𖤍𖡼↷ 𝐒𝐈𝐗𝐓𝐄𝐄𝐍
ATSUKO FALA A
VERDADE
-Que merda aconteceu com seu cabelo? - perguntei incrédula para Bakugo quando ele entrou na sala de aula. Kirishima e Sero estavam rindo tanto que estavam quase chorando, zombando de Bakugo sem medo da morte. Mas realmente, aquele cabelo estava verdadeiramente engraçado. Nem mesmo parecia Katsuki, que sempre estava com o cabelo parecendo que tinha sido explodido, uma verdadeira bagunça de fios loiros. Era realmente estranho ver o cabelo dele arrumado daquele jeito, provavelmente um efeito colateral de seu estágio. E pela cara de cú que Katsuki estava fazendo, ele não tinha gostado nada do jeito como seu cabelo estava ridículo.
-O que aconteceu com você, Bakugo?- Kirishima e Sero gritaram, lágrimas se acumulando nos cantos de seus olhos já que estavam rindo demais.
-Parem de ficar rindo, merda! Não importa quantas vezes eu lave, não volta ao normal! Parem de rir agora ou eu vou matar vocês!- Bakugo disse, tremendo que nem um cachorro raivoso, o que me fez começar a rir também.
-Tenta aí, ô, cabelinho lambido!- eles estavam realmente audaciosos, e a risada que estavam dando era muito contagiosa.
Uma pequena explosão fez o cabelo de Katsuki voltar ao normal, e ele nem mesmo esperou um segundo antes de agarrar Kirishima e Sero para dar umas porradas nos dois, me lançando um olhar feio que só me fez rir mais ainda.
-Falando em transformação, vocês quatro passaram por um sufoco, hein?- a fala de Kaminari chamou minha atenção, fazendo eu desviar minha atenção de Bakugo, Kirishima e Sero para o fitar. Por um segundo, meu olhar encontrou com Midoriya, Shoto e Iida, aquela verdade que só nós sabiamos pairando entre a gente.
-É mesmo, o assassino de herói! - Sero disse, caído no chão.
-Ainda bem que saíram daquela inteiros! - Kirishima completou.
-Fiquei preocupada com vocês. - Yao-Momo disse. -O Endeavor apareceu para salvar o dia, né? Como esperado do n°2!
Acho que minha cara de cú foi muito nítida, pois todos me olharam com interrogações na testa.
-Sim, fomos salvos. - Shoto disse, como se tivesse acabado de ser obrigado a comer terra.
-Eu vi no noticiário que o assassino de heróis tem uma conexão com a União dos Vilões, é verdade? Não quero nem imaginar se aquele cara que apareceu na USJ tivesse aparecido dessa vez também! - Ojiro disse e eu pisquei os olhos antes de franzir o cenho. Shigaraki Tomura... Provavelmente ele quem estava por trás de todo aquele caos em Hosu.
-É, aquele cara dá mó medo mesmo, mas você viu aquele vídeo do assassino de herói, Ojiro?- Kaminari perguntou. -O discurso do cara é tão fervoroso que ele até parece legal.
-Kaminari!- Midoriya censurou e Denki fez uma cara de quem tinha acabado de fazer merda.
-Caralho, Denki, você é burro hein. - eu falei com um suspiro.
-Ah! Desculpa aí, Iida...
-Está tudo bem. O fato dele possuir uma convicção inabalável faz as pessoas o admirarem. Eu entendo isso. Mas a maneira que ele escolheu para alcançar seus objetivos... Não importa o quanto eu analise, só consigo enxergar como errada! Para que mais pessoas como eu surjam, devo trilhar o caminho para ser um super herói! Agora, voltem para as cadeiras, a aula já vai começar!
Eu estava verdadeiramente cansada quando a aula de All Might finalmente acabou. A corrida de treinamento de resgate de All Might foi o suficiente para acabar comigo. Eu já não tinha dormido direito na noite anterior e ter que participar daquela aula foi o suficiente para terminar de me matar. Talvez eu devesse retornar meus treinos diários, mas era complicado quando eu nem mesmo tinha vontade de sair da cama. Depois de tudo o que tinha acontecido com Stain, uma parte de mim voltou ao lugar, mas ainda era como se tivesse uma sombra me impedindo de ser feliz de novo. Toda vez que fechava os olhos, sentia todos os sentimentos ruins que aquela mulher sentia por mim; era algo que me perseguia mesmo quando eu tentava me distrair disso.
Estávamos nos trocando quando Mineta começou a causar por causa de um furo na parede. O desgraçado era um maldito, falando sobre nossos corpos sem medo da morte. Jiro nem mesmo pensou duas vezes antes de enfiar seu fone pelo buraco e acertar em cheio o olho de Mineta, da mesma forma como eu não pensei nada antes de enviar um pulso do meu poder para mente dele, o fazendo dar um gritinho como se tivesse tomado um choque.
-Esse Mineta é um imbecil, deveríamos nos unir para dar uma surra nele. - eu falei enquanto me trocava. Por incrível que pareça, elas concordaram comigo, mesmo que não fosse um gesto nada heroíco, o que me fez dar risada.
Quando voltamos para a sala de aula, Aizawa sensei já estava nos esperando para falar conosco.
-Parece que as férias de verão estão chegando. Mas é claro que vocês não vão ficar um mês inteiro sem fazer nada. - ele disse e eu torci o nariz. Bem que eu facilmente poderia passar um mês todo na praia, isso sim. -Nesse verão, vamos fazer um acampamento de treinamento na floresta.
A sala virou o próprio caos enquanto todos comemoravam felizes aquela notícia, todos já começando os planejamentos e a sonharem alto demais, o que me fez arquear a sobrancelha. Quer dizer, sim, era uma boa notícia, mas eu tinha a leve impressão que as coisas não seriam exatamente fáceis assim como estava parecendo. Descobri que estava certa.
-Entretanto, aqueles que ficarem abaixo da nota qualificatória na prova de fim de período vão ficar aqui na escola, tendo aulas infernais de recuperação. - Aizawa sensei disse e automaticamente todos começaram a surtar. Tirar notas na prova teorica era uma coisa, mas na prática era algo totalmente diferente. Quer dizer, levando em conta o nível da U.A, tenho plena certeza que vem algo aí para acabar de vez com nossa sanidade mental inexistente.
As meninas estavam animadas quando finalmente fomos dispensados, mas eu só conseguia pensar no quanto eu queria enfiar a cara contra o travesseiro e dormir até o dia seguinte. Se eu fosse ser sincera, não estava exatamente no clima para fazer qualquer coisa que fosse. Meus amigos tinham percebido isso, mas pelo menos estavam me dando o espaço que eu precisava, algo pelo qual eu era grata.
Jean Grey, vamos conversar. Parei de andar no instante que ouvi aquilo, fazendo uma careta ao me dar conta que Bakugo tinha percebido que eu estava ouvindo demais. Mas ele não parecia se importar muito por eu ter vagado sem querer até a mente dele, era como se ele inclusive estivesse esperando por isso. Totalmente diferente daquele idiota que sempre queria me manter para fora.
Me virei apenas o suficiente para fitar os olhos vermelhos de Bakugo. Esperei até que ele estivesse do meu lado, até que Bakugo estivesse me olhando de perto, até que dissesse algo.
E provavelmente ele diria se o susto que tomamos com a aproximação de Shoto não tivesse o impedido. Shoto olhou de Bakugo para mim antes de arquear a sobrancelha.
-Vamos pra casa? - ele perguntou e eu fiz uma careta.
Não precisei responder em voz alta, e Shoto entendeu perfeitamente o que eu queria antes de assentir e apenas dizer que me encontrava em casa antes de ir embora, com uma expressão indecifrável.
Encarei Bakugo e por um instante apenas nos olhamos, sem saber exatamente por onde começar. Por fim, ele apenas suspirou, esticando a mão e agarrando a minha antes de me puxar para fora da U.A.
Andamos assim por um tempo, com nossas mãos grudadas uma na outra e um silêncio crescente entre nós. Mas não era como se fosse algo desconfortável; não quando eu sabia que se começasse a falar, provavelmente ia acabar chorando. E não quando eu sabia exatamente o que Katsuki queria me perguntar.
"Você está bem?". Era essa a pergunta não feita em seus olhos vermelhos, e eu não tinha uma boa resposta para isso. Se eu falasse que sim, eu estaria mentindo. Se falasse que não, seria superficial demais. O que eu sentia era um vazio. A compreensão de que eu não só havia sido abandonada, mas como rejeitada pela minha própria mãe, era um peso que eu não sabia se conseguia carregar.
Era mais fácil quando eu não sabia que tinha um irmão. Pois assim eu poderia me iludir com a ideia de que ela apenas não quis filhos. Mas o que justificava ela ficar com um e descartar o outro? Eu fui rejeitada, e saber disso me trouxe uma dor que eu não estava preparada para aguentar. Pelo menos, não sozinha.
Sem me dar conta, deixei que as lágrimas que passei os últimos dias segurando sairem. Me senti uma idiota fraca por estar chorando ali, no meio da rua, e na frente de Bakugo, mas não era como se eu conseguisse evitar. Ele parou de andar quando percebeu, e não soltou minha mão e nem mesmo disse algo. Katsuki apenas estendeu a mão livre e afundou no meu cabelo, fazendo um carinho tão suave que nem mesmo parecia algo capaz de vir dele.
E eu apenas fechei meus olhos, apoiando minha cabeça contra o ombro dele e apertando a mão de Katsuki com força. Ele continuou ali, em silêncio, sem perguntar nada, sem dizer nada.
Eu nem mesmo tinha me dado conta do quanto eu precisava disso até alguém me oferecer. Era como se eu estivesse tirando de mim todos aqueles sentimentos ruins que tomaram conta do meu coração nos últimos dias. E acho que Katsuki sabia disso; ele não parecia sequer surpreso com minha reação. Era como se ele quisesse que aquilo acontecesse desde o começo.
-Desculpa. Eu comecei a chorar. - falei, me afastando um pouco para limpar meu rosto. -E agora eu só pareço patética.
-Não patética, mas tá menos pior que uma criança catarrenta. - Katsuki disse com um sorrisinho. Por algum motivo, eu ri, uma risada se misturando com as lágrimas, mas pelo menos era sincera. -Você não deveria chorar por alguém que não te merece, Jean Grey. É só estúpido.
Eu sei. Mas eu me sinto tão inútil...
Eu não conseguia falar. Não conseguia abrir meu coração para ele e colocar em palavras tudo o que eu sentia.
Mas eu não precisava.
Primeiro porque Katsuki me entendia de uma forma que achei que ninguém além de Shoto seria capaz.
Segundo porque minha individualidade tinha uma grande utilidade para momentos como aquele.
E foi assim que mostrei tudo o que sentia para Katsuki. Todos os momentos ruins que ainda me perseguiam. Mostrei para ele algo que não mostrei para ninguém: tudo o que tinha visto na mente da minha própria mãe. O quanto ela me temia e o quanto nunca me quis. O como ela não hesitou antes de me abandonar pelo medo de que eu tivesse a mesma individualidade que meu pai.
Ela apenas... Me deixou, como se eu fosse uma espécie de monstro, um ser amaldiçoado. Não como se eu fosse sua própria filha.
A raiva de Bakugo era tanta quando terminei de mostrar para ele que chegava até a ser palpável. Ele parecia bem tentado a caçar a minha mãe e a dar um chute bem no meio das costas, mas Bakugo continuou ali, me fitando, sem parecer assombrado. Sem parecer me olhar daquele jeito torto que a maioria das pessoas me olhava.
-Eu sou um merda com palavras. - ele disse, o que me fez dar um sorrisinho.
-Como se eu não soubesse disso.
-Cala a boca.- ele disse e eu apenas dei risada. -O que quero dizer, é que você vai estar sendo idiota se deixar os sentimentos imbecis dessa mulher te afetarem. Ela tem medo porque não consegue te controlar. E deveria ter medo mesmo! Você já parou para pensar que sua individualidade é a mais forte da sala? Que você é a mais forte da sala?
-Eu fiquei em terceiro lugar. - murmurei. Bakugo revirou os olhos.
-Como se isso decidisse muita coisa. Atsuko, quando você parar de deixar os inúteis te afetarem tão negativamente, vai ficar mais forte do que eu. Claro que vai demorar muito pra chegar lá, e talvez nem chegue, mas...- ele disse com um sorrisinho e eu revirei os olhos, o empurrando de leve.
Não precisava ouvir mais nada. Passei os braços ao redor do pescoço de Bakugo e o abracei com força, o que o pegou um pouco de surpresa, mas ele retribuiu o abraço do mesmo jeito.
-Você é um merdinha do caralho comigo, mas acho que gosto mais de você do que deveria. - murmurei, o apertando um pouco mais. -Obrigada, Katsuki.
Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Atsuko sofrendo e Bakugo consolando ela para alegrar a noite de vocês KKK
A amizade de milhões sim :')
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 18/07/22
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