17
Ocean
— Se continuar tão ansiosa, não vai conseguir nunca trocar sua calda por pernas.
Já era quase fim da noite e Jennie não havia obtido nenhum progresso. O mestre ancião havia deixado claro que era difícil, mas a sereia precisava admitir que era muito mais difícil do que imaginou.
— Eu não entendo mestre, eu 'to fazendo tudo o que o senhor disse para eu fazer.
— Tudo, menos se concentrar. Não vai conseguir fazer isso pensando em Lisa.
Jennie então respirou fundo, clareou a mente, e se concentrou. Tudo o que ela precisava fazer era imaginar a si mesma com pernas. Se imaginar com pernas não era difícil, pois poucas horas atrás ela estava com as mesmas. O problema era acreditar em si mesma, acreditar que poderia fazer isso por conta própria, já que antes fez tudo apenas instintivamente, quase como se não fosse ela que estivesse controlando. Ainda assim, ela juntou toda a fé dentro de si, para que pudesse voltar para a pequena humana de cabelos loiros que aos poucos estava aprendendo a amar. Colocou todo o seu esforço, simplesmente porque já estava com saudade.
— No que está pensando?
Perguntou o mestre.
— Que preciso fazer isso, que eu preciso a ver e mostrar que eu posso fazer parte do mundo dela.
— Abra os olhos Jennie.
Assim que o fez, Jennie percebeu que não era mais sua calda que balançava pelas aguas. Assim como aconteceu pela manhã, pernas estavam no lugar.
— Você só precisava de motivação.
Um largo sorriso apareceu no rosto da sereia.
— Agora desfaz.
— Ah! Mas eu demorei tanto pra fazer.
— Se quer voltar para sua casa nadando com pernas tudo bem.
— Que chatice.
Num instante foi desfeito e o mestre ancião desatou a gargalhar.
— Viu, agora que aprendeu não é mais difícil. Muda de novo.
Jennie que nem tinha reparado que não fez esforço nenhum para ter sua calda de volta arregalou os olhos e mudou de forma novamente para ver se conseguia e se surpreendeu com a velocidade que elas apareceram.
— Nossa, mas eu fiz tanto esforço antes, como assim eu consigo fazer isso agora como se eu apenas tivesse mexendo a minha mão?
— Grande parte dos ensinamentos para a magia ancestral é autoconfiança. Mas te ensinar isso seria perda de tempo, pois já tem os poderes. Não há o que fazer, vai precisar confiar em si mesma.
— Então tudo o que preciso fazer pra controlar esse poder, é acreditar que eu posso?
— É acreditar que ele te pertence.
Jennie foi para casa pensativa, e com saudade. Precisava convencer seus pais a deixa-la subir para superfície de vez. Mas dessa vez estava mais confiante de que conseguiria, porque ela aprendeu que precisava acreditar que tinha o que queria antes de ter, e só assim as teriam.
Todavia, naquela noite não quis entrar no assunto com eles. Nem ao menos contou que magia fluía pelo seu corpo. Apenas se deitou e cantou para que Lisa soubesse que estava indo, e que não ia desistir. E porque estava morrendo de saudade.
...
A loira acordou no quarto de sua mãe. Precisou de um tempo para assimilar o porquê de estar ali. Havia pegado no sono porque Jennie estava cantando para ela. Quando se lembrou do acidente com sua mãe rapidamente se levantou da cama onde estava, percebendo que sua mãe não estava ali e com certeza estava aprontando.
— Mãe, cadê você!
— Na cozinha!
— Mãe, era 'pra você estar deitada e 'pra eu estar fazendo o café.
— Você estava dormindo tão bonitinha, e eu to bem.
— Você quase morreu!
— Isso foi ontem, já passou. O ar está entrando no meu pulmão, o meu coração está batendo e eu vou fazer o café da manhã.
Lisa não falou mais nada. Sabia que era inútil, sua mãe era a pessoa mais teimosa do mundo.
Era raro para humana tomar seu café da manhã antes de ir para a escola, entretanto depois do susto que passou, queria passar esse tempo com sua mãe, mesmo que isso significasse se atrasar para o primeiro tempo de aula.
Então ela comeu as panquecas que sua mãe fez, e estavam deliciosas.
— Porra mãe, isso 'tá muito gostoso.
— Lógico que sim, eu que fiz. 'Pra você ver, o que você perde todo dia recusando meu café da manhã.
A falsa loira riu com a fala da sua mãe.
— Sabe que eu prefiro dormir um pouco mais ao invés de comer. Além do mais eu como na escola.
— Por isso 'tá magrinha desse jeito.
— Para mãe! Isso é bullying. Eu não consigo engordar.
— Tudo é bullying hoje em dia. Anda vai se arrumar, senão você vai se atrasar.
A humana não disse mais nada. Apenas se levantou e foi fazer o que lhe foi dito.
Tomou um banho e vestiu uma de suas calças largas e um moletom. Estava tão cansada do dia anterior que nem se preocupou muito com o cabelo, apenas o prendeu de qualquer forma e saiu a caminho de sua escola depois de dar tchau para sua progenitora.
...
— Mãe, pai... Preciso contar uma coisa para vocês.
Após ouvir essa fase de sua filha, ambos prenderam a respiração e se preparam para alguma noticia bombástica ou algum pedido inusitado que os fariam morrer de preocupação, coisa que se tornou rotineira desde que a filha começara a sair com a humana.
— Eu meio que...
Apesar da confiança que tinha adquirido no dia anterior, Jennie ficou sem jeito para falar. Estava nervosa. Sabia que seus pais não ficariam felizes com as noticias, e com eles infelizes era difícil conseguir o que queria. Portanto, precisava pensar em exata cada palavra que sairia de sua boca.
— Fala logo filha, antes que seu pai e eu morramos do coração.
— Eu conheci a rainha Jieun.
Decidiu começar com algo que seria uma boa notícia.
— Nossa filha! Isso é incrível, apenas os anciões mantém contato com a rainha.
— Então sobre isso... Ela me deu magia ancestral, e agora estou em treinamento para ser anciã.
Era uma coisa entre amores sirenos, mas ambos tiveram a mesma reação ao ouvir o que a filha disse. Seus queixos caíram e seus olhos se arregalaram.
Jennie esperou para ver se eles iam falar alguma coisa, como não falaram nada ela fechou os olhos, respirou fundo e prosseguiu.
— Agora eu tenho pernas e eu quero passar uma semana na superfície com a Lisa, pois depois disso começarei num treinamento intenso com o mestre ancião e não vou mais ter tempo de vê-la mais.
Ela não ousou abrir os olhos e estava esperando muita gritaria e negação. Mas ao invés disso, seus pais se entreolharam com ternura no olhar. E quando seu pai suspirou, Jennie finalmente abriu os olhos bem confusa.
— Vocês não vão gritar que eu estou ficando maluca, me trancar no quarto e não dexar eu sair nunca mais?
Sua mãe se aproximou, passou a mão no rosto de sua filha num carinho delicado, e suas lágrimas se misturavam ao imenso oceano ao seu redor. E então ela finalmente disse:
— Não podemos te impedir filha. É seu destino. Você amou uma humana e com certeza O ser Maior daria um jeito de você ficar com ela, pois ele é justo. E se a rainha Jieun te deu essa magia é porque está pronta. Você não é mais nossa menininha. Você é uma mulher que agora possui um enorme poder e não está mais sobre nosso controle. Confiamos em você.
Jennie imediatamente puxou sua mãe para um abraço e logo seu pai se achegou.
— Vocês são os melhores pais do mundo.
— E você minha filha, nunca poderíamos sonhar em alguém que nos daria tanto orgulho.
— Eu amo vocês.
Jennie estava tão empolgada que passaria uma semana inteirinha com o amor da sua vida, enquanto a mesma não fazia ideia do que estava por vir.
Seria uma semana e tanto.
Ocean.
Capítulo não revisado.
E ai, eu demorei né. Mas vamos considerar que vocês também.
Acontece que essa coisa de meta de votos não ta dando certo, então não vai mais ter isso. Todavia também não prometo ser muito frequente com as atualizações, pois eu trabalho além disso eu decidi dar atenção a todas as minhas fanfics, e elas não são poucas kk.
Enfim, se tiver uma merda eu peço perdão, porque realmente tinha muito tempo que eu não escrevia.
Mas é isso, próximo capítulo será com nosso casalsinho na terra. Se preparem para o caos.
Até a próxima!
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