𖤍𖡼↷ 𝐒𝐈𝐗𝐓𝐘 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓
RAIVA
O plano de Aizawa sensei e do diretor foi algo extremamente inteligente e que não ia colocar em risco a minha integridade como espiã dentro da Liga. Não nego que quando não fui presa logo de cara, fiquei totalmente apreensiva e com medo de tudo ir por água abaixo, mas me sentia muito aliviada agora sabendo que as coisas estavam caminhando da melhor forma possível. Eu nem mesmo estava com medo de que heróis se machucassem no processo enquanto eles me levavam para a prisão, pois a verdade era que os heróis que estavam ali tinham sido escolhidos por serem os heróis que trabalhavam com a Liga agora, achando que não sabiamos da verdade. Afinal, era bem claro que Toya e Ichiro iam vir atrás de mim para me tirar daquela falsa prisão.
Acho que a parte mais difícil de tudo isso foi deixar Shoto mais uma vez. Meu coração partiu em milhares de pedaços, mesmo eu sabendo que era necessário. Eu precisava continuar com o plano e acabar de uma vez por todas com a Liga dos Vilões. Mas apesar de saber que tinha meus deveres a cumprir, isso não significava que eu não me enchesse de angústia em estar deixando tudo que eu amava para trás mais uma vez.
Não foi choque nenhum pra mim quando Dabi atacou o carro que me levava. Não foi choque nenhum pra mim quando Ichiro controlou aquelas mentes e me tirou daquele lugar. Acho que com tudo o que estava acontecendo, eu sentia como se estivesse presa dentro de um transe. Eles me livraram das algemas, me tiraram daquele lugar e me levaram de volta para o chalé. Eles falavam, mas tudo o que eu conseguia ver era minha briga com meus amigos, Shoto, o plano de Aizawa sensei e minha própria vontade de voltar para casa. Ou apenas destruir cada um daqueles vilões o mais rápido possível.
Acho que voltei a realidade quando Twice e Toga me abraçaram com uma sinceridade que me quebrou. Como se eles tivessem mesmo ficado preocupados por eu ter sido pega pela polícia. Voltei a realidade, me lembrando o motivo de tudo aquilo que tinha acontecido comigo. Mesmo que eu não quisesse, deixei a raiva me consumir enquanto me afastava dos dois e me virava para Ichiro. O grande culpado de todas as minhas dores, meu próprio pai, a pessoa que eu mais odiava no mundo inteiro. Acho que agora eu meio que entendia Toya e a raiva dele por Enji, afinal. As motivações dele. Era meu desejo de prender Ichiro que ainda me motivava.
Ichiro sorriu para mim de forma vitoriosa, como se eu tivesse passado em seu teste ridículo. Estava orgulhoso por constatar que eu não estava do lado dos super heróis, como Ichiro acreditava, mas sim do deles. Ele esticou a mão para tocar meu ombro, mas eu dei um tapa em sua mão, a afastando de mim. A raiva me preencheu por completo, fazendo tudo começar a balançar dentro daquela sala. Toya me lançou um olhar; eu o ignorei.
Não pensei direito nas consequências para minha ações; eu só conseguia lembrar de toda a dor que Ichiro tinha me causado desde o momento que tinha surgido mais uma vez na minha vida. Ele até podia ser meu pai, mas não era nem de perto o pai que eu me lembrava de amar tanto. Ele era um monstro pior do que qualquer um daqueles vilões presentes ali. Ichiro era o motivo pelo qual tudo tinha dado errado na minha vida, e eu jamais o perdoaria por isso. E foi assim que, sem me importar com mais nada e sem forças para pensar no que era certo e no que era errado, ergui minha mão e usei toda a minha força telecinética para o mandar para o outro lado da sala.
Ichiro bateu na parede com tanta força que atravessou ela. Todos ficaram em um profundo silêncio, chocados demais com o que eu tinha acabado de fazer, mas eu não tinha acabado ainda. Dei passos para frente, atravessando o buraco causado por mim e me agachando diante do meu pai caído no chão. Sangue escorria pela cabeça dele enquanto ele usava as palmas das mãos para tentar se erguer, ainda meio zonzo pela pancada. Eu estendi a mão, puxando o cabelo dele com força para que pudesse me olhar nos olhos. Raiva, eu apenas sentia raiva, e isso fez Ichiro dar um sorriso, o sangue dentro de sua boca deixando seus dentes vermelhos.
-Eu quase fui presa por sua causa. - rosnei, cheia de raiva. Ichiro não pareceu sequer se abalar com minhas palavras ou com minha individualidade aos poucos tirando o ar de seus pulmões.
Eu fiz você ficar mais forte. Deveria ser mais grata a mim. Agora você desapegou completamente daqueles pirralhos irritantes. De nada! A voz de Ichiro na minha mente me fazia querer gritar e destruir tudo no meu caminho. Lembrei de Katsuki deixando claro o quanto me odiava e o quanto me queria bem longe de sua vida. Lembrei de como eu tinha machucado Izuku, Kirishima, Ochako e Iida. Lembrei de como tudo aquilo era simplesmente uma grande de uma merda do caralho.
-Eu já sou forte o suficiente sem você. - eu falei, fazendo ele engasgar em busca de ar.
-Chega. - a mão de Dabi se fechou no meu braço, me puxando e fazendo eu me levantar. Eu me virei rapidamente, meus olhos cravando nos olhos turquesa de Toya que me fitavam com seriedade, como se eu estivesse passando totalmente dos limites. -Ichiro fez merda com você, mas já arcou com as consequências disso. Agora, já chega, Atsuko.
-Chega?- eu soltei uma risada cheia de sarcasmo, me livrando das mãos de Toya sobre mim. -Não é você que determina quando acabou. Você não é o líder. E não manda em porra nenhuma.
Eu conseguia sentir a tensão de todos os outros membros assistindo aquela cena e o como eles estavam me julgando naquele momento. Na cabeça deles, deveríamos todos permanecer juntos contra os heróis, mas eu brigar abertamente com Ichiro e Dabi só faria nós nos distanciarmos, colocaria tudo a perder. Mas não existia um "nós" ali. Eles veriam isso tarde demais, e sofreriam com as consequências de achar que aquela porra deturpada era uma família.
Você vai jogar todo o plano por água abaixo. Se acalme agora! a voz de Hawks dentro da minha mente era mais séria do que eu jamais o tinha visto antes, me trazendo de volta a minha realidade.
Eu estava lá porque estava a trabalho. Eu estava lá porque estava tentando evitar o pior dentro da nossa sociedade e para salvar pessoas boas de sofrerem nas mãos daqueles vilões. Eu não estava ali para me vingar de Ichiro, eu não podia perder o controle daquela forma.
Meus olhos fitaram os olhos dourados de Hawks por um instante, me fazendo lembrar de tudo o que eu precisava fazer. Eu não podia colocar tudo a perder por causa de uma das merdas de Ichiro, mesmo que quisesse acabar com tudo ali naquele exato momento.
Livrei Ichiro da minha individualidade e ele desabou no chão, dando uma risada fraca, deixando claro o quanto ele me achava fraca e patética. Mas eu não me importei com isso; dei as costas para todos eles e caminhei para o mais longe possível, bem ciente que estava sendo seguida.
Me apoiei na amurada da sacada do quarto onde eu dormia, observando o céu de fim de tarde enquanto tentava me acalmar. Não me importei o suficiente em olhar para trás e fitar os olhos turquesa que estavam fixos em mim, me queimando como fogo.
-O que você quer, Toya? - falei sem nenhuma força de vontade.
Ele não me respondeu, mas se aproximou, se apoiando bem ao meu lado e olhando para o céu também. Por um tempo, apenas ficamos em silêncio, e eu me peguei lembrando de quando éramos mais novos e o silêncio nunca foi algo ruim entre nós pois Toya e eu costumávamos nos conhecer muito bem. Mas agora era como se tivesse uma imensa parede que nos separasse, algo que eu jamais poderia quebrar ou atravessar. Toya não era mais Toya, ele era Dabi, e ele não era, nem de perto, o amigo que eu costumava amar.
-Você quase matou ele lá fora. - ele respondeu, como quem não quer nada. Eu dei uma risada sem nenhum humor.
-Achei que fosse ficar orgulhoso. Não era isso que você queria? Que eu ficasse igualzinha a você? Pois é, acho que você não é o único com daddy issues, Dabi. - falei com um sorriso puramente cruel para ele. Toya só me olhou, sem nenhuma maldade pela primeira vez em muito tempo. Isso fez meu coração doer mais do que eu era capaz de descrever.
-Eu sinto muito, Tsu. - ele disse tão baixo que me perguntei se ele tinha dito isso mesmo ou eu tinha lido seus pensamentos.
De qualquer forma, eu sabia que Toya não estava se referindo aos meus problemas com meu pai. Ele estava falando sobre nós, sobre o que tínhamos nos tornado e sobre tudo o que tinha feito comigo. E eu também sabia que Toya era sincero naquelas palavras, apesar de tudo. Saber disso quebrou algo dentro de mim e eu tive que usar toda a minha força para não me permitir chorar naquele momento.
Eu não respondi Toya enquanto voltava a fitar o céu e sabia que não precisava também. Nós apenas ficamos em silêncio até o dia virar noite, quando cada um de nós seguiu um caminho oposto. E no fundo, nós dois sabíamos o que viria a seguir e o que os próximos dias nos trariam. E que jamais iremos trilhar o mesmo caminho.
Boa tarde povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Sei que andei meio sumida, mas o trabalho e a faculdade estão me matando
O capítulo não ficou tão bom, peço desculpas por isso, mas estou bem desanimada com a fanfic então nada parece que fica bom :') o povo que comentava aqui sumiu tudo, dor no meu coração :'(
Prometo tentar acabar logo a fanfic!
Aliás, pra quem não sabe, eu tenho uma fanfic com o Kirishima, chama Lover, e juro que é um xuxuzinho de fanfic. Quem pudesse ir lá ler e comentar eu ia ficar muito feliz, atualizei ela ontem <3
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 02/11/22
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