𖤍𖡼↷ 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐘 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓
TODA A VERDADE
Todos estavam animados por termos conquistado ainda mais coisa no nosso caminho buscando ser super heróis. Nem mesmo depois de tomarmos banho e jantarmos aquele ânimo tinha diminuído, todos fazendo comentários e compartilhando momentos durante a prova. Apesar disso, eu apenas conseguia fitar Katsuki, pois ele estava estranho desde o momento que tínhamos entrado no prédio da 1-A, e eu sabia que não era por conta da licença provisória que ele não tinha tirado. Apesar da frustração e irritação dele, era algo que ele tinha meio que superado pelo fato de que teria uma segunda chance. Não, o que estava deixando Katsuki irritado ia muito além disso.
-O que aconteceu? - perguntei, me sentando encima da mesa enquanto ele terminava de comer. Katsuki me lançou um olhar mortal por eu estar sentada na mesa e não na cadeira, mas eu apenas o ignorei, fitando os olhos vermelhos de Katsuki. Ergui meu pé e cutuquei o ombro dele de leve. Katsuki segurou minha meia de cachorrinhos e arco-íris e deu um sorrisinho sarcástico para mim por eu estar usando ela, mas Katsuki não podia me julgar quando quem tinha me dado essa meia tinha sido ele! -Vai biriba, desembucha. Sei que tem algo te incomodando.
-Para de ser irritante, Jean Grey. E senta direito! - ele rosnou e eu apenas revirei os olhos, deslizando até sentar na cadeira ao lado dele. Levei as mãos até meu cabelo comprido, os jogando para trás, apoiando meu braço na mesa para conseguir observar ele melhor. Katsuki arqueou a sobrancelha para mim.
-Você está pensando em fazer merda, não é? - falei e recebi silêncio em resposta. Suspirei. Claro, claro que Katsuki estava pensando em causar. A vida dele era baseada nisso, afinal. -Olha, Katsuki, não sei o que tá acontecendo contigo e sei que não quer me falar. - estendi a mão e segurei a dele, olhando no fundo de seus olhos vermelhos. -Mas eu tô aqui. Você sabe disso. Eu vou sempre estar aqui.
Katsuki apenas suspirou, apertando minha mão de leve antes de se levantar e me soltar. O sorriso que ele me deu indicava que, por mais que ele soubesse disso, Katsuki tinha que resolver seus próprios problemas sozinho. Tinham certas coisas que eu não podia ajudar e nem mesmo ver.
-Eu sei, Jean Grey. Você é uma grande intrometida. - ele disse, me fazendo dar risada e mostrar o dedo do meio para ele. -Não se preocupe comigo.
Katsuki foi embora, me deixando para trás. Era meio idiota ele pensar que eu não iria me preocupar, principalmente quando ele estava agindo de uma forma tão estranha. Eu sabia exatamente o que Katsuki estava sentindo desde o incidente em Kamino e como ele se sentia culpado por All Might ter perdido os poderes, mesmo que isso jamais fosse ser culpa dele. E era uma merda porque, por mais que eu dissesse isso para ele, Katsuki não parecia capaz de acreditar em minhas palavras, ocupado demais em se afundar naquele poço dele e eu não fazia ideia do que fazer para ajudar.
Com um suspiro pesado, afundei o rosto dentro dos meus braços e fechei os olhos por um instante. Mesmo que as coisas estivessem começando a melhorar, sempre tinha aqueles momentos de altos e de baixos. Era como se quando tudo começava a melhorar, também acontecia uma revelação ou algo ruim para me colocar de volta naquele buraco. Toda essa história relacionada a minha mãe e ao meu pai era algo que eu ainda não tinha aceitado direito, principalmente por ter sido a última a saber.
E tinha algo que eu não entendia. Se meu pai tinha sido uma pessoa tão ruim quanto diziam, porque Enji decidiu me adotar? Teria sido por causa da minha individualidade? Porque se sentia em partes responsável por quem meu pai tinha se tornado já que ambos eram consideravelmente próximos? O que o fez escolher ficar comigo ao invés de simplesmente me jogar em um orfanato qualquer?
Essa era uma pergunta que estava rondando minha mente constantemente. Apesar de Enji nunca ter me tratado como sua filha, ele sempre me deu de tudo. Ele nunca foi exatamente uma pessoa boa, mas me colocou na melhor escola, com a melhor educação, me deu as melhores roupas e me manteve alimentada. Os treinos eram sim rigorosos e me levavam sempre ao limite, mas também me fizeram progredir muito e em partes é graças a ele eu ser forte. Mesmo que Enji tivesse deixado muitos traumas em mim e me feito ter uma síndrome de inferioridade fodida já que eu achava que jamais seria o suficiente para ele, ele também tinha me dado um teto para morar.
Eu deveria ser apenas grata, mas não conseguia. Não quando não parava de pensar sobre o como Enji tinha escondido de mim toda a verdade sobre meu pai durante todos esses anos, sem nem mesmo ousar me falar tudo.
Fiz uma careta quando escutei meu celular vibrar e o desbloqueei para ler a mensagem que tinha acabado de chegar.
Akira | 19h38
Uau! Que demais, Atsu
Você ficou muito fofa nessa foto!
Agora já pode meter porrada
nos vilões sem ser presa no processo
🥰
Dei risada da mensagem de Akira. Eu definitivamente amava ser irmã dele, podia dizer isso com muita tranquilidade.
Akira | 19h39
Aliás, falei com o diretor
Ele disse podemos ir de novo
semana que vem visitar a mamãe
Ela fica muito feliz quando você
vai
Eu sabia disso. Durante os dias que se passaram depois que descobri toda a verdade, fui algumas vezes visitar minha mãe na companhia de Akira. Eu queria poder me aproximar mais dela, saber quem ela era de verdade. Queria poder a conhecer melhor. Ver que ela estava bem agora me deixava mais aliviada.
Mas toda essa história era algo que me deixava meio mal ainda. Quer dizer, mesmo sabendo que ela não pensava isso de forma alguma, eu não conseguia parar de pensar que eu era o resultado de um relacionamento tóxico e que ela nunca desejou. Mesmo que minha mãe não tivesse sentimentos ruins por mim, toda vez que eu parava para pensar sobre isso...
Não. Eu tinha prometido mandar esses pensamentos ruins para longe de mim, e era isso que eu faria.
Me levantei, decidida a tentar dormir um pouco. Mesmo que ainda fosse cedo, depois do dia que tive hoje, só precisava cair na cama e dormir, esquecer todos os meus problemas.
Estava pensando nisso quando abri a porta do quarto e dei de cara com Shoto deitado na minha cama, com os olhos fixos no celular. Tomei um susto, pois não estava esperando o encontrar ali, e nem mesmo tinha sentido a presença dele antes de entrar.
-Você precisa parar de fazer isso. - murmurei fechando a porta atrás de mim. Shoto não abaixou o celular, mas desviou os olhos da tela para os fixar em mim por um instante.
Não disse absolutamente nada antes de me jogar na cama, me enfiando no espaço entre a parede e o corpo de Shoto. Me encolhi de costas para ele e de cara para a parede, assim o brilho da tela do celular de Shoto não ia me atrapalhar enquanto eu estivesse tentando dormir.
Ficarmos juntos e dividindo a cama daquele jeito não era algo incomum entre nós. Provavelmente ele era a única pessoa com quem eu me sentia confortável e disposta a compartilhar minha cama, por isso não demorou muito para que eu estivesse quase pegando no sono.
Shoto disse algo mas eu estava tão bêbada de sono que não escutei. Por isso, pisquei os olhos e me virei, apenas para o encontrar já me olhando.
-O que você disse? - perguntei franzindo o cenho para ele. Shoto apenas ficou em silêncio por um instante, me observando.
-Você queria conversar. - Shoto retrucou, os olhos cheios de expectativas.
Eu me sentei na cama e ele fez o mesmo, ficando tão perto de mim que eu podia ver cada detalhe de seu rosto. Ficamos assim, nos observando, nossas respirações se misturando, meu coração batendo forte dentro do peito.
O que eu deveria falar para ele? Yao-Momo estava certa quando disse que eu precisava ser sincera com Shoto, mas eu sequer sabia por onde começar. Passei tantos e tantos anos planejando poder fazer exatamente isso, poder dizer o que sentia e tirar isso do meu peito que agora que eu tinha a oportunidade, não fazia a menor ideia do que eu deveria fazer.
Engoli em seco, me sentindo ansiosa de um jeito que jamais tinha me sentido antes. Minha mão estava tremendo um pouco quando estiquei para tocar a bochecha de Shoto, minha palma contra sua pele. Shoto apenas esticou a própria mão para segurar a minha e a manter ali, seus olhos não ousando desgrudar dos meus.
-Você me disse o que sentia e foi embora antes mesmo que eu pudesse processar a informação. - falei, me perguntando se ele podia enxergar o quanto eu estava nervosa. -E depois, você me evitou por todo esse tempo. Porque? Você se sentiu inseguro, Shoto?
Ele não respondeu e nem mesmo precisava para que eu soubesse a verdade. Eu me inclinei mais na direção dele, deixando minha testa encostar contra a dele, fazendo um carinho de leve contra sua bochecha. Soltei uma risada.
-Katsuki que terminou comigo. - revelei, fechando os olhos. Shoto não disse nada e parecia até mesmo ter prendido a respiração. -Porque ele percebeu algo que eu me neguei a aceitar a vida inteira. No final das contas, não da pra fugir pra sempre do que sinto. É até mesmo engraçado você pensar que eu não te vejo da mesma forma que você me vê, Shoto. Eu sempre fui tão apaixonada por você e isso sempre foi tão óbvio que chegava até a ser meio vergonhoso. Eu te seguiria até o inferno se fosse o caso, e não porque você é meu melhor amigo ou porque é minha família, mas sim porque o que eu sinto por você vai muito, muito além disso.
Apenas dei um suspiro e me afastei o suficiente para olhar os olhos de Shoto. A expressão no rosto dele era indecifrável naquele momento, mas não me abalei com aquilo, empenhada em continuar a deixar claro tudo o que eu sentia por ele.
-Sempre foi você, sabia? Por quem me apaixonei, no caso. Por isso jamais daria certo com qualquer outra pessoa. Talvez eu devesse ver você como irmão, mas não vejo e nem nunca vi. No segundo que te conheci, quando ainda éramos tão novos, algo em você me encantou de um jeito... - eu dei risada, me sentindo meio estúpida enquanto minhas bochechas queimavam no processo. -Mas você nunca percebeu a forma como eu te olhava, ou o jeito como você sempre acabava comigo. Queria te beijar tanto que pensava que isso fosse acabar me matando. Sou tão claramente apaixonada por você, Shoto, que todos já notaram isso, incluindo Katsuki. Você nunca me olhou tempo o suficiente pra perceber. Pelo menos, eu achava que não.
"Pronto. Ai está a verdade. Eu tive tanto medo de expor esse sentimento e acabar com nossa amizade, ou que as coisas se tornassem estranhas entre nós que tentei a todo custo matar o que sentia por você. Mas eu não consegui e nem consigo fazer isso. Acho que jamais vou ser capaz. Quando você disse que sentia o mesmo, Shoto, achei que eu fosse acabar morrendo. Então, sim. Eu sempre quis ser algo muito além que uma amiga, e eu posso ser péssima com palavras e não saber por onde começar, mas eu quero tentar. Se você quiser tentar também"
Shoto ficou em um profundo silêncio, os olhos grudados nos meus.
Ele levou as mãos até meu rosto, acariciando de leve minha bochecha e me fazendo fechar os olhos. A respiração de Shoto estava tão, tão perto de mim agora que eu podia sentir seu hálito quente. Meu coração batia de forma acelerada e desesperada dentro do peito, ansiando pelo momento que ele cortaria o espaço entre nós.
E ele não disse absolutamente nada antes de me beijar, mas não era como se ele precisasse. Eu conseguia sentir todo o amor e o carinho de Shoto se espalhando entre nós dois e preenchendo meu coração. Foi como se uma explosão tivesse acontecido dentro de mim quando senti os lábios dele tocando de forma delicada os meus, talvez um pouco perdido sobre o que deveria fazer.
Afundei os dedos no cabelo macio de Shoto, o puxando para mais perto de mim. Nunca imaginei que eu sequer fosse fazer algo do tipo, mas agora, lá estava eu, o beijando. Parecia um tipo de sonho bom do qual eu não tinha interesse algum em despertar.
Se eu dissesse que nunca tínhamos dado nem uma bitoquinha, seria mentira. Quando éramos pequenos e ingênuos demais, estávamos brincando juntos em um dos momentos de paz em que Enji não estava presente quando fui beijar a bochecha dele e beijei a boca. Foi sem querer e nós dois não sabíamos o que isso significa, só que ficamos com muita vergonha e eu senti meu estômago dando pulinhos que eu não entendia o que eram.
Mas agora, era totalmente diferente. Shoto estava me beijando porque ele queria me beijar, ele estava deslizando as mãos pela minha cintura e me puxando para mais perto, mesmo que isso fosse impossível, porque ele me queria perto de si. Estávamos nos beijando porque compartilhavamos o mesmo sentimento, e eu me perguntei se as coisas teriam sido menos intensas assim caso tivéssemos descoberto antes o que sentíamos um pelo outro.
Quando Shoto me puxou para mais e mais perto, envolvi minhas pernas ao redor da cintura dele e abracei seu pescoço, não ousando desgrudar a boca da dele. Era um beijo calmo e sem pressa, como se ele soubesse que eu não iria a lugar algum. Porque eu realmente não pretendia ir a lugar algum, pelo menos, não sem ele.
Era tão impressionante o como eu ficava tão incrivelmente estúpida quando o assunto era Shoto. Meu QI reduzia muito e eu virava uma amoeba, tudo isso porque eu era tão apaixonada por Shoto que chegava a ser algo extremamente patético. Mas quer saber? Eu não ligava, não quando ele sentia o mesmo por mim.
Nunca achei que beijar pudesse ser algo tão, tão bom assim até Shoto estar me beijando. Ele era carinhoso de um jeito que fazia meu coração doer. Eu poderia morrer naquela noite e eu morreria feliz.
Quando nós dois nos afastamos, afundei o rosto contra o pescoço dele, sentindo meu rosto queimando. Dei risada quando percebi que ele tinha ficado arrepiado por minha boca estar tão perto assim de sua pele, mas ele não disse nada antes de envolver os braços ao redor da minha cintura e me abraçar com força.
Você me conhece. Sou péssimo com sentimentos e nem mesmo sei como lidar com eles. Mas eu sei o que sinto por você. E eu também quero tentar. Se isso for o que você quiser.
Eu apenas sorri, me afastando para fitar os olhos heterocromáticos de Shoto. Me aproximei mais dele, beijando a bochecha de Shoto com carinho, a queimadura em seu rosto.
Nada mais precisava ser dito entre nós. Porque as ações já diziam bem mais que mil palavras.
Voltei de novo rsrsrs
Não nego que ia demorar um pouco mais pra postar esse capítulo, mas estava ansiosa já que comecei a fanfic esperando esse momento KKKK trinta e oito capítulos depois e anos de enrolação, finalmente eles admitiram que se gostam
Eu fiquei muito bugada escrevendo esse capítulo e ficou tão boiolinha que me deu até diabetes, senhor
A Atsuko vira mesmo amoeba por causa do Todoroki, coisa linda
Estava eu bem plena e calma dirigindo hoje (com meu pai gritando pra eu acelerar o carro) e tive um momento de revelação na minha vida, pensando numa cena perfeita pra fanfic! Sim, vai ser perfeitamente depressiva e provavelmente vocês vão odiar muito, mas eu achei genial, então se preparem para momentos futuros cheios de depressão, já que eu só fiz a Atsuko passar no exame da licença provisória pra poder foder com a vida dela <3
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 15/08/22
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