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Capítulo 5

Obs: Quando tava na metade do capítulo que eu fui perceber que o treinamento de heroísmo e a "invasão" da mídia ocorrem em dias diferentes, mas, como eu não quero perder a linha (e a vontade) pra escrever, condensei tudo em um único dia e, por isso, muitas coisas serão mudadas!

Tw!!
Automutilação (implícito)

-

Dazai piscou lentamente, seus olhos se ajustando à claridade da sala que parecia estar prestes a o cegar - como se já não bastasse ser quase cego de um olho. Com o olhar nublado de sono, o moreno desviou o olhar para a janela, vendo que havia deixado a cortina aberta. Ele xingou baixinho, antes de fazer um movimento para se sentar.

Entretanto, uma dor lancinante em ambos os braços o fez recuar e deixar as costas baterem no colchão novamente. O garoto olhou para suas bandagens, vendo-as encharcadas com o que antes era um líquido carmesim - agora quase seco e amarronzado - com cheiro metálico, antes de soltar um suspiro aborrecido ao sentir as memórias da noite anterior voltando.

Parece que ele não morreu enquanto dormia após praticamente rasgar seus braços mais uma vez. Que pena.

Ele não tinha certeza do que havia desencadeado isso. Talvez fosse a ligação de Mori do dia anterior - nada demais havia acontecido além de suas pequenas provocações e um pedido que ele lhe enviasse um relatório todos os domingos, mas só de ouvir a voz do homem lhe dava ânsia de vômito e uma imensa vontade de se degolar  - ou talvez Dazai era apenas um viciado patético.

Antes de fazer "arte" com sua pele, o moreno tentou conversar com Odasaku e até mesmo com Chuuya, mas nenhuma quantidade de palavras de garantia que os dois pudessem lhe oferecer tirou sua necessidade de pintar sua epiderme com ainda mais marcas permanentes. Ele supunha que realmente não havia salvação para alguém como ele.

Saindo de seus pensamentos, Dazai fez um esforço para se levantar mais uma vez, obtendo sucesso apenas na terceira tentativa. Assim que se pôs de pé, sentiu sua pressão cair ligeiramente e bordas pretas aparecessem nos cantos de sua visão. Ele se apoiou na mesa de cabeceira que repousava ao lado da cama, respirando fundo até que sua visão se normalizasse, tentando ignorar o desconforto das mangas embebidas de sangue que grudavam em sua pele coberta por faixas sujas - felizmente, as feridas já haviam parado de sangrar, mas a roupa não havia secado completamente e ainda era extremamente desconfortável.

Quando conseguiu ver tudo normalmente novamente, o moreno cambaleou lentamente para o banheiro, sentindo quase que imediatamente os efeitos da perda de sangue. Ao chegar no cômodo, fez uma careta para seu reflexo no espelho - se fosse outra pessoa olhando para ele, o confundiria com um cadáver ambulante.

Fazendo o possível para ignorar a imagem de si mesmo, Dazai se despiu, jogando as roupas em um canto. A parte de baixo das roupas estavam intactas, mas ele teria que descartar a camisa de mangas longas que usava - felizmente, não era o uniforme da escola -. Tirando isso de sua mente, ele se aproximou do chuveiro e o ligou.

Não esperou que a água esquentasse, entrando no rumo da mesma sem pensar duas vezes. A água gelada era como uma benção para os ferimentos recentes, apesar das picadas de dor que pareciam enviar para seu sistema nervoso. Dazai não se importou com isso, pegando o sabonete e esfregando cuidadosamente seu corpo e, especialmente, os cortes. A água cristalina que corria para o ralo da banheira havia se tornado um vermelho vívido, mas foi se desbotando na medida em que os minutos se arrastavam.

O moreno ponderou se deveria se sentar na banheira para descansar, mas notou que não havia nem sequer conferido o horário antes - não sabia se estava atrasado ou não - e também pelo fato de que não confiava em si mesmo para não tentar se afogar imediatamente.

Com isso em mente, ele terminou de se limpar e fechou o chuveiro, saindo lentamente. Após se secar, notou que havia esquecido as roupas no quarto e prontamente se dirigiu para o cômodo, ignorando propositalmente a grande mancha de sangue seco que coloria seus lençóis - ele se certificaria de ser mais cuidadoso da próxima vez, não seria produtivo ter que ficar se livrando de roupas e lençóis o tempo todo.

Dazai foi rápido em se vestir novamente, tomando um cuidado especial com as bandagens, amarrando-as firmemente para que não houvesse chance de saírem do lugar durante a aula.

Ao pensar nisso, o moreno se lembra de que precisava checar o horário - ele não podia se dar ao luxo de faltar naquele dia, afinal, era a primeira aula de treinamento de heroísmo. Ele rapidamente pegou seu telefone e soltou um suspiro de alívio ao notar que ainda eram oito da manhã em ponto, o que significava que ele tinha cerca de meia hora para chegar e ele levava apenas cerca de dez a quinze minutos de caminhada até a escola. Parece que seu relógio biológico não estava tão fodido assim, afinal de contas.

Depois disso, Dazai foi rápido em arrumar suas coisas e sair de seu apartamento, apesar de todo o seu ser gritar para ele se jogar no sofá e apodrecer ali pelo resto da eternidade. Notou apenas na metade do caminho que não havia comido nada, mas deu de ombros - havia comido um pouco de caranguejo enlatado no café da manhã do dia anterior - e seguiu seu caminho.

Assim que avistou o grande prédio da escola, percebeu quase que imediatamente o mutirão de pessoas que se aglomerava no portão da escola. Dazai se lembra dos boatos que correram os corredores da escola durante a semana sobre All Might lecionando na escola e parece que os rumores estavam corretos e a mídia havia, de alguma forma, descoberto isso.

Seu primeiro pensamento foi dar a volta e procurar alguma entrada alternativa - era praticamente impossível que a escola tivesse apenas um portão, afinal, se houvesse alguma emergência, teriam outras saídas devido à grande quantidade de alunos -, entretanto, antes que pudesse dar um único passo para longe da multidão, sentiu-se sendo puxado para o covil dos leões.

Microfones e câmeras foram quase que enfiados em sua cara, as pessoas ao seu redor perguntando se ele sabia alguma coisa sobre All Might.

Dazai sabia que deveria manter a calma e dissuadi-los suavemente a irem atacar outra pessoa. Sua primeira ideia foi fingir ser apenas um estudante do curso de educação geral e fazer com que passasse despercebido, mas sua mente ficou em branco quando um de seus braços foi agarrado, sentindo a ardência dos cortes. Ele abriu a boca para tentar falar algo, mas nem um único som saía. Os repórteres se aproximavam cada vez mais dele como lobos famintos olhando para o coelho que seria sua próxima vítima, e o moreno se sentiu sufocado, começando a respirar pesadamente e tentando sugar o ar de volta - quando ele foi embora? -, sentindo sua visão ficar ligeiramente embaçada.

Sua reação instintiva para essa situação era sacar sua arma e explodir os miolos de quem quer estivesse causando tal sensação indesejada, mas não encontrou nada no local habitual que carregava sua pistola, fazendo com que a angústia em seu peito parecesse ainda mais pesada.

Dazai suspirou profundamente, controlando sua respiração o melhor que podia. 'Que patético', ele pensou consigo mesmo. Ele passou por tantas coisas piores que isso, e o que o faz surtar são só algumas pessoas ao redor dele? Mori certamente abusaria disso caso descobrisse essa fraqueza. Mesmo assim, o moreno supõe que ficaria mais confortável se essas pessoas estivessem tentando apenas matá-lo em vez de ficar gritando em cima dele.

Assim que recuperou o controle de seus sentidos, notou que alguns dos repórteres haviam encontrado outras vítimas para incomodar, mas ainda tinham outros ao seu redor, inclusive um que segurava seu braço.

Dazai sorriu o mais amigavelmente que podia - apesar de querer mandar todos esses vira-latas imundos para uma vala -, se afastando lentamente daquele que o segurava. — Sinto muito, pessoal, não sou um estudante do curso de heroísmo, não vou saber responder suas perguntas! – Exclamou, balançando as mãos suavemente, embora pudesse ver seus dedos estremecendo levemente.

Os repórteres pareciam estar prestes a insistir, mas foram interrompidos por passos altos.

— Eu gostaria que vocês deixassem meu aluno em paz. – Uma voz grave e irritada veio de trás de Dazai e o garoto a reconheceu imediatamente como Aizawa. Ele se permitiu um pequeno suspiro de alívio, se virando para ver a carranca infeliz que seu professor ostentava.

O olhar do homem suavizou quase que imperceptivelmente ao olhar para o moreno. — Venha, a aula vai começar daqui a pouco. – Chamou, antes de guiá-lo entre a multidão até o lado de dentro da escola.

— Ufa! Você me salvou ali, sensei! – Dazai chorou com a voz levemente trêmula, exagerando propositalmente sua reação. Ele notou, de repente, que seu professor o olhava com preocupação e se endireitou.

— Você 'tá bem, Dazai? – Aizawa perguntou com as sombrancelhas franzidas. — Você teve um pequeno surto ali antes de eu chegar.

O moreno sentiu seu coração cair ao notar que foi percebido, mas não demonstrou externamente, mascarando suas emoções habilmente com um sorriso brincalhão. — Não se preocupe, só 'tava tentando assustar eles! – Foi a primeira desculpa que veio em sua mente. — Vai que eles se afastavam se percebessem que estavam assustando uma criança.

O professor não parecia acreditar totalmente, mas não questionou mais, o que já era uma vitória nos livros de Dazai. Em vez disso, o homem deu um pequeno sorriso. — Não deu certo e então você resolveu mentir. – Afirmou.

— Sim! – O garoto respondeu alegremente. — Vou ser punido por isso?

— Dessa vez foi justificável. Só não crie costume. – O professor respondeu inexpressivamente, antes de voltar para fora. — Vou ajudar mais alguns alunos, vá para sua sala.

— Como você quiser, chefia! – Dazai respondeu com um sorriso brincalhão, andando rapidamente para dentro, perdendo o olhar exasperado que seu professor lhe direcionou.

Seguindo em frente, o moreno permitiu que seu sorriso diminuísse, mas não sumisse totalmente - afinal, ainda haviam pessoas ao redor. O desconforto rastejava de modo incômodo sob sua pele, mas ele fez o possível para ignorar a sensação.

Ele tinha o pressentimento que ainda se sentiria assim por um bom tempo.

-

— Estou aqui entrando pela porta como uma pessoa normal! – Um grito ecoou pela sala logo após o estrondo da porta abrindo, provocando uma inquietação incessante na maioria dos adolescentes da sala.

Dazai sentiu vontade de esmagar seu crânio na mesa repetidamente até que ele tivesse um traumatismo craniano e entrasse em um coma eterno. Era apenas o segundo horário e já estavam tão agitados? Ele deveria comprar fones de cancelamento de ruído neste ponto. Já não bastava a mídia encurralando os alunos no portão, agora ele terá que lidar com adolescentes excessivamente animados e um herói barulhento.

Talvez o moreno fosse apenas amargurado. Definitivamente não era um bom dia e tudo que ele queria era se trancar em seu quarto. Ou se jogar na frente de um caminhão em alta velocidade. Esse segundo seria muito melhor, em sua opinião.

Dazai sabia que seu mal humor acabaria por ocasionar nele tratando alguém mal e isso era a última coisa que ele queria nessa situação, então ele teve cuidado em manter as conversas no mínimo. Ele fez o seu melhor para ignorar os olhares de preocupação que recebeu de Uraraka, Iida e Midoriya quando perceberam que ele estava tentando se isolar.

De qualquer forma, essa era uma oportunidade perfeita para dissecar as fraquezas de seus colegas, embora não fosse necessariamente inimigo deles. Só era bom ter uma carta na manga quando todos eventualmente se voltassem contra ele.

Não demorou muito para que All Might os informassem sobre o local de treinamento que deveriam ir depois de vestirem suas roupas e os adolescentes logo estavam a caminho dos vestiários.

Assim que chegou nos vestiários, Dazai se retirou para um canto e trocou de roupa rapidamente, ignorando os ocasionais olhares para suas bandagens - ele havia feito questão de envolvê-las no torso dessa vez. Felizmente, nenhum deles fez um comentário, os olhares desafiadores que o mafioso devolvia para eles parecia ser suficiente para fazer com que eles guardassem seus questionamentos para si.

O moreno permitiu que um pequeno sorriso florescesse ao olhar para baixo, vendo sua própria roupa. Inicialmente, ele apenas usaria o costumeiro terno preto da máfia, mas decidiu fazer uma pequena mudança - mas, é claro, ele não queria fazer isso por si mesmo e fez com que seu cachorrinho fizesse para ele! O traje se tratava de uma espécie de camisa vitoriana branca de mangas longas com uma gravata preta, calça de cintura alta com alguns bolsos - onde ele poderia guardar facas e armas - e botas de mesma cor. Também havia um grande casaco preto - não o de Mori, veja bem - que foi projetado para ficar preso à roupa, mas que ele ainda poderia vestir se quisesse. No bolso da calça, havia um bō retrátil e em um dos bolsos do casaco havia um rolo de bandagens - ele havia considerado carregar um canivete consigo, mas logo desistiu da ideia, já que, se alguém o pegasse com isso, ele definitivamente seria repreendido.

Dazai pensou, brevemente, que se sentia uma espécie de príncipe da Era Vitoriana, mas sentiu vontade de se esbofetear imediatamente com tal pensamento infantil.

Sua atenção foi atraída por alguns meninos o chamando, para seu aborrecimento. — Você 'tá muito bonito, Dazai! – Um garoto de cabelos amarelos - Kaminari Denki - exclamou, mas logo ergueu uma sombrancelha. — No que seu traje ajuda com sua individualidade? – Perguntou, recebendo acenos de concordância de alguns outros.

O moreno forçou um sorriso brilhante em seu rosto. — Nada, na verdade. Uma roupa não pode fazer muito para melhorar meu poder. – Dazai foi rápido em responder. — Optei por focar na estética e no conforto!

Iida, que estava ao seu lado, ergueu os óculos ligeiramente, uma carranca leve estampada em seu rosto. — Sempre há pontos que podemos melhorar... E você não se sente desconfortável com todas essas camadas? – Indagou, mexendo suas mãos roboticamente. Dazai observou que ele estava tendo alguns problemas para vestir seu próprio traje, mas não comentou.

— Na verdade, isso é o mais confortável possível pra mim. – O moreno respondeu, dando de ombros, antes de forçar um sorriso e se dirigir à porta, dando um pequeno aceno. — Vejo vocês lá! – Após dizer isso, apertou o passo para se afastar do local, não olhando para trás.

Ele deu um suspiro de cansaço. Dazai tinha plena ciência de que não poderia fugir das interações sociais para sempre, mas não podia deixar de se sentir extremamente desconfortável. Não era incomum que ele se sentisse assim, porém, na Máfia, ele poderia simplesmente fechar a cara e isso deixaria todos saberem que ele não queria interagir naquele dia. Nessa escola, ele não tinha esse luxo, se quisesse que sua fachada durasse tempo o suficiente para concluir sua missão.

Antes que ele pudesse perceber, estava na porta do local onde o exercício ocorreria, adentrando sem mais delongas. Olhando ao redor, o moreno notou que era um dos locais que havia sido usado para a parte prática do vestibular. Essa escola realmente tinha dinheiro, hein.

Seus olhos pousaram no herói corpulento com roupas brilhantes, que estava de costas para ele. Dazai sorriu, se aproximando silenciosamente do homem, inclinando-se um pouco para o lado para ver o que o homem estava lendo.

Ele não tinha planos de realmente interagir com o loiro, mas não pode evitar de soltar um pequeno bufo ao ver o título do livro, assustando All Might. O herói se virou para olhar para Dazai, escondendo o livro rapidamente.

— Jovem Dazai! – Exclamou nervosamente. — Você trocou de roupa mais rápido do que eu esperava. Você está... – Os olhos do herói analisaram a roupa do garoto de cima a baixo. — Não é o que eu esperava de um herói, mas é ótimo!

— Obrigado, All Might. – Dazai agradeceu, antes de dar um sorriso cheio de dentes. — 'Dicas de ensino para amadores'... É um material de leitura interessante, certamente. – Ele provocou, dando uma pequena risada ao ver as bochechas coradas do herói.

All Might limpou a garganta. — Peço humildemente que não conte sobre isso para ninguém... – Pediu.

Dazai estava prestes a provocar mais um pouco - para ver, talvez, qual era o limite do herói -, mas foi interrompido pela chegada de duas garotas.

— Dazai! – Uraraka chamou, acenando animadamente para ele. Sabendo que não havia como fugir, o moreno caminhou lentamente em sua direção, não perdendo o jeito que All Might suspirou de alívio com o abandono do assunto.

— E aí! – Cumprimentou simplesmente, oferecendo apenas um pequeno sorriso.

— Você esteve meio afastado de todo mundo hoje, 'tá tudo bem? – A garota indagou, uma carranca preocupada gravada em suas feições.

Dazai acenou com uma mão, como se estivesse tentando afastar as preocupações fisicamente. — Só 'tô cansado, não dormi muito bem na noite anterior. – Mentiu. Felizmente, Uraraka pareceu acreditar.

Uma garota com cabelo preto longo preso em um rabo de cavalo e roupa reveladora entrou na conversa. — Você pode tentar tomar um chá calmante, como de camomila ou de erva-cidreira, pra ter uma melhor noite de sono. – Ela falou com um sorriso tímido.

— Tem razão. Qual o seu nome? – Dazai respondeu, sorrindo gentilmente.

— Yaoyorozu Momo, mas pode me chamar de Yaomomo. – A garota maior disse, retribuindo o sorriso. — Você é Dazai Osamu, certo?

O moreno assentiu. Uraraka parecia prestes a falar mais alguma coisa, mas foi interrompida por alunos entrando na sala sucessivamente. Eventualmente, todos da classe já estavam presentes.

Com todos ali, Dazai fez questão de analisar superficialmente as roupas de seus colegas e ele teve que suprimir uma risada alta. Alguns não eram tão ruins assim, mas outros pareciam absolutamente estúpidos. Todoroki, por exemplo. Ele parecia uma espécie de monstro extraterrestre, ele assustaria qualquer um que tentasse salvar. O moreno também percebeu que Midoriya tentou fazer uma referência à All Might, mas ficou mais parecendo um coelho, ninguém o levaria a sério nessa roupa. A roupa de Bakugou não era tão ruim, mas sua personalidade já era um repelente de pessoas muito eficiente.

Dazai planejava continuar sua sessão de julgamento interno, mas foi interrompido por All Might chamando a atenção dos alunos e pedindo silêncio.

— É o seguinte, jovens! Vocês serão divididos em dez equipes por meio de sorteio, metade sendo heróis e a outra metade sendo vilões. – Começou, com uma voz orgulhosa e estrondosa que fez os tímpanos de Dazai doerem. — Os vilões deverão proteger uma bomba, enquanto os heróis deverão encontrá-la e desativá-la. Se os heróis conseguirem capturar os vilões ou chegar até a bomba e tocá-la antes do tempo acabar, eles vencem. Para os vilões vencerem, deverão ou capturar os heróis ou proteger a bomba até o final. Dúvidas?

Muitas mãos foram erguidas, mas alguns começaram a perguntar antes mesmo que fossem chamados. O mafioso se desligou enquanto esperava que All Might sorteasse as equipes, fixando seu olhar em um ponto no nada e sonhando acordado com um belo e pacífico suicídio indolor.

Dazai só voltou para a realidade quando ouviu seu nome sendo chamado. Sentiu sua visão focar novamente e virou ligeiramente a cabeça, encarando seu parceiro de exercício, Aoyama Yuuga.

O loiro o encarou com um sorriso entusiasmado, enviando-lhe uma piscadela.

O moreno reprimiu a vontade de gemer de frustração. Ótimo, mais um adolescente extrovertido pra lidar.

-

Dazai sentiu sua curiosidade ser despertada ao ouvir os nomes de Midoriya e Bakugou serem chamados como oponentes. Essa seria, certamente, uma luta muito informativa.

Após os cinco minutos de planejamento, a batalha começou. Passados alguns segundos tensos, o moreno notou a chegada do garoto explosivo até Midoriya e Uraraka.

Infelizmente, não havia áudio, apenas imagens, mas já era alguma coisa. Dazai viu os dois garotos gritando entre si, antes que Midoriya se voltasse para Uraraka. Pelo movimento de seus lábios que conseguiu captar, ele supõe que o garoto de cabelos verdes estava pedindo para a garota continuar sem ele.

Sua teoria se provou correta quando, após um ataque de Bakugou, Uraraka correu pelo corredor, saindo da vista do loiro. Midoriya havia conseguido desviar com sucesso do ataque, perdendo apenas metade de sua máscara.

O moreno não pôde deixar de estreitar os olhos enquanto assistia o desenrolar da luta entre os dois meninos. Midoriya parecia conhecer até demais os movimentos de Bakugou, que parecia ficar cada vez mais frustrado. Mesmo assim, o loiro permanecia na vantagem, tudo porque Midoriya estava com medo.

Talvez medo não seja a palavra certa para definir. O garoto parecia determinado a provar que merecia seu lugar, mas ainda parecia recluso, como se não tivesse coragem o suficiente para realmente desafiar seu oponente - que, embora parecesse conhecer muito bem, parecia que ainda tinha muito mais treinamento que ele.

Como se tivesse lido sua mente, Midoriya se virou e correu, indo na direção oposta da que Uraraka havia ido.

Apesar de não ter continuado o combate direto, Dazai deu um pequeno aceno de aprovação, quase que imperceptível. Parece que o garoto de cabelos verdes havia identificado que a maior ameaça para sua vitória naquele momento era Bakugou e trabalhou para tirá-lo do caminho e sua estratégia parecia ser atraí-lo para longe de Uraraka e parecia estar, de alguma forma, funcionando. Novamente, Midoriya demonstrou um conhecimento abundante sobre os comportamentos do garoto explosivo.

O mafioso pensou, brevemente, que deveria tomar mais cuidado com Midoriya. O garoto pode não ter sido incentivado a desenvolver esse aspecto, mas ele era certamente inteligente e, com tempo o suficiente, poderia ser capaz de ver através de sua fachada - e Dazai não gostaria de manchar as mãos de sangue tão cedo.

Por um bom tempo, nenhum aspecto da luta lhe chamou a atenção e ele permitiu sua mente vagar, até que ouviu All Might gritando para Bakugou e viu o loiro puxando um dos pinos de suas manoplas. Após isso, uma imensa explosão atravessou a sala, derrubando algumas paredes.

Fumaça obscuresceu a visão das câmeras por um momento, o que fez com que o ar da sala parecesse gelado devido à tensão que os outros estudantes se encontravam. Entretanto, um suspiro de alívio quase que coletivo foi ouvido quando a tela mostrou Midoriya ainda em pé.

Dazai apenas encarava a tela com um olhar inexpressivo. Ele não sabia como funcionava a individualidade de Bakugou, mas agora tinha uma ideia. A escola não disponibilizaria um líquido inflamável para um aluno - um volátil, ainda por cima - com tanta facilidade, então provavelmente era suor do próprio loiro, que provavelmente tinha alguma propriedade que a tornava um combustível. De qualquer forma, ele poderia apenas perguntar para Midoriya para confirmar suas dúvidas.

Apesar de não ter esboçado reação, ainda sentiu uma pitada de surpresa. Bakugou claramente não pretendia matar, longe disso, na verdade. Mas ele simplesmente agiu sem pensar. A parede quebrada era exatamente no rumo em que Midoriya estava, então, se o garoto de cabelos verdes tivesse errado o tempo por um mero segundo, ele poderia estar carbonizado no chão naquele mesmo momento. O loiro era inteligente e habilidoso, mas seu temperamento instável o deixava imprudente.

Pela forma como os ombros de Midoriya tremiam visivelmente através da tela, parecia que o garoto havia percebido a mesma coisa que ele.

A luta corporal entre os dois garotos durou mais algum tempo, enquanto Uraraka tentava, mas sem sucesso, tocar na bomba - ela estava em grande desvantagem, já que Iida havia se livrado de todos os itens que ela poderia usar ao seu favor.

Dazai arregalou os olhos quando, em meio a luta, o braço de Midoriya começou a brilhar em vermelho. Não como o vermelho da habilidade de Chuuya, e sim um vermelho vívido, que fazia seus olhos doerem ao encarar por muito tempo. Em um piscar de olhos, o garoto de cabelos verdes direcionou o braço para cima, criando uma corrente de vento e destruindo os andares acima.

Suspiros de choque e admiração ecoaram pela sala, mas o olhar de Dazai se fixou em um rosto específico. O moreno estreitou os olhos, vendo que o herói olhava para Midoriya com orgulho disfarçado, mesmo que seu sorriso característico permanecesse inalterado.

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Faz muito sentido, mas o mafioso não vai afirmar nada, ele não é do tipo de gente que pula para conclusões sem ter cem porcento de certeza de suas teorias. Ele supõe que esse era um mistério que Mori gostaria de saber, com toda certeza.

Não demorou muito para que os heróis fossem anunciados como vencedores e Midoriya fosse levado às pressas para a Recovery Girl, ostentando um braço quebrado e diversos ferimentos.

Dazai notou, com o canto do olho, que Bakugou estava hiperventilando levemente, mas sendo consolado por All Might. Ele rapidamente desviou o olhar, tentando dar-lhe privacidade, apesar de não gostar do loiro.

Após isso, as batalhas ocorreram normalmente, mas o moreno as desligou, perdendo-se em sua própria mente enquanto esperava até que seu nome fosse chamado.

-

Dazai bocejou, esticando os braços atrás da cabeça, antes de olhar para seu parceiro. — Então, qual sua individualidade e como ela funciona? – Perguntou incisivamente, apesar de já ter uma ideia.

O loiro o encarou com um sorriso brilhante. — Não é óbvio, mon chéri? É laser de umbigo! – Respondeu, e Dazai quase que sentiu dor física com o apelido. — Eu só fico com dor de barriga se usar demais e preciso sempre usar um cinto, mas ficou lindíssimo com meu traje! – O garoto terminou, fazendo algumas poses.

— Podemos trabalhar com isso. – O moreno devolveu um sorriso amigável, antes de desviar o olhar, fazendo o possível para não fechar a cara. Tudo nesse garoto parecia artificial, desde sua personalidade irritante até sua individualidade. Porém, esse era um pensamento que ele arquivaria para depois, apenas se certificaria de não abaixar a guarda em torno dele.

— E a sua, como é?

— Ah, é anulação. Não tem muito o que explicar. – Dazai replicou, tomando o cuidado para não elaborar. Felizmente, Aoyama pareceu aceitar a resposta.

— Você tem algum plano? – O loiro o encarou interrogativamente, antes que seu sorriso aumentasse, passando uma mão pelos cabelos. — Aposto que poderia derrotá-los apenas com meu brilho!

Uma ideia se formou na cabeça do mafioso e ele sorriu.

Seus oponentes eram Shouji Mezou e Ojiro Mashirao, que interpretariam os heróis. Um brutamontes e um lutador, certamente combinações péssimas para ele e para Aoyama, que eram praticamente gravetos que poderiam ser derrubados com um sopro de vento. Porém, eles serão capazes de vencer se usarem a cabeça.

Pelo o que Dazai observou no primeiro dia de aula, Shouji podia criar mais membros relacionados aos cinco sentidos e ele, muito provavelmente, criaria mais olhos e ouvidos nesse exercício, o que significava que ele poderia sofrer uma sobrecarga sensorial mais facilmente. Embora não fosse o suficiente para tirá-lo completamente de campo, era o suficiente para distraí-lo.

Ele não havia prestado tanta atenção assim em Ojiro, mas presumia que o garoto não tinha um equilíbrio muito bom sem sua cauda - já que havia passado uma vida inteira com ela - e era a oportunidade perfeita para Dazai testar se sua habilidade funcionava com individualidades do tipo mutante. Sem contar que ele tinha seu bō retrátil como suporte.

Com isso, o moreno procurou pela sala por algo fino e seus olhos brilharam ao achar um bastão de metal jogado em um canto da sala. Ao pegá-lo, foi rápido em entregá-lo para Aoyama.

O loiro o encarou com os olhos levemente arregalados. — Não acho que devemos tentar assassinar nossos colegas... – Ele falou nervosamente.

Dazai soltou uma risada. — Lógico que não! – Exclamou, embora a ideia fosse realmente tentadora. — Você vai usar essa barra pra bater nas paredes, nos tambores que você encontrar pelo caminho, até mesmo de leve na sua própria armadura! Faça o máximo de barulho que conseguir assim que estiver longe dessa sala. Não se preocupe em não ser ouvido, vai ecoar. – Pediu. — Ao mesmo tempo que você fizer barulho de um lado, eu vou fazer do outro. Precisamos separar os dois. De preferência, que o grandão vá até você.

— E você quer fazer com que Shouji vá até mim!? – O outro garoto exclamou, indignado.

O moreno balançou a cabeça. — Confie em mim, você tem mais chances que eu. – Falou, dando de ombros.

Não era completamente mentira. Mesmo que Dazai conseguisse anular a individualidade de Shouji, ele ainda seria facilmente dominado em uma luta corporal. Para vencer, ele precisa do elemento surpresa e isso seria praticamente impossível com as capacidades de Shouji. Entretanto, ele não se preocupou em explicar isso para Aoyama, seguindo com seu plano.

— Se ele te encontrar, você corre. Se ele te encurralar, você pode tentar ficar o máximo de tempo possível desviando dele. Consegue fazer isso? – Falou rapidamente. Faltavam apenas três minutos até que seus oponentes entrassem no prédio e eles ainda precisavam se posicionar.

Aoyama assentiu. — Acho que sim... E você? O que vai fazer?

Dazai respondeu com um sorriso confiante. — Eu dou meus pulo. – Respondeu, antes de se direcionar para a porta da sala. — Vamos, vou ficar no terceiro andar. Você pode ficar no segundo?

— Claro!

Não demorou muito para que eles estivessem posicionados e o exercício começasse. Repassando o plano silenciosamente em sua cabeça, Dazai se lembrou que a bomba estava no quinto andar, que era o último. Ele deveria manter a luta contra Ojiro no terceiro, já que a partir do quarto já era muito arriscado.

O moreno apertou brevemente a fita que segurava em mãos ao começar a ouvir os batuques que ecoavam pelo prédio inteiro. Ele suprimiu um estremecimento, tentando resistir à vontade de cobrir os ouvidos. Isso era apenas temporário.

Com isso em mente, ele começou a fazer seu próprio barulho: pegou seu bastão e começou a bater nas paredes e nos armários que cobriam a sala em que estava.

Não muito tempo depois, passos altos e frenéticos foram ouvidos vindo do corredor que terminaria na sala em que estava. Felizmente, era espaçosa, mas estava a apenas um corredor de distância das escadas para o quarto andar. Porém, isso não seria um problema muito grande.

Assim que avistou uma mecha de cabelo loiro, deixou a fita o mais imperceptível possível por debaixo das mangas. Ele pensou, por um momento, se talvez devesse se esconder, mas era inútil, já que o outro garoto já estava ciente de que havia alguém ali.

Ojiro parou em sua frente, entrando em uma postura de luta claramente experiente, uma fita em mãos.

— E aí, Dazai. Você pode se render agora e eu vou pegar leve com você. – O garoto em sua frente falou, apertando os punhos ligeiramente.

Dazai permitiu que seu sorriso se esticasse. — Acho que... – Ele fingiu pensar por um momento, colocando um dedo no queixo. — Não quero! – Deu um sorriso brincalhão.

— Bem, você que pediu. – Ojiro falou, antes de avançar contra ele, lançando socos e chutes. Ele notou que o outro garoto continuava mirando em seu ponto cego, mas não se incomodou.

O moreno foi capaz de desviar de todos até aquele momento, sem fazer nem um único movimento para atacar de volta, o que parecia estar irritando o outro garoto.

— Você não vai lutar? – Perguntou, com as sombrancelhas franzidas, sem interromper seus golpes.

Dazai deu um sorriso malicioso, ainda desviando quase que perfeitamente dos ataques. — Se é isso que você quer. – Disse simplesmente, com um tom de voz divertido.

Com um movimento ágil e experiente, o moreno girou seu bō em uma mão e o abriu, antes de o mirar no pescoço de Ojiro. O outro garoto foi capaz de desviar, embora apenas por um fio, claramente não esperando um ataque tão brutal logo de cara.

Não perdendo tempo, Dazai puxou seu bastão de volta e mirou no peito de Ojiro, que ergueu os braços para se defender, mas foi surpreendido quando o moreno girou o bō e mudou a trajetória para o joelho, acertando em cheio.

O loiro recuou com um suspiro de dor e uma carranca gravada em suas feições, antes de correr para Dazai, um soco direcionado para seu maxilar.

Dazai, por sua vez, bocejou. Ele acha que já deixou Aoyama aguentando sozinho por muito tempo, era hora de ir em seu encontro.

Com isso em mente, o moreno pegou o punho se Ojiro em uma de suas mãos facilmente, apertando firmemente quando o garoto tentou retirar a mão. Não demoraria muito para que a força bruta do outro garoto dominasse a dele, então ele teria que fazer isso rápido.

Os olhos do loiro se arregalaram impossivelmente, antes de olhar para trás, vendo que sua cauda havia desaparecido. Felizmente, a camisa era longa o suficiente para tampar a parte vazia de sua calça.

O mafioso percebeu que Ojiro tentou se afastar mais uma vez, apenas para que seus joelhos quase cedessem. Vendo que o garoto perdeu momentaneamente o equilíbrio - assim como havia previsto -, Dazai não permitiu que ele se recuperasse, soltando seu punho e varrendo seus pés e esticando a fita, antes de enrolá-la habilmente em torno do loiro. Parece que anos de experiência amarrando bandagens não foram para nada, afinal de contas!

— Ojiro Mashirao foi capturado!

O moreno suspirou profundamente, antes de se encolher ligeiramente com o barulho. Enquanto lutava, os barulhos externos haviam sido momentaneamente abafados para que ele pudesse focar apenas na tarefa em mãos, porém, agora estavam mais altos que nunca.

Sem poupar outro olhar para Ojiro, Dazai guardou seu bastão e correu para a fonte do barulho. Deveriam ter se passado apenas cerca de cinco minutos desde o início do exercício e o mesmo duraria dez minutos. Aoyama realmente estava se segurando bem. Porém, em algum momento, o barulho parou.

Após chegar em um corredor em específico, avistou Shouji, de costas para ele, mas ele ainda conseguia ver uma fita em suas mãos. Logo em sua frente, estava Aoyama, parecendo nervoso e assustado, murmurando algumas frases em francês.

O moreno mordeu o lábio. Tentar manter os passos silenciosos não adiantaria de nada, ele usava botas e todos os barulhos ecoavam naquela estrutura. Shouji definitivamente ouviria, se os membros extras fossem alguma indicação. Ele estava, com toda certeza, esperando um ataque surpresa.

Uma ideia se formou em sua mente ao notar que o corredor se dividia em dois.

Sem pensar duas vezes, Dazai pegou seu bō retrátil e o jogou no corredor vazio, atraindo imediatamente a atenção de Shouji, que correu para a fonte do barulho - claramente esperando uma emboscada vindo dali. Bem, ele não estava totalmente errado.

O erro do garoto maior foi sua demora para perceber que o barulho não foi de Dazai, e sim de sua arma no chão. Esse lapso de tempo foi o suficiente para que o mafioso corresse atrás dele e colocasse uma das mãos em suas costas, fazendo com que todos os membros extras desaparecessem. Sem mais delongas, Dazai deu um forte chute na parte de trás dos joelhos de Shouji, o que fez com que ele quase caísse.

O moreno sorriu, puxando a própria fita. Porém, antes que pudesse enrolar o pedaço de tecido ao redor do braço de Shouji, uma grande mão agarrou seu pulso e o jogou por cima do ombro, fazendo com que ele batesse as costas brutalmente na parede, antes que caísse sobre seus joelhos.

Dazai soltou um gemido de dor, tentando se levantar. Ele olhou para o pulso, sentindo a dor agoniante dos cortes recentes. Esperançosamente, eles não teriam começado a sangrar novamente, mas, com sua sorte, sabia que a chance disso era quase que zero. Seu joelho e ombro esquerdos também doíam muito. Pensou, por um momento, que talvez tivessem sido deslocados, mas logo descartou a ideia ao conseguir se levantar, embora ainda meio trêmulo.

O moreno soltou um suspiro aborrecido ao ver Shouji se aproximando. Droga, lá se vai o elemento surpresa. E agora ele provavelmente vai ser usado de vassoura, já que todos os outros membros do outro garoto haviam voltado. Simplesmente incrível.

Ao contrário do que pensava, porém, um raio azul passou pela bochecha de Shouji, queimando levemente sua máscara e bochecha e atraindo sua atenção. Sem perder a oportunidade, Dazai correu e tentou enrolar a fita no braço do garoto maior. Felizmente, outro raio veio do outro lado, o que deu a oportunidade para o moreno agarrar o pulso de Shouji - que precisou focar em se esquivar - e enrolar a fita em um movimento rápido.

— Shouji Mezou foi capturado! A equipe dos vilões vencem!

Dazai respirou profundamente por um momento, antes de desenrolar a fita do braço de Shouji e se afastar.

— Vocês lutaram bem. – O garoto maior falou, parecendo estar sorrindo por debaixo da máscara. — Vou buscar Ojiro, onde ele ficou?

— Obrigado. – Dazai respondeu, cansado, sentindo suas costas latejando de dor. — No terceiro andar. Já vou indo.

Tanto Aoyama quanto Shouji franziram a testa com seu estado, aparentemente notando a forma como as respostas do moreno foram mantidas quase que no mínimo.

— Acho bom você ir na Recovery Girl, mon chéri. – O loiro falou em um tom preocupado, ganhando um aceno de concordância do outro garoto.

Entretanto, Dazai apenas balançou a cabeça, dando um sorriso tranquilizador - obviamente falso, embora não fosse tão óbvio assim para os adolescentes. — Eu tô bem! Só tô meio cansado. – Ele disse, antes de se dirigir para a saída. — Vejo vocês lá fora!

Enquanto se afastava dos olhares preocupados, Dazai não pôde deixar de se perder em sua própria mente. Não era mentira, ele estava bem. Ele ainda sentia dor, mas isso não era nada comparado às dores que Mori já o fizera passar como treinamento. O moreno estremeceu com o pensamento, mas se repreendeu imediatamente. Ele pode não ter gostado dos métodos de Mori, mas não podia dizer que não havia dado certo, porque havia.

Os fins justificam os meios, ele supõe.

-

Dazai caminhou lentamente atrás de Aizawa, indo em direção à enfermaria, um beicinho estampado em seu rosto.

Assim que saiu do prédio do exercício, All Might o enviou imediatamente para a Recovery Girl. Contudo, ele cometeu um erro: deixou-o ir sozinho, mesmo com alguns de seus colegas se oferecendo para levá-lo. Dazai ficou contente em ver que um simples sorriso tranquilo e confiante foi o suficiente para apaziguar suas preocupações e os fez focar no resto da aula.

Com isso, o moreno não havia perdido tempo em procurar um canto vazio onde ele pudesse embrulhar seu braço novamente - assim que notou as bandagens começando a se encharcar de sangue, logo após ter saído do local do exercício, puxou as mangas para cima, mantendo-as afastadas do líquido carmesim. Felizmente para ele, não havia nenhum aluno nos corredores que ele foi.

Não demorou muito para encontrar uma sala de aula vazia e prontamente refez as bandagens - não sem antes localizar a câmera da sala e se posicionar no ponto cego dela -, adicionando camadas extras e amarrando-as firmemente para que o sangramento fosse estancado e não vazasse para as roupas.

Assim que terminou, Dazai enfiou as bandagens sujas em um dos bolsos e saiu caminhando calmamente. Ele não sabia se poderia levar seu traje de herói para casa, então ele teria que chegar até a sala e colocá-las em sua pasta. Talvez ele estivesse sendo paranóico, mas não queria jogá-las em algum lixo da escola e correr o risco de ser visto e questionado. Cautela nunca é demais, afinal de contas.

No caminho até sua aula, ele deixou sua mente vagar por um tempo. Porém, assim que avistou a gigantesca porta da 1-A, também notou a presença de um homem de cabelos pretos longos e barba rala.

Dazai prontamente deu meia volta, começando a voltar de onde veio, mas foi interrompido por faixas cinzas firmes rodeando seu corpo em um abraço mortal e puxando-o levemente de volta. Ele suprimiu um estremecimento de dor enquanto sentia seu professor se aproximando, embora não tenha tido cem porcento de sucesso.

— Você não deveria estar na aula, garoto? – Aizawa repreendeu com um tom firme, embora tenha se suavizado um pouco ao perceber o estremecimento. — Você está machucado?

O garoto se virou, ostentando um sorriso que ele esperava que fosse tranquilizador. — All Might pediu pra eu ir para a Recovery Girl, mas eu me perdi!– Falou. Uma meia verdade era o melhor caminho que ele poderia seguir naquele momento, então foi o que ele fez.

Isso apenas fez com que Aizawa o encarasse com um olhar rígido. — Vamos logo na Recovery Girl, criança problemática. – O homem ordenou com um suspiro cansado, soltando-o.

E foi assim que Dazai acabou nessa situação, seguindo seu professor até a enfermaria em um silêncio mortal.

A quietude foi quebrada por Aizawa resmungando baixinho com um tom de voz irritado. — All Might é um idiota? Ele não sabe que não deve deixar alunos feridos vagarem sozinhos?

O moreno soltou uma pequena risada, atraindo a atenção do homem para si. — Eu não acho que ele tenha qualquer tipo de licença. – Disse, com um sorriso divertido e conhecedor, que fez com que uma das sobrancelhas de Aizawa se erguesse.

— E como você sabe disso? – O homem perguntou inexpressivamente, sem confirmar ou negar.

— É só um palpite. – Dazai sorriu enigmaticamente. Ele ponderou se deveria contar para Aizawa sobre o livro que o herói número um estava lendo, mas decidiu permanecer quieto.

Antes que ele pudesse perceber, os dois já estavam na frente da porta da enfermaria. O professor deu duas batidas leves na porta, abrindo-a após ouvir uma confirmação de Recovery Girl.

O cheiro familiar e incômodo de antisséptico encheu suas narinas, o ambiente despertando memórias indesejadas em sua mente. O moreno notou que uma das camas estava ocupada por Midoriya, que ainda estava inconsciente.

Dazai ficou tentado a apertar o braço até que suas unhas furassem suas bandagens e a pele, mas se conteve o melhor que pôde. Suas mãos estavam levemente trêmulas, mas ele esperava que nenhum dos dois heróis presentes notassem isso.

— O que aconteceu, querido? – A mulher perguntou, guiando-o para uma cama vazia.

— Teve um exercício de heroísmo hoje, mas não 'tô ferido, só com um pouco de dor nas costas. – O garoto explicou rapidamente.

Recovery Girl o encarou por um tempo, como se estivesse o analisando. — Minha individualidade não vai funcionar com você, eu suponho. Teremos que usar o método tradicional. – Ela o informou.

Dazai sentiu-se ficando tenso por um segundo ao ver a mulher mais velha indo para a mesa pegar algum aparelho, antes de se forçar a relaxar. — Não precisa! É só uma dorzinha, um remédio pra dor ajuda... – Falou, balançando as mãos levemente, apesar do movimento fazer seu pulso doer brevemente.

De repente, ele se sentiu hiperconsciente da sensação de olhos em suas bandagens e sentiu vontade de se cobrir, mas não demonstrou nada externamente.

— Eu ainda tenho que conferir se está tudo certo, garoto. – A mulher falou, com a testa franzida.

— Realmente,  não precisa. – Dazai afirmou mais uma vez, com uma voz mais firme.

Aizawa e Recovery Girl se entreolharam, preocupação nublando seus olhares, antes que a curandeira soltasse um longo suspiro.

— Bem, eu não posso te obrigar a fazer qualquer coisa. – Ela concedeu, antes de tirar uma pequena caixa de uma das gavetas e o entregando. — Você pode tomar um comprimido de dipirona monoidratada de quinhentas miligramas de oito em oito horas por dois dias, mas venha para mim se a dor persistir. – Disse com um tom firme, mas não afiado.

Dazai assentiu, aliviado. Mesmo assim, ele não planejava tomar remédio nenhum, não confiava em si mesmo para estar na posse de qualquer tipo de medicamento enquanto estivesse sozinho. Talvez ele possa apenas deixasse os comprimidos na bolsa de um estranho.

Após isso, ele foi rápido em se levantar e se dirigir à porta para ir para sua próxima aula, mas foi interrompido por Recovery Girl.

— Eu gostaria que você voltasse aqui na enfermaria depois para que possamos preencher sua ficha médica, já que está vazia. – Ela falou. — Não se preocupe, só quero ter certeza que você está saudável. – Explicou quando não houve resposta.

Dazai forçou um sorriso gentil, assentindo. — Pode deixar! – Exclamou. — Agora vou indo, ainda tenho que trocar de roupa.

Enquanto caminhava para longe da enfermaria, ele não perdeu os dois pares de olhos que pareciam fincar em suas costas.

-

Alarmes ecoaram pelos corredores, barulhos de pânico ressonaram entre os estudantes enquanto todos corriam para fora, os passos altos e frenéticos podendo ser ouvidos - se qualquer pessoa caísse em meio a multidão, provavelmente seria imediatamente pisoteada em meio ao caos.

Bem, talvez 'todos' fossem muita gente. Dazai havia permanecido quieto em seu lugar na sala de aula, apesar de tanto Uraraka quanto Yaoyorozu terem o chamado para almoçar com elas. O moreno havia alegado que usaria o horário para dormir um pouco, já que estava muito cansado - o que ele não fez, já que não conseguia abaixar a guarda o suficiente para dormir, mas ele ainda apreciava o tempo que podia passar sem contato com outras pessoas.

No horário anterior ao intervalo, Aizawa havia anunciado que eles fariam uma votação para representante de classe no último horário - uma vez que ainda haviam estudantes na enfermaria -, o que deixou os adolescentes, que já estavam animados, ainda mais animados. Iida Tenya parecia particularmente determinado também.

Porém, agora eles tinham outras preocupações, a principal sendo um possível intruso nos terrenos da escola.

Levantando-se lentamente de seu lugar, Dazai se dirigiu até a janela, tentando ter alguma visão que pudesse confirmar ou negar a informação. Felizmente, a sala de aula dele possuía uma visão razoavelmente boa do portão, então ele foi capaz de ver os destroços da barreira, juntamente com a mídia invadindo.

O moreno estreitou os olhos. Definitivamente havia algo a mais nisso. Isso era conveniente até demais, além de que ele duvidava que isso fosse obra de algum repórter - ele não acha que qualquer um deles arriscaria perder o emprego com uma manobra tão arriscada assim. Mas isso também não era planejado. Parecia mais como se alguém visse uma oportunidade e a agarrasse.

De repente, a voz de Iida ecoou pelos corredores, informando a todos que era apenas a mídia. Com isso, os barulhos de desespero que podiam ser ouvidos através das paredes foram lentamente se acalmando até que tudo se tornasse silencioso novamente.

Dazai apertou um lábios em uma linha fina, olhando para o portão novamente. Naquele momento, com toda certeza, era realmente apenas a mídia.

Mas por quanto tempo seria assim?

-

Dazai bocejou, caminhando lentamente para o portão da escola. Sua vontade naquele momento era correr para a ponte mais próxima e se jogar.

A votação aconteceu e Iida venceu quase que por unanimidade, embora Midoriya, Yaoyorozu e o próprio Dazai - por incrível que pareça - tivessem ficado acirrados para o cargo de vice. Entretanto, como nem Midoriya nem Dazai o queriam, a garota ficou como vice representante.

O moreno se lembra, com uma pitada de aborrecimento, que foi atacado por perguntas sobre a luta assim que a aula acabou - aparentemente, Aoyama havia os contado sobre o plano que formulou para vencer. Naquele momento, ele apenas sorriu e respondeu suas perguntas o mais amigavelmente que conseguia, embora estivesse com uma grande vontade de morrer.

É por esse exato motivo pelo qual ele se sentia aliviado pela aula ter acabado e ele pudesse voltar para seu apartamento. Estudar era tão cansativo! Sério, como adolescentes normais fazem isso por quase quatorze anos?

Antes que ele pudesse prosseguir, ele ouviu uma voz gritando por Bakugou e imediatamente a reconheceu como a de Midoriya.

Dazai ponderou se deveria apenas ir embora, mas decidiu se esconder atrás de uma árvore para escutar o que seria dito.

Felizmente, não foi em vão, já que o garoto de cabelos verdes logo falou que havia recebido sua individualidade de outra pessoa, mas Bakugou pareceu não acreditar nisso.

Um sorriso surgiu nos lábios do moreno. O quebra cabeça está se conectando lentamente, pelo o que parece. Não vai demorar muito até ele ter todas as peças.

Dazai foi rápido em se afastar discretamente ao ouvir Bakugou começar a chorar. Ele não tinha o melhor interesse em sentimentos, isso era problema do outro garoto e apenas dele.

Assim que saiu pelo portão, começou a cantarolar baixinho uma canção sobre suicídio.

Felizmente, o dia seguinte era sábado e ele planejava tentar dormir o dia inteiro para repor todas as suas energias, embora soubesse que seria praticamente impossível. Mas não custava tentar, certo?

Ah, talvez ele pudesse ligar para seu cachorro para irritá-lo um pouco!

-

O que vocês acharam desse capítulo?

Confesso que me sinto meio insegura quanto à parte estratégica, já que Dazai é um personagem muito inteligente e eu sou o completo oposto disso, então me atenho apenas ao básico e ao óbvio. Espero que a luta não tenha ficado tão ruim, sou péssima em escrevê-las!

Só reforçando o que eu já tinha dito antes, eu faço tudo de memória e é exatamente por isso que algumas coisas podem ser bem diferentes! Esse capítulo é um belo exemplo da minha memória falhando kkkk (mas espero que eu ainda tenha conseguido consertar meu erro!)

E eu sei, o final foi meio apressado, mas é porque já tava ficando grande demais...

De qualquer forma, obrigada por ler esse capítulo <33

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