Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

02: Rotineiro

Eu odeio MUITO demorar pra atualizar, mas infelizmente não consigo controlar as coisas ruins e imprevistos que acontecem. Porém, prometo tentar vir mais rápido no próximo. De dedinho! ♡

Espero que gostem do capítulo!

betagem por serpentae

__________________

Seonghwa sabia que tinha se arriscado mais do que o normal, porém, toda a experiência valeu a pena. Seus pais ficariam completamente loucos se soubessem, mas Mingi sempre foi um ótimo confidente, principalmente porque foi ele mesmo quem propôs suas saídas. O príncipe lembrava perfeitamente daquele dia como se fosse ontem, apesar de fazer mais ou menos três meses.

Ele estava no corredor frio do andar de cima, o único local por qual podia transitar dentro castelo e, ainda sim, com Song Mingi em seu encalço, pois o Park até podia parecer alguém quieto, porém sua personalidade travessa - na maioria das vezes escondida - em alguns momentos resolvia ser mostrada. Por isso, já tivera muitos episódios de tentativas de fuga, obviamente falhas. Era muito entediante ficar ali, e não era como se ele não gostasse de estar em seu quarto sozinho, lendo, pintando ou fazendo qualquer um de seus outros hobbies, mas sim porque conforme o tempo passava e a adolescência e juventude chegavam, a curiosidade de sair e conhecer o mundo nascia. Via pela janela as pessoas andando lá embaixo, bem longe, porque o castelo estava bastante afastado da cidade. Apesar disso, em sua mente, conseguia imaginar as diversas vozes diferentes conversando, barulhos de passos contra as estradas de terra, jovens trocando palavras apaixonadas e crianças correndo enquanto brincavam, ao mesmo tempo que seus pais alertavam sobre o perigo de acabar caindo por estarem desatentas.

Agora, quando voltava para a realidade, se via ali completamente sozinho o dia inteiro, consequência de seus próprios atos rebeldes. Do outro lado tinha Jongho, seu irmão mais novo, que apesar de não ser o sucessor do trono, era o mais bajulado, e com razão. Ele era a definição de perfeição, o garoto prodígio, ou pelo menos era o que sempre mostrava. Seonghwa adorava quando o Park mais novo ficava livre e vinha até seu quarto; os dois costumavam jogar xadrez juntos, mas na maioria das vezes não era possível, porque o outro vivia para lá e para cá junto com seus pais. O mais velho não entendia o motivo pelo qual o rei e a rainha não o deixavam sair e nem sequer o mostravam para o povo. Era o famoso príncipe herdeiro, alguém importante, entretanto mesmo com tudo isso nas costas, não se sentia uma pessoa de verdade, a população nem ao menos sabia sua aparência.

Sem que pudesse perceber, as lágrimas escorreram pelo rosto bonito, silenciosas, melancólicas... Logo ele, que sempre foi ensinado a não deixar que seus sentimentos transparecessem, pois isso o tornava fraco e o reino não precisava de um líder fraco. No entanto, às vezes acabava acontecendo quando estava sozinho.

O azar estava ao seu lado e, para a sua surpresa, Mingi estava por perto e o viu chorar baixinho debruçado na grande janela de pedra. Normalmente o Song se mantinha impenetrável, porém aquele era o garoto que ele vira crescer, que sempre bagunçava seu cabelo e jogava bolinhas de papel em seu rosto de forma implicante. Podia não parecer, mas tinha um coração mole e, quando notou, já estava caminhando até o príncipe, descansando a mão esquerda em suas costas com suavidade ao acariciar devagar.

- Não chore.

- Song Mingi-ssi... - Seonghwa resmungou e virou rápido, rodeando os braços em volta da cintura do guarda enquanto deixava as lágrimas saírem livremente, junto de pequenos sons e soluços baixos.

Olhando-o assim, tão vulnerável, conseguia facilmente enxergar aquela criança ingênua de anos atrás, que sempre vinha chorar lamentavelmente em seu colo quando os pais brigavam consigo. Tão doloroso...

- Você quer?

- O quê? - perguntou baixinho, confuso, tentando estancar o choro aos poucos.

- Sabe, sair...

- Sair?

- Sim, eu... acho que posso te levar lá fora.

- Mingi-ssi, por favor, não brinque com isso.

- Não estou brincando.

Num rompante, Seonghwa levantou-se e secou as lágrimas do rosto ansiosamente, o sorriso grande voltando a aparecer.

- Então quando vamos? Agora?!

- Vossa Majestade, se acalme, por favor. - Apesar do tom sério, um pequeno e discreto riso escapou. - Seus pais sairão para uma reunião com os líderes do reino do norte em alguns minutos. Provavelmente chegarão apenas à noite, então teremos tempo.

- Certo! Então eu vou me arrumar!

- Fique atento na porta, não vou bater alto.

Um tempo depois, Mingi deu um jeito de atarefar os outros guardas, deixando o portão dos fundos livre para que pudessem sair por lá. Após o rei e a rainha saírem, caminhou até o quarto do príncipe, batendo de forma cuidadosa, como disse que faria. No entanto, nem precisou insistir, pois a porta foi aberta rapidamente, como se o outro já estivesse ali atrás esperando.

- Já vamos?

- Já.

Seonghwa conseguia lembrar exatamente a sensação do vento batendo em seus cabelos quando tirou seus sapatos e pôde identificar todas as novas texturas com seus pés. E mesmo que já tivesse saído muitas outras vezes desde então, em todas encontrava algo novo para se encantar, como um descobrimento fascinante que nunca teria fim.

Aos poucos, depois de já conhecer bem a cidade, conseguiu convencer Mingi de que tinha capacidade para ir e voltar sozinho em segurança; no começo, o homem ficou receoso, porque se algo acontecesse com o príncipe tudo estaria acabado, entretanto, inesperadamente, Seonghwa mostrou ser bastante cuidadoso e responsável, sendo sempre discreto, não se metendo em problemas e voltando no horário estipulado todas as vezes. Embora já estivesse acostumado, o guarda inevitavelmente ficava preocupado de que alguma coisa desse errado a qualquer momento.

Assim que chegou no quarto, viu que seu banho quente já estava preparado na banheira, provavelmente o próprio Mingi pediu para alguém o fazer. Tirou as vestes tranquilamente com um sorriso que não abandonava o rosto de jeito nenhum; era um dos dias mais felizes de sua vida. Quando entrou na água, suspirou ao sentir o corpo relaxar, as ervas de banho fazendo seu trabalho de deixá-lo cheiroso junto com o sabonete.

Terminando, saiu e secou-se, colocando as roupas de dormir e deitando-se na cama. Esticou o braço para o lado, tirando da gaveta seu caderno de rascunho, junto com um grafite. Conforme o tempo ia passando, um desenho preguiçoso e rabiscado se formou no papel, que, apesar de parecer apenas uma bagunça inicial, mostrou um rosto bastante característico. Era o pirata que tinha visto mais cedo, que caiu em seus braços enquanto tentava fugir.

Os traços no rosto dele eram bastante marcados, expressão dura, sobrancelhas pressionadas e arqueadas, cabelo curto de um jeito que nunca viu antes em sua vida. Tão diferenciado... Como era possível não admirá-los quando eram tão belos assim? Argh.

Não pôde deixar de colocar as pequenas cicatrizes que ele possuía aqui e ali; qualquer pessoa diria que era impossível gravar tantos detalhes de alguém em apenas um esbarrão, e talvez realmente fosse, mas os olhos de Seonghwa sempre foram muito atentos, desenvolvendo-se mais ainda quando passou a sair do castelo, pois precisava lembrar de tudo que conseguisse para depois reproduzir em suas telas. Telas estas, inclusive, que mantinha escondidas, porque se seus pais vissem aqueles desenhos saberiam que, de alguma forma, o filho estava saindo. Era impossível alguém que nunca viu a cidade pintá-la tão bem e com tanta riqueza de detalhes. Mingi foi o único que as viu até então e ele fazia questão de distribuir diversos elogios daquele jeito duro e culto que apenas ele possuía, é claro... Sempre tão receoso em ficar à vontade.

O príncipe já o chamara para tomarem chá juntos, para passear no jardim, jogar xadrez, tudo que se podia imaginar, no entanto, o guarda inventava uma desculpa nova todas as vezes, até surpreendendo Seonghwa pela alta criatividade. Mesmo quando aceitava, ficava olhando para os lados insistentemente, cuidando para que ninguém os visse. Os outros guardas poderiam gostar dele até certo ponto, mas não hesitariam em criar qualquer chance de tomar seu lugar, afinal, era o mais importante segurança do castelo, aquele que cuidava do príncipe diretamente e, consequentemente, recebia mais ouro. Era algo que todos desejavam.

Seonghwa só esperava ter a chance de ver aqueles homens de novo, observar mais de perto; quem sabe não conseguiria até mesmo trocar algumas palavras? Tinha certeza que o capitão deles deveria ter muitas histórias para contar sobre o mar e o mundo. Como seria a voz dele? Será que usavam outra língua entre si ou era a mesma que todo mundo do reino usava? Tantas perguntas...

Quando terminou o desenho, afastou um pouco em seu campo de visão para vê-lo com mais clareza, satisfeito com o resultado final. Como já era de costume, arrancou a folha, dobrou-a cuidadosamente e guardou no fundo da gaveta do móvel, escondido embaixo de vários outros desenhos ali armazenados. Odiava ter que esconder sua arte, porém a maioria delas envolvia referências do mundo lá fora e Seonghwa não podia deixar que vissem em hipótese alguma.

De repente, ouviu algumas batidas na porta. Ele se levantou e caminhou até lá, abrindo-a e dando de cara com Jongho.

- Ursinho, você voltou! - Puxou ele para um abraço, fechando a porta atrás dos dois. - Vai dormir aqui hoje?

- Sim, foi por isso que demorei um pouco para vir, estava tomando banho primeiro.

- Eu também acabei de sair do banho. - Ambos sentaram-se na enorme cama do príncipe herdeiro. - Como foi a viagem?

- Entediante... mas pelo menos Yeosang estava lá, ele me manteve entretido.

- Seu danado! Vocês foram se beijar pelo castelo de novo, não é? - O sorriso no rosto do mais novo entregou tudo. - Como pode você já ter beijado e eu não? Injusto.

- Sua hora ainda vai chegar, hyung - assegurou em tom brincalhão. - E por falar em Yeosang, ele e a família virão ao baile.

- Oh, isso é ótimo.

- Você já viu sua máscara?

- Sim! Ela é linda! Agora faltam as roupas, acho que amanhã vou começar a escolher os tecidos.

Do jeito que sua mãe era, provavelmente faria de tudo para que ele ficasse perfeito e deslumbrante.

- Você acha que isso vai dar certo? Sabe, abrir o baile para o povo?

- Para ser sincero, não sei como a mamãe conseguiu convencer o papai a fazer isso, só que por ser um baile de máscaras, acho que é seguro. - Suspirou. - Haverão outros nobres, poucos, mas haverão, então acho que não vai fazer muita diferença eu estar vestido como um príncipe.

- Acho que lá no fundo entendo a preocupação deles. Nem todo mundo no reino tem boas intenções. Existem muitas pessoas por aí que fariam de tudo para trazer mal a você.

Jongho estava certo e o próprio herdeiro entendia esse fato. Às vezes, enquanto andava pela rua, ouvia o povo conversando sobre ele e dizendo o quanto gostariam de conhecê-lo, tentando imaginar como era sua aparência, seu jeito, até mesmo o som de sua voz. Além disso, ouvia as coisas ruins, levando-o a questionar como poderiam pensar isso de alguém que nunca sequer viram.

- Eu sei...

Percebendo como o clima pesou, Jongho foi rápido em desviar do assunto.

- Vamos esquecer isso por agora! Me conta, como foi lá fora hoje? Mamãe queria voltar mais cedo, mas como eu sabia que você estaria fora, inventei que Kang precisava me mostrar algo no quarto dele para atrasá-los por mais um tempo.

- E o que Yeosang precisava te mostrar? A língua dele?

- Hyung! Eu fiz isso por você, 'tá bom?

- Sim, sim, é claro! O que seria de mim sem meu irmãozinho? - Rolou na cama para se aproximar do outro Park, apertando suas bochechas. - Você cresceu tão rápido... Eu vi você nascer e agora está aí, profanando príncipes de outros reinos... Onde foi que eu errei? - dramatizou enquanto colocava as mãos no rosto, recebendo um tapa no braço.

- Idiota. Não estou profanando ninguém, foram só uns beijos.

- Sim... no quarto dele... Eu nunca nem sequer segurei as mãos de alguém dessa forma. Nunca abracei, então para mim é uma grande coisa, sim.

- Enquanto está nas ruas, você nunca se interessou por ninguém?

- Ah, eu não sei... Há muitas pessoas bonitas, mas não sei se consigo beijar alguém só por beijar, parece estranho e vazio. - Fez uma careta, franzindo o rosto levemente.

- Acho que entendo.

Talvez fosse muito clichê, mas Seonghwa sempre pensou assim, que deveria primeiro estar apaixonado pela pessoa que iria fazer isso ou qualquer outra coisa. Ele sabia que muitos dos jovens de sua idade eram assim, porém a grande maioria apenas fingia, aproveitando para cometer tais atos às escondidas. Ele definitivamente não conseguiria ser tão vazio desse modo, além do mais, nunca tinha sentido tanta atração por alguém ao ponto de desejar beijá-la, assim como Jongho costumava descrever como se sentia antes de dar o tão esperado primeiro beijo no príncipe do reino vizinho.

Para completar, não era como se tivesse contato direto com as pessoas, muito menos quando saía. Ele as evitava eventualmente, com medo de criar laços que nunca poderiam ser mantidos.

- Eu quero amar, sabe? Antes de qualquer coisa. - Jongho o encarou nos olhos por alguns segundos, para logo em seguida cair na risada.

- Droga, hyung. Você é tão brega!

- Jongho! - repreendeu-o, mas não conseguiu segurar o riso. - Vamos apenas dormir. Estou cansado. - Inclinou-se para o lado e desligou o abajur.

Seu irmão puxou o cobertor para cobri-lo também, aproximando-se do mais velho até que estivesse aconchegado. Seonghwa era tão grato por tê-lo. Às vezes, parava para pensar em como as coisas seriam se ele não tivesse o irmão e Mingi, ele nem teria saído uma vez sequer se não fosse pelos dois.

Emotivo, Park olhou para o rosto sereno do mais novo assim que este encostou-se em seu corpo, sorrindo quando percebeu que ele já ressonava baixinho, adormecido. O outro Park sempre foi um especialista na arte de dormir, ninguém era capaz de vencê-lo.

Seonghwa tirou os fios de cabelo alheio do rosto, dando um selar suave na testa. Previsava aproveitar enquanto estava dormindo, se não diria que não era mais uma criança para receber beijinhos de boa noite na testa.

• • •

No dia seguinte, o príncipe Park acordou cedo como de costume, bocejou e esticou o corpo antes de olhar para o lado e ver o outro ainda dormindo. Soltou um riso nasal, fazendo de tudo para não acordá-lo quando levantou. Assim que seus pés tocaram o chão frio, batidas soaram na porta de madeira, seguido da voz conhecida.

- Filho?

- Entre, mãe!

Após ouvi-lo, a rainha se fez presente em roupas simples, entretanto não menos elegantes. Aquele era o "simples" dela.

- Oh, Jongho dormiu aqui?

- Sim, não o acorde ainda, ele está cansado.

- Não tenho dúvidas, seu irmão odeia viagens longas.

- Leve-me no lugar dele da próxima vez - brincou, já sabendo que aquilo definitivamente não aconteceria.

- Engraçadinho... Quem sabe um dia, hum? Agora vá se trocar, precisamos começar a decidir suas roupas. Já pensou em algo?

- Para ser sincero, ainda não. A senhora vai comigo? - Ela concordou. - Não está ocupada hoje?

- Não, eu disse ao seu pai que gostaria de fazer parte disso. É seu primeiro baile.

Balançando a cabeça, Seonghwa suspirou e sorriu, gesto este que deveria ser discreto, mas ele não conseguiu esconder o quão feliz ficou ao saber que passaria mais tempo com a mãe nos próximos dias.

Park a adorava.

Sempre tão carinhosa, séria com os outros, porém um doce com os filhos. Normalmente ela não tinha muito tempo livre, devido às obrigações como rainha e as viagens com o rei. Quando tinha, fazia valer a pena.

- Me surpreende que ele tenha deixado.

- Não há muitas coisas que exijam minha presença ultimamente, então ele pode se virar sozinho.

Diferente da mulher, seu pai era alguém bastante firme e rabugento; ele os amava do jeito dele, sabia disso. Suas feições naturalmente bravas assustavam qualquer um, o que há anos facilitava as coisas para ele. Tanto discussões, contratos, como a segurança do reino. Quando ele vinha até o quarto para conversar, parecia que a todo momento sabia sobre algo que nem mesmo estava ciente, como se fosse um vidente e nada pudesse ser escondido dele, só que isso provavelmente era apenas coisas de sua cabeça. Park o amava, ao mesmo tempo que não podia negar que também tinha medo dele.

- Como.... como papai deixou que o baile fosse aberto ao povo?

- Bom, eu inicialmente dei a ideia das máscaras. Você estaria no meio de outras pessoas. Confesso que demorei para conseguir convencê-lo, mas, no fim, deu certo. - Suspirou. - Não falaremos sobre nosso filho mais velho estar no baile, então você poderá aproveitar tranquilamente o quanto quiser. Só peço que, por favor, não tire a máscara em momento algum, pode ser?

Park Jieun tocou o rosto do filho com a destra, acariciando com carinho.

- Sabe que eu nunca quis isso para você, não é? - Ele assentiu, cabisbaixo. - E também sabe sobre a situação do seu pai e entende que o futuro do reino depende de ti. Tenho certeza que entende.

- Eu entendo. É o meu dever.

- Gostaria muito que tivesse uma vida normal como os outros, como Jongho. Me desculpe.

- Tudo bem. Está tudo bem, mamãe. - Sorriu pequeno para ela. Triste, mas sorriu. - Agora eu... vou me trocar, chegarei lá em breve.

- Certo, não demore muito.

A mulher andou até a cama para afagar os cabelos do filho mais novo, direcionando-se para a porta e saindo logo em seguida.

Seonghwa bagunçou os cabelos brancos como neve ao caminhar para o banheiro, onde cuidou de sua higiene e pele o mais rápido que pôde. De volta ao quarto, colocou suas roupas, e, enquanto as ajeitava, viu Jongho despertar pelo espelho. Ele pareceu assustado, buscando rapidamente o relógio ao lado da cama para conferir as horas.

- Ainda é cedo, ursinho. Não se preocupe, durma mais.

- Argh, obrigado... - Na mesma hora, o rapaz se jogou nos edredons novamente.

Park riu soprado, achando-o extremamente fofo.

Após tudo finalizado, saiu para encontrar sua mãe, não demorando para que Mingi surgisse ao seu lado para acompanhá-lo.

- Bom dia, senhor.

- Bom dia, Song Mingi-ssi. Teve uma boa noite?

- Certamente. E o senhor?

- Nada a reclamar. Meu irmão dormiu lá e minha mãe passará o dia comigo, pois vamos ver minhas roupas para o baile.

- Vossa Majestade está animado?

- Radiante. Um pouco receoso, admito, mas animado.

- Tudo dará certo. Eu estarei lá vigiando-o de longe, basta me mandar o sinal que combinamos caso algo pareça errado.

- Sim, sim. Agora vamos! - Entrelaçou o braço direito com o de Mingi, e esse pequeno ato o fez congelar no lugar. - O que foi? Vem! - Puxou o guarda, que o seguiu sem ter outra escolha.

Na sala, pôde ver muitos tecidos lindos dispostos nos cabides. Senhora Park já avaliava alguns panos e sorriu quando viu o filho entrar ao lado de seu guarda pessoal.

- Filho, solte-o. Deixe Mingi em paz! - Ela riu, vendo-o obedecer com uma careta no rosto. Enquanto isso, o mais alto aproveitou para relaxar o corpo pela primeira vez, se pondo em seu lugar ao lado da porta para observar. - Seu guarda não aguenta mais você.

- Nah... Mingi-ssi é meu melhor amigo.

- Sim, com certeza, agora venha!

Não foi uma tarefa difícil, na verdade. Seonghwa tinha um gosto único, porém, de certa forma padronizado, então quando passou o olhar pelos tecidos, foi rápido em decidir qual queria para cada parte de suas roupas. No fim, sua mãe também pareceu satisfeita, apreciando o bom gosto do filho. Claro que o príncipe fez questão de mostrar todos os que escolheu para Mingi, que se deixou levar e deu suas opiniões calmamente.

Após terminar tudo, seguiu para sua aula de dança, onde conseguiu até mesmo fazer sua mãe ensaiar uma valsa consigo. Jieun sempre foi terrível com qualquer tipo de dança e não foi diferente dessa vez, visto que ela havia errado incontáveis passos e Seonghwa riu até que sua barriga começasse a doer.

De acordo com o cronograma do dia, realizou também suas aulas de etiqueta, mesmo que quase nunca usasse para valer, apenas na frente de seu pai. Independente disso, era importante, um dia ele seria rei, afinal.

Já era por volta das quatro da tarde quando finalizaram a programação e o príncipe herdeiro sentou-se com sua mãe na mesa do jardim. Era um programa que os dois prometeram fazer sempre que surgisse qualquer mínimo tempo livre: tomar chá juntos até o sol se pôr.

Quando fosse governante, ele ainda teria tempo para essas pequenas coisas? Apesar da resposta ser claramente um "não", evitava aprofundar seus pensamentos nisso. Sabia o quanto o futuro era incerto em todos os seus aspectos e que talvez nunca mais pudesse sair casualmente ou passar horas se divertindo com Jongho em seu quarto. Por isso, prometeu para si mesmo que, enquanto ainda pudesse, aproveitaria sua vida ao máximo, intensamente.

• • •

Normalmente, quando não havia nada de importante para fazer no navio ou na cidade, Hongjoong se juntava com os amigos no grande convés para jogar cartas enquanto bebiam alguma coisa leve, apenas para relaxar, sem a intenção de ficarem realmente bêbados. Naquele dia não foi diferente, porque mesmo que um deles ainda estivesse preso no castelo, conseguiram suprimentos por um tempo e isso por si só já era um bom motivo para comemorar. O capitão estava preocupado, obviamente, pois se importava com todos como se fossem sua própria família. Inclusive, já tinha planos de resgatá-lo, no entanto, reconhecia que foram dias difíceis e seus homens mereciam descanso, um momento de descontração, antes que precisassem inevitavelmente voltar para a agitação.

- Argh, isso não vale! Vocês ganharam de novo! - Wooyoung choramingou, se jogando para trás dramaticamente. A única coisa que o líder fez foi rir, sendo parabenizado pelos amigos.

- Woo, desista. Yunho e eu somos a melhor dupla nesse jogo.

- Injusto!

Sorrindo, Kim pegou a garrafa de licor e, no momento em que foi aberta, todos puderam sentir o aroma gostoso e suave no ar. Ele serviu seus pequenos copos, bebendo um gole do próprio após colocar a tampa de volta.

- Se San estivesse aqui, vocês veriam. Ganharíamos de vocês dois fácil!

- Ele não quis participar hoje?

- Disse que estava ocupado, mas que viria depois. Eu falei que ele poderia apenas deixar o trabalho para depois, só que vocês já sabem como Sani é.

- Estão falando de mim?

- San! - Yunho exclamou ao vê-lo. - Senta aí, Wooyoung está enlouquecendo aqui sem você.

O homem parecia cansado depois do trabalho duro. A blusa estava repousada no ombro esquerdo, sujeira por toda parte, além do suor escorrendo pelo corpo e molhando seus fios negros de cabelo, forçando-o a jogá-los para trás.

Hongjoong olhou para o melhor amigo o mais rápido que pôde, bem a tempo de vê-lo engolindo em seco, lambendo os lábios discretamente e se ajeitando no lugar, sem desviar o olhar do peitoral do outro por nem um minuto sequer. Kim precisou segurar a risada, achando divertido como todos já estavam totalmente acostumados com o hábito de San de ficar sem blusa, mas Wooyoung sempre reagia como se fosse a oitava maravilha do mundo todas as vezes, sem exceção.

- Eu já venho, preciso me limpar primeiro. - Ele olhou para o Jung. - Jagiya, me espere, já volto para destruirmos esses amadores!

Saindo do pequeno transe, Wooyoung sorriu e acenou para ele com a cabeça, ainda um pouco perdido.

- Não demore!

Então o outro saiu e, como num alívio, Jung soltou a respiração que nem mesmo percebeu que estava prendendo.

- Droga! Esse homem vai me deixar louco...

Todos riram, pois já sabiam de tudo. Na verdade, descobrir foi uma tarefa fácil, afinal ele nunca foi bom em disfarçar. Quando San estava por perto, Wooyoung perdia toda aquela pose de durão, virava um doce, quase derretendo por cima dele se fosse possível.

- Impossível que ele não tenha percebido dessa vez. - Um dos meninos afirmou.

- Nah... mesmo que tenha percebido, o que adianta? San não gosta de homens.

- Você já perguntou para ele?

- Não, mas eu já vi, várias vezes - disse com um bico involuntário nos lábios. - Enquanto isso, estou bem em ser somente amigo dele. É melhor do que nada.

Não. Ele não estava.

Hongjoong às vezes se pegava pensando se, por acaso, o amigo não percebia que mesmo ele já tendo visto o Choi com mulheres antes, ele nunca as tratou como tratava ele. O homem responsável pela manutenção do navio era sempre carinhoso, o chamando por apelidos fofos e quando estavam perto um do outro, fazia questão de manter algum contato físico, seja descansando a mão em seu joelho ou até mesmo brincando com seus dedos. Talvez aquele homem grande e robusto fosse apenas ruim em demonstrar seus sentimentos com palavras, e Wooyoung burro demais para ver o que estava bem debaixo de seu nariz.

Kim nunca tinha se apaixonado de verdade. Já havia ficado com muitas pessoas, uma delas sendo Yunho, este que diversas vezes chegou a achar que amava dessa forma, entretanto, quando parou para pôr a mente no lugar e não se deixar levar pela carência do momento fragilizado, percebeu que não. Eles eram apenas amigos e apesar de todas as boas aventuras de anos atrás, permaneceram sendo apenas isso. Amigos.

- Você pode até enganar eles, mas não engana Kim Hongjoong e Jeong Yunho.

- Esqueçam isso, vamos embaralhar as cartas de novo.

Pouco tempo depois, San voltou ao convés, limpo e devidamente vestido. Sentando ao lado do Jung, ele colocou a canhota em uma de suas pernas como de costume, lhe oferecendo um sorriso doce. Como o previsto, eles ganharam as próximas três partidas, o que resultou em Wooyoung zombando da derrota dos outros, como sempre.

- Da próxima vez não chamarei Sani para jogar - Hongjoong disse em um tom brincalhão.

Já era noite quando levantaram-se do chão. O capitão Kim prometeu para a cozinheira que naquela noite ajudaria com a comida, mesmo que a mulher insistisse várias vezes que não precisava. Hongjoong gostava de ser participativo, de estar ali no meio de todos e sentir que fazia parte daquelas vidas, assim como faziam por completo da dele.

No fim, Yunho entregou o dinheiro dos artesanatos que vendeu para o menor. Surpreendentemente, foi bastante.

- Wow, isso é muito!

- Eles gostaram bastante lá. Pediram para que eu levasse mais quando voltasse.

- Isso é muito bom. Obrigado mais uma vez, Yuyu.

- Você sabe que não precisa me agradecer. - Kim sorriu, o puxando para um abraço apertado.

- Vai ficar para o jantar?

- Hoje não posso, infelizmente. Preciso resolver algumas coisas no meu navio.

- E o que eu digo para a minha mãe?

- Diga que venho para o almoço amanhã.

- Certo!

- Durma bem.

- Você também. Dê um beijo em Junmyeon por mim!

Jeong o olhou, antes de soltar uma risada.

- Canalha. Vá você mesmo beijá-lo. - Negou com a cabeça, sem tirar o sorriso do rosto.

Hongjoong riu junto com ele de sua própria brincadeira, virando-se para entrar quando o viu seguir seu caminho.

- Filho, todos estão falando muito bem da sua comida.

- Sério? Fico feliz!

- Senhora Sun fica radiante quando você ajuda na cozinha, assim como o líder da manutenção também adora quando oferece uma mão lá embaixo.

Capitão Kim sorriu, sentindo um calor gostoso preencher seu peito com aquelas palavras. Ele ficava realmente grato de saber que as pessoas gostavam dele, que apreciavam sua presença e ajuda ao ponto de não conseguirem tirar os sorrisos dos rostos.

- As pessoas aqui gostam de te ter por perto... Você sabe disso, não é? - Esticou a destra para acariciar o rosto do filho quando este se sentou.

- Eu sei mãe... e isso me deixa muito feliz. - Sorriu pequeno, inclinando o rosto para o lado. O carinho da mulher era sempre tão reconfortante.

Saber que era amado o fazia se sentir um pouco mais como seu pai.

Pai... Como Hongjoong sentia falta dele... Se ainda estivesse por ali, os três provavelmente estariam disputando para ver quem terminaria a comida primeiro, ou o homem simplesmente roubaria os pedaços de carne de seu prato enquanto estava distraído ajudando as irmãs mais novas a comer. Não que sua mãe não fosse igualmente divertida, ou pelo menos costumava ser, porque depois que o antigo capitão se foi, ela mudou bastante. Sempre tentava mostrar que era forte e superou, quando lá no fundo sabia que não era bem assim.

- Yunho já foi? Sem jantar?

- Ele disse que viria amanhã almoçar conosco.

- Bom! - Como esperado, ela pareceu animada. Não existia ninguém que mimava mais sua mãe do que Yunho e a mulher adorava as lembranças que recebia toda vez que ele voltava de suas longas viagens.

- Sairemos logo depois para ir à praia.

- Tomem cuidado lá.

- Tomaremos, não se preocupe.

A praia onde costumavam ir era a mesma por onde chegavam, principal rota de fuga dos saqueamentos, pois ficava localizada atrás da montanha, onde os cidadãos e pessoas do reino não tinham nenhuma visão ou acesso com facilidade. Os homens já conheciam o local com as palmas de suas mãos, era seguro, porém ainda era alvo da preocupação de sua mãe. Os amigos iam lá com frequência e quando podiam finalmente deixar as obrigações de lado para se divertir, jogando água uns nos outros e pulando em ondas como quatro crianças.

Depois de já ter comido e se banhado, Hongjoong seguiu com Wooyoung agarrado nele até o quarto que os dois dividiam.

- Joong-ah.

- Hum?

- Posso dormir com você hoje?

- Algum motivo especial? - brincou.

- Ah, qual é! Yunho nem precisa pedir. O que ele tem que eu não tenho?

- Braços longos e fortes que me abraçam para dormir como se eu fosse um bebê, e tem... - Sorriu malicioso na direção do amigo, apenas para vê-lo arregalar os olhos.

- Pare! Não continue o que você ia dizer! - cortou-o com uma careta, enquanto Hongjoong explodiu em risadas.

- É brincadeira, seu idiota. Vem logo aqui. - Chegou mais para o canto dos panos, dando espaço e abrindo os braços para recebê-lo.

Wooyoung pareceu ter ganhado um grande prêmio. Seus olhos brilharam e ele não perdeu tempo ao correr para se jogar sobre o peito do melhor amigo. Jung afundou o nariz contra o pescoço do Kim, sentindo o seu perfume natural.

- Hyung, você cheira tão bem, é muito reconfortante... - Ele o apertou mais entre os braços. - Posso te chamar de pai?

- Pelo amor dos Deuses, Wooyoung. Vá dormir!

- Mas, hyung-

- Jung Wooyoung.

- Certo, certo. Já fui. - Deu-se por vencido e, depois de um minutos de silêncio, um riso escapou de Hongjoong, sendo seguido na mesma hora pelo mais novo.

- Droga... eu não aguento você. - Afundou os dedos no cabelo do outro homem, iniciando um carinho suave.

O silêncio se estendeu por um longo tempo, porém Hongjoong sabia que Wooyoung ainda não estava dormindo, visto que o rapaz mexia os pés devagar e insistentemente, indicando que ainda tinha algo em mente.

- Desembucha.

Como se só estivesse esperando a deixa para falar, Jung soltou o ar forte pelo nariz, levantando a cabeça para olhar nos olhos do capitão.

- Hyung, você acha mesmo que Sani sente algo por mim?

- Wooyoung, ele claramente sente. Não sei se é atração, amor ou qualquer outra coisa, mas definitivamente sente - assegurou. - Você não é o único que fica olhando quando o outro 'tá distraído.

- Ele também olha 'pra mim? - Arregalou os olhos.

- É que você está sempre ocupado pensando nos peitos dele, então não percebe.

- Hyung! Eu não penso só nos peitos dele.

Pensava.

- Ah sim, também tem as costas, a barriga, os braços, ombros...

- O sorriso, as covinhas, a voz doce que ele tem...

- Merda. Chega, chega.

- Ah, não, hyung. Me deixe ser apaixonado em paz!

O capitão riu, achando totalmente cômico.

- Vou chamá-lo para ir à praia conosco amanhã.

- O quê? Não!

- Por que não?

- Ele vai me ver sem roupas, hyung!

- E então vamos comprovar se ele olha mesmo ou não.

Como se uma luz travessa acendesse na mente de Wooyoung, ele sorriu, balançando os pés animadamente.

- Hyung é um gênio. Repare bem 'pra mim, certo? Veja qual parte ele vai olhar primeiro.

- Pode deixar, agora durma. - Puxou o cobertor para cima dos dois, mas só conseguiu pegar no sono depois de finalmente ouvir Jung ressonar baixinho, indicando que tinha dormido.

Normalmente, seu melhor amigo costumava ser muito inseguro ainda que não fosse aparente, pois estava sempre se gabando de muitas coisas. Contudo, suas ações eram como uma máscara que escondia suas reais preocupações. Hongjoong foi o único que conseguiu decifrá-lo durante todo aquele tempo e, de certa forma, se sentia grato por isso, era mais seguro assim. As pessoas adoravam o mais novo, com seu jeito único, travesso e barulhento, então se tudo continuasse assim, estava bom. Ninguém mais precisava vê-lo vulnerável e o capitão tinha certeza que ele mesmo não gostaria disso, afinal, levou um bom tempo para que confiasse nele ao ponto de ser um livro aberto. Kim também era extremamente transparente com ele, não havia nada que não soubesse.

Hongjoong era grato por tê-lo.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro