha o direito, pela mentira, pensou.
Giulia assentiu e se levantou, deixando aquilo de vez para trás. Mesmo não sendo da maneira que ela desejava, o ponto final estava ali. Ele estava tentando deixar as coisas menos piores para ele, sendo sensato com si mesmo. E sem mais o que fazer, Giulia saiu e deixou seu lance com Miralem Pjanić acabar ali.
Ao chegar em casa, Giulia deu de cara com as meninas, afinal era sexta. Ela tinha dito que ia ver Miralem e que voltava em breve e quando chegou, logo perceberam seu rosto injuriado.
— Parece que a visita não foi boa. — Milene disse um pouco receosa, enquanto Giulia tirava os sapatos do pé e jogava-os atrás do sofá.
— Gente, eu sou um fracasso no quesito vida amorosa.
— O que aconteceu?
— Resumidamente, caguei com o Pjanić. E o Mario...
— O que tem o Mario?
— Ainda não é nossa hora.
— Garota, para de falar outra língua. — Karen pediu, tentando entender o que estava acontecendo.
— Eu menti pro Miralem, tá legal? disse que estava cansada. Isso foi há duas semanas. Menti para me encontrar com Mario. E ele descobriu, aliás, viu.
As duas se entreolharam, passadas.
— Brigamos e hoje eu tentei falar algo pessoalmente. Mas ele me enchutou de lá. Eu realmente estou triste com isso. Ele tinha toda a razão.
— Mas você disse que não era nada sério.
— Eu nunca falei que não queria nada sério, a culpa foi minha de não deixar tudo ás claras. Estava desesperada para...
Giulia travou a mandíbula, dando chance para seu orgulho ser engolido novamente e esquecido por um momento.
— Estava desesperada para esquecer aquele maldito croata de olhar sínico, arrebentador de para-choques!
As meninas nada disseram, principalmente quando viram as lágrimas descerem do rosto da brasileira. Ela chorava por ter escondido o inevitável, por mentir para si mesma. Chorava por seu orgulho, de querer ser uma pessoa que não era.
Depois de um tempo sufocada, estava colocando para fora, era novo. Milene a abraçou por trás e permaneceu quieta, enquanto Karen e Suzie serviram de apoio para o resto. Se ela era azarada no amor, pelo menos na amizade tinha a maior sorte do mundo.
— Mas sobre o Mario não estar pronto para você... — Karen perguntou enquanto Milene fazia o arroz. Giulia estava sentada na bancada, cortando algumas batatas.
— Conversamos e sim, gostamos um do outro. Mas não estamos prontos.
— Eu entendo. Eu fiquei assim com a Sydney no início. A gente demorou meses para começar a namorar. Decidimos vencer alguns obstáculos antes e...
— Isso é muito bom. Nunca precisei fazer isso. — Milene interviu.
— Tá bom, barbie, já entendemos que você tem uma vida amorosa muito boa.
— Poderia ser melhor, mas estamos aí né.
— Milene!
— Brincadeira. Bryan é incrível. E estamos muito bem.
— Ficamos feliz com isso.
— Giu, logo é você! O Mario já é seu. É só ter paciência para tudo se ajeitar, certo?
— O destino de vocês está traçado a muito tempo.
— Odredište.
— O quê? — Suzie perguntou, aparecendo de perneta no meio da conversa.
— Destino em croata, Mario me disse. — Giulia sorriu de lado. —Ele disse que nunca acreditou nisso mas, sabe muito bem que a vida queria me colocar na sua reta.
— E você vai desistir dessa reta?
— Jamais.
Oi gente!
Olha, eu acho mega importante explicar o porquê disso tudo. Lenga lenga para alguns, aprendizagem para outros.
Insegurança é o nome da maldita assombração que anda lado a lado de qualquer um, certo?
Acredito que muitos relacionamentos não dão certo por conta de problemas, principalmente do passado, problemas individuais que interferem no composto. Se não formos bem aceitos com nós mesmos, é compreensível termos problemas com o próximo. E isso geralmente dá bosta né.
Giulia possuí muitos medos, como foi bem mostrado ao longo da fic. E ela sabe que, se não equilibrá-los, sua relação com Mario poderia não dar certo.
Ela pensou nela em primeiro. E isso é o certo, recomendadíssimo para nós.
Por isso, resolvam suas pendências, lutem com os demônios daí de dentro. Giulia vai conseguir e tenho certeza que nós também iremos.
Viva o relacionamento saudável!
(e isso vale para qualquer tipo de relacionamento)
(E fiquem ligados que vai rolar um bônus logo logo, hein)
Para quem quer acompanhar a bonita chorando as pitangas na rede social? @lanziannigiu
E para quem quer me seguir, @paradise_zzz
XO AND XO
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