Ocean

–Mãe 'tô indo para a escola. Tchau.

Lalisa tentou sair correndo, mas foi agarrada pela orelha por sua mãe.

–Você não sai antes de comer.

Puxada por sua mãe até a mesa e reclamando da dor que estava sentindo, a tailandesa se sentou com um bico formado em seus lábios.

–Mãe, não sinto fome de manhã. Já falei um monte de vez.

–Mas você precisa comer, está tão magrinha.

Desfez o bico e olhou para sua mãe com cara indignada.

–Mãe, você é casada com um tailandês, no caso eu puxei o gene do meu pai. Mãezinha, eu não engordo, tipo nunca, você pode me matar de tanta comida, mas eu ter mais gordura do que isso é impossível.

A mãe riu.

–Você tem razão, mas vai comer.

_Mas, mã...

E lá estava de novo, aquela voz tão linda. Desde sempre Lisa a ouvia, mas o problema era que só ela ouvia.

–Lalisa, é a voz de novo?

A loira assentiu. Havia lágrimas nos seus olhos e uma imensa vontade de ir atrás da dona daquela voz, mas ela não podia. Era tudo fruto de sua imaginação.

–Filha toma, o remédio. Filha? Lalisa!

Sua mãe gritou ao que Lisa saiu correndo. Ela não conseguia evitar, precisava seguir a voz. Ela corria e corria e sua mãe ia atrás de si. Lalisa não sabia para onde estava indo, só sabia que precisava. Aquela voz estava chamando-a.

Depois de um tempo o mar já podia ser visto. Estava prestes a pular daquela pedra, pedra a qual não fazia ideia de como havia chegado. Mas alguém a segurou com força e a impediu.

–Mingyu... O que? Como vim parar aqui?

–Você veio sozinha, estava correndo, quase pulou.

Olhou pra baixo, o que fez a Lisa olhar também, tudo o que ela fez foi arregalar os olhos e grudar ao corpo de seu melhor amigo. Ela morria de medo de altura.

–Min Min me tira daqui pelo amor de Deus.

Assim ele fez, levando-a até a areia da praia. Quando Lisa se soltou foi capaz de ver sua mãe chegando e correndo e assim que se pôs de frente para filha a abraçou com força.

–Me desculpa mãe, eu... sequer sei o que aconteceu agora.

–Precisamos te levar ao doutor Park de novo.

–Ele vai aumentar minha medicação, já falei 'pra ele que não adianta.

–Desculpe me intrometer, mas o que aconteceu?

Mingyu finalmente se pronunciou.

–Bom, eu comecei a ouvir a voz e de repente eu entrei em um tipo te transe. Não sabia 'pra onde 'tava indo, mas era como se eu soubesse que era lugar certo. Eu não sei, foi meio confuso, mas o que você 'tá fazendo aqui?

–Você passou correndo pela minha casa, estranhei nem tinha passado da hora nem nada, mas aí sua mãe passou correndo também. E 'pra dona Kim correr, só podia ter algo errado, então também vim correndo atrás de você.

–Ainda bem que veio querido.

–Obrigada Mingyu, se não fosse você eu 'taria dentro do mar agora. Eu sequer sei nadar.

–Tudo bem, mas é melhor a gente ir. Senão vamos chegar atrasados na escola.

A Senhora Kim se aproximou do menino e o abraçou.

–Obrigada por salvar ela. Se ela sair por aí correndo novamente, não deixe.

–Pode deixar dona Kim.

–Querido, me chame de NaeWoo.

Então os adolescentes seguiram a caminho da escola, em silêncio.

Lisa pensava no que havia acabado de acontecer. Se não fosse por Mingyu estaria morta. Mas ainda sentia que era tão certo, que era lá que deveria estar. Estava ficando com medo, havia alguma coisa de errado consigo. E ninguém conseguia descobrir o que.

O Doutor Park apenas lhe dava um medicamento que era pra parar as alucinações, não havia nenhum tratamento. Afinal, sem doença sem tratamento. Lisa estava com medo. Ela ouvia a voz mais frequentemente, também estava mais alto e agora isso.

–Lisaaaa!!!

Era Jisoo, sua amiga doidinha tirando-a de seus pensamentos.

– O que foi peste.

–A Chae vai fazer um acampamento na Ilha esse fim de semana, que é aniversário dela. A gente precisa ir.

–Depois de hoje, não sei se a tia Kim vai deixar a Lisa ir.

–Ah, se minha mãe souber que você chama ela de tia!

Lisa riu.

–O que aconteceu? Ah não importa se a tia NaeWoo não deixar, você tem que ir.

–eu quase pulei de uma pedra 'pro fundo do oceano.

Jisoo parou e olhou para amiga sem entender.

–Mas você não sabe nadar.

–Pois é.

–Manoban, Park Chaeyoung é minha crush. E você prometeu que me ajudaria com todas as minhas crushs!

Lalisa revirou os olhos, maldita Hyuna! Esquece ela não tinha nada a ver com isso. A culpa não era da Hyuna se a Jisoo gostava dela, mas não contou para ninguém. Então Lisa beijou Hyuna e Jisoo descobriu.

–'Tá, farei o possível.

Dito isso, a de cabelos roxo comemorou.

–Oi garota Jisoo, oi pessoal.

–Oi garoto Jisoo.

Respondeu a Jisoo.

Eles brincavam porque tinham o mesmo nome, mas isso não causava muitos problemas, já que o garoto Jisoo preferia ser chamado de Joshua.

–E aí Joshua, como você 'tá'?

Mingyu perguntou.

–'Tô normal e vocês.

–Eu 'tô bem.

–'Tô surtando pela minha crush.

–Eu quase morri.

–Ok, só o Mingyu está bem então. Daqui a pouco bate o sinal, é melhor irmos 'pra nossa sala.

Todos concordaram. O restante do dia foi normal para todos e já era noite. Lalisa estava deitada em sua cama e a mesma voz de sempre cantava em seu ouvido.

–O que você quer de mim?

Sem nenhuma resposta além da cantoria frequente, Lisa apenas decidiu fechar os olhos e então finalmente dormiu.

Ocean

(Capítulo Revisado)