Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 4

Acabei de perceber que eu tô projetando meu próprio professor no Aizawa, sinto muito se ele for muito OOC!

Obs: Só vou usar sufixos que forem pertinentes! (Como, por exemplo, "sensei")

Tw!
Alcoolismo (implícito)
Automutilação (implícito)
Assédio sexual/estupro (implícito)

-

Dazai apertou a gravata vermelha lentamente, sentindo o tecido macio sobre sua pele. Ele se encarou no espelho, antes de fazer uma careta para a visão que o cumprimentou. Esse uniforme era, por falta de melhores termos, horrível. As cores eram abominavelmente brilhantes, algo que o moreno não era acostumado, a única exceção sendo quando Mori o fazia usar vestidos.

Ele estremeceu com o rumo que seus pensamentos tomaram e rapidamente tentou limpar sua mente de tais lembranças.

Dazai continuou encarando sua própria aparência no espelho. As bandagens do pescoço permaneciam visíveis, enquanto as dos braços eram quase que imperceptíveis, mas as do olho eram as mais gritantes. O moreno havia ponderado se deveria retirá-las completamente, mas decidiu pelo contrário: já teria que atuar seis horas por dia, cinco dias por semana, se ele tivesse que fazer tudo isso e ainda sem o peso reconfortante de suas bandagens, ele com certeza se mataria. Com isso, ele manteve as faixas em seu olho esquerdo. Fora isso, seu cabelo e roupas estavam apresentáveis. Tudo parecia no lugar.

Mesmo assim, ele não pôde deixar de levar a mão ao braço, abaixo da manga, e coçar levemente, sentindo como se algo estivesse faltando. Talvez fosse a falta de uma pistola ou uma faca. Talvez era efeito da falta de álcool. Ou ele só estava sendo paranóico?

Sua atenção foi atraída ao seu braço quando sentiu uma pontada de dor no local onde estava coçando. Ele encarou, antes de suspirar aliviado, vendo que suas bandagens não se encharcaram com aquele mesmo líquido carmesim que coloria seus sonhos, o que significava que ele havia apenas arranhado levemente seu braço.

O moreno afastou a mão de seu braço e encarou seus dedos. Suas unhas cresceram consideravelmente, ele notou enquanto sentia um pequeno sorriso florescer em seu rosto. Mori costumava o obrigar a cortar as unhas até o sabugo, pois não gostava que Dazai o arranhasse durante... aquilo. Mesmo assim, o garoto fazia seu melhor para deixá-las maiores possíveis para causar o maior estrago que poderia, mas nem sempre isso terminava bem para ele. De qualquer forma, ele encontrou um certo conforto em vê-las crescendo novamente e, dessa vez, não seria obrigado a cortá-las por um bom tempo.

Talvez ele pudesse pintá-las, se isso fosse irritar Mori ainda mais. Ele sorriu com o pensamento, antes de voltar a se preparar para o dia.

Dazai ajeitou o blazer cinza, pensando, por um momento, sobre o casaco de Mori que repousava inocentemente no fundo do guarda-roupa, sentindo-se feliz por não ter que usá-lo, mas, ao mesmo tempo, incomodado por não estar o usando. O blazer não era nada parecido com o casaco, mesmo que abraçasse seu corpo de maneira semelhante - ele havia pedido um número maior que o seu. A peça de roupa que usava não era reconfortante, mas também não era sufocante. Ele diria que é um meio termo agradavel.

O moreno encarou seu cabelo por um tempo, ponderando se deveria amarrá-lo, mas optou por deixá-lo solto. Não era tão longo assim, batia apenas na metade do pescoço, mas ele estava começando a gostar um pouco de seu cabelo desse jeito.

Não demorou muito para que ele tivesse sua pasta em mãos e estivesse à caminho da escola. Dazai encarou discretamente as reações das pessoas por quem ele passava e percebeu que o simples fato de estar com o uniforme de uma escola prestigiada inspirava respeito nas pessoas, que pareciam o olhar com algo parecido com aprovação ou admiração, dependendo da idade do transeunte. Era, indubitavelmente, muito diferente do respeito que estava acostumado a receber na Máfia do Porto, ele percebe. Na Máfia, o respeito vinha acompanhado de medo e olhares assustados, enquanto naquele local em que se encontrava era acompanhado de sorrisos calorosos e incentivadores jogados em sua direção.

Ele não sabia como se sentir sobre isso, honestamente. Entretanto, uma coisa ele sabia: ele não era digno de receber tais sorrisos.

Com isso em mente, ele seguiu o seu caminho rigidamente, fazendo o seu melhor para não deixar brechas para que alguém viesse conversar com ele.

-

Dazai encostou sua cabeça em uma de suas mãos, olhando ao redor da sala e catalogando a aparência de todos os colegas com quem teria que conviver por um bom tempo. Ele havia chegado relativamente cedo, mas a sala já estava quase que completamente cheia. Notou que essas crianças eram muito barulhentas e animadas para seu gosto, com exceção de alguns. Muitos de seus colegas o encaravam estranhamente, provavelmente por causa das bandagens, mas o moreno fazia questão de retribuir os olhares com um sorriso encantador. Ele não achava que teria problemas com qualquer um deles, mas um em particular o irritou.

Bakugou Katsuki.

No início, sua atitude raivosa o lembrava de suas interações com Chuuya, o que o fez pensar que talvez pudesse falar algo com o garoto. Porém, seus pensamentos logo foram jogados pela janela quando percebeu que Bakugou era simplesmente desagradável, ao contrário de Chuuya.

O ruivo poderia explodir com ele, mas era apenas quando Dazai o provocava - o que era, praticamente, o tempo todo -, fora isso, ele era legal. Bakugou, por outro lado, jogava insultos para todos os lados e simplesmente agia como se fosse superior à todos aqueles ao seu redor. Simplesmente irritante.

O moreno percebeu, com diversão, que o garoto provavelmente tinha algum complexo de superioridade cobrindo uma autoestima baixa e, para se sentir melhor, sentia a necessidade de agir como se fosse a última coca-cola do deserto. De qualquer forma, não era dever dele corrigir isso, então ele apenas faria o seu melhor para evitar Bakugou. Ou talvez ele devesse irritá-lo, ver qual seu limite para brincadeiras! Sua expressão quando suas explosões não funcionassem nele seria certamente engraçada.

Ele desviou seu olhar para a porta, avistando Midoriya Izuku. Percebeu que os ombros do garoto estavam tensos e um sorriso desajeitado enfeitava seu rosto e ele pareceu se encolher ainda mais quando uma garota morena encostou em seu ombro. Midoriya estava claramente estressado com a caoticidade da sala e Dazai poderia concordar com esse sentimento.

O moreno acidentalmente travou olhares com a garota de cabelos cor de canela e percebeu a animação encher seus olhos, o que fez com que ele se encolhesse levemente. Ele rapidamente recuperou a compostura enquanto a menina chegava até ele.

— Olá! Você é meu outro herói! Eu sou Uraraka Ochako! – A garota cumprimentou animadamente, o que fez com que Dazai estremecesse levemente com o barulho, mas ele logo se recuperou e lhe devolveu um sorriso amigável. Ele pensou, por um momento, se deveria pedir para a garota cometer suicídio duplo com ele, mas decidiu pelo contrário.

— Olá, Uraraka! Meu nome é Dazai Osamu. – Respondeu animadamente.

— 'Tô tão feliz por você ter conseguido passar também, Dazai! – A menina falou, agitando um pouco as mãos, antes de coçar levemente o queixo. — Fiquei com um pouco de receio de ter atrasado vocês, até tentei transferir alguns dos meus pontos pra vocês, mas não me deixaram.

Dazai sentiu seus olhos arregalarem levemente. Isso era... Muito legal. Ele esperava que essas crianças fossem mais egoístas, mas ele não estava realmente reclamando.

— Bem, o importante é que nós estamos todos aqui, certo? – O moreno respondeu suavemente. — Espero que possamos nos tornar bons amigos. – Dizer aquela frase foi extremamente estranho, mas ele acha que deveria se acostumar a agir daquela forma.

Os olhos da menina praticamente brilharam. — Claro! – Ela exclamou, antes de pegar um telefone flip rosa. Ele notou um pequeno adesivo de mochi de morango grudado na parte de trás do aparelho e resolveu guardar a informação para mais tarde.

Julgando pelo modelo, Dazai imaginava que ela não vinha de uma família muito abastada - não que ele a estivesse condenando por isso, ele não estaria em uma condição muito melhor se não fosse por Mori -. Isso era algo que ele poderia usar ao seu favor, caso precisasse.

— Que tal trocarmos- – Uraraka começou a perguntar, mas foi interrompida com um pequeno grito.

O moreno notou, de repente, uma massa amarela deitada bem atrás do garoto de cabelos verdes. Se inclinou um pouco para ver melhor e teve que abafar uma risada. Era seu professor ali, parecendo uma lagarta. Quando o homem começou a falar, a sala se calou.

— Demorou oito segundos para que vocês se acalmassem. Isso é impróprio para pessoas que desejam serem heróis. – Disse, saindo de seu casulo de cor berrante enquanto os estudantes em pé corriam para se sentar. Dazai deu um pequeno aceno para Uraraka enquanto ela corria para seu assento.

O professor logo saiu de perto da porta. — Vistam seus uniformes de ginástica e vão para o campo de treinamento, estarei os esperando lá. – Falou, antes de parar por um momento. — Suas roupas estarão em seus respectivos armários.

Após isso, os adolescentes na sala saíram correndo, fazendo um alvoroço desnecessário até que chegassem aos vestiários. Enquanto entrava no local, Dazai coçava as bandagens levemente. Isso não havia sido calculado. Ele nunca tinha estado em uma escola antes, não sabia que os vestiários não teriam cabines separadas. Claro, ele havia feito uma pesquisa sobre escolas antes, mas a maioria constava que os vestiários possuíam cabines. Parece que a UA gostava de ser a diferentona em tudo, para sua infelicidade.

Adolescentes eram, certamente, criaturas curiosas e inconvenientes, que não hesitariam em importuná-lo sobre as faixas que cobriam seus braços, pernas, pescoço e olho. Além disso, ele não usava bandagens em seu torso - não via sentido nisso, afinal, estava sempre com muitas camadas de roupa, além de que isso restringiria seus movimentos -, o que significava que suas outras cicatrizes estariam completamente a mostra.

Mal era o primeiro dia e ele já havia cometido dois erros. Que adorável. O moreno não era religioso, mas agradeceria a todos os deuses que possam existir por Mori não estar presente naquele momento.

Dazai encontrou rapidamente seu armário e pegou as roupas, indo até um dos cantos da sala. Rapidamente trocou suas calças, sentindo-se grato pelos adolescentes estarem envolvidos demais em suas conversas para notá-lo. Entretanto, sabia que não teria a mesma sorte com a parte de cima, mas rapidamente teve uma ideia: virou-se de costas para os outros garotos e fez o possível para manter o blazer em suas costas enquanto retirava a camisa de baixo. Felizmente, obteve sucesso e logo conseguiu trocar a roupa. Infelizmente, porém, as mangas iam só até o cotovelo, o que significava que suas bandagens ainda estavam à mostra.

Ele se virou e sentiu imediatamente olhares indo de seu rosto até seus braços.

— Cara... Você 'tá ferido? – Um garoto de cabelos vermelhos espetados para o alto perguntou hesitantemente, se aproximando dele. A julgar pelo olhar de alguns dos outros garotos ao redor, ficou claro que aquela era uma pergunta que muitos deles queriam fazer há algum tempo.

— Talvez você precise ir na Recovery Girl... – Um garoto de cabelos pretos entrou na conversa, com um olhar preocupado.

Dazai estranhou o sentimento. Eles nem o conheciam, por que diabos estavam preocupados? Eles estavam zoando com a cara dele?

Foi tirado de seus pensamentos por um estrondo. Era Bakugou, que havia fechado o armário com brutalidade. — Esse desgraçado só 'tá querendo chamar atenção! – Gritou, o que iniciou um caos na sala.

— Bakugou, desprezar as dores dos outros não é muito heróico da sua parte! Como um estudante de heroísmo, você deve-

Dazai, sentindo uma dor de cabeça se formando, forçou uma risada alta, fazendo com que os demais o encarassem com espanto. — 'Tá tranquilo, não tô ferido! Bandagens só estão na moda na minha cidade natal, entende? – Ele afirmou com uma voz dócil, embora alguns olhares estranhos não tenham desaparecido. Talvez essas crianças não sejam tão estúpidas assim, afinal.

— Que legal, mano! Realmente, dá um ar de virilidade... – O ruivo disse, com estrelas nos olhos, parecendo ter acreditado imediatamente em suas palavras.

Esquece. Essas crianças são estúpidas.

Bakugou ainda o encarava estranhamente. — Então você está cegando um de seus olhos propositalmente? — O menino praticamente rosnou. — O que, você acha que é melhor que eu!?

Dazai sentiu a irritação surgir em seu ser ao encarar o cachorro loiro raivoso, mas manteve um sorriso amigável e cordial. — Ah, na verdade, sou legitimamente cego desse olho. – Respondeu, sentindo o humor da sala diminuir consideravelmente. Mesmo que ele ainda não fosse totalmente cego daquele olho, resolveu não comentar isso especificamente. Ver essas crianças se sentirem desconfortáveis era estranhamente divertido.

O moreno notou, com o canto dos olhos, o olhar afiado de um garoto de cabelos bicolores, que parecia estar tentando o dissecar, embora, claramente, não esteja tendo sucesso. Ah, o filho de Endeavor! Mas o que ele havia feito para atrair tamanha atenção do garoto? Ele tinha a sensação de que não demoraria muito para descobrir.

— M-Mesmo assim, se precisar de alguma coisa, pode contar com a gente! – Midoriya gaguejou rapidamente, atraindo sua atenção, seguido por vários acenos de concordância dos outros meninos que ainda estavam presentes.

Dazai não os entendia. Por que eles estão tão preocupados com alguém que eles acabaram de conhecer?

'Eles são humanos, diferente de você.'  – Uma voz sussurrou em sua mente, mas ele a calou antes que sua expressão escurescesse. Em vez disso, o moreno esboçou um sorriso gentil.

— Pode deixar!

-

Shouta suspirou fundo, esperando pacientemente que seus alunos aparecessem. Não demorou muito para que as crianças começassem a chegar no campo de treinamento.

O olhar do homem fitou rapidamente aqueles que já haviam chegado e se fixou em um garoto de cabelos castanhos ondulados, fazendo com que Shouta franzisse a testa ao avistar as bandagens que subiam pelos braços do garoto.

Dazai Osamu encarou de volta, dando um sorriso doce para ele, mas que parecia dolorosamente falso para os olhos treinados do herói.

O garoto ainda permanecia um enigma para ele. Logo após de receber a confirmação de que Dazai estaria em sua turma, Shouta foi rápido em ler sua ficha - assim como fez com todos os seus alunos -, porém, para sua surpresa, havia encontrado pouquíssima informação sobre o menino. A informação mais relevante que o papel possuía era que o moreno havia estudado em casa desde os nove anos, mas também não havia nenhum registro sobre seu comportamento antes disso - não haviam reclamações e nem elogios.

Recovery Girl havia mencionado coisa parecida na última reunião do corpo docente antes do início das aulas: o registro médico de Dazai estava completamente em branco. A mulher mais velha havia mencionado sobre chamar o garoto para a enfermaria para que ela pudesse preencher suas informações manualmente, mas não deixava de ser preocupante - eles não poderiam deixar o garoto adoecer durante a aula por causa de uma alergia se isso poderia ser facilmente evitado.

Ambos levaram suas preocupações para o diretor, Nezu, mas o rato apenas as dispensou com aquele mesmo olhar calmo e calculista que sempre mantinha em seu rosto, dizendo que tudo que eles teriam que fazer era ficar de olho no garoto. O professor tinha a sensação de que havia algo a mais nisso, mas resolveu não se demorar nisso.

As bandagens que circundavam o corpo de Dazai também não deixavam de fazer questionamentos aflorarem na mente de Shouta. Como um professor, ele havia lidado diversas vezes com situações parecidas - adolescentes machucando a si mesmos, morando em um lar abusivo -, mas ele nunca se acostumaria com isso ou acharia menos horrível. Sempre que uma situação do tipo vem a tona, Shouta faz de tudo para ajudar a vítima. Seus amigos dizem que ele tem um fraco por crianças, mas ele sabe que não está sendo nada além de racional.

E Dazai parecia perigosamente próximo ao padrão. Pelo pouco tempo que passou observando o garoto no exame de admissão, percebeu que o garoto tinha um controle quase que impecável sobre sua linguagem corporal, mas ainda havia notado alguns momentos em que o garoto parecia tenso e prestes a fugir. Sem contar com seu olho. Shouta se sentia desconfortável ao encará-lo por muito tempo, uma vez que seu olhar parecia morto, vazio até o âmago, comparável a um buraco negro. Ele também não deixava de se questionar sobre o que teria acontecido com o outro olho.

Tudo isso pintava um quadro preocupante, mas o homem sabia que ainda teria que investigar muito mais a fundo para descobrir - e ele esperava com todo o seu coração que ele estivesse errado.

Dazai não era o único que atraía sua preocupação. O filho de Endeavor, Todoroki Shouto, se portava de maneira similar, mas sua fachada era muito mais escorregadia e legível do que a de Dazai e, sabendo como era seu pai, Shouta sabia que provavelmente teria que prestar mais atenção no garoto durante o ano.

Também haviam outras pessoas para quem ele anotou mentalmente que deveria prestar mais atenção: Midoriya Izuku, com sua individualidade chegando com cerca de dez anos de atraso, o que era preocupante - implicava que, antes disso, o menino não tinha um quirk e Shouta sabia das estatísticas -; Bakugou Katsuki com seus possíveis problemas de raiva e muitos outros cujos problemas ele não teria tempo de dissecar naquele momento.

Não era realmente dever dele corrigir esses problemas, mas essas crianças são seus alunos, então ele tentaria tudo ao seu alcance para ajudar cada uma delas, até mesmo as que ele possa acabar expulsando.

Esse pensamento o trouxe de volta para o presente, vendo que o último aluno, um garoto de cabelos amarelos com um raio preto - Kaminari Denki, sua mente forneceu -, havia acabado de chegar. Esse era o primeiro teste que diria quem vai e quem fica.

Shouta pensou por um momento sobre quem deveria chamar primeiro, sentindo o peso da pequena bola em sua mão. O primeiro colocado nos exames era uma boa opção. Com isso, ele logo fixou seu olhar no garoto enfaixado magricela e o chamou.

— Dazai, até onde você conseguia jogar a bola durante o ensino fundamental? – Ele perguntou. Apesar de saber que o garoto nunca havia frequentado a escola, queria saber qual seria a resposta do menino.

Aparentemente, suas intenções ficaram claras, já que Dazai lhe deu um sorriso conhecedor antes de responder. — Nunca fui para a escola, senhor. Mas meu tutor me fez fazer alguns testes e o máximo que eu já consegui lançar foi cinquenta e dois metros.

Shouta assentiu brevemente com a resposta, tomando o cuidado de não esboçar nenhuma reação. Nenhum tutor havia sido mencionado em sua ficha, apenas que ele teve aulas em casa. Realmente interessante.

O professor não demorou para jogar a bola para o moreno, que a pegou com facilidade. — Tente novamente agora. Sei que sua individualidade não vai ajudar, mas tente o seu melhor. Vale tudo, só não saia do círculo. – Shouta falou calmamente enquanto Dazai caminhava para o local em que deveria ficar, antes do professor erguer um aparelho que mantinha em seu bolso. — Esse aparelho vai dizer a distância específica que a bola percorrerá. – Disse, dessa vez falando com toda a turma, que não parava de dar olhares admirados para tudo. O professor voltou seu olhar para o moreno. — Pode começar quando quiser.

O aluno em questão olhava para a bola com um olhar pensativo, como se estivesse ponderando suas opções, antes que seu único olho se iluminasse.

— Uraraka, você poderia vir aqui por um momento? – Dazai chamou com uma voz doce e encantadora.

A dita garota olhou na direção de Dazai, confusa e com o rosto levemente corado, antes de encarar Shouta. — Isso é permitido, Aizawa-sensei?

O professor conteve um sorriso ao perceber o que o outro garoto planejava. Ele deu de ombros. — Como eu disse, vale tudo.

Com isso, Uraraka se aproximou hesitantemente de Dazai, que não se demorou a se aproximar da garota e cochichar em seu ouvido. Os demais alunos os encaravam fixamente, alguns com olhares confusos e outros com olhares de desaprovação - provavelmente tendo também entendido o objetivo do menino -.Não demorou muito para que eles se afastassem, antes que um olhar animado cruzasse o rosto da garota e ela assentisse. Logo depois disso, Dazai entregou a bola para a menina e Uraraka a fez flutuar.

Shouta sorriu, encarando o dispositivo. Não demorou muito para que o símbolo de infinito aparecesse na tela.

Os adolescentes logo explodiram em caos.

— Não é justo, sensei! Ele nem usou sua individualidade! – Uma das meninas choramingou, ganhando um aceno de concordância de alguns outros.

— Depender dos outros assim é totalmente inadequado para um herói! Ele-

— Silêncio, todos. – Shouta interrompeu antes que as reclamações pudessem ganhar mais forma. — Como eu disse, vale tudo, contanto que ele não saísse do círculo. A ideia era que ele usasse sua individualidade, mas, como a dele não seria útil nesse quesito, ele foi por outro caminho e usou a lábia. Não sei o que Dazai falou para que Uraraka concordasse com isso, mas claramente deu certo.  – Ele afirmou, antes de desviar o olhar para os ditos alunos. — Inclusive, se vocês quiserem compartilhar conosco o que era, fique a vontade.

A garota abriu a boca para responder, mas foi interrompida pela mão de Dazai, que apertou suavemente seu ombro com um sorriso brincalhão. — Na verdade, não queremos dizer! – Respondeu em um tom alegre e misterioso. Uraraka olhou para ele e deu uma pequena risada.

Shouta suspirou, antes de assentir. — Bem, essa pontuação contará para os dois. – Disse, antes que os dois alunos voltassem para seus lugares na multidão. O professor logo se voltou para a turma. — Hoje nós faremos diversos testes para testar suas capacidades, principalmente envolvendo suas individualidades. Dê o seu máximo neles. – Falou com um tom inexpressivo.

Murmúrios de excitação e alegria encheram o ar ao redor dos adolescentes.

— Isso parece divertido! – Uma garota de pele e cabelos rosa - Ashido Mina - exclamou, dando pequenos pulinhos. Os adolescentes ao redor dela pareciam igualmente animados.

A expressão de Shouta escureceu brevemente. Memórias de Shirakumo e de muitos outros parceiros que perderam suas vidas nessa estrada tomaram conta de sua mente. Ele não poderia deixar essas crianças não levar esse ramo seriamente. Caso contrário, ele só estaria enviando gado para o abate.

— Divertido? – Ele começou, fazendo com que os alunos se calassem e o encarassem com os olhos arregalados. — Isso não foi feito para ser divertido. Quem ficar em último lugar no ranking será considerado sem potencial e será imediatamente expulso.

Gritos de descontentamento explodiram pelo local.

— Isso é injusto, Aizawa-sensei! – Uraraka reclamou, com feições que mostravam insegurança.

— O mundo não é justo. O dever de todos vocês como heróis é combater essa injustiça. – Ele afirmou com uma voz forte, o que fez com que os alunos se calassem. — Se vocês ainda desejam ser um, não levem nem esse e nem outros testes levianamente daqui em diante. Lembrem-se, vocês estão na UA, meio caminho já foi andado. Vocês só precisam fazer por merecer. – Assim que terminou seu pequeno discurso, viu olhares determinados florescerem nos olhares dos alunos.

Bem, quase todos os alunos.

As expressões de Dazai permaneciam inalteradas desde que havia se juntado aos outros adolescentes, seu rosto decorado com apenas um leve sorriso.

O homem suspirou, já cansado. — Dito isso, vamos começar. O primeiro teste é...

-

Dazai andou rapidamente, deixando um pequeno bocejo escapar.

Os únicos momentos interessantes do dia até aquele momento foram os do primeiro horário. Quando seu professor falou sobre testes, o moreno imaginava algo mais difícil. Ou talvez ele só estava acostumado com os tipos de testes brutais que Mori o fazia passar para testar suas capacidades.

De qualquer forma, Dazai havia conseguido um sólido décimo lugar no ranking geral. Ele admitiria que só alcançou tal pontuação porque usava sua própria habilidade para anular os poderes de seus oponentes. Dazai pensou que teria feito muitos inimigos por isso, mas a maioria deles encarava isso como jogo justo, uma vez que ele também precisava se mostrar um pouco.

O moreno havia ficado meio receoso quando Aizawa falou que expulsaria o último colocado do ranking de pontuações, mas estava tranquilo, sabendo que seria capaz de obter uma nota decente e assim aconteceu.

Quem havia ficado em último era Midoriya Izuku.

Dazai havia ficado admirado com o desempenho do garoto no teste de arremesso e havia ficado especialmente intrigado com sua individualidade. O moreno conseguia sentir algo a mais naquele poder, como se tivesse vida própria. Era fascinante e assustador ao mesmo tempo. Entretanto, apesar de ser poderoso, Midoriya era claramente mal instruído. Quem quer que estivesse encarregado de seu treinamento, estava fazendo um péssimo trabalho.

Dazai se pergunta, se ele se oferecesse para ajudar no treinamento do garoto de cabelos verdes, ele poderia estudar mais sobre sua individualidade?

De qualquer forma, apesar do quão bom Midoriya havia ido no teste de arremesso, ele ainda tinha ido mal em todos os outros.

Naquele momento, ele pensou brevemente se Aizawa realmente o expulsaria, mas logo ficou claro que não. Apesar do professor ter alegado que não passava de um "ardil lógico", Dazai sabia a verdade: se ele não visse potencial em alguém, ele expulsaria a pessoa sem pensar duas vezes, considerando seu histórico.

O estresse passado pela sala logo foi amortecido pelas duas aulas seguidas de Literatura Moderna de Cementoss. Dazai não vai negar, aquela aula era chata - mas não era culpa dele que o professor falasse de maneira tão lenta e calma! -. Logo após isso, foi aula de inglês com Present Mic, o mesmo homem barulhento do vestibular. O moreno queria, sem brincadeira alguma, arrancar suas orelhas a cada grito que o homem soltava.

De qualquer forma, ele havia sobrevivido a isso e agora eles estavam no intervalo. Dazai planejava procurar algum canto calmo para que pudesse descansar um pouco.

Antes que ele pudesse sair pela porta assim como seus outros colegas, porém, sentiu um pequeno toque em seu ombro. Virou-se para encarar quem o chamava e deu de cara com a garota cuja ajuda ele pediu mais cedo, Urarakaa.

— Dazai, você gostaria de almoçar conosco? – Ela ofereceu e Dazai percebeu que Midoriya e o garoto de cabelos lambidos - Iida Tenya, sua mente forneceu - estavam atrás dela.

O moreno realmente queria negar e correr para ficar sozinho. Mas, em vez disso, ele forçou um sorriso amigável em seu rosto. — Claro!

Depois disso, eles caminharam rapidamente para o refeitório, a fim de pegar um lugar bom. Assim que entraram, Dazai se sentou em uma das mesas, vendo que o local estava lentamente ficando lotado.

— Podem ir pegar seus almoços, eu guardo nosso lugar aqui! – Exclamou com um tom de voz despreocupado.

Os outros três franziram a testa. — Você não vai pegar comida também? – Midoriya perguntou.

— Não tô com fome, tomei um café da manhã bem farto hoje! – Dazai mentiu descaradamente, mas comemorou internamente quando nenhum de seus três percebeu.

— Voltamos já! – Uraraka exclamou, antes de desaparecer na multidão com os outros dois a reboque.

O moreno curtiu o tempo que passou sozinho, mas, infelizmente, foi curto, já que seus colegas voltaram antes mesmo que ele pudesse perceber.

Assim que todos se sentaram, Iida lançou um olhar preocupado para Dazai. — Tem certeza que não vai comer? É muito importante para sua saúde, e, como um estudante de herói em desenvolvimento...

O sorriso de Dazai ficou um pouco rígido enquanto ele interrompia o garoto. — Tenho certeza. Não precisa se preocupar, quando chegar em casa eu vou comer!

O garoto de cabelos azuis parecia estar prestes a protestar, mas apenas assentiu e soltou um suspiro resignado.

De repente, Midoriya, que estava ao seu lado, o cutucou. — Você foi muito legal nos exames hoje. Você tinha um problema com sua individualidade não podendo ser usada naquele teste e o solucionou rapidamente! – O menino exclamou quando Dazai olhou para ele. — Afinal de contas, o que você falou para Uraraka? – Perguntou com um tom de voz curioso.

A dita garota o encarou, como se estivesse perguntando silenciosamente se ele diria. Dazai não devolveu o olhar, apenas sorrindo.

— Prometi que, se ela me ajudasse, compraria um pacote de mochi de morango para ela! – Admitiu, sorrindo.

— Só isso? – Iida perguntou com uma sombrancelha levantada.

Dazai viu o sangue subir para o rosto de Uraraka. — São quase mil e duzentos ienes, não posso sair gastando assim...

O moreno viu que o rosto de Iida ainda mostrava confusão. Ah, então ele era de uma família com condição boa ou até mesmo ótima. Olhando para Midoriya, ele viu que o garoto mostrava um certo nível de compreensão - talvez não passava dificuldades, mas ainda não era rico.

O próprio Dazai simpatizava imensamente com a garota. Ele sabia o que era a sensação de ver algo que gosta e não poder ter isso pelo motivo de que talvez falte dinheiro para outra coisa mais importante. Ele sabia o que era ter que contar cada centavo e torcer para que conseguisse ter o necessário para sobreviver no outro dia.

Mesmo assim, ele não ofereceu essa compra por simpatia, nem porque se identificava com ela e muito menos por pena. Ele precisava de um favor dela e essa era sua forma de pagamento, apenas isso.

— Vamos comprar ainda hoje, certo? – Dazai perguntou, tirando o foco da garota e olhando para os outros dois quando ela assentiu. — Vocês vêm junto?

Os outros dois garotos se entreolharam por um momento, antes que sorrisem. — Pode ser! – Iida respondeu.

Eles continuaram comendo e conversando pacificamente. Quando todos já haviam acabado, Midoriya pareceu se lembrar de algo.

— Eu tenho uma pergunta para você, Dazai, se não for incômodo!

Dazai ergueu uma sombrancelha, encostando sua cabeça em uma de suas mãos. — Vá em frente.

— Você pode me dizer sobre sua individualidade? É que ela é tão semelhante à de Aizawa-sensei!

O moreno ponderou se deveria realmente dizer alguma coisa - afinal de contas, isso poderia ser usado como munição contra ele mesmo -, mas, antes que ele pudesse dizer uma única palavra, o som estridente do sinal ecoou pelo refeitório, assustando os outros três.

Em vez de responder a pergunta, Dazai sorriu. — Ah, parece que temos que voltar para a aula. – Ecoou. — Mas eu posso responder suas perguntas uma outra hora. – Afirmou ao ver a careta decepcionada que Midoriya fez, que logo se iluminou com a fala de Dazai.

O moreno se levantou para sair, mas, ao ver a multidão que se formou na porta do refeitório, sentiu a pouca energia que se mantinha armazenada em seu ser diminuir um pouco.

O ambiente escolar era exaustivo, mas pelo menos faltavam apenas dois horários para o fim das aulas daquele dia. Ele apenas teria que aguentar.

-

— E... Chegamos! – Dazai exclamou, apontando para a loja em que comprariam o mochi.

A menina ao seu lado parecia ter perdido o ar. O moreno olhou para ela por um momento, querendo ter certeza se ela ainda estava viva. Felizmente, ela apenas olhava para o estabelecimento, petrificada.

— Mas aqui... Aqui é tão caro... – Ela sussurrou. — Eu não tenho como te pagar de volta.

Dazai balançou a mão, dispensando suas preocupações. — Que nada, eu que 'tô te pagando por sua ajuda mais cedo. – Disse simplesmente, antes de dar um pequeno sorriso malicioso. — E quanto mais dinheiro de Mori eu gastar, melhor.

Logo após isso, os quatro entraram na loja. Dazai notou tanto Uraraka quanto Midoriya olhando para as decorações com certa admiração, enquanto Iida parecia um pouco mais familiarizado com o local. Talvez ele devesse pegar alguma coisa para Midoriya também? Ficar do lado bom das pessoas seria útil no futuro. Se ele fosse visto como alguém gentil, tudo seria mais fácil para ele.

— Escolha um pacote. – Dazai chamou Uraraka, antes de se virar para Midoriya. — Você também.

O garoto de cabelos verdes piscou, perplexo. — T-Tem certeza? – Gaguejou.

O moreno bocejou. — Rápido, antes que eu desista! Não 'tô te devendo nada, 'tô oferecendo pela bondade do meu coração! – Afirmou, embora fosse uma mentira descarada. Não havia bondade no coração dele, ele só queria alguém que o defendesse caso tudo desse errado. Mas ninguém além dele mesmo precisava saber disso.

Midoriya parecia prestes a perguntar uma segunda vez, mas um olhar de Dazai o calou e o menino logo apontou para uma latinha de refri com o tema de All Might que estava em um dos freezers da loja. O moreno rapidamente a pegou, antes de se virar para Uraraka.

— Já escolheu? – Perguntou e foi respondido por um aceno de cabeça, antes que ela lhe entregasse um pacote. Ele percebeu, com diversão, que era o pacote mais barato dentre os mochis disponíveis na loja.

Após isso, ele foi rápido em pagar e ele não pôde deixar de rir da expressão de seus colegas quando viram o cartão preto de Mori.

— Não sabia que você era tão rico assim, Dazai! – Uraraka exclamou assim que eles saíram da loja. Midoriya e Iida, que comia um pequeno biscoito que havia comprado para si mesmo, assentiram em concordância.

Dazai riu. — Mori só presta pra isso. – Afirmou. — Mori é meu... Pai. – Ele explicou rapidamente quando viu olhares confusos sendo dirigidos a ele.

Os três trocaram olhares preocupados brevemente, mas logo voltaram a perguntar. — O que ele é? Um herói?

— Nada disso. Ele é só um médico chato. – Falou, antes de soltar mais um bocejo. — Acho que vou indo, 'tô bem cansado.

— Você não quer caminhar junto com a gente até a estação? – Iida ofereceu.

Dazai balançou a cabeça. — Meu apartamento é aqui perto, consigo ir a pé.

— Oh.. – Midoriya ecoou, antes de sorrir. — Nesse caso, até amanhã! Tome cuidado!

O moreno se afastou logo depois de acenar com a mão. Ele não acha que ele deveria ter que tomar cuidado, e sim quem quer que cruzasse seu caminho com más intenções para com ele. Mas de qualquer forma, ele direcionou um último sorriso para eles.

— Vocês também!

Assim que seus três colegas estavam fora de vista, Dazai deixou seu sorriso cair e uma feição cansada tomar o lugar da expressão anterior, encarando o céu quase escuro.

Ser um adolescente normal era cansativo pra caralho. Como as pessoas faziam isso?

De repente, ele esbarrou em um corpo e ele se repreendeu brevemente por ter ficado distraído.

Ele olhou para cima, dando de cara com cabelos azuis bagunçados e pele pálida machucada, fazendo-o parecer um vampiro anêmico. Os olhos do outro homem eram fundos e o encaravam com um fogo ardente, olhando-o de cima a baixo e parecendo se demorar no uniforme da UA.

Dazai rapidamente desviou dele e seguiu seu caminho, desejando imensamente ter sua arma naquele momento. Esse homem cheirava a problema, e, ao sentir o olhar fulminante em suas costas, imaginava que estava certo.

Ele tinha a sensação de que o encontraria mais vezes.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro