𖤍𖡼↷ 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐘 𝐓𝐖𝐎
AMOR DE MÃE
Se eu falasse que estava feliz, seria uma grande mentira. Ainda estávamos treinando pesado, pois em menos de uma semana seria o exame da licença provisória. Acho que essa foi a desculpa perfeita para que eu escondesse tudo o que estava sentindo e fingisse que as coisas estavam perfeitamente normais, mesmo que claramente não estivessem. Qualquer um que olhasse para mim e para Katsuki conseguiria dizer que tínhamos terminado, mas também não era como se a gente tivesse tentando esconder algo. Apenas não anunciamos para que todos soubessem, mas as meninas foram as primeiras a se darem conta disso, provavelmente por terem visto minha cara de choro na manhã seguinte ao meu pé na bunda.
Apesar de entender o porquê Katsuki tinha feito o que fez, e mesmo sabendo quais eram meus reais sentimentos por ele, não conseguia deixar de me sentir péssima pelo que tinha acontecido entre nós dois, e mesmo.que dias já tivessem se passado, não deixava de doer menos. Mesmo que eu tivesse caído na real de que não o amava da forma como deveria, não significa que eu nunca tive um imenso carinho por ele ou o que nunca tivesse sido sincero o que senti por ele, motivo pelo qual machucou ter teminado nosso relacionamento, mesmo sabendo que era o certo a se fazer. Quanto mais demorasse, mais nós dois sairíamos machucados, pois nós sabiamos onde aquilo iria acabar.
Ainda que Katsuki tivesse tomado a melhor decisão e tivesse tido maturidade o suficiente para colocar um ponto final, mesmo que machucasse no processo, eu não podia dizer que estava pronta para aceitar o porquê de ele ter feito isso. Sim, Katsuki sabia que eu não conseguiria ser apaixonada por ele da forma como eu era inegavelmente apaixonada por Shoto, e me dar conta disso só porque Katsuki deixou bem claro era só muito humilhante mesmo. Por mais que eu nunca tivesse visto Shoto como um irmão, tentei apagar aquele sentimento estranho que eu nunca soube exatamente o que significava.
Se eu fosse ser sincera, não sabia dizer quando comecei a sentir por ele algo que ia muito além de uma simples amizade. Quando éramos crianças e ainda muito inocentes para entender o que se apaixonar significava, eu disse para Shoto que queria casar com ele. Diferente do que eu tinha pensando que ele responderia na época, ele tinha aceitado, mas isso era só algo estúpido entre crianças e não significa necessariamente que viraria algo de verdade. Afinal, Shoto e eu crescemos juntos, da mesma forma como cresci com Natsuo e Fuyumi. Shoto era meu melhor amigo; não era apenas muito clichê que eu sentisse coisas além de amizade por ele?
Mas eu sempre soube o que sentia por ele. Sempre esteve muito nítido e claro, apesar das minhas tentativas idiotas e totalmente falhas de esconder de tudo e de todos o quanto eu amava Shoto. Era até mesmo um pouco vergonhoso, se eu fosse ser sincera, e eu sempre tentei enfiar esses sentimentos por ele lá no fundo, me negando a aceitar. Afinal, tudo o que eu menos queria era colocar minha amizade com ele em jogo só porque eu tinha uma quedinha por ele. Até eu perceber que não era exatamente uma quedinha.
Era tão óbvio que Katsuki tinha percebido isso em dois segundos que deixei ele entrar na minha mente. Eu não conseguia esconder tão bem assim, afinal. Eu sei que sempre fui honesta sobre o que sentia em relação a Katsuki, mas nunca fui sincera comigo mesma sobre o como me sentia em relação a Shoto. No final das contas, melhores amigos não deveriam ter vontade de se beijar, não é? Era tão absurdo e eu me sentia tão idiota por ter tentado com tanta força esconder e negar isso apenas para não adiantar nada.
Mesmo que eu tivesse aceitado o que sentia por Shoto, não era como se eu fosse fazer algo a respeito. Apesar do que achavam, eu teria descoberto se Shoto sentisse o mesmo por mim. Ele me via como uma irmã, tudo o que eu menos precisava era acabar com nossa amizade por causa de um sentimento estúpido que só eu carregava. Eu tentei abafar isso durante todos esses anos e não adiantou de nada. No final das contas, eu acho que só precisava cair na real pra tentar superar, talvez? Sei lá. Era tudo tão, tão confuso, e eu nem mesmo fazia ideia do que fazer.
-Porque essa cara, Atsu? - a voz de Akira foi o que me tirou dos meus devaneios, me fazendo me virar para ele e fazer careta. Akira deu risada enquanto caminhávamos juntos pelos corredores da U.A depois do almoço, onde conversamos sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada. Pelo menos descobri um pouco mais sobre a individualidade de Akira, e também descobri que possuímos a telecinese em comum, algo que veio daquela mulher infeliz que eu me recusava a chamar de mãe apesar de todas as histórias de Akira que a faziam parecer uma pessoa boa. Além da telecinese, Akira também podia se teletransportar, algo que veio do pai dele.
-Eu odeio ser adolescente. - murmurei com cara feia e Akira só deu risada, me empurrando de leve para que eu parasse de ficar emburrada.
Eu gostava muito de Akira e ficava feliz com o como tínhamos nos aproximado tanto. Eu ficava feliz por meu irmão ser uma pessoa tão verdadeira e boa assim, e ter dado espaço para ele se aproximar de mim foi provavelmente uma das melhores decisões que tomei na minha vida.
-Calma aí, você ainda vai ter muitas coisas pra viver. - ele riu e eu revirei os olhos, como se ele fosse muito mais velho do que eu!
Abri a boca para dizer exatamente isso a Akira quando meus olhos se encontraram com olhos rosa escuro. Todas as minhas palavras morreram quando eu a vi ali, ao lado de Aizawa sensei e do diretor. Algo se revirou no meu estômago, e não de uma forma muito agradável quando aquela mulher fez menção de vir na minha direção.
-Porque ela está aqui? - eu disse a Akira, entredentes.
-Ah, droga. - Akira murmurou, os olhos arregalados, ficando visivelmente desesperado e com medo que eu saísse correndo. -Eu devia ter te avisado, mas não achei que isso ia acontecer tão cedo assim!
Ele estava surtando. O medo de Akira de perder todo o progresso que teve comigo foi tão grande que fez parte da minha irritação sumir. Eu suspirei, derrotada. Não podia fazer aquilo com ele, surtar ali e deixar Akira em choque. Ele sabia que eu não queria falar com nossa mãe, mas eu tinha feito uma promessa de pelo menos tentar. Por Akira.
-Calma, Akira. - falei com uma careta, colocando a mão no ombro dele. Ele deu um longo e pesado suspiro, coçando a nuca por um instante.
-Ela...- Akira começou, mas foi cortado quando Mahina Fumiko se aproximou de nós dois.
-Atsuko... - ela disse num sussurro, estendendo a mão para tocar meu cabelo. Dessa vez, não me afastei, mesmo que tudo em mim gritasse para fazer exatamente isso. Sentimentos conflituosos cresceram dentro de mim quando vi lágrimas surgindo nos olhos dela ao se dar conta que eu tinha permitido que ela se aproximasse. -Você...
-Mãe. Eu não te disse pra esperar e não aparecer aqui? - Akira estava claramente irritado com ela, mas Mahina nem mesmo pareceu se importar enquanto deslizava os dedos pelo meu cabelo, como se nada além disso importasse.
-Ela está ficando pior. - o diretor disse, mas não entendia o que isso queria dizer. -E a mente dela falhando.
Algo nela fazia eu ficar confusa. Ao mesmo tempo que os sentimentos ruins dela por mim me atacavam, também entrava em conflito com a forma como ela estava me vendo, com os pensamentos absurdamente confusos dela.
-Porque a mente dela é tão embaralhada assim? - eu disse baixinho, olhando Akira um pouco desesperada. O que encontrei nos olhos dele foi tristeza. Foi nesse momento que percebi que Akira não estava me contando tudo, toda a verdade.
-Acho que deveríamos conversar. - me virei para fitar Aizawa sensei. E foi ao olhar para os olhos dele que me dei conta que tinha algo muito, muito errado.
-Atsuko, você está escutando? - sim, eu estava ouvindo a voz de Aizawa sensei, mas não significava que eu conseguia assimilar tudo o que ele tinha me contado. Observando aqueles papéis em minhas mãos trêmulas, tudo o que eu conseguia fazer era negar, mesmo que a verdade estive ali, bem na minha cara.
Não sabia o que sentir. Se eu sentia raiva, tristeza, decepção. Se eu surtava ou tentava continuar inabalável. Mas como eu faria isso depois de escutar toda aquela história deturpada vinda de Akira enquanto minha própria mãe se perdia dentro da própria mente e sentimentos? Como eu faria isso com os papéis da ficha criminal do meu próprio pai ali, nas minhas mãos?
-Como? Ele era um super herói. - falei, minha voz completamente falha, desviando o olhar daquelas folhas para fitar meu sensei. Aizawa me observou, como se falar aquela verdade para mim fosse tudo o que ele menos quisesse naquele momento, mas não tivesse opção de não o fazer. -Ele era meu pai, caramba!
-Atsuko, tenta entender... - Akira pediu, me olhando seriamente. Eu apenas amassei com mais força os papéis, sentindo meus olhos queimarem com as lágrimas implorando para sair.
Meu irmãos se ajoelhou na minha frente, segurando meus braços com delicadeza. Ele me deixou entrar em sua mente.
Eu tinha entendido a história, mas ver a mente de Akira não tornava tudo melhor.
Meu próprio pai não era quem eu tinha imaginado que fosse.
-Ele forçou a mamãe a casar com ele usando o controle mental. - Akira disse baixinho, as palavras dele machucando de uma forma que eu nem mesmo conseguia expressar. -E quando eles tiveram você, ela queria fugir dele e levar a gente. Ele percebeu isso. Então, foi isso que ele fez.
Mexeu com a mente dela. Eu conseguia ver, todos aqueles nós formados lá dentro. O sentimento de repulsa e rejeição, memórias falsas que ele tinha colocado ali e eu não tinha percebido da primeira vez que vi. Mas agora, usando minha individualidade, eu sabia que não era o sentimento verdadeiro dela, mas sim algo que foi forçado a existir.
-Ela lutou com isso por tanto, tanto tempo. - Akira disse baixinho.
-Sei que está abalada agora, ainda mais depois de tudo o que aconteceu e descobrir isso. Queria te dar mais tempo, mas sua mãe está ficando mais instável. Minha pergunta é: você consegue desfazer isso? - Aizawa sensei disse, sem enrolar.
Machucava. Descobrir essa história toda me atingiu com tanta força que eu não conseguia nem mesmo respirar. Ter toda a imagem que construí do meu pai destruída em alguns minutos foi horrível, saber que ele não havia sido o herói que achei que era, mas sim um vilão fingindo ser bom, quase acabou comigo naquele momento; mas descobrir a verdade me fez perceber que minha mãe nunca me rejeitou, nem mesmo por eu ser fruto de um relacionamento que ela não queria. Ao mesmo tempo que algo em mim se partiu, outra parte voltou ao lugar.
Por isso, apenas assenti para Aizawa sensei antes de entrar na mente de minha mãe.
Conseguia sentir os traços da individualidade do meu pai ali; o quanto era forte, os nós que ele criou, o como brincou com a mente dela como se ela fosse uma marionete feita para obedecer e viver a história que ele queria. Me senti verdadeiramente enojada, algo dentro de mim se enchendo de raiva. E foi assim que, pouco a pouco, apaguei cada marca da individualidade dele da mente dela. Tirei todos aqueles nós, mandei embora tudo o que não era real. Aos poucos, podia sentir a mente dela entre meus dedos voltando ao lugar, toda aquela instabilidade que estava a levando a loucura completa indo embora.
Quando finalmente acabei, com sangue escorrendo do meu nariz, a primeira coisa que senti, foi os braços dela me rodeando e me apertando com força.
-Atsuko. - ela disse com um soluço, algo que partiu meu coração em milhares de pedaços. -Lutei por você todos os dias.
E ali, nos braços dela, eu chorei. Com a compreensão que meu pai era um monstro. E que minha mãe sempre tinha me amado.
Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Revelações quentíssimas sobre a família da Atsuko, risos
No final das contas, a otária não era a mãe dela K
Não nego que meus planos originais nem eram esses e que muita coisa ia ser diferente, mas gostei de colocar o pai que ela via como perfeito como o real vilão da história toda K K K
Se eu conseguir finalizar o próximo capítulo, eu posto ele ainsa hoje <3
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 12/08/22
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