𖤍𖡼↷ 𝐅𝐈𝐅𝐓𝐘 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓
BEIJINHO CARINHOSO
-Eu definitivamente odeio o frio. - resmunguei para Kirishima, me encolhendo cada vez mais dentro do cobertor e me apoiando nele enquanto me fundia com o sofá. Ele apenas deu risada, deitando a cabeça contra a minha por um instante, os olhos fixos no jogo que estava jogando com Kaminari. Ninguém estava exatamente com vontade de fazer algo, as energias completamente inexistentes por conta do frio do começo de dezembro. -Será que o Katsuki vai passar no exame agora? - perguntei fazendo uma careta. Bom, o dia estava gelado, o que certamente estava o irritando. Esperava que isso não fosse ser o suficiente para atrapalhar o desempenho dele.
-Eu espero que dessa vez ele não seja burro! - Kaminari retrucou, o que me fez dar risada antes de assentir, mesmo que ele estivesse mais ocupado olhando para a televisão. Eu esperava que Katsuki e Todoroki se dessem bem dessa vez e tirassem logo a licença provisória deles. Katsuki só faltava parir um filho de tanta ansiedade, porque, segundo ele, estava de saco cheio de ficar para trás por não ter sua licença. Mas eu tinha bastante certeza que logo as coisas iriam se acertar. -E você e o Todoroki, hein? Eu vi vocês trocando sorrisinhos ontem.
-Ai, Denki, porque você não sabe cuidar da sua vida e precisa cuidar da dos outros? - falei com uma careta, mas ele apenas deu risada. -Somos amigos! Grande coisa, não tem motivo pra ficar falando sobre isso não.
-Ou você tá apaixonadinha por ele. - Kaminari retrucou, abrindo um sorriso malicioso para mim. Senti minhas bochechas esquentarem, mas ergui o dedo do meio para ele como resposta, o que só serviu para fazer ele e Kirishima darem risada.
Claro, minha relação com Todoroki tinha evoluído bastante nas últimas semanas, mas eu nem mesmo sabia qual era o tipo de sentimento que eu tinha por ele. E eu definitivamente não precisava ter pressa para descobrir, sinceramente. Eu estava bem com o como as coisas estavam desenrolando entre nós, com calma e tempo para que eu o conhecesse de novo. Aos poucos tudo se tornava tão confortável que parecia que eu o conhecia a vida toda. Até eu me lembrar que eu conhecia sim, só tinha esquecido dessa parte. Mas eu não ia focar nisso naquele momento, pois tudo o que eu menos precisava era atrair aquela nuvem negra para perto de mim mais uma vez! Estava bem e não precisava caçar motivos para deixar de estar.
Minha mente já estava pesada demais nos últimos dias. Colocar coisas desnecessárias para fritar meu cérebro era uma péssima ideia. Sem contar que estar fingindo que eu não estava morrendo de dor também estava sendo muito difícil. Eu só queria poder ficar ali pelo restante do dia e dormir apoiada em Kirishima, sem ter que me mexer muito. Era um dia pacífico, de paz, um belo final de semana. As preocupações com o como minha vida tinha virado de ponta cabeça eu deixaria para segunda feira. Agora, eu aproveitaria para tentar dormir, já que isso era tudo o que eu menos vinha fazendo nos últimos dias quando a noite enfim chegava.
Mas não tive tempo de sono o suficiente, porque Bakugo e Todoroki chegaram já causando uma imensa comoção entre todos. Primeiro, por terem passado no exame. Segundo porque, aparentemente, meia hora depois de tirarem suas licenças, tinham metido porrada em vilões na rua. Era mesmo uma história bizarra e surreal, mas tudo o que nos cercava era sempre assim, repleto pelo mais puro e verdadeiro caos. E parecia que tanto Bakugo quanto Todoroki eram imãs para problemas, só não eram piores que Midoriya nessa história.
Por um tempo, apenas observei meus amigos causando e rindo enquanto Todoroki contava a história e Katsuki parecia um cachorro raivoso prestes a explodir. Pelo menos ele tinha ficado um pouco menos agressivo enquanto comia o bolo que Sato tinha feito para a ocasião. Teria sido deprimente se eles não tivessem passado, mas pelo menos teriam um bolo para consolar aquela derrota!
Queria que as coisas fossem sempre assim, calmas. Queria que os problemas não fossem tão grandes como eram. Queria que tudo fosse bem mais simples, mas essa não tinha sido a vida que eu havia escolhido, eu sabia. Eu tinha optado pelo caminho mais difícil, e mesmo que não me arrependesse das minhas escolhas, meu coração se apertava um pouco sabendo que meus amigos poderiam acabar machucados nessa vida de herói.
Quando eles se acalmaram o suficiente, aproveitei a distração para ir em direção ao meu quarto. Fiz uma careta no instante que meus pés tocaram o chão e um choque de dor percorreu todo o meu corpo. Meus músculos estavam tão doloridos que parecia que eu tinha passado uma semana seguida tomando porrada. Minha perna direita nem estava funcionando direito. Na hora da adrenalina nem dava pra sentir a dor, mas quando ela passava... Puta que pariu.
-Porque você tá mancando? - tomei um susto, meu coração indo parar na garganta. Achei que teria como me livrar de perguntas como aquela já que estava quase no meu quarto, mas claro que seria logo Todoroki a me pegar no flagra. Eu apenas me virei um pouco para encontrar os olhos heterocromáticos dele, os fitando por um instante. As sobrancelhas de Todoroki estavam franzidas em confusão, e ele parecia esperar por uma resposta que demorou para vir já que eu não sabia exatamente que desculpa dar.
-Eu caí hoje mais cedo. - falei, o que, claro, era uma mentira. Mas acho que ele não percebeu isso, pois não disse nada antes de vir na minha direção e passar um braço ao redor de mim para me sustentar o suficiente para que eu pudesse pelo menos chegar no meu quarto. Dei um suspiro aliviado quando Todoroki me ajudou a sentar na cama, apesar de seus olhos ainda estarem fixos em mim, como se ele estivesse procurando por mais alguma coisa fora do lugar. O que, sinceramente, se ele procurasse demais, encontraria, por isso pigarrei para chamar sua atenção. -Parabéns por ter tirado sua licença provisória. - eu era sincera e meu sorriso para ele também, motivo pelo qual Todoroki sorriu de leve para mim antes de assentir.
-Uma máscara nova? - ele perguntou franzindo a sobrancelha e pegando a máscara preta que eu tinha largado sobre o móvel ao lado da cama. Automaticamente qualquer tipo de emoção sumiu completamente de dentro de mim enquanto eu observava aquela máscara. -Você vai mudar seu uniforme?
-Não! - falei, puxando a máscara da mão dele e a atirando do outro lado do quarto. -Essa é exagerada demais pra mim. É só... Sei lá, tanto faz. Não é nada na verdade.
Todoroki apenas franziu as sobrancelhas, confuso. Mas não disse nada antes de assentir e se sentar ao meu lado na cama, fitando a tela do celular por um instante.
-Você não vai responder? - perguntei de forma curiosa, vendo que Enji o tinha lotado de perguntas. Todoroki não se virou para me olhar e não disse nada, o que já era resposta o suficiente para mim. Eu apenas estalei a língua no céu na boca. -Bom, não dá pra julgar. Ele fez muita merda. Você não é obrigado a perdoar ele, sabe? Apesar de que eu sei que você é bom demais pra viver amargurado o resto da vida.
Todoroki se virou para me olhar, piscando surpreso. Eu sabia que ele tinha ficado assim por causa da minha fala. Por, apesar de tudo o que tinha acontecido, eu já saber o suficiente dele, saber ler ele daquela forma. Bom, não era tão difícil, não quando ele não tinha erguido barreiras entre nós, não quando Todoroki era tão transparente comigo.
E eu sabia o que ele estava pensando naquele momento. O fio de esperança de que as coisas talvez um dia pudessem ser minimamente parecidas entre nós dois em relação ao que eram antes.
-Eu gosto muito de você, Todoroki. - falei, porque sabia que ele precisava ter essa confirmação, e porque era a verdade. De uma forma estranha, ele me trazia um conforto que poucas pessoas eram capazes de me trazer. Meu coração finalmente ficava em paz todas às vezes que estávamos juntos. Sentimentos que me preenchiam e transbordavam, e faziam pelo menos uma parte daquela escuridão dentro de mim desaparecer. -Eu não sei o como costumávamos ser quando eu me lembrava, mas você significa muito pra mim, mesmo eu não lembrando do nosso passado. Obrigada por não ter desistido, sabe?
-Já disse, Atsuko. - ele murmurou, desviando o olhar por um instante, as bochechas ficando levemente coradas, o que me fez sorrir. -Eu nunca ia desistir de você.
Sem pensar muito, eu estiquei a mão e afastei o cabelo dele de sua testa, o que fez ele se virar um pouco para me fitar com os olhos heterocromáticos, aquela falta de expressão em seu rosto me fazendo rir. Se eu não conseguisse sentir o que ele sentia, seria difícil ler Shoto Todoroki já que ele não tinha expressão facial.
Deixei meus dedos deslizarem pela bochecha dele, pela cicatriz em seu lado esquerdo. Eu sabia que tinha sido causada por Rei, sabia que tinha sido tudo por causa de Enji. Também sabia que aquilo tinha feito muito mal para Todoroki durante muito, muito tempo.
Sem pensar muito nas consequências das minhas ações, me inclinei na direção dele e beijei sua bochecha com carinho, encima daquela cicatriz. Por algum motivo, senti vontade e necessidade de fazer isso, então fiz, apesar de ter sentido minhas bochechas esquentando logo em seguida. Todoroki ficou em um profundo silêncio, me fazendo pensar se eu não tinha feito alguma merda.
-Você costumava fazer isso sempre. - ele disse com um meio sorriso, tocando a bochecha de leve. Eu pisquei, surpresa.
-Acho que algumas coisas não mudam nem mesmo se a gente esquece das coisas. - falei baixinho, o olhando seriamente. Mas claro que ele apenas ia franzir as sobrancelhas, sem entender nada! E claro que eu acabei dando risada da expressão dele. Katsuki tinha razão, pra alguém tão inteligente, ele era bem burro.
Todoroki e eu conversamos sobre o exame da licença provisória, e ele me contou tudo o que tinha acontecido e o como ele e Katsuki tinham vencido aqueles vilões logo em seguida. Durante aquela conversa com Todoroki, esqueci de todo o resto. Não me importei com mais nada que não prestar atenção nele, tentando deixar de lado o como meu coração batia forte dentro do peito por toda aquela aproximação.
E também deixei de lado tudo o que eu tinha feito nos últimos dias. Durante aquele tempo ali, ao lado dele, me permiti ficar em paz por pelo menos algumas horas. Sem me preocupar com heróis, com vilões, com o futuro ou com o que eu deveria fazer da minha vida. Porque aquilo eu poderia lidar na segunda feira; naquele momento, eu fingiria que era apenas mais uma garota normal conversando com alguém que eu tinha acabado de me dar conta que estava gostando mais do que deveria.
Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Tô perdoada pelo capítulo anterior? Espero que sim S2
Sim, eu não vou comentar nada sobre o que aconteceu no último capítulo. Respostas vem com o tempo, então vão ter que aceitar isso, beijinhos
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 04/09/22
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro