𖤍𖡼↷ 𝐅𝐈𝐅𝐓𝐘 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍
ESCOLHAS
-O que a comissão queria tanto falar com você? - Todoroki me perguntou franzindo a sobrancelha depois que as lutas da classe A contra a B tinham finalmente acabado, fazendo nossa classe ser a vitoriosa. Eu tinha ficado no time de Katsuki, e era muito óbvia a diferença que tínhamos da primeira vez que lutamos em equipe e agora, onde já estávamos tão acostumados um com o outro que sabiamos lutar em uma perfeita sincronia. Isso sem contar o fato de que Katsuki tinha desenvolvido melhor seu trabalho em equipe e a vontade de fazer a gente ganhar sem baixas, o que resultou numa linda vitória para nós.
Eu apenas fitei o rosto bonito de Todoroki. Nós tínhamos definitivamente nos aproximado mais e a cada dia que passava eu conseguia entender melhor o porque eu o considerava tanto. Ou o porque eu tinha namorado com ele pra começo de conversa. Não era só o fato de ele ser extremamente bonito que fazia eu ficar um pouco distraída demais quando o olhava e sentia um sentimento estranho dentro de mim que eu não sabia explicar exatamente o que era. Depois que decidimos tentar superar o fato que eu não lembrava dele, as coisas tinham incrivelmente progredido entre nós, e eu podia dizer que éramos amigos. Aos poucos as coisas iam ficando cada vez melhores. O que também me levava a sentimentos que eu não entendia.
-É. Porque eles quiseram que você fosse lá de novo? - Katsuki questionou se aproximando e cruzando os braços, os olhos vermelhos cravados em mim. Eu apenas arqueei a sobrancelha para os dois, para o incrivelmente impaciente Katsuki Bakugo e para Shoto Todoroki e sua falta de expressão.
-Não é da conta de vocês. - retruquei, e ambos fizeram a mesma cara de perplexidade para mim, o que me fez dar risada. Isso fez a expressão de Todoroki suavizar, mas Bakugo só ficou ainda mais puto. -É brincadeira! Mas sério, não era nada demais. Queriam fazer perguntas sobre o Ichiro e o Dabi. Por causa da minha luta contra eles.
-Porque ficar lembrando disso? - Todoroki disse, a expressão fechando na hora. Claro que ele odiava lembrar daquele dia, afinal, foi ali que perdi as memórias sobre quem ele era. Eu apenas fiz uma careta. Mas ele bem que ficava bonitinho quando estava puto. Não que eu fique reparando muito nisso!
-Não fica bravo. - falei, tocando o braço dele de leve. Os olhos heterocromáticos de Todoroki se fixaram em mim por um instante. O jeito que ele me olhava com carinho me incomodava no começo, quando eu não fazia ideia de quem ele era e essas coisas. Agora era apenas algo verdadeiramente reconfortante. E eu nem mesmo sabia o porque. -Eles só estão tentando achar uma forma de me fazer ter minhas memórias de volta.
-Ou tão usando isso como desculpa pra terem o que querem. - Bakugo resmungou e tanto Todoroki quanto eu o demos uma bela encarada que o fez torcer o nariz. -Tanto faz, porra! O governo é um lixo, e daí?
-Você literalmente tá estudando pra trabalhar para o governo. Qual sua moral? - falei arqueando a sobrancelha para ele. Katsuki apenas ergueu o dedo do meio para mim e se afastou.
-O frio tá irritando ele mais do que o normal. - Todoroki disse, franzindo as sobrancelhas. Eu apenas ri antes de assentir, o olhando.
-Ei. Você tá bem? Você desmaiou na sua batalha. Mas foi bem incrível aquele fogo. - falei e Todoroki apenas deu de ombros, fitando a mão esquerda por um segundo. Eu podia até não me lembrar de tudo o que tinha passado com ele no passado ou do que eu sabia sobre ele, mas algo me dizia que o poder que vinha de Enji era algo que o perturbava às vezes. Estiquei a mão e segurei a dele, a apertando de leve. -Sério. Você é bem incrível.
Foi engraçado ver ele ficar com vergonha. Não sei quem tinha dado o primeiro passo quando eu comecei a namorar com ele antes de perder as memórias, mas claramente tinha sido algo extremamente lerdo já que ele ficava desse jeito só com um elogio. Isso porque na teoria ele já devia estar acostumado se eu tinha sido a namorada dele, né? Quer dizer, é confuso, mas uma parte de mim já começou a entender e a aceitar que eu tinha perdido algo que talvez não fosse voltar. Eu precisava seguir em frente e não só pela minha sanidade mental, mas como pela dele também.
Todoroki se afastou quando Midoriya o chamou, e Shinso não perdeu a oportunidade para vir falar comigo, o que me fez abrir um sorriso para ele.
-Você foi demais! - falei de forma animada dando um soquinho no ombro dele e Shinso deu um meio sorriso.
-Queria ter lutado contra você. - ele zombou e eu apenas dei um sorrisinho maldoso para ele.
-Você ia ser massacrado. - eu disse e Shinso apenas riu. Então, ele ficou sério, os olhos fixos em mim.
-Você tá bem? Eu soube do que aconteceu. Sobre seu pai e o que ele fez com você. - a preocupação dele era genuína e eu era grata por isso, mas não era exatamente um assunto que eu gostava muito de falar, por isso apenas dei um suspiro antes de dar de ombros.
-Eu tô bem, Hitoshi. - não sei se queria o convencer ou convencer a mim mesma. Parecia que eu estava constantemente tentando me convecer de que estava tudo bem e que eu deveria aceitar melhor as coisas, mesmo quando o peso se tornava insuportavelmente pesado. Shinso pareceu perceber isso, mas não disse nada.
-Que bom. Porque ainda quero ter minha luta com você, principalmente agora que vamos ser heróis juntos. - ele disse e eu sorri para ele.
-É. Você tem... - minha frase morreu assim que um calafrio percorreu minha espinha e eu me virei. Não tinha nada, mas um sentimento ruim tomou conta completamente de mim mais uma vez naqueles últimos dias. -Razão... - eu engoli em seco. Shinso franziu o cenho.
-Tá tudo bem mesmo?
Eu apenas assenti. Porque eu não podia falar para ninguém que a cada dia que passava as coisas ficavam mais e mais estranhas dentro de mim mesma. E que eu não sabia como calar as vozes que pareciam nunca ir embora.
-Eu tô bem.
-Você mente realmente muito mal. - Shinso suspirou, mas não insistiu mais no assunto, o que eu agradeci imensamente.
Mesmo que eu já tivesse aceitado que tinha perdido uma parte importante de mim, não significava que eu tinha superado e que isso não me deixava mais frustrada. Eu ainda sentia todos os dias o peso que a falta daquele buraco causava. E às vezes, apenas às vezes...
Olhei para a mensagem que tinha acabado de chegar no meu celular e dei um suspiro. Eu sabia o que tinha que fazer, mesmo que isso fosse foder com muita coisa. Ainda assim, eu sabia que já tinha tomado uma decisão. E sabia exatamente o que eu queria fazer.
Naquele mesmo dia, eu fui liberada pela escola para ir até a casa da minha mãe. Eu fiquei com ela até que ela tivesse dormindo no sofá, até que o professor que tinha me levado estivesse distraído o suficiente, e pulei a janela.
Eu sabia que isso não era o certo a se fazer e que poderia resultar em muita merda para o meu lado, mas eu não estava me importando muito com isso. Eu precisava fazer aquilo, dar um fim de uma vez por todas naqueles problemas. Ichiro estava certo; eu precisava aprender sozinha a como manter a mim mesma viva e inteira, sem me apoiar em ninguém para isso. Não era algo exatamente fácil de fazer, mas eu precisava tentar. Se eu tinha vivido até agora me apoiando em Todoroki, e não tinha mais o que costumava ter, eu precisava achar outra saída.
Eu definitivamente odiava becos. De dia já era ruim, pois sempre tinha algum idiota querendo fazer alguma merda, mas de noite conseguia ser mil vezes pior, e não só pela escuridão que abrigava os piores tipos de pessoa.
Torci o nariz. Claro que ia ser ali, onde qualquer um facilmente seria encurralado. Porque eu tinha esperado por algo minimamente melhor?
Com um suspiro, apertei mais meu casaco por conta do frio. Não dava nem para enxergar direito ali. Mas esses dois problemas sumiram quando chamas azuis começaram a brilhar. Pela primeira vez em muito tempo, aquilo não me assustou de verdade.
-Imagina minha surpresa quando Ichiro disse que você chamou pela gente. - Dabi disse, um sorriso puramente malicioso estampado em seu rosto. Não tinha nenhum traço de Toya nele, nada que um dia eu tenha amado tanto era possível ver ali. Dabi era um vilão, e a única coisa que ele queria, era ter a sua vingança. Ele não era o irmão que eu tinha amado tanto, que tinha cuidado de mim nas noites mais solitárias, que tinha me ensinado a como voltar a dar risada e que tinha cuidado de todos os meus machucados de criança. Aquele ali na minha frente era apenas um criminoso. E eu precisava constantemente me lembrar disso. -O que você quer, Atsuko? Morrer de uma vez por todas?
-Você tentou me matar duas vezes e não conseguiu. - falei sem expressar nenhuma emoção ao fazer isso. -Não acho que vá conseguir agora.
Dabi deu uma risada incrédula, o fogo dele começando a ficar ainda mais quente, mas eu não me mexi para sair de frente para ele. Se ele quisesse me atacar, seria um problema todo dele. Mas não acho que essa seja a intenção de Dabi, não; ele queria saber o porque eu tinha encontrado a mente de Ichiro e pedido um encontro.
-Eu sei o que você tirou de mim. Foi o Shoto. Porque? - falei, arqueando a sobrancelha para ele. Aquela simples menção pareceu o suficiente para irritar Dabi.
-Claro que era por isso que você veio atrás de mim, né. - ele riu com maldade. -Claro que tudo se trata do filho perfeito!
-Olha, se você quer surtar, não vai adiantar, porque eu não lembro dele. Então você vai surtar sozinho. - falei, o que fez Dabi grunhir com irritação. -Só foi um pergunta. Agora ficou bem claro que você só é invejoso mesmo. Mas tudo bem! Não tô aqui pra falar do Todoroki. Se eu não lembro dele, sei que falta essas memórias fazem? Claro que não. Ah, mas eu definitivamente sei o que é sentir raiva, obrigada por isso, Toya.
-O que. Você. Quer? Seja breve antes que eu decida fazer você virar cinzas, Atsuko. Minha paciência tá indo embora, sua pirralha irritante. - ele disse com irritação e eu apenas dei risada.
-Vamos encarar os fatos aqui, Toya. Você não vai fazer isso. - eu falei, abrindo um sorriso tão maldoso para ele que o fez piscar os olhos, chocado. -E sabe o porque? Se você tivesse a mínima intenção de me matar, não ia ter feito de tudo para eu me juntar a você. Do mesmo jeito que diz que eu tinha dependência emocional pelo seu irmão, você tem por mim, não tem? Pode falar. Não vai machucar.
-Sua pirralha, você... - ele riu, incrédulo, mas não conseguiu sequer completar sua fala.
-Se não fosse isso, porque se desgastar tanto assim só pra me ter com você? - falei arqueando a sobrancelha para ele. Dabi ficou calado, os olhos turquesa fixos em mim por longos segundos.
-Tá. E você vai fazer o que a respeito, Atsuko? Hein? O que você quer?
Eu apenas olhei para Dabi, no fundo de seus olhos. Para que ele soubesse que as palavras que saíam da minha boca eram verdadeiras. Que aquilo não era nenhum truque. Era o que ele queria, e ele tinha conseguido. Sorri de uma forma meio torta antes de estender a mão na direção dele.
-Não ficou claro? Eu vou fazer o que você quer. Vou me juntar a você na Liga dos Vilões.
Bom dia povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Não narrei as batalhas da turma A e B simplesmente por pura preguiça mesmo, perdão, mas é sobre isso. Tem muita coisa pra acontecer ainda e eu não quero perder tempo :')
Os xingamentos a Atsuko não estão liberados, mas quem quiser me xingar, fique a vontade, não atacando minha filha pra mim tá de boa
Não vou comentar agora sobre as decisões da Atsuko, mais pra frente vocês entendem (ou não)
Um aviso importante: eu vou narrar a fanfic até um determinado ponto e depois vou voltar alguns acontecimentos com flashbacks, ok? Se eu colocar na ordem cronológica dos eventos, vai perder toda a graça, então decidi que algumas coisas vou contar mais pra frente em forma de flashback. Mas vai ser avisado no começo de cada capítulo se ele for flashback ou não
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 03/09/22
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