00: Prólogo
Confesso que é muito estranho estar aqui escrevendo de novo, em um lugar onde jurei não voltar, mas bem, não consigo ficar sem escrever por muito tempo... Dessa vez, vim com uma nova longfic, mas dessa vez do ATEEZ. Espero que gostem!
betagem por: serpentae
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Ao chamado do capitão do navio, todos rapidamente se juntaram em volta da mesa de reuniões, olhando atentamente para o grande rolo de papel disposto sobre a madeira. Hongjoong usou ambas as mãos para desenrolá-lo, deixando as pontas presas na superfície com o auxílio de alguns alfinetes mais grossos, para que assim pudessem ver com clareza. Ele passou os olhos pelos desenhos, primeiro revisando rapidamente dentro de sua mente, antes de suspirar e começar a explicar:
— Observem com atenção — alertou. — No último saqueamento, um de nós foi pego. Ainda preciso arrumar um jeito de tirá-lo de lá, mas, por enquanto, precisamos garantir que consigamos suprimento o suficiente para todos. Quase tudo já se foi.
A preocupação no olhar de todos era aparente. Aos poucos a dispensa do navio foi ficando vazia; se demorasse mais uma semana, provavelmente suas famílias não teriam o que comer, e no momento atual já estavam economizando os alimentos, fazendo apenas o necessário e priorizando quem mais fazia o trabalho pesado. Mesmo que Hongjoong se encaixasse nessa categoria, o homem não conseguia consumir algo a mais e simplesmente deixar outras pessoas com menos, então fazia questão de dividir tudo da sua parte com sua mãe e suas duas irmãs mais novas, apesar da mulher sempre insistir que não precisava daquilo.
Na última invasão ao reino, aconteceu de um dos homens do grupo ser capturado pelos guardas. Normalmente, o capitão dava o intervalo de pelo menos cerca de vinte dias ou mais de um saqueamento para outro, que era o tempo em que poderiam revisar as condições do reino. Mas, com um deles sendo pego, a segurança em torno do castelo e na cidade havia aumentado consideravelmente, tornando tudo ainda mais difícil do que já costumava ser. Por conta disso, as opções foram diminuindo, afinal, o líder da segurança tinha feito questão de mudar os locais de vigilância: agora, os guardas ficavam em lugares completamente distintos todos os dias e mudavam constantemente; ou seja, nada estava como antes e não dava para saber ao certo em qual zona estariam em um dia específico.
— Essa rota aqui é a que costumávamos fazer sempre. — Apontou para a trajetória inferior, por trás das montanhas, a qual era escondida do reino. — Nós ainda vamos manter a entrada e a fuga por aqui, mas no interior da cidade, precisamos olhar com mais calma. — Marcou a área já conhecida com um alfinete, porém dessa vez um dos mais finos. — Ontem mandei Soyeon disfarçada para a cidade, ela andou por lá e trouxe desenhos mais precisos das ruas e fez algumas anotações também.
Hongjoong abriu um segundo papel, prendendo-o na superfície, assim como o mapa.
— Precisei mudar as rotas de fuga e agora essas são as novas. — Colocou alfinetes em três lugares diferentes no mapa. — Foi confirmado por ela que nesses pontos há lugares para despistar os guardas e se esconder. Então, caso nos persigam, vamos conseguir fugir tranquilamente, somos ágeis! — encorajou os companheiros com um sorriso, recebendo outros como resposta. — Fora isso, vocês todos já sabem o ponto de encontro final para voltar. Apesar das rotas terem mudado, o local ainda é o mesmo.
O capitão tinha homens bem selecionados e confiava muito neles; sabia que eram bons e que com certeza conseguiriam se livrar caso algo desse errado. Treinou-os muito bem.
— Como Soyeon já foi ontem, amanhã, quando chegarmos lá, vou mandar outra pessoa para ir até a cidade e anotar em quais lugares os guardas estão no dia, já que agora estão sempre mudando.
— E sobre a distração? Já pensou em como vai ser? — seu amigo, Wooyoung, perguntou.
Ele seria o responsável por ficar do outro lado do povoado e chamar a atenção dos sentinelas caso algo saísse dos trilhos, para que assim os outros pudessem fugir com mais facilidade. Hongjoong o escolheu porque, no meio de todos eles, Wooyoung era o mais rápido e já havia se safado de guardas em muitas situações críticas. Ele era inacreditável.
— Marquei esse outro lugar aqui especificamente para você. — Sorriu, colocando mais um alfinete. — Não acho que eu precise te explicar, tenho certeza que você vai saber o que fazer na hora! — Bagunçou os cabelos alheios.
Depois de falar mais um pouco sobre cada parte do esquema, o capitão fez a separação do grupo, determinando qual percurso cada um faria, senão tudo seria uma bagunça. No fim, tudo estava completamente planejado e, se não houvessem erros, talvez aquele pudesse virar um planejamento fixo, com apenas pequenas modificações ao longo do tempo.
— Agora podem ir dormir, precisam estar descansados para amanhã. Tenham uma boa noite!
— Boa noite!
— Boa noite, capitão!
Aos poucos o local foi ficando vazio, restando apenas Hongjoong e Wooyoung. O mais novo se aproximou, abraçando-o e com o rosto ainda pressionado contra seu peito, perguntou:
— Como você está? — Levantou a cabeça e ergueu o olhar para encarar o amigo.
Suspirando, Kim tombou a cabeça levemente para trás, demorando alguns segundos para olhá-lo novamente.
— Preocupado. E me sentindo um líder de merda.
— Ei, ei! O que é isso?
— Desde que meu pai morreu, essa é a primeira vez que ficamos sem suprimento, um de nós foi pego… Isso nunca aconteceu nas épocas passadas. Não sei o que fazer.
Seu pai herdara o navio e fora dono dele durante a maior parte de sua vida, havia sido um capitão sempre impecável e uma pessoa incrível. O homem nunca tinha deixado nada faltar e isso levava Hongjoong a se perguntar: se o antigo capitão ainda estivesse vivo, as coisas estariam assim? A resposta que surgia em sua mente era sempre “não, certamente, não”.
— Mas então, isso também nunca tinha acontecido antes sob o seu comando… Hongjoong, se nós estamos vivos ainda nos dias de hoje, é por causa de você — falou com sinceridade, o que era uma surpresa, porque ele sempre estava brincando e dizendo coisas malucas. — Você tem sido um capitão incrível, em todos os aspectos. Todos amam você.
O Kim conseguia facilmente se lembrar do quanto as crianças ficavam felizes quando ele chegava no navio ou quando brincava com elas. Como os cozinheiros sempre faziam questão de colocar um pedaço extra de carne em seu prato para mimá-lo e como faziam bolos deliciosos nos seus aniversários. Aquelas pessoas nunca tiveram um capitão ruim, eles sempre se trataram como uma enorme família, mesmo que nem todos fossem de sangue. Então, Wooyoung sabia que, mesmo que Hongjoong cometesse erros de vez em quando, eles nunca o condenariam e nem o deixariam para trás, porque era normal errar às vezes e o capitão costumava dar seu máximo em tudo o que se propunha. Ele era jovem ainda, precisou assumir o controle do navio muito cedo por conta da morte do pai, tinha uma mãe que já não era mais tão moça e duas irmãs mais novas para cuidar, e mesmo com tudo isso, ainda fazia questão de zelar também por todos os outros com a maior atenção do mundo. Muitas vezes já deixara de pensar em si para priorizá-los e não se arrependia em nada disso; era seu dever proteger aquelas pessoas e garantir tudo de bom que conseguisse, até que, talvez um dia, pudessem ser livres.
— Não tenho dúvidas de que gostam de mim, mas… até que ponto? Até quando vão aguentar ficar sob o comando de um capitão que não consegue o mínimo?
— Hongjoongie vai conseguir reverter isso, eu tenho certeza! — Deu alguns tapinhas no peito alheio, sorrindo. — Não seja tão duro. Você sabe quantas coisas boas já fez por nós, não se deixe desabar agora.
— Eu vou tentar — falou, se sentindo um pouco menos lamentável. — Obrigado…
Aquele tipo de cena costumava acontecer com frequência, porque o jovem líder podia parecer muito forte na frente das pessoas do navio, do tipo que servia como inspiração para os outros, mas apenas seus amigos e sua mãe sabiam o quanto ele era alguém sensível e que se cobrava muito, principalmente pelo fato de sempre comparar sua liderança com a de seu pai. Caso pudesse ser pelo menos metade do que aquele homem um dia foi, estaria completamente realizado.
— Tsc, não me agradeça! Agora precisamos dormir, já está tarde. — Hongjoong concordou com a cabeça. — Yunho provavelmente chegará amanhã à noite, será que ele vem nos ver?
— Talvez. Espero que pelo menos ele esteja com mais sorte do que eu.
Os dois saíram dali, indo em direção ao quarto que dividiam. Quando se deitaram, Wooyoung, como sempre, foi o primeiro a dormir, enquanto Hongjoong passou mais um tempo pensando e recapitulando tudo mais algumas vezes em sua mente, olhando para a madeira do teto. O mar ficava muito calmo à noite, então não havia balanço, apenas o som baixo da água batendo sem força no navio ancorado. Claro… também tinha o ronco de seu amigo, mas eram tantos anos convivendo com o barulho, que ele já estava até acostumado.
Aos poucos, o sono foi finalmente batendo na porta, mas mesmo adormecido, nos pensamentos do jovem só se passava uma coisa: “eu prometo que vou conseguir mudar nossa situação de uma vez por todas”.
E, bom, sempre quando o capitão prometia algo, ele cumpria.
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