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Capítulo 8

Lembram quando eu disse que esse seria um capítulo curto? Pois é. Eu menti.

Honestamente, preciso parar de fazer meus planejamentos com nada além de palavras-chave… Eu me perdi totalmente sobre o que eu queria fazer e precisei improvisar um pouco

[Não revisado!]

Tw!
Ataque de pânico (colocando minhas próprias experiências, mas não tão detalhado)

-

A consciência vem em partes, tão lentamente quanto ela é capaz de chegar. Entretanto, não demora muito para que ele comece a sentir a doce e familiar dormência proporcionada pela morfina correndo em suas veias - embora fosse menos intenso do que ele está acostumado.

Os sons estavam abafados - conseguia ouvir apenas alguns barulhos que soavam suspeitosamente com vozes, mas que ele não conseguia decifrar de quem eram ou o que era dito -, era como se seus ouvidos estivessem cheios de algodão, e ele não ousou abrir os olhos, temendo queimar suas retinas caso o quarto esteja iluminado.

O cheiro de antisséptico atacou suas narinas e ele sentiu seus batimentos cardíacos se acelerarem contra sua vontade ao reconhecer que ele provavelmente estava em um hospital.

Ele estava rezando para todo e qualquer deus que possa existir para que Mori não estivesse ali. Ele se mataria ali mesmo se esse fosse o caso.

Antes que ele pudesse se questionar sobre o que havia acontecido - se ele havia acabado de sair de uma missão ou de uma sessão de punição -, as memórias dos acontecimentos anteriores voltaram rapidamente, batendo nele como se fossem um trem de carga em movimento. Ele pulou da cama, sentando-se e abrindo os olhos.

Ele estremeceu quando uma pontada de dor atravessou seu corpo - provavelmente não havia morfina o suficiente em seu sistema. A luminosidade da sala fez com que seus olhos doessem e ele precisou fechá-los por alguns momentos.

Ele tentou mexer os braços apesar da dormência e logo notou que um de seus pulsos estava em uma tala – era uma sensação familiar demais para que ele não reconhecesse.

Os sons que ele conseguia ouvir foram lentamente ficando mais nítidos e ele logo entendeu o que estava sendo dito.

— …zai..!

— Daz…!

— Dazai!

Dazai abriu os olhos lentamente, avistando duas figuras familiares, a quem ele reconheceu como Aizawa-sensei e Recovery Girl. Ambos olhavam para ele com carrancas preocupadas, embora parecessem um pouco aliviados. O primeiro parecia um pouco com uma múmia, mas ainda parecia melhor do que o mafioso achava que ele ficaria, já que não estava totalmente coberto por bandagens e ainda conseguia andar - embora ele provavelmente não devesse estar de pé ainda.

Ele notou que, felizmente, não estava em um hospital, e sim na enfermaria da escola. Estava completamente vazia, com exceção dos três que estavam ali. Ele agradeceu silenciosamente por isso.

— Garoto, você está conosco? – Seu professor chamou com uma expressão vazia, embora a suavidade e preocupação de seu tom de voz contradizesse sua fachada.

O moreno suspirou profundamente, antes de dar um sorriso trêmulo para seu professor. — Sim. ‘Tô bem, pode ficar tranquilo.

A mulher idosa estalou a língua em aborrecimento. — Vocês, heróis e estudantes de heroísmo, são todos iguais! Imprudentes e muito, muito idiotas. – Ela resmungou, antes de suspirar.

— O que aconteceu depois que eu desmaiei? – Dazai perguntou rapidamente, ignorando a médica.

Aizawa parecia ter envelhecido quase setenta anos. — Shigaraki e Kurogiri fugiram logo depois que os outros heróis chegaram, depois que Shigaraki levou alguns tiros de Snipe. Você foi um dos alunos mais feridos depois desse show de horrores. E isso me leva ao meu próximo ponto…

Ah, lá vem. A punição por ter desrespeitado uma ordem clara de seu professor. Ele não imaginava que seria lhe dito assim que ele havia acordado, mas talvez ele esteja esperando demais. Ele só pode esperar que não seja tão ruim assim, afinal de contas, eles são heróis, né? Certamente não seria pior que na máfia.

— …Eu gostaria de me desculpar.

O que?

Seu professor queria… se desculpar?

Sua perplexidade deve ter ficado escrita em seu rosto, já que seu professor apenas suspirou, antes de se curvar brevemente.

— Eu gostaria de me desculpar por minha incapacidade em te proteger, tanta foi essa que você sentiu a necessidade de intervir. Você é minha responsabilidade enquanto está na escola e eu falhei com você.

Dazai abriu a boca para dizer alguma coisa, mas foi interrompido pelo olhar firme de seu professor, que dizia - sem palavra alguma - que ele não havia terminado.

— Eu também gostaria de te agradecer, já que, graças a você e aos outros alunos, meus ferimentos não foram tão graves como poderiam ter sido em sua ausência. – Aizawa deu uma pausa, antes de se levantar e franzir a testa para ele. — No entanto, apesar de eu ser grato, você ainda foi incrivelmente imprudente, muito mais do que os outros.

— Eu deveria apenas te deixar pra morrer então? – O moreno retrucou, apertando os lençóis levemente, embora o que estivesse em sua mente era o que Mori faria se Dazai permitisse que o herói morresse em sua vista. Era muito cedo para perder um peão.

Mas, claro, os dois adultos na sala permaneceram alheios aos seus verdadeiros pensamentos, provavelmente pensando que ele era apenas um garoto sem instruções.

Seu professor suspirou profundamente. — Eu sou um herói e seu professor, Dazai. É meu dever te proteger. Quando eu disser pra você sair, você deve sair.

— Por quê? – O garoto respondeu, quase que petulantemente.

— Porque você é uma criança.

Dazai zombou internamente. Ele não é uma criança. Nunca foi e nunca será. Depois de tudo que ele já viu e já fez, ele supõe que seria quase que uma blasfêmia dizer que ele é uma, um desrespeito às crianças de verdade. Mas, é claro, não é isso o que ele diz.

Em vez disso, ele decide dizer: — E o que tem? Como vou ser punido?

Aizawa beliscou a ponte do nariz usando a mão que não estava imobilizada. — Voltaremos a essa conversa depois e você não será punido. Temos outras coisas importantes a serem discutidas.

Dazai levantou uma sobrancelha, tentando não ter muita esperança com a primeira parte. Sempre há punição quando ele faz algo de errado. Por que seria diferente aqui?

Em vez disso, ele se concentrou na segunda parte da fala do homem. — Tipo o que?

Recovery Girl entrou na conversa com uma expressão solene, com um ar de quem já teve a mesma conversa mais de um milhão de vezes.

— Dazai. Seus… braços. Nós vimos. – Ela falou.

E foi como se um balde de gelo fosse jogado diretamente em sua cabeça. Ele baixou o olhar lentamente para seus braços e logo percebeu: seu braço esquerdo estava quase totalmente descoberto com um soro intravenoso conectado, enquanto o braço direito estava coberto, mas as bandagens eram novas e não eram a marca que ele costumava usar.

Seus cortes no braço esquerdo estavam completamente à mostra. Embora tenham sido completamente limpos, quase nenhum centímetro de pele poderia ser visto. Era como se fosse uma pintura abstrata que retratava uma cena de horror.

Como ele não havia percebido isso antes!? A morfina havia o deixado tão letárgico assim?

Ele sentiu sua respiração acelerando e seu batimento cardíaco se descontrolando, os apelos dos dois adultos da sala pareciam cair em ouvidos surdos, porque ele não conseguia respirar.

Respire, porra. – Ele falou consigo mesmo. – É só respirar. Inspirar e expirar.

Mas não importa o quanto ele tentasse, nada funcionava. Ele não conseguia respirar. Ele já conseguia ver pontos pretos invadindo sua visão enquanto ele tentava se forçar a acalmar.

— Osamu! – O grito repentino de seu professor chamou sua atenção e ele logo notou a mão dele subindo para o seu ombro.

O moreno recuou como se tivesse sido queimado, mordendo a língua no processo. — Não. – Ele ofegou, tentando se afastar tanto quanto as barras que cercavam a cama o permitiam. — Não me chame assim. Não toque em mim.

Tudo o que ele queria era se jogar pela janela e correr. A figura de Aizawa foi sobreposta por Mori, a expressão preocupada foi substituída por um olhar cruel e um sorriso falso, falso, tão falso quanto seus próprios sorrisos. Uma expressão que não prometia nada além de dor.

O homem em sua frente recuou, mas isso ainda não o acalmou.

— Dazai, você está seguro, voc… – O resto de sua frase foi perdida pelo garoto, porque ele estava mentindo. Ele não está seguro e nunca estará.

Ele só estará seguro quando morrer.

O aperto em seu peito pareceu se intensificar e ele levantou a mão livre para agarrar um punhado de tecido bem acima do coração, tentando se impedir de arrancar o IV de seu braço. Ele sentiu a bile subindo por sua garganta, mas não permitiu que nada saísse.

Ele ia morrer?

Racionalmente, ele sabe que não. Isso é apenas uma crise de pânico, ele sabe que ficará bem em algum momento. Mas não consegue deixar de sentir como se fosse morrer - ele só não gostaria que fosse tão desesperador e doloroso assim.

— Você consegue me ouvir? – A voz de uma mulher falou, tão suave quanto poderia ser, tirando-o de seu estupor.

Uma sensação indesejada e desconhecida de nostalgia se apossou de seu ser e ele assentiu, antes de esmagar a sensação e enterrá-la bem fundo. O que quer que fosse isso, poderia ser pensado quando ele não sentisse que estava morrendo.

— Copie os meus movimentos. – Ela falou, começando a exagerar os movimentos de inspirar e expirar.

Uma grande parte dele se sentiu ofendido com aquilo, ele é um Executivo da Máfia! Ele deveria ser capaz de recuperar o controle sozinho - e ele geralmente é capaz, apenas leva alguns muitos minutos e, no pior dos casos, um desmaio, mas não é nada que ele não consiga lidar por conta própria.

(Ele não deveria mostrar fraquezas assim. O que Mori vai fazer quando souber?)

Porém, a outra parte dele seguiu quase que religiosamente as instruções, forçando-se a respirar mais devagar.

Ele não sentia mais que ia morrer, mas ainda não estava cem por cento - sua respiração ainda estava acelerada - e os dois adultos rapidamente perceberam isso.

Aizawa - não era Mori, Mori não estava ali naquele momento - se aproximou dele.

— Me diga cinco coisas que você pode ver.

— Isso não será necessário. – Dazai respondeu, embora sua voz parecesse fraca até para ele mesmo.

O professor lhe retribuiu com um olhar exasperado. — Sim, e você não acabou de hiperventilar até quase desmaiar. Vamos lá, é só pra reforçar.

O moreno suspirou, antes de olhar ao redor. — Eu vejo você, a Recovery Girl, a mesa, um computador e um tapete.

— Ótimo. Quatro coisas que você consegue tocar.

— Minhas bandagens, os lençóis, minhas roupas e a agulha.

— Bom trabalho. Tr…

— Você não precisa elogiar toda vez que eu digo. Não sou uma criança que precisa de mimos, sabia? – O moreno respondeu, com uma pitada de brincadeira em seu tom. Ele não perdeu a maneira como sua respiração se estabilizava lentamente.

Aizawa, que também havia notado isso, apenas sorriu. — Claro, claro. Três sons que você consegue ouvir.

— O bipe do monitor cardíaco, pássaros piando lá fora e carros passando na rua do lado.

O homem assentiu. — Dois cheiros que você consegue sentir.

— Antisséptico e… perfume? – Ele respondeu, um pouco incerto quanto ao último.

— Esse seria meu, rapaz. – Recovery Girl riu.

— Ok, agora, por último, uma coisa que você consegue sentir o sabor. – Aizawa falou.

— Sangue. – O moreno proferiu. — Eu mordi a língua. – Se apressou para explicar ao ver a expressão preocupada dos dois adultos.

— Como você se sente, querido? – A mulher perguntou suavemente, batendo sua bengala levemente contra o chão.

Dazai respirou fundo. Ele se sentia exposto e, mais que tudo, vulnerável. Não havia nenhum jeito de eles não terem contatado Mori, então agora ele apenas teria que fazer um controle de danos. Isso seria um trabalho infernal.

— Eu me sinto… ok. – Ele respondeu lentamente.

Os adultos se entreolharam por um momento, antes de olhar para o moreno novamente.

— Nós ligamos para seu pai e acreditamos que você se beneficiaria de terapia…

O que.

Mori, você tem um parafuso faltando nessa sua cabeça estúpida!?!?

— No entanto, seu pai queria que você fosse em um terapeuta que ele já conhece ao invés de ser um da própria escola. Sugiro que você converse com ele depois sobre isso, ele parecia muito ansioso para conversar com você.

Ah. É só uma cortina de fumaça para tirar os professores do encalço deles. No entanto, a última parte quase o fez estremecer, sabendo o que o aguardava, mas ele acha que fez um ótimo trabalho escondendo isso.

— Dazai.

Puta que pariu, tem mais. Ele só quer se enrolar e morrer - mas, como ele não tem o poder de fazer aquilo naquele momento, ele só desejava dormir.

— Recovery Girl precisa te dar a lista de seus ferimentos, mas antes eu gostaria de dizer algo. – O professor começou. — Caso você precise de alguém pra conversar, pra dizer qualquer coisa, é só me chamar, tudo bem? Eu me importo profundamente com meus alunos, mesmo que não pareça. Você não é um fardo.

O moreno encarou fixamente o homem por um momento, antes de rir. Seria preciso muito mais que palavras bonitas para quebrar sua determinação. — Você sabia que me deu o passe pra ser o quão irritante eu quiser com você, certo? Posso conversar horas com você sobre o porquê de caranguejos serem superiores a todos os outros animais?

Para seu crédito, Aizawa pareceu apenas levemente irritado, mas respondeu com honestidade. — Não sou um terapeuta, mas se isso for te manter bem e seguro, sim.

Dazai parou de rir quase que imediatamente ao perceber que o homem falava sério. O que há com as pessoas dessa escola? Por que são todos tão honestos e tão - eca - gentis? Especialmente com ele.

Não faz sentido.

No entanto, ele apenas concordou com a cabeça, sem vontade de estender o assunto.

— Agora, sobre seus ferimentos. Não foram tão sérios assim, mas ainda vai requerir cuidados. – A Recovery Girl começou, pegando uma prancheta. — Você ficou inconsciente por cerca de vinte e quatro horas, mas imagino que seja devido à exaustão. Suas costelas, felizmente, não estão quebradas, mas foram bastante atingidas e você provavelmente terá vários hematomas pelo corpo. – Ela fez uma pausa. — A lesão mais grave que você tem é uma entorse leve no pulso, mas deve melhorar em cerca de uma a três semanas com o devido cuidado. Você teve muita sorte de ter escapado com tão poucos ferimentos assim. Estou particularmente chocada que você não teve pelo menos uma concussão, pelo jeito que você foi atingido.

Dazai resistiu à vontade de gemer de aborrecimento. Cuidar de lesões é sempre um saco, mas pelo menos lhe dá um motivo para apodrecer na cama.

Ele honestamente também não entende como não ficou mais ferido do que aquilo, mas é como dizem: cavalo dado não se olha os dentes. Os hematomas em seu corpo somados ao pulso torcido e seus cortes ardentes já eram dor o suficiente pra ele.

— Vou prescrever pra você uma pomada para hematomas e alguns analgésicos. Aplique uma compressa quente nos hematomas por cerca de quinze minutos e gelo no pulso e você vai ficar bem. – A mulher terminou, indo em direção a um pequeno armário que provavelmente continha os medicamentos que ela pegaria.

Depois de um momento, Recovery Girl lhe entregou uma embalagem de heparina em gel e um pedaço de papel.

O moreno ergueu uma sobrancelha com a notória falta do remédio, ao qual a mulher respondeu com uma pequena risada.

— Você tem quinze anos, Dazai-kun. Não posso simplesmente dar um remédio pra você, mesmo que seja um tão leve como ibuprofeno.

Dazai sabia que era mentira, até porque isso não a impediu antes. A questão era que ela não confiava em um garoto que se cortava - potencialmente e definitivamente suicida - com uma cartela de remédios, mesmo que fosse exigir muito esforço dele para ter uma overdose com tal medicamento. No entanto, ele não expôs que sabia que ela estava mentindo e resolveu apenas jogar junto.

— Então eu devo entregar esse papel pra Mori pra que ele compre o remédio? – Dazai perguntou, ao qual a mulher respondeu com um aceno de concordância.

— Dazai, ainda há algumas coisas que precisamos discutir. – Aizawa começou e levantou uma mão quando o moreno estava prestes a reclamar. — Mas eu acredito que já foram assuntos estressantes o suficiente por hoje.

— Se você tivesse dito que iria continuar conversando hoje, eu mesma te espancaria, Shouta. – A Recovery Girl retrucou com uma carranca, antes de se virar para Dazai, suavizando o olhar. — Mas sugiro você ligar para o seu pai antes de descansar, jovem. Ele parecia bem preocupado.

O mafioso precisou se impedir de gargalhar com sarcasmo. A “preocupação” de Mori é que ele perdesse sua melhor ferramenta. Contudo, não foi isso que ele disse.

— Vocês podem me entregar meu telefone? – Ele pediu.

Aizawa assentiu e buscou um pequeno dispositivo em uma mesinha e lhe entregou.

— Vamos te dar um pouco de espaço pra falar com o seu pai, mas a Recovery Girl voltará em breve. – O homem anunciou, antes que os dois adultos saíssem pela porta.

Assim que a porta estava prestes a fechar, Dazai não conseguiu evitar de soltar:

— Queria que vocês tivessem me deixado pra morrer. Seria preferível a ter que conversar com esse idiota.

E então ele prosseguiu a discar o número de Mori. Ele com certeza deve ter jogado pedra na cruz em alguma de suas vidas passadas para merecer tal destino.

-

Shouta sentiu como se seu sangue estivesse congelando em suas veias assim que a porta da enfermaria se fechou.

A Recovery Girl o encarou com um olhar sério, porém melancólico. — Você também ouviu, Shouta?

— Sim. – O homem respondeu com uma carranca preocupada colorindo suas feições.

Dazai Osamu, a criança problemática #1, havia atraído sua atenção desde o primeiro dia de aula - ou antes, até. As bandagens que pareciam cobrir cada centímetro de seu corpo aparentavam gritar com ele, uma bandeira vermelha neon gigante que poderiam indicar que coisas ruins estavam acontecendo com seu aluno.

E ele considerou a possibilidade e mesmo assim não tomou nenhuma atitude. Não tentou conversar com o garoto sobre isso antes, não demonstrou ser confiável o suficiente.

Alguns dos cortes que enfeitavam o braço do adolescente eram antigos, mas muitos eram novos, novinhos em folha, os quais ele daria no máximo três dias de existência. Alguns deles eram organizados, mas a maioria era desordenada, como se estivessem sendo feitos em meio ao desespero, como se não houvesse preocupação em cortar uma artéria.

E esse fato fazia com que um pedaço do coração endurecido de Shouta se quebrasse um pouquinho.

Não era a primeira vez - e certamente não a última - que ele lidava com um adolescente suicida que de fato se machuca, mas nunca vai doer menos.

No entanto, o que mais o preocupa são as outras cicatrizes.

A Recovery Girl havia chamado sua atenção para isso assim que ela terminou de limpar os cortes, pois haviam muitas outras cicatrizes - que variam de cortes limpos - claramente feito por alguém experiente - até ferimentos de bala e queimaduras, até mesmo cicatrizes de agulhas, que não foram feitas pra deixar cicatrizes!

Não precisou de muito tempo para que eles percebessem que nenhuma daquelas eram autoinfligidas - e isso adicionava outra camada à já extensa e complexa existência do garoto.

Logicamente, sua mente imediatamente voou para a teoria de abuso doméstico, mas ele também não poderia se precipitar, já que parecia que as cicatrizes mais recentes tinham pelo menos um mês de existência, então ele não estava em perigo imediato.

Talvez Shouta estivesse pensando longe demais, afinal de contas, como o próprio garoto os informou, ele era de Yokohama, e essa não parecia lá uma cidade muito segura para uma criança.

O herói sabe que terá de perguntar mais sobre isso para Dazai - essa informação não estava em seus arquivos, mas, honestamente, o que há nos arquivos dele? -, mas decidiu deixar para depois, uma vez que seu aluno ainda deveria estar cansado da batalha que travou na viagem.

No entanto, apesar da informação, ele ainda não poderia descartar a possibilidade de que o garoto estava sendo ferido em casa - ele precisava estar pronto para lidar com qualquer situação que possa aparecer.

Shouta também não consegue tirar de sua mente a maneira como Dazai se encolheu ao som de seu próprio nome, ou como ele recuou diante do toque como se tivesse levado um soco.

Ou como ele parecia estar vendo algo que não estava lá - se o puro terror em seus olhos durante o pânico fosse alguma indicação.

E quando o professor mencionou ter ligado para o seu pai, Mori Ougai, Dazai pareceu murchar e demonstrou odiar a mera ideia de se comunicar com ele, até mesmo dizendo que preferia estar morto.

Isso o leva para outro ponto de preocupação.

Quando havia ligado - antes de Dazai acordar -, o homem o atendeu e o respondeu com uma voz leve e doce, parecendo preocupado com seu filho e ansioso para ajudar. Quando questionado sobre os ferimentos, o homem apenas respondeu que o garoto é adotado e nunca lhe contou a origem deles e ele também não sabia sobre a automutilação.

Olhando por cima, o homem parecia um bom pai, talvez apenas um pouco distante devido ao trabalho, no entanto, Shouta não podia deixar de sentir como se algo sinistro escorresse por debaixo das palavras adocicadas do homem, apenas esperando o momento certo para se fazerem conhecidas.

Tudo havia dado a entender que Dazai estava com Mori a mais tempo, talvez mesmo antes de fugir de Yokohama, então como o homem nunca havia notado os ferimentos do filho antes? Era possível que ele fosse realmente tão distante?

Talvez fosse a paranóia que ele adquiriu após anos de trabalho na área underground do heroísmo, mas a história contada pelo pai de Dazai parecia conveniente demais, ainda mais apoiada pelo fato de que os arquivos do garoto estavam quase completamente em branco.

Entretanto, a falta de arquivos propriamente preenchidos poderia ser explicada pelo fato de que eles vieram de Yokohama, provavelmente com pressa e ilegalmente, o que faria com que o preenchimento dos papéis com honestidade fosse um pouco arriscado.

Shouta ainda não conseguia se livrar da sensação de desconforto que percorreu seu ser ao conversar com Mori, mas decidiu que se contentaria com a observação de longe - por enquanto.

E como se isso não fosse motivo para preocupação o suficiente, ainda há a conversa entre Dazai e Shigaraki que o professor ouviu vagamente, que indicava que eles já haviam se conhecido no passado.

Ele havia se permitido distrair-se um pouco de suas próprias lutas para prestar atenção nas expressões do garoto e ele se lembrava de ver pura confusão em seu rosto - e ele não tinha certeza se isso o deixava mais aliviado ou assustado.

Aliviado, porque significava que o garoto não estava com os vilões - não era um traidor.

Assustado, porque os vilões provavelmente sabem de algo sobre ele que ninguém mais sabia e poderiam usar isso contra ele.

São assuntos que Dazai - e, por consequência, Shouta - teria que discutir com os policiais para auxiliar nas investigações. O herói sente muito pelo quanto o garoto terá que falar, mas não havia muito o que fazer, afinal de contas, ele estava no epicentro da luta.

Shouta só espera que os policiais que virão questioná-lo esperem o moreno se curar apropriadamente.

O homem se lembra apenas vagamente de estar em uma ambulância - estava apenas semi-consciente -, mas se lembrava vividamente do corpo flácido e ensanguentado de seu aluno sendo carregado para outra ambulância.

Mais tarde, ele descobriu que a maior parte do sangue que cobria o corpo de Dazai não era dele mesmo e sim do Nomu, e Shouta estremeceu apenas de pensar no que o garoto teria que ter feito para parar um monstro tão grande e brutal quanto aquele.

Ele se lembra de ir visitá-lo assim que acordou e se lembra da culpa esmagadora que sentiu ao vê-lo.

Dazai era pequeno para a idade, talvez um dos meninos mais baixos de sua turma, superado apenas por Mineta. Mas, com a pele tão pálida quanto a neve, o garoto parecia estar quase sendo engolido pelos lençóis brancos, parecendo ainda menor que o normal.

A visão fez o coração de Shouta doer, dizendo para ele que ele não fez o suficiente. Que ele falhou em proteger seu aluno.

E esse é o ponto de tudo isso - ele continua falhando, falhando e falhando.

Falhou em cuidar de seu aluno.

Falhou em reconhecer os sinais.

Uma batida leve em sua canela o tirou de seus pensamentos e ele olhou para Recovery Girl com uma sobrancelha levantada. Olhando ao redor, ele percebeu que eles haviam chegado à sala dos professores.

— Pare de pensar tanto, seu garoto estúpido. – A mulher repreendeu. — Te conheço bem o suficiente para saber que você está se culpando e eu sugiro que pare. Você não é perfeito, mas fez o seu melhor. Não é lógico chorar pelo leite derramado, correto?

Shouta apertou a boca em uma linha fina, sua expressão não revelando nada de sua turbulência interna, embora tenha sido dissecado pela médica em sua frente. — É, você está certa. – Ele fez uma pausa, fechando os olhos e respirando fundo. — Não é lógico.

E ele não disse isso apenas para apaziguá-la. Chafurdar em autopiedade não resolveria nada naquele momento, apenas o atrasaria e prejudicaria a todos a quem ele quer - e precisa - ajudar, incluindo ele mesmo. Agora ele deve focar em fazer melhor no futuro.

— Vá descansar um pouco, você esteve naquela enfermaria esse tempo todo. Vá ver seus amigos ou algo assim.  – A Recovery Girl falou suavemente. — Pode deixar que eu falo com Dazai sobre a investigação.

— Eu sou o professor dele e também será eu quem estará lá presente. – Shouta franziu a testa.

A mulher suspirou profundamente. — Se preocupe com isso depois. Vá descansar. – Ela falou as últimas palavras mais firmemente, abrindo a porta.

O professor suspirou. — Bem, você não me deixa escolha.

Apesar das palavras, ele não estava realmente reclamando. Ele sentia que precisava pregar os olhos urgentemente - e rezar para que imagens irreais de seus alunos dilacerados não piscassem por trás de suas pálpebras fechadas enquanto ele tentava descansar.

Se ele pudesse, dormiria pelos próximos seis meses. Talvez isso pudesse reverter os fios grisalhos que estão aparecendo em seu cabelo.

-

Dazai vai se matar.

Não há eufemismos que possam esconder isso.

Ele já vai começar a ponderar: se jogar de um viaduto ou cortar o pescoço? No final, ambos dão na mesma. Qual doeria menos ou teriam menos consequências se ele por acaso sobrevivesse?

Porque esse era o único jeito de se livrar da situação que ele se meteu.

Quando ligou para Mori, a primeira coisa que o homem fez foi o repreender por deixar que suas fraquezas fossem conhecidas - embora ele estivesse muito mais calmo do que o moreno achava que ele estaria. Seu celular havia sido grampeado ou seu chefe estava apenas de bom humor?

Qualquer que seja a opção, nenhuma delas é boa para ele.

Depois disso, Mori pediu um relatório completo da situação.

Normalmente, Dazai não reclamaria disso, já que poderia escrever um relatório medíocre em apenas alguns minutos - e ele procrastinaria o máximo possível para fazê-lo. No entanto, ao contrário de suas expectativas, o médico exigiu um relatório em pessoa até no máximo uma semana!

Que homem jurássico. Ele não sabia da existência dos emails?

(Ele sabe. Só parece que ele fez de seu objetivo de vida tornar a existência de Dazai a mais miserável possível.)

Além disso, Mori o instruiu brevemente a continuar com o ato de coitadinho por ter vindo de Yokohama, mas não ir longe demais – a pena era boa até certo ponto, e esse ponto é até que eles comecem a bisbilhotar mais do que deveriam.

No entanto, nada disso é o principal motivo do moreno querer se matar – apesar da mera existência de Mori já ser motivo o suficiente para isso.

Não, o motivo real é que agora ele terá uma babá.

Ele! Um Executivo da máfia!

Dazai soltou um bufo de irritação, resistindo à tentação de se jogar que a janela ao seu lado lhe proporcionava.

E Mori, em toda a sua agradabilidade – nota-se o sarcasmo –, não lhe contou quem é a pessoa com quem ele terá que lidar pelos próximos meses.

Seu chefe parecia nem ter piscado diante das reclamações de Dazai, o que enviou outra bandeira vermelha em sua mente, já que o homem dava pelo menos alguma repreensão sobre seu comportamento “infantil”. Ele o dispensou com um simples “você vai descobrir na hora”.

Algo ia acontecer em breve e o moreno não estava ansioso por isso.

Tentando deixar isso de lado, o mafioso se lembrou que naquele momento haviam outras preocupações.

Em breve um detetive chegará na escola para o interrogar – ou entrevistar, como a Recovery Girl o avisou – e Dazai estava pensando incansavelmente sobre o que diria a ele.

Falar sobre o que ele lembrou sobre os vilões estava fora de questão – ele nem teve tempo de processar corretamente o que era ainda. Ele planejava perguntar para Mori primeiro. Embora fosse uma ação relativamente arriscada, era um risco que ele estava disposto a correr em favor de concluir a missão.

Além disso, com certeza lhe perguntariam sobre como ele derrotou o Nomu, e o moreno tinha certeza que os outros alunos já haviam falado sobre o quão sangrento foi. Ele terá que ser honesto, mas fazer o papel de uma pessoa traumatizada – nada muito difícil, na verdade.

Ele só espera que o detetive seja estúpido o suficiente para cair nesse ato.

Falando no diabo, a porta se abre lentamente, dando espaço para o seu professor e um homem moreno com um sobretudo beje, quem ele supunha ser o detetive.

— Com licença… – Começou o homem com um tom profissional. — Estou aqui para entrevistar Dazai Osamu sobre os acontecimentos de USJ.

A Recovery Girl, que estava sentada em frente a uma mesa mexendo em alguns papéis, apenas assentiu. — Entre, entre.

Os homens rapidamente tomaram locais em frente a Dazai, que apenas bocejou brevemente, já cansado de tudo.

— Olá. Meu nome é Naomasa Tsukauchi e eu sou o detetive encarregado desse caso. Minha individualidade é Detecção de Mentiras, mas eu suponho que não funcione com você, então vou precisar que você seja o mais honesto possível, tudo bem?

— Pode deixar, capitão! – Dazai brincou, sorrindo ainda mais com o olhar exasperado que ganhou de seu professor e o olhar confuso que ganhou do detetive.

No Longer Human salvando vidas! – ele não planejava ser cem por cento honesto.

As perguntas logo começaram e, no início, foram perguntas gerais, pedindo, por exemplo, para que ele recontasse os acontecimentos de seu ponto de vista. Nada muito difícil.

No entanto, não permaneceu assim por muito tempo.

— Aizawa-san mencionou que Shigaraki parece te conhecer de algum momento no passado. Pode esclarecer isso para mim? – O detetive perguntou com um bloco de notas em mãos, pronto para anotar qualquer informação importante.

Dazai deu de ombros, forçando seus batimentos cardíacos e linguagem corporal coincidirem com a de alguém que estava calmo. — Aquele cara é maluco. Continuou insistindo que me conhecia, mas nunca o vi na vida. Talvez ele tenha me confundido com alguém, minha aparência não é tão reconhecível assim.

Julgando pelo aceno de cabeça que ganhou de Naomasa, o moreno fez um bom trabalho em sua pequena mentira.

— Agora para cobrir as partes em que Aizawa não estava lá, mas que outros alunos estavam e já deram suas versões. – O homem virou a página. – Midoriya-kun mencionou que foi você quem elaborou o plano para derrubarem o Nomu, além de executar as partes mais… horríveis. Correto?

Dazai nem precisou forçar a careta que apareceu em seu rosto – aquilo foi realmente nojento. No entanto, a julgar pelos olhares de pena que os adultos da sala lhe direcionaram, eles a interpretaram como algum tipo de trauma remanescente. Ótimo.

— Correto. Precisa que eu explique o plano que eu tive com mais detalhes?

— Não será necessário, seus colegas já fizeram isso. Foi inteligente, mas muito imprudente. Você deveria confiar mais nos heróis que estão encarregados de sua segurança. – O detetive acrescentou a última parte com um tom repreensivo.

O moreno resistiu à vontade de zombar em voz alta. O dia em que ele confiar mais em heróis do que em si mesmo será o dia que ele morrer. Em vez de responder, ele decidiu permanecer calado, o que incentivou Naomasa a continuar.

— Seus colegas mencionaram que Shigaraki entrou em histeria após isso e te atacou e falou algumas coisas que eles não conseguiram ouvir antes que você desmaiasse. Pode me dizer alguma coisa sobre isso?

— Na verdade, não me lembro muito bem. – Dazai mentiu. Ele se lembrava vividamente de ser chamado por nome antigo. — Minha mente já estava nebulosa nessa hora, acho que a adrenalina tinha acabado. Eu só apaguei.

O detetive assentiu, escrevendo alguma coisa, antes de olhar para o garoto. — Alguma coisa em particular que você deseja acrescentar?

O moreno fingiu pensar por um momento, antes de sorrir. — Não, senhor!

— Sendo assim, a entrevista acaba por aqui. – Naomasa anunciou, antes de ir em direção a porta. — Até mais, Aizawa-san, Chiyo-san, Dazai-kun. Me liguem caso tenham mais alguma informação relacionada a esse caso.

Assim que o homem saiu, Dazai deixou-se cair de volta na cama com um suspiro de alívio, embora estivesse tomando cuidado com seu pulso.

Aizawa se aproximou dele com um sorriso mal-disfarçado. — Você foi bem, criança problemática. É bom ver que a pressão não te afetou tanto.

— Pff, pressão? – Dazai deu um sorriso brincalhão. — Era como se eu estivesse na lua! – Terminou com uma risada.

O professor e a médica lhe deram um olhar vazio.

— Entenderam? Porque na lua a pressão é quase inexistente…

A Recovery Girl voltou para o que ela estava fazendo. — Vá descansar, garoto. Vou te liberar pra ir embora em algumas horas.

— Pelo menos finjam rir…

-

O enem passou e o ensino médio acabou!

Infelizmente, acho que fui meio mal na prova e duvido que eu consiga nota o suficiente pra passar na faculdade que eu quero e isso me deixou meio deprimida, então peço perdão se o capítulo parecer meio apressado...

Outra coisa! Eu queria fazer outro crossover de bnha (esse anime não desgruda de mim de jeito nenhum), mas dessa vez com one piece! Seria algo mais curto e sem muito planejamento. Me digam se alguém se interessar em ler algo assim!!

Agora, sobre a história!

Eu só gostaria de dizer que desmaiar por um ataque de pânico é uma das piores sensações que eu já senti na minha vida e eu só aprendi a me acalmar depois disso acontecer muito. Dito isso, eu pensei: “por que não fazer meu personagem favorito passar pelo mesmo que eu?” :)

Sobre a altura de Dazai: vi uma imagem circulando no twitter alguns meses atrás que dizia que ele, aos 15 anos, tinha cerca de 1,55cm de altura e tomei isso como verdade, então essa é a altura dele nessa fic!

Obrigada por terem lido esse cap!

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