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𖤍𖡼↷ 𝐅𝐈𝐅𝐓𝐘 𝐒𝐈𝐗

SONHO RUIM

Eu estava na escuridão mais uma vez. O vento gelado batia contra o meu corpo, capaz de corroer todos os meus ossos no processo. Mas esse era o menor dos meus problemas. Era aquele vazio completo que incomodava, não como se algo estivesse faltando, mas como se não tivesse me restado mais nada. Eu estava na escuridão completa e no vazio solitário, incapaz de salvar a mim mesma desse caminho sem volta. Era como se tivessem me trancado dentro de um poço o qual eu não conseguia sair. E talvez eu já estivesse parado de tentar, de qualquer forma. Qual era o objetivo se eu não podia me livrar daquele peso esmagador?

As chamas azuis eram a única coisa que tinha restado. E eu estava no meio delas, ciente que uma hora chegariam até mim e me consumiram. Mas eu continuei ali, sentada no chão, apenas vendo o tremular do fogo e sentindo seu calor que de nada servia para me aquecer. Apenas servia como uma memória clara de tudo o que tive e perdi. Antes, eu teria fugido daquele fogo ou tentado o combater. Agora, eu apenas o aceitava como se fosse um velho amigo. Não tinha sentido tentar fugir dele, pois ele continuaria a me perseguir.

Estendi minha mão para tocar aquele fogo. Talvez eu merecesse sentir dor. Talvez eu merecesse tudo aquilo que aconteceu comigo. Eu nunca fui boa o suficiente, inteligente o suficiente, forte o suficiente. E pelo que eu estava lutando? Por quem? Por mim mesma? Definitivamente não. Eu já tinha desistido de tudo e de todos, mas então porque eu não deixava meus dedos tocarem aquela chama e permitia que ela me consumisse por completo? Eu não tinha nada e ainda assim estava hesitando, como se existisse algo que me prendesse. E eu não conseguia mais suportar aquele vazio.

-Sua mente é de fato muito peculiar, Atsuko. - aquela voz cantarolou, mas eu não fiz menção de me levantar ou de virar em sua direção. Afinal de contas, aquilo era um sonho. Eu sabia que nossa mente ficava vulnerável durante os sonhos, mas ainda assim, era um sonho, e por mais que ele estivesse no meu, não poderia fazer nada comigo. Afinal, para ele estar ali, também deveria estar no próprio sonho dele. E o que sobraria para fazer se ele já tinha basicamente acabado com minha vida? -Oh, você está brava comigo porque roubei algumas pequenas memórias suas? Não seja sem educação, aquilo foi ideia do Dabi, deveria culpar ele.

Eu apenas ignorei. Discutir com Ichiro já era cansativo demais, discutir com ele durante um sonho se tornava mil vezes pior. Ele não podia fazer nada comigo ali. Mesmo que Ichiro tivesse projetado a si mesmo e a sua consciência em meu sonho, ainda existia uma parede que separava a mente dele da minha. E eu também sabia que ele não estava ali para me machucar, mas apenas para ver e concluir que tinha feito um belo estrago dentro de mim mesma. Tirando de mim muito mais que apenas umas memóriaszinhas.

-Sabe, Atsuko. - ele falou, se agachando na minha frente, fazendo eu erguer a cabeça para o fitar por um instante. Aquilo pareceu o pegar de surpresa, a atenção que ele recebeu, mas não hesitou antes de continuar a falar. -Queria que tivesse existido outro caminho, mas você é muito difícil de lidar, presumo que boa parte disso seja culpa minha. Mas você precisava entender que esse mundo de super heróis não é pra você. Se quiser, você pode ser uma rainha! Pode conquistar, comandar e destruir tudo o que quiser em um estalar de dedos. Não entendo porque quer ser uma super heroína, ficar a mercê do governo!

-Queria isso por sua causa. - falei sem nenhuma emoção, dando de ombros. Ele apenas piscou os olhos, surpreso. -Pra mim, você era um bom super herói, alguém em quem me inspirei mesmo depois que morreu. Queria provar para o mundo que eu podia ser tão boa quanto você. Mas eu estava errada, você não é bom e nem nunca foi. Eu apenas não sabia disso. Mas fique feliz. Se você queria que eu ficasse desse jeito, vazia e quebrada, parabéns. Você conseguiu. - falei, indicando ao nosso redor. -Nem mesmo sei quem eu sou ou o que eu deveria ser.

Por um tempo, Ichiro apenas ficou quieto. E então, ele estalou a língua, balançando a cabeça.

-Quando Dabi disse que fazer você esquecer aquele garoto ia ser o suficiente, não acreditei. Achei bem estúpido também. Afinal, porque minha filha ia apoiar todas as necessidades dela em uma pessoa que não ela mesma? Mas ele estava certo, e isso é bem revoltante, Atsuko. Você precisa de um garoto pra ser quem você é? Ah, por favor. Se você quer ser uma super heroína e ser forte, seja por você mesma. Não pelos outros. - as palavras de Ichiro me atingiram com a força de um soco. E era uma merda admitir que ele não estava inteiramente errado.

-Porque você não podia ser uma pessoa boa? Porque fez isso comigo? - eu disse, me levantando. O fogo se apagou completamente e a escuridão se tornou outra coisa, ganhando vida e forma. Virou uma casa. Nossa casa. -Porque não pode ser o pai que eu achei que você fosse?

-Porque eu não posso. - ele grunhiu. -Não posso ser a pessoa que você quer, Atsuko! É tarde demais pra mim! Ao mesmo tempo que nossa individualidade salva, também condena! Ouvir a voz de todos o tempo inteiro, não acha que isso deixa qualquer um louco? Quanto mais forte você fica, mais incontrolável é a telepatia, a empatia. É demais! O jeito de fugir, é desligando um lado muito importante de si mesmo. Eu não sou forte que nem você, nunca fui. E não posso ser a pessoa que você queria que eu fosse.

Por um tempo, apenas olhei para Ichiro. Por um tempo, apenas ficamos ali, no lugar onde costumava ser nossa casa.

-Porque está aqui? Porque está sendo tão honesto? O que você quer de mim?! - eu queria gritar e queria arrancar meus cabelos e queria bater em Ichiro também. Mas ele apenas suspirou.

-Porque aqui eu posso ser quem eu deveria sempre ter sido. Eu não preciso ser Ichiro da Liga dos Vilões ou aquele que fugiu do Tartarus e matou milhares de pessoas. Eu posso ser a parte boa de mim mesmo, aquela que você costumava amar. E eu tô aqui porque cometi um erro ao tirar de você seu melhor amigo.

Fiquei em silêncio, apenas o observando.

-Então me devolva. - eu disse com um sussurro. Mas Ichiro apenas balançou a cabeça.

-Não posso. Você precisa entender, Atsuko, quem você é, sozinha. E tem uma parte de mim que espera que você venha atrás de nós. Que aceite entrar na Liga dos Vilões por livre e espontânea vontade.

-Como diabos isso pode ser livre e espontânea vontade se vocês roubaram de mim? - eu disse com os dentes cerrados, e tudo na sala começou a tremer e a levitar. Ichiro pareceu impressionado com o como em apenas um sonho eu era capaz de fazer aquilo. -Vocês estão me forçando ao caminho da raiva, da solidão, da tristeza, da vingança, de tudo aquilo que fez vocês se tornarem o que são. Não estou cogitando a Liga porque eu quero, mas porque você me forçou a isso. Então, cala a boca. Você não é melhor que o Toya e nem que ninguém.

-Atsuko...

-E esse sonho acabou.

Acordei em um pulo. Eu não estava com o coração disparado como sempre fica depois de um sonho particularmente ruim, mas sim com ele apertado. As palavras de Ichiro tinham me atingido com ainda mais força, e se as coisas já estavam ruins antes, agora estavam bem piores.

Quatro horas da manhã. Com um suspiro, eu passei a mão pelo meu cabelo e o arrumei antes de sair da cama. Minha garganta estava seca, como se todo aquele fogo no sonho de alguma forma tivesse me afetado.

Eu queria chorar, mas não tinha forças nem para fazer isso. Tudo estava uma merda tão, tão grande, que eu nem mesmo conseguia deixar que algumas gotas caíssem. Era como se uma parte de mim tivesse começando a se acostumar com aqueles sentimentos de merda. O que era uma verdadeira de uma droga.

Tomei um susto quando entrei na cozinha e me dei conta que eu não era a única louca acordada as quatro horas da manhã, porque Todoroki estava ali, a luz da tela de seu celular refletindo em seu rosto e o fazendo parecer um maldito fantasma. Ele franziu o cenho assim que me viu.

-Você tá bem? - ele perguntou e eu apenas fiz uma careta.

-Bom, você me deu um puta de um susto. - murmurei. Todoroki apenas ficou em silêncio por um tempo.

-Você teve um sonho ruim. - não era uma pergunta, mas sim uma afirmação. Não um pesadelo, mas um sonho ruim. Ele conseguia me ler sem nenhuma dificuldade, como se fosse natural fazer isso. O que era realmente muito chocante pra mim.

Eu apenas assenti, afundando meus dedos nos meus cabelos e os bagunçando um pouco. Não tinha sido um pesadelo, mas algo ruim o suficiente para me atormentar tanto que eu sabia que seria incapaz de voltar a dormir depois disso. Essa história apenas servia para me deixar absurdamente confusa. As palavras de Ichiro conseguiam machucar ainda mais do que quando ele tinha me tratado de forma cruel e mesquinha. Porque eu não podia ter uma família normal e que me amava, afinal?

-Porque você tá acordado? - murmurei, fitando Todoroki quando meus olhos se acostumaram com a escuridão. Ele apenas deu de ombros, como se não fosse nada demais e não fizesse diferença.

-Você tá bem? - Todoroki perguntou de novo, e eu tinha a leve sensação de que ele continuaria a perguntar isso até eu falar a verdade. Era algo que não tinha como escapar, motivo pelo qual apenas neguei, fechando os olhos com força.

Todoroki se aproximou, apertando meu ombro de leve em uma tentativa de fazer eu me sentir melhor. Talvez eu não devesse, mas me virei e o abracei, enterrando o rosto contra o peito dele. Ele ficou surpreso, mas me abraçou de volta sem hesitar um segundo sequer, e eu apertei meus olhos com força.

Naquele momento, eu precisava daquilo, precisava de um abraço. Precisava de uma forma de aliviar todo aquele estresse que estava tomando conta de mim. E enquanto fiquei ali, abraçada a ele, percebi em choque que havia sido o suficiente para acalmar boa parte do meu coração.

E me fez ficar ainda mais triste por não ser capaz de lembrar dele.

-Desculpa. - falei baixinho, incapaz de me soltar dele, incapaz de me afastar e o fitar. -Sei que não tô sendo justa com você. Mas eu sinto como se tivesse um buraco dentro de mim e me sinto tão vazia por dentro. E eu realmente sinto muito, mas eu só...

-Precisava de um abraço. - não era uma pergunta, mas eu assenti mesmo assim. Os dedos dele deslizaram pelo meu cabelo de leve, me fazendo estremecer.

Acho que eu também precisava disso. Escutar o pensamento de Todoroki parecia tão familiar, tão confortável. Um sentimento que nunca tinha sentido antes.

-Sei que não é assim que as coisas funcionam, mas... Se você olhasse minhas memórias, isso ajudaria em algo? - ele perguntou baixinho, um fio de esperança em sua voz. E eu odiava ter que ser a pessoa a acabar com ela.

-Imagina uma estante de livros. Se alguém tirasse o seu livro favorito, aquele que fica bem no meio, ia ficar um buraco ali, não? - perguntei me afastando daquele abraço para poder o fitar. A luz da lua batia contra o rosto de Todoroki no meio da escuridão, e eu vi ele franzir o cenho antes de assentir. -Agora, você recebeu um novo livro e o colocou na sua estante. Mas aquele buraco do seu livro favorito continua sendo um buraco, não é? O mesmo vale para as memórias. Eu poderia, sim, olhar as suas sobre nós dois. Mas o buraco dentro da minha mente, onde as minhas memórias sobre nós deveriam estar, continuaria sendo um buraco. E além disso, Ichiro roubou todos os sentimentos, emoções, sensações, tudo o que eu vivi com você. Se você me deixasse ver a sua mente, seria como se eu só estivesse vendo um filme, mas não como se eu fosse personagem dessa história.

Todoroki parecia já saber disso, mas assentiu mesmo assim. E eu até queria ver as lembranças dele, mas... Apenas serviria para fazer eu me sentir pior por não lembrar de nada. Pelo menos agora estávamos construindo uma amizade nova, não é? Se eu soubesse o que costumávamos ser eu não me lembrava, jamais conseguiria fazer isso dar certo. E acho que Todoroki percebeu isso, pois não disse mais nada.

-Mas você não desistiu, não é? - eu murmurei, desviando o olhar.

-De você, nunca. Nunca, Atsuko.

Ficamos em silêncio por um tempo, apenas nos olhando no meio da escuridão até Todoroki suspirar e se mover.

-Se um dia você lembrar, eu gostaria de saber. - ele disse, sua mão deslizando pela correntinha que eu não tive coragem de tirar do pescoço. Senti minhas bochechas esquentarem um pouco, nem mesmo tinha me dado conta que estava pra fora da camiseta já que geralmente eu mantenho aquele anel escondido.

-Ok. - falei, engolindo em seco. Ele me desejou boa noite antes de desaparecer. Me deixando ainda mais confusa do que eu já estava antes.

Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Um capítulo mais depressão e tals com uma pitadinha de cloro. Mais pra frente irei explicar melhor todo o rolo com o pai da Atsuko, porque ainda teremos muito a ver dele e seu lado da história como vilão

Enfim, talvez eu demore pra tazer as próximas atualizações porque como meu sistema imunológico é um lixo, eu tô doente de novo 🥰

Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!

Espero que gostem <3
~Ana

Data: 30/08/22

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