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01: Um fio de esperança

Voltei.... Depois de 5, CINCO meses. Mas voltei! Eu estava muito animado pra escrever esse capítulo e, sério, acho que essa história por completo ta me deixando animado e ansioso. Tenho muitas coisas preparadas ela.

Prometo não demorar tanto da próxima vez ♡ ♡

Espero que gostem do capítulo!

betagem por serpentae

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Pouco mais de duzentos anos atrás, o mundo aparentava viver em total calmaria e sem muitos conflitos, devido aos contratos pacíficos que a maioria dos reinos estabeleceu entre si. Entretanto, não existia tranquilidade duradoura por tanto tempo, e quanto mais os anos passavam, mais diferenças entre um reinado e outro eram encontradas, dificultando a continuidade da convivência apaziguadora.

Um dia, quando dois dos maiores impérios do mundo tiveram um grave desentendimento, uma guerra sangrenta estourou, levando caos e morte para a maioria da população, a qual nem mesmo tinha algo a ver com os conflitos, afinal, eram cidadãos completamente leigos a tudo que se referia aos assuntos do lado de dentro dos muros do castelo. Por isso, quando a matança começou, sequer sabiam porque estavam brigando e eliminando uns aos outros; eles apenas faziam o que precisavam, buscando salvar suas próprias existências. Enquanto tudo aquilo ainda acontecia, muitas famílias decidiram arriscar uma fuga, a fim de ter uma vida nova em outro lugar. A única saída que encontraram foi o país mais próximo dali, que apesar de ser perto em termos matemáticos, ainda era um longo caminho a percorrer e, pior, pela água.

O oceano sempre amedrontou a todos independentemente do lugar, pois diziam que aquele que os banhava em específico era o mais perigoso, palco de tempestades intermináveis e até mesmo morada de algumas lendas sobre monstros marinhos. Claro que muitos não acreditavam, mas mesmo esses não tinham coragem de arriscar. Infelizmente, não podiam simplesmente cruzar a fronteira, visto que a segurança era restrita e certamente não permitiriam que se aproximassem. “Imigrante clandestino” era uma denominação que ninguém gostaria de receber, todavia, aquele seria o único jeito de, pelo menos, tentarem garantir sua segurança; como já era esperado, se seus próprios reinos não se importavam com suas vidas, por que os outros iriam?

A família ancestral de Hongjoong era a líder do grupo de sobreviventes. Todos confiavam cegamente naquele homem de barba e cabelos grisalhos, que mesmo com feições marcadas pelo tempo, ainda parecia forte e determinado. A esperança surgiu quando ele tomou a frente da fuga, prometendo tirar todos dali para dar-lhes um recomeço. Todo o dinheiro que juntou durante anos com seu trabalho duro foi usado na compra de um navio, e embora a transação tenha sido difícil devido ao momento, o homem não desistiu e fez o máximo que pôde para adquiri-lo.

No início não era muito grande, nem bonito; era difícil e muitas pessoas dormiam amontoadas, porém a nau era segura o bastante para pelo menos conseguirem sair dali. Não sabiam o que esperar após o embarque e talvez nada fosse pior do que toda aquela situação, então o que viesse já estava bom. Inesperadamente — mas não surpreendentemente —, o reino vizinho não os aceitou, muito menos ao ver todas aquelas pessoas doentes, sujas de sangue, com fome… Quem em sã consciência ajudaria refugiados, correndo o risco de se meter em problemas, ou pior, trazer conflitos para seu próprio reino? Não podiam arriscar. Com essa decisão, todo o povo que chegou navegando foi expulso, sem ter ao menos a chance de pedir por algo.

Mesmo que estivessem muito desolados, já era de se esperar, só que ainda doía. O que fariam agora? A única saída era permanecer no navio, porque pelo menos o mar não tinha dono; ainda que continuassem nos arredores de vez em quando, não haveria ninguém que pudesse afugentá-los.

Com o passar do tempo, a guerra pareceu se acalmar e, aos poucos, tudo voltou ao normal. Apesar disso, a situação para aquelas pessoas não melhorou. Estavam sem dinheiro, com fome, algumas tinham vindo a óbito e os vivos nem sequer possuíam um lugar para enterrá-las com dignidade, assim como também não podiam simplesmente deixá-las apodrecer junto ao navio, correndo o risco de contaminar os outros e o resto de comida que sobrou. A única saída, infelizmente, foi jogá-los no mar, e com certeza aquela cena nunca seria esquecida por nenhum dos que estavam presentes ali. Momentos difíceis iam e vinham, ao mesmo tempo em que o restante dos mantimentos se esvaía, restando ao capitão do navio apenas uma opção: saqueamento.

Caso houvessem dito para o velho Kim que um dia ele se tornaria um ladrão, o homem provavelmente responderia que aquilo era um absurdo; entretanto, agora ele se parecia bastante com um. Esgueirando-se sorrateiramente pela cidade junto com mais alguns homens, ele pegava secretamente tudo o que podia, sem bagunça, sem correria. Claro que diversas vezes foram descobertos, contudo, para a surpresa do capitão, seus homens se mostraram bastante ágeis e prestativos, conseguindo facilmente escapar dos guardas. Desde então, aquele se tornou um estilo de vida, e já era normal para todos os residentes do navio.

Quando se deram conta, aquela realidade havia sido a que prevalecera desde a época de seu bisavô, estendendo-se até os dias atuais, sob a liderança do capitão Kim Hongjoong. Durante o legado de seu pai, as coisas nunca estiveram melhores; ele foi um capitão impecável enquanto vivo, e mesmo depois de morto as pessoas ainda falavam muito dele, além de sempre comemorarem o seu aniversário. Hongjoong desejava muito poder ser pelo menos metade do que seu pai um dia foi para seu povo.

O homem era um mestre em artesanato e não se incomodou nem um pouco em ensinar para todos que quisessem aprender a fazer. Com isso, uma pequena produção começou ali mesmo; o valor arrecadado surpreendentemente foi bem alto, ajudando-os finalmente a comprar um navio melhor, mais confortável.

Ele suspirou, colocando a bolsa grande nas costas. Olhou para seus homens, observando-os terminar de ajeitar tudo o que iriam precisar. O indicado era levar a bolsa completamente vazia, mas alguns deles optavam por incluir coisas para se defender, caso fosse preciso. Depois de tudo preparado, Hongjoong subiu pelo convés do navio, alcançando a roda do leme e guiando-a para a esquerda, em direção à rota inicial que já estavam acostumados a usar nos saqueamentos.

Chegando lá, todos estavam muito apreensivos e olhando euforicamente para os homens que desciam aos poucos do navio e pisavam na areia clara do solo.

— Minho, Wooyoung — chamou, recebendo atenção. — Vocês dois sabem o que fazer.

— Sim, capitão — responderam em uníssono, rapidamente pegando o caminho para suas rotas. Wooyoung foi em direção ao outro lado, enquanto Minho ia diretamente pelo meio da cidade. Os dois usavam roupas diferentes das do restante do bando, as quais eram mais ajeitadas e semelhantes às que o povo residente do reino usava.

Cerca de uma hora depois, Minho retornou com um papel um pouco amassado em mãos. Os rabiscos nele eram confusos, porém Hongjoong e os outros já estavam acostumados, então facilmente o decifraram.

— Certo. Agora vamos nos dividir. Mingyu, Chan e Jeongin vêm comigo. Os outros vão com Minho. Eu já conheço as ruas, então vocês ficam com o papel para se basear.

Entregou-lhes a folha, observando-os seguir na direção combinada, silenciosos como uma pena.
Seu próprio grupo seguiu atrás de si para a parte mais à esquerda da cidade, onde havia alguns armazéns. As pessoas do reino costumavam guardar muitas coisas lá, principalmente comida, e era isso que os interessava.

O legado de comercializar artesanatos que seu pai deixou permanecia até os dias atuais, mas já fazia um tempo que não conseguiam vender nada. Yunho, capitão de outro navio e também amigo de Hongjoong, tinha costume de viajar por dias e até mesmo meses pelo mar, por isso, o mais velho lhe entregou alguns dos produtos fabricados por sua tripulação, para que tentasse vendê-los fora. Ainda não tinham notícias, Jeong chegaria apenas à noite, então por enquanto precisavam manter-se atentos e dar o máximo para levar tudo o que conseguissem.
Hongjoong confessava não gostar muito da vida que levavam; se pudesse mudar tudo aquilo, certamente o faria, só que a realeza mal se importava com seus próprios súditos, quem dirá com os grupos de piratas espalhados pelo mar, cujo objetivo único era fugir das guerras em seus países de origem para conseguir uma vida nova em outro lugar, sendo igualmente desprezados e expulsos, deixando-os sem saída a não ser agir de forma drástica.

Surpreendentemente, o entorno dos armazéns estava bastante vazio; apenas um guarda vigiava, encostado na parede próxima dali, quase cochilando em pé. Hongjoong colocou o indicador pequeno na frente dos lábios, indicando silêncio aos homens. Do seu grupo, o capitão era o único mais baixo; todos os outros eram altos, deixando uma vista um pouco engraçada para quem olhasse. Um homem pequeno liderando outros enormes.

Kim pediu para que eles esperassem e seguiu para os fundos, conferindo se a porta estava aberta. Olhando pelo buraco da fechadura, fez um mapeamento visual rápido de onde estava cada coisa, para que não perdesse tempo. Olhou para o lado, chamando os outros com a mão.

Cuidadosamente, girou a maçaneta, puxando-a devagar com medo de que a madeira rangisse e os entregasse. Quando entraram, o capitão indicou com movimentos rápidos de mão para onde cada um deveria seguir; o armazém era grande e não podiam enrolar.

As bolsas foram cheias rapidamente. Hongjoong sorriu pequeno, feliz por ter dado certo daquela vez e, considerando a calmaria do lado de fora, provavelmente o restante do grupo também estava se saindo bem. Eles permaneceram ali por um curto tempo, e quando estavam prontos para sair, um dos novatos tropeçou em um pedaço de madeira que estava no chão, preso a uma prateleira. O coração de cada um gelou no momento em que todas aquelas panelas e ferramentas de metal caíram no chão, provocando barulhos altos.

O guarda que estava cochilando abriu a porta na velocidade da luz, encarando-os eufórico.

— Parem já aí! — sibilou raivoso, vindo na direção do grupo enquanto tirava sua espada afiada da bainha.

— Porra! Corram! — O líder segurou o novato assustado pelo pulso, puxando-o para acelerar na sua frente junto com os outros, ficando por último. — Sigam o plano! Vocês sabem para onde ir, não olhem para trás. Corram, corram!

Hongjoong segurou outra prateleira, derrubando-a no chão e espalhando diversas coisas, consequentemente atrapalhando o trajeto do guarda raivoso. Quando saiu pela porta, seus homens já haviam disparado para bem longe. O capitão Kim olhou para trás mais uma vez, temendo ter machucado aquele homem, e quando virou-se para começar a correr, bateu com tudo contra um corpo maior que o seu. Com olhos arregalados, mirou seus orbes para cima com o coração batendo forte; as mãos do estranho estavam em sua cintura, observando-o igualmente assustado. O peito do mais baixo subia e descia com força.

Os lumes dos dois estavam fixos um no outro, ambos sem dizer uma palavra. Quando percebeu a falta de reação alheia, Hongjoong se desvencilhou daquele aperto rapidamente e empurrou o desconhecido para o lado, apressando-se em ir embora. Virou algumas vezes para trás, vendo o homem ainda sem reação a observá-lo.

Ao longe, do outro lado da cidade, Wooyoung avistou a correria e rapidamente entrou em ação, atraindo a atenção maior para si, tendo vários guardas a persegui-lo. Todas as rotas eram muito conhecidas por ele, inclusive os esconderijos, então não foi difícil despistá-los e conseguir fugir. Todos se encontraram no trajeto de fuga minutos depois, respirando com dificuldade pela movimentação.

— Onde está o capitão? — Jung perguntou, olhando em volta. — ONDE ELE ESTÁ? — Avançou em um dos que estavam com Hongjoong, segurando-o pela gola da roupa.

— Ele nos mandou correr sem olhar para trás! — respondeu assustado, tentando se soltar do aperto.

— Merda, Hongjoong! — Soltou o colega de grupo, bagunçando os cabelos ansiosamente.

Ficaram ali durante um tempo, até que o sol começasse a se pôr; foi somente nessa hora que finalmente viram a silhueta do líder se aproximar. Todos levantaram em um pulo, correndo para perto dele. Wooyoung o abraçou apertado, suspirando aliviado.

— Seu idiota! Onde você estava?

O grupo de fugitivos ficou um pouco apreensivo com a informalidade do rapaz, porém, no fundo, o maior desejo de todos era ter aquele nível de intimidade com Hongjoong.

— Desculpe, eu estava escondido. Tinham muitos deles em volta, então não pude sair. — Passou a mão pelos cabelos. — Eles já sabem que sou o capitão, marcaram em cima de mim. Inferno!

— O importante é que você está bem… Mas o que deu problema? Eu só vi quando começaram a correr.

— Foi culpa minha… — Jeongin admitiu. — Eu derrubei as coisas e fiz barulho. Me perdoe, capitão, por favor. — Curvou-se em um ângulo de noventa graus, em total respeito. Seus olhos estavam fechados com força, pois o medo de ser repreendido era grande.

— Tudo bem, garoto. — Bagunçou os cabelos curtos do menino, apoiando a mão em seus ombros para erguer seu corpo. — Acontece, ‘tá bom? Só tome mais cuidado com o chão da próxima vez, certo? — Sorriu pequeno, apertando a bochecha do garoto e franzindo o nariz minimamente para descontrair, vendo-o soltar uma risadinha tímida. — Está chegando, vamos entrar.

Quando o navio parou, subiram um por um pelas longas escadas. As pessoas lá dentro esperavam ansiosamente por boas notícias, e quando viram as mochilas cheias e as feições tranquilas dos homens, rapidamente sorriram aliviadas. Hongjoong recebeu todos os agradecimentos da tripulação, junto com os outros, sorrindo largo quando seu olhar encontrou o de Wooyoung.

[...]

O príncipe colocou seus sapatos, terminando de fechar os botões da blusa ao mesmo tempo. Saiu pela porta sem fazer barulho, fechando-a com cuidado. Escolheu roupas mais simples, um conjunto dos muitos que seu guarda pessoal trouxera de fora, porque se saísse para a cidade com suas próprias vestimentas, todos saberiam que ele não era apenas um cidadão comum dali, e tudo o que menos queria era chamar atenção.

— Song Mingi-ssi? Está aí? — chamou pelo mais velho usando um tom baixo, andando pelos corredores do castelo.

— Aqui, Majestade. — O homem alto apareceu rapidamente. Ele provavelmente já estava por perto, então conseguiu ouvir facilmente o chamado.

— Meus pais já saíram? Quando eles voltam?

— Há mais ou menos quinze minutos. Disseram que voltariam depois das 20:00. Vossa Majestade vai sair agora?

— Sim! Já fazem dias que desejo isso outra vez. Fica difícil, pois estão em cima de mim por causa do baile.

Ensaios, provas de roupa, aulas de etiqueta… Seonghwa já estava cansado de tudo isso e faltava muito tempo para o dia do baile, ou seja, bastante coisa para fazer e aprender ainda.

— Vou acompanhá-lo.

— Não. Não precisa!

— Senhor, é perigoso… não sabemos quando os piratas vão vir à cidade de novo. Eles estão muito quietos, mas não acho que tenham desistido, ainda mais agora que um deles foi preso.

— Eu não entendo qual foi o motivo da prisão. Não é como se eles machucassem alguém ou roubassem ouro. É só comida… Você não concorda?

Realmente, não fazia sentido. Dentro do próprio reino haviam muitos ladrões que já tinham causado muitos danos a pessoas e comércios, saqueando grandes quantidades de dinheiro — alguns deles não foram presos até então. Seonghwa estudava secretamente sobre piratas desde que se entendia por gente; se seus pais descobrissem todos os seus livros e anotações, certamente queimariam tudo e ainda lhe deixariam de castigo pelo resto da vida. O príncipe nunca achou que roubar comida — para sobreviver, por necessidade — era errado, afinal, se o reino tivesse os aceitado desde o início, nada disso teria ocorrido; todos poderiam viver em sociedade e arrumar empregos assim como o restante dos moradores.

No início, ele acreditou fielmente na história que contavam, de que os piratas fizeram baderna e que haviam sido violentos com os cidadãos quando chegaram ali; porém, quando estudou mais a fundo com ajuda de Mingi, conseguiu acesso a informações confidenciais, descobrindo que, na verdade, as coisas não tinham acontecido daquela forma. Os piratas só queriam um abrigo pós-guerra, um lar, mas tudo o que receberam foi a rejeição.

Park queria encontrar um pirata pessoalmente algum dia, ver como era de perto, como falava, e perguntar se era legal estar num navio em alto-mar. Deveria ser emocionante.

— S-Senhor, sou proibido de dar minha opinião sobre isso.

— Tsc, tudo bem! Só fique aí, eu vou sair pelos fundos. Não precisa se preocupar comigo, certo?

O guarda suspirou, encarando os olhos grandes e pidões de Sua Alteza. Desde o nascimento, Mingi nunca conseguiu dizer não para aqueles mirantes. Obviamente não precisava da permissão dele, contudo, por algum motivo, Seonghwa gostava de deixá-lo ciente de tudo. O rapaz sempre levava as opiniões do soldado em consideração, embora na maioria das vezes Mingi tivesse medo de expô-las.
O homem mais alto suspirou quando finalmente deu-se por vencido, acenando com a cabeça em direção à saída.

— Vá. Tome cuidado.

Os orbes do príncipe Park brilharam junto de um sorriso grande e perfeitamente alinhado. Ele transpassou a bolsa no ombro e correu caminho afora, em direção à cidade. Quando chegou mais próximo do portão, percebeu que não havia ninguém ali, o que fez com que pensasse que, provavelmente, Mingi já tinha dado um jeito de se livrar dos outros colegas que protegiam ali. Dando uma última conferida no entorno, Seonghwa saiu tranquilo, respirando fundo o ar fresco que mal conseguia sentir dentro do castelo, o qual sempre se encontrava muito escuro e frio.

Sempre que estava fora, sua mente involuntariamente criava diversos cenários diferentes, nos quais ele morava do lado de fora com o povo, sendo livre para fazer tudo o que gostava, liberto de todos os afazeres chatos da realeza, ou, quem sabe, até mesmo ver um navio pirata de verdade e bem de pertinho, diferente dos que via em livros ou pintava em suas telas. De fato, seria incrível, mas… impossível.

Como tinha levado um pouco de dinheiro daquela vez, correu direto para sua venda favorita que comercializava algo que não fazia ideia do nome. Na verdade, ele sempre esquecia, diferente do sabor, o qual havia ficado gravado em seu paladar. Depois de pagar, andou pelas ruas da cidade como se fosse uma pessoa qualquer, como se fosse semelhante aos outros, o que, de certa forma, era.

Seus pais, como os extremos superprotetores que eram, nunca o tinham revelado como filho publicamente. Seus súditos apenas sabiam que seus soberanos possuíam um herdeiro, este que assumiria o trono futuramente; no entanto, ninguém nunca tinha visto como o príncipe aparentava ser, e muito menos possuíam conhecimento de alguma característica dele. Por um lado, aquilo era bom, pois ele podia sair sem ser reconhecido, aproveitando tudo o que a cidade tinha para oferecer e voltando sem problemas depois; mas, por outro lado, era ruim. Afinal, para as outras pessoas, ele não tinha um nome, uma aparência, uma personalidade… era como se não fosse ninguém.

Quando mais novo, não ligava para tal coisa, todavia, conforme o tempo passava, percebeu que aquilo estava errado. A todo instante, o rapaz via pela janela de seu quarto jovens de sua idade conversando e se divertindo enquanto ele estava ali, sem sentir o toque solar em sua pele há dias, apenas estudando, estudando e estudando mais um pouco. Boas maneiras, etiqueta e todas essas outras mil baboseiras que Seonghwa já estava cansado de saber. Ele também queria se divertir, viajar, viver a juventude, errar, acertar e fazer tudo o que pessoas comuns faziam.

Essa era sua idealização de uma vida perfeita.

Caso falasse tal coisa para seus genitores, eles provavelmente o encheriam de sermões, dizendo-lhe o quanto era ingrato pela vida abençoada e privilegiada que estava ao seu dispor, da quantidade de dinheiro que rondava o castelo e blá blá blá.

O príncipe comia seu espetinho sentado em um banco de madeira enquanto o vento soprava seus fios loiros para o lado, tampando sua visão quase todas as vezes. Seonghwa era extremamente observador e se lembrava de praticamente todos os rostos que passavam ali. O rapaz já tinha decorado muitos deles também, então, quando viu um homem estranho passar, soube imediatamente que ele não era dali, afinal o reino se comportava de forma bastante restrita quando o assunto em questão se referia a novos moradores. Ficou atento, observando disfarçadamente, logo enxergando mais um homem, que diferente do outro, observava mais em volta, anotando coisas desconhecidas em um pedaço de papel que tinha em mãos. Enquanto o primeiro ficou parado e próximo, o outro saiu depois de aparentemente terminar suas anotações, voltando para a direção de onde viera.

Park rapidamente enfiou o último pedaço de comida na boca, recolhendo a bolsa e seguindo o mesmo caminho. Infelizmente, assim que ia de fato começar a segui-lo, o desconhecido sumiu de vista, como em um passe de mágica. Bufando, Seonghwa continuou sua trajetória, sem deixar a curiosidade de lado nem por um segundo quando sequer parou de olhar em volta, procurando se haviam pessoas estranhas.
Minutos mais tarde, viu de longe um grupo de homens andando devagar em direção aos armazéns. Arqueou as sobrancelhas, correndo para lá. Assim que se aproximou mais ao esconder-se atrás de amarrados de feno, pôde visualizar melhor suas características; roupas pesadas e em condições não muito boas, alguns deles tinham cicatrizes de diversos tamanhos, levando-o a pensar que tipo de coisas eles fizeram para ganhá-las… Devia ser algo perigoso, com certeza.

Todos entraram em uma das construções de madeira carregando mochilas grandes, porém vazias. Seonghwa não era burro, por isso seu queixo caiu imediatamente.

Ele estava mesmo presenciando um saqueamento tão de perto?

Poderia parecer estranho, mas a possibilidade de ser mesmo um roubo fez seus grandes olhos brilharem e seu corpo se encher de animação, tendo que segurar-se muito para não dar pulinhos de felicidade e acabar chamando atenção. Pouco tempo depois, ouviu uma movimentação e, posteriormente, os mesmos homens saíram correndo pela porta de madeira, quase derrubando-a.

Curioso como era, aproximou-se para analisar mais de perto quando constatou que todos tinham saído. No entanto, o susto veio quando um deles, menor que si, bateu com força contra seu corpo ao que virava para correr junto aos outros. Ele parecia assustado e com os olhos arregalados denunciando tal expressão, pois provavelmente achou que havia sido pego. Os dois se encararam fixamente; o príncipe sem reação, chocado demais para dizer qualquer coisa. O rapaz queria bater em si mesmo por isso, porque no momento em que finalmente ficou cara a cara com um pirata de verdade, não conseguiu falar nada.

Visando evitar que ele caísse pelo impacto, Seonghwa acabou por colocar ambas as mãos na cintura pequena num ato impensado, percebendo tardiamente que talvez fosse um toque íntimo demais, principalmente para dois homens. Porém, no momento em que pensou em tirá-las de lá, o pirata o empurrou fortemente, desvencilhando-se de seus braços ao disparar rapidamente para longe, como nunca viu ninguém fazer antes. O homem entrou em algum lugar que o príncipe não conseguiu identificar e sumiu igual fumaça.

Quando o guarda saiu apressado do armazém, quem estava em sua vista era apenas o Park, então sobrou para ele o questionamento:

— Para onde ele foi? Você viu?

— Quem?

— Como quem? O pirata! Ele saiu por aqui!

— Lá! — Apontou para uma direção completamente contrária. — Foi para lá!

Respirou fundo, olhando novamente o trajeto por onde os homens seguiram, e foi atrás sem nem pensar duas vezes. Infelizmente, quando chegou, não tinha mais ninguém, avistando apenas ao longe o grupo reunindo-se para partir.

Como diabos eles corriam tão rápido assim?

Mas… o último homem ainda não tinha chegado e também não estava em lugar nenhum.

O príncipe observou o grupo lá embaixo; eles pareciam preocupados, afinal, já estava anoitecendo. Park viu bem, nenhum guarda havia o pegado, então onde estava? Estava destinado a procurar mais um pouco, só que de alguma forma a figura ainda menor de longe apareceu de encontro aos outros homens, sendo recebido com um abraço apertado de um deles. Pelo jeito que ele dirigia a conversa, parecia ser o líder e, além de tudo, aparentava ser afetivo com os outros.

Como Seonghwa já esperava, eles não aparentavam ser pessoas ruins.

Não queria deixar Mingi preocupado e muito menos correr o risco de chegar depois de seus pais, então correu de volta para casa o mais rápido que pôde, entrando pelos fundos do castelo pouco tempo depois.

— Por que Vossa Majestade demorou tanto?
Park deu um solavanco, colocando a mão no peito dramaticamente para acalmar o coração acelerado pelo susto.

— Song Mingi-ssi! Que susto! — Aproximou-se, apoiando o antebraço em um dos ombros alheios despreocupadamente. — Você não vai acreditar no que eu vi.

— Não me diga que foram piratas. — Riu o soldado, de modo brincalhão.

— Oh! Como você sabe? Estava me vigiando? É isso?

— Espera… o quê? Eu estava brincando! — O homem imediatamente pôs-se em alerta. — Então eles estavam mesmo aqui?

— Sim! Eu os ajudei a fugir, enganei o guarda! — Bateu orgulhosamente no próprio peito, diferente de Mingi, que tinha um sentimento totalmente contrário ao seu.

— Vossa Majestade fez o quê? Me desculpe, mas o senhor perdeu a razão?

— Mingi-ssi, já conversamos sobre isso. Foi só comida, como sempre. Eu te disse!

Massageando as têmporas, o mais alto suspirou ao dar-se por vencido temporariamente. Ele obviamente nunca trairia Seonghwa desta maneira, todavia, caso algum dia o rei e a rainha descobrissem que, além de estar saindo para fora das paredes fortificadas do castelo, o filho precioso e intocado deles também teve contato com piratas, tudo estaria arruinado não somente para o príncipe mas também para ele mesmo, que era seu protetor pessoal e a pessoa na qual a segurança do jovem estava em completa responsabilidade. E além disso, tinha direito de aconselhar, entretanto, nunca de contrariá-lo, porque apesar de serem próximos, suas posições hierárquicas ainda se encontravam muito distantes. Ainda que levasse em consideração todas as vezes nas quais Sua Alteza lhe dissera que poderia tratá-lo como amigo, o soldado sabia não possuir permissão para tal coisa.

— Meus pais ainda não chegaram, certo?

— Certo.

— Bom, vou me banhar. Obrigado mais uma vez, Song Mingi-ssi.

O homem respondeu apenas com um leve abaixar de cabeça.

A mente do Park ficaria a todo vapor naquela noite.

[...]

Já era tarde da noite quando Hongjoong finalmente avistou no mar escuro o enorme navio de Yunho aproximando-se. Depois de ancorá-lo ao lado, Kim ouviu a movimentação na água, lembrando de como se surpreendia toda vez com o fato de Jeong não ter medo de estar em contato com a água no meio da escuridão. O mais baixo podia até ser um capitão destemido, mas quando se tratava do mar à noite, não era bem assim, só que ninguém além de Yunho e Wooyoung precisavam saber disso. Poucos tempo depois, o barulho de um gancho prendendo o bote soou e, em seguida, a imagem do outro capitão se fez presente sob a iluminação escassa dos lampiões, porque infelizmente não tinham acesso à energia elétrica como o povo dos reinos, entretanto, já haviam se acostumado. Hongjoong colocou uma lamparina acompanhada de uma garrafa de vinho ao lado dele, fazendo o mais alto constatar que algo definitivamente havia acontecido.

Sentando-se junto do pequeno capitão, Yunho o puxou para um abraço que não precisava de palavras. Ele tinha ficado longe durante um bom tempo, sem ter como manter contato de nenhuma forma, e Hongjoong sempre foi alguém muito preocupado, fazendo questão de verificar se o amigo não tinha machucados ou contusões toda vez que voltava.

— Você demorou…

— Me desculpe, hum? Tivemos que parar em outro reino de última hora para reabastecer a água. — Soltou o outro do abraço, fazendo o capitão bêbado segurá-lo novamente. — E como foi lá hoje?

— Tivemos sucesso, conseguimos bastantes suprimentos.

— E mais o quê?

Às vezes esquecia o quão bem Yunho o conhecia.

Mas talvez se ele apenas…

— Como assim?

— Qual é, Hongjoong, você nunca bebe à toa. Eu sei que alguma coisa aconteceu, dá para ver pela sua expressão. Essas sobrancelhas franzidas… Desembucha.

Bufando frustrado, Kim reconheceu que tudo já estava perdido e nem fez mais esforço para tentar contornar.

Ele segurou a garrafa de barro, derramou vinho no outro copo que trouxe estrategicamente para o amigo e o entregou em sua mão, engolindo em seco antes de começar a falar.

— Estava tudo indo muito bem, os armazéns estavam cheios e os guardas desatentos. Entramos sem fazer barulho e conseguimos pegar tudo o que precisávamos, mas na hora de sair, um dos nossos derrubou algumas coisas e chamou atenção do guarda.

Os olhos do mais alto arregalaram-se minimamente.

— E então?

— Eu os mandei correr na frente para que eu pudesse atrasá-lo, e funcionou, só que quando fui correr, esbarrei em um homem que nunca tinha visto antes. De início, achei que fosse um soldado, sabe? Mas não se parecia com um. — Suspirou. — Ele me segurou com força, então pensei que estava tudo perdido e que seria preso até que a segurança chegasse. Além disso, eu ainda estava sem o pano no rosto, que havia tirado para que pudesse correr, porque… você sabe o porquê.

Hongjoong normalmente não deixava que as pessoas soubessem de seus problemas, ele tinha este grande defeito. Queria sempre demonstrar estar bem, ser uma pessoa forte que não lutava contra medos e nem dores; contudo, mostrava-se completamente diferente, porque a quantidade de carga que aquele pequeno capitão carregava era enorme.

— Ele parecia tão distraído e surpreso com… sei lá o quê. Aproveitei a sua falta de reação para empurrá-lo e fugir. — Massageou as têmporas, bebendo mais um gole de bebida. — Yunho, você precisava vê-lo. Cabelos loiros, olhos claros, não tão alto quanto você, mas definitivamente mais alto do que eu e… argh, parecia a porra de um príncipe.
Depois de uma risada, Yunho respondeu:

— Bom, então digamos que foi por pouco. Fico feliz que tudo tenha dado certo no final. — Imitou o amigo e também bebeu um gole. — Como você tem se sentido?

— Oh, tão solitário… Wooyoungie precisou me fazer companhia enquanto meu travesseiro de penas favorito estava fora. — Dramatizou, limpando falsas lágrimas.

Jeong inevitavelmente riu, dando um soco fraco no ombro do amigo.

— Você não esteve com ninguém durante este tempo? — perguntou em surpresa, surpreendendo-se ainda mais quando viu o outro negar com a cabeça, com um bico nos lábios.

— Eu estive tão triste comigo mesmo e preocupado com o povo que não dei um beijinho sequer. — Levantou o dedo indicador preguiçosamente, dando ênfase ao que falava.

Ainda que a cena tenha sido engraçada, Yunho ficou preocupado. Mesmo que Wooyoung estivesse ali o tempo todo e Hongjoong sempre ouvisse o que ele dizia, queria ter permanecido por perto também nesse momento difícil, porque Kim sempre tinha recaídas; às vezes com sinais precoces, outras repentinas. Ele costumava ir secretamente de pessoa em pessoa para se distrair de tudo quando Yunho não estava por perto, mas se chegou ao ponto de nem querer pensar nisso, era porque a coisa estava ficando feia.

— Bom, não precisamos falar disso se não quiser.

Silêncio.

— Obrigado.

— Vamos, chega de beber! — Entornou o vinho de seu próprio copo na garganta e, depois de ver o do amigo igualmente vazio, recolheu a garrafa e o ajudou a levantar. — Vou te levar para o quarto.

— Cuidado para não acordar Wooyoungie, ele trabalhou duro hoje. — Caso o mais alto não estivesse tão acostumado com o amigo bêbado, não teria entendido nenhuma palavra do que ele acabara de falar.

Ao chegarem no quarto, Yunho foi silencioso ao abrir a porta, porém o outro amigo ainda estava acordado, sentado no colchão com um livro em mãos.

— Yunho-ah! Você veio! — Viu a situação do capitão bêbado e riu. — Tentei trazê-lo mais cedo, juro, mas ele disse que esperaria por você nem que fosse até o amanhecer.

— Esse capitão… — Negou com a cabeça, deitando-o na cama e pondo-se ao lado dele.

Wooyoung e Yunho se sentiam privilegiados por serem os únicos a verem aquele lado vulnerável do amigo. O Capitão do navio era muito forte, poderoso, sério sempre quando necessário e valente na mesma proporção de todas as outras qualidades; por outro lado, o Hongjoong ainda era apenas um homem jovem, carinhoso, sonhador, atencioso e com medos, igual a todas as pessoas do mundo, embora fizesse de tudo para não deixar que transparecessem, buscando ser excelente como um dia seu pai havia sido. Era difícil para o rapaz entender que tinha que escrever sua própria história e liderar o povo à sua maneira e apenas dessa forma, pois era justamente isso o que fazia as pessoas o adorarem tanto.
Os dois fariam questão de estar do lado dele para sempre, em todas as vezes nas quais precisasse ser acolhido.

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