04
Ocean
A sereia nadou o mais rápido que pode, a procura de seu ancião favorito. Ele gostava muito dela e talvez não a delatasse por ter chegado perto de humanos.
—Mestre ancião... eu fiz uma coisa errada. Mas eu descobri algumas coisas e agora estou muito confusa, por favor me ajude!
Assim que chegou à casa do ancião mais antigo das profundezas do mar, começou a falar sem nem mesmo se apresentar como era de costume. Apenas começou cautelosa por não saber se havia mais alguém ali. Contudo, assim que percebeu que era só os dois ali, se desesperou e falou tudo de vez sem ao menos respirar.
—Calma minha menina, me diga o que aconteceu.
Respondeu o senhor com o cuidado costumeiro na voz.
—Eu me encontrei com meu amor mestre.
A morena falou animada, mas logo ficou preocupada. Teria que contar que entrou em contato com uma humana e não sabia quais seriam as consequências.
—Então creio que descobriu que sua amada tem pernas.
—Mestre ancião, ela é uma mulher e é... Espera como que você sabe?
—Eu soube desde que emitiu seu canto, Jennie. Eu acompanhei a história de vocês desde o início.
A sereia estava sem reação e ainda mais confusa de quando chegou ali.
—Mestre eu não estou entendendo.
—Eu contarei a história, mas acredito que devam ouvir juntas. Traga ela até aqui e a verdade será dita.
—Mas mestre, ela não respira debaixo da água.
Relembrou enquanto o antigo ser das águas remexia em vários potes por ali, procurando por algo.
—Sim, ela respira.
Ele finalmente encontrou o que procurava. Era um dia de muitas surpresas.
—Isso é...? Meu santo Peixe, eu achei que o último tivesse sido destruído a séculos!
—Quando os outros anciãos decidiram destruir o Alavin quando os humanos nos atacaram, eu fiquei responsável por faze-lo. Mas eu sabia que um dia iria precisar dele. Então quando nenhum humano era capaz de nos encontrar, eu plantei novamente a muda que eu guardei.
—Mas para que precisaríamos de uma planta que permite que os humanos respirem debaixo d'água?
—Bom, você precisa agora, não é? Vai lá e traz ela até aqui.
Jennie se calou e fez o que foi ordenado. Nadou até a superfície marinha e de longe observou a praia lotada de humanos. Como iria trazer Lalisa sem ser vista?
Olhou ao redor a procura de qualquer ponto sego. Onde as pessoas não poderiam vê-la e que a loira fosse capaz de chegar. Viu uma grande pedra e tinha um caminho terreno até lá. O problema era que a superfície da terra era muito afastado da água, não teria como entregar o Alavin para ela.
Mas podia dizer a humana para encontrá-la em um lugar seguro. Já decidida nadou até o local e começou a cantar chamando pela Tailandesa.
—Lalisa você não vai acreditar, eu beijei a Rosé.
—Sério? Jisoo isso é incrí...
Ela interrompeu a si mesma quando ouviu aquele canto tão conhecido, mas que agora sabia a quem pertencia.
—Lisa 'tá tudo bem?
—E.... eu preciso ir.
—Lisa? Lalisa!
Gritou pela amiga quando essa começou a correr atrás da voz de Jennie. A loira sequer percebeu que seu melhor amigo a seguia por precaução. Quando viu para onde a sereia lhe chamava, suspirou ao que seu coração errou uma batida.
Foi dali que quase pulou e morreu afogada por causa da bendita.
Se aproximou devagar do lugar e se deitou ficando só com a cabeça para fora da pedra para não correr o risco de cair. Só então pode ver a menina de cabelos cumpridos e morenos com uma calda no lugar das pernas.
—O mestre ancião quer te ver.
—Já falei que não respiro debaixo d'água.
Falou o óbvio.
—Eu dei um jeito nisso, mas não posso ir até a praia. Preciso que vá ao mar aberto, onde ninguém possa me ver.
—E como eu vou fazer isso?
—Lisa volte para si, saia daí okay?
Ouvir Mingyu atrás de si lhe fez ter uma ideia, mas provavelmente Jennie não aceitaria. Só que era o único jeito de ir até o mar aberto.
—Mingyu não chegue perto por favor, prometo te explicar depois.
Nesse período Jennie já havia mergulhado para não ser vista. Entretanto ouvia a conversa acima para saber se poderia aparecer novamente.
—Eu não vou embora, desista.
—Não precisa ir ok? Só não se aproxime.
Mingyu suspirou e assentiu com a cabeça.
—'Tá tudo bem, pode aparecer.
Falou ao olhar para baixo novamente. Jennie apareceu novamente assim que foi chamada.
—Eu preciso que vá, pelo menos para a caverna onde nos encontramos pela primeira vez.
—Eu não posso nadar até lá e não tenho um barco ou qualquer coisa do tipo para me levar, mas meu amigo bem atrás de mim tem e pode me levar, mas ele não vai até saber a verdade.
Mingyu não podia ouvir Jennie de onde estava. Para ele sua amiga havia ficado louca de vez e estava falando sozinha na beira de um precipício. E aliás, o que ele tinha a ver com a história criada na cabeça de sua amiga?
—Isso está fora de cogitação.
—Jennie é o único jeito.
—Você não pode simplesmente pular daí? Eu não deixo você se afogar.
—Eu jamais conseguiria. Você confiou em mim, me contou que vocês existiam. Pode confiar nele também.
—Sem chances.
—Ele é uma boa pessoa e sabe guardar segredos. Ele não vai fazer nada contra vocês.
—Lisa, por favor, não tem ninguém aí. Você está falando sozinha.
Mingyu resolveu tentar depois de um tempo cogitando se seria bom ou não.
—Shh Mingyu, agora não.
Mais um suspiro saiu da boca do moreno.
—As pessoas parecem boas, até terem que lidar com o desconhecido. Confiei em você porque você de alguma forma está ligada a mim, ou seja, de alguma forma está ligada aos sirenos também. Agora, ele? Ele pode machucar minha família.
—Eu juro que não, por favor. Ainda existem pessoas em quem podemos confiar. E eu não vou aguentar tudo isso sem ninguém para contar.
—Tudo bem. Leve-o no barco até o alto mar. Se eu ver indícios de que ele vá fazer algo contra nós, eu mato ele afogado.
Finalmente cedeu com um longo suspiro.
—Credo Jennie, ele é meu melhor amigo. Você não pode matar o melhor amigo do seu amor.
Mingyu ouvindo aquilo arregalou os olhos, matar ele? Ainda bem que era só um ataque alucinógeno em sua amiga. Mas será que ela pensava em matar ele?
—Ti encontro lá em 20 minutos.
Depois disso, mergulhou e sumiu.
—Céus, Mingyu. Eu tenho 20 minutos para passar em casa, colocar uma roupa de banho, convencer você a me levar no seu barco de pesca até o auto mar e chegar até lá!
—Como é? Isso não vai acontecer!
20 minutos depois.
—Por que que eu aceitei isso?
Lalisa riu da fala do amigo, apesar de estar bastante nervosa com a reação dele. Sabia que Jennie realmente cumpriria o que falou e ela não queria ficar sem o melhor amigo.
—Você já vai entender.
Falou ouvindo o cantar suave de Jennie acalmando um pouco seus nervos. Ela estava abaixo do barco decidindo se aparecia ou não e sentia o nervosismo de Lisa. Estava ainda mais nervosa, era sua espécie que estava em perigo por ela se mostrar assim para um humano. Mas mesmo assim, cantou para acalmar sua amada.
—Eu sei que está aí embaixo pequena seria, eu consigo saber onde você está se você canta 'pra mim. Confie em mim, pode aparecer. Sua fala foi o que deu coragem para sereia finalmente subir até a superfície.
—Eu não estou certa disso, mas já estou aqui. Então vamos logo com isso.
Mingyu arregalou os olhos.
—Olá Jennie, esse é Mingyu, meu melhor amigo. Mingyu essa é Jennie, aparentemente, minha alma gêmea ou algo assim.
—Eu realmente não estou certa disso.
—Lisa, sua alucinação passou pra mim.
—Não é alucinação seu idiota, é uma sereia. Se fosse uma alucinação, não veríamos a mesma coisa.
—Santo Deus, mas isso é impossível!
—Nada é impossível. Coma isso, dizem que é amargo, mas não tem como eu saber. Todos achávamos que essa planta tinha sido destruída há séculos.
—E por que eu deveria comer?
Mingyu estava chocado demais para falar alguma coisa, então só observava.
—Alavin permite que humanos respirem debaixo d'água. Éramos caçados até mesmo nas nossas casas pelos humanos. Por causa disso, todas foram destruídas.
—E por que essa ainda está aqui?
—De alguma forma o mestre ancião sabia que o dia de hoje ia acontecer. Ele guardou para você quando devia tê-las destruído, ele sabia que um dia íamos nascer. A seria e a humana de almas entrelaçadas.
—Gente... Sereias existem.
As duas meninas ali reviraram os olhos pelo moreno ainda estar nessa.
—Sim existimos, mas se você abrir essa boca, eu te levo para o fundo dos oceanos e te vejo morrer agoniado sem conseguir respirar.
Ele arregalou os olhos novamente e assentiu freneticamente, mostrando que havia entendido.
—Pegue leve com ele. Ele não é capaz de machucar nem uma mosca. E olha que moscas são mais chatas que humanos.
—ok, agora coma a planta.
Assim foi feito. Logo se viu uma careta se formar no rosto da Tailandesa.
—Céus isso é horrível! Mas vem cá, isso não tem efeito temporário não né? Porque vai que acaba e eu 'tô lá embaixo ainda?
—Não tem volta, você nunca morrerá afogada.
Lisa suspirou ao que tirou os chinelos e colocou os pés na água.
—Eu ainda não sei nadar, então terá que me levar.
Jennie concordou e se virou pra Mingyu que entrou em estado de alerta.
—Você pode voltar, provavelmente vamos demorar. Eu levo ela de volta em segurança.
—Nem fodendo. Se Lisa sumir a mãe dela surta e ainda coloca a culpa em mim.
—Diga que eu vou dormir na Jisso, depois que eu sair daqui eu vou 'pra lá então não vai ser uma mentira.
Mingyu se tornou uma fábrica de suspiros, pois novamente o fez. Concordou de novo com a cabeça antes de ligar o motor e ir embora.
—Preparada?
Perguntou Jennie.
—Nem um pouco.
Ocean
(Capítulo revisado)
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