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Capítulo 13

12 de abril

Era como se o fim do mundo estivesse acontecendo dentro de seu peito. À medida que Luís processava as palavras ditas, seu coração foi se partindo em pedaços ridiculamente pequenos. A dor era real, pulsante, invadia seus músculos, seus ossos, sua alma. Ficou paralisado, estático, encarando incredulamente o homem parado à sua frente que virara de costas para ele, apoiando a mão direita na parede, o punho fechado, a cabeça baixa. Uma infinidade de pensamentos assolou sua mente, indo e vindo mais rápido do que era capaz de processar. O único que ficou foi: o que estaria passando pela cabeça de Vicente naquele momento?

Luís não tinha ideia, mas sabia o que estava passando na sua. Cada momento dos dois passou como flashes, fotografias e filmagens em sua mente confusa e perturbada. Lembrou das férias, dos bares, das conversas, risadas e discussões. Lembrou dos dias de praia e dos dias de chuva. Das noites que viraram trabalhando arduamente na montagem do projeto da faculdade, cada detalhe sendo pensado com precisão. Lembrou dos livros trocados, dos filmes discutidos, dos museus visitados. Enquanto encontrava com Pedro e Jorge apenas na faculdade e nos bares e chopadas, Vicente havia se tornado parte fundamental da sua vida, uma amizade que cresceu forte ao longo dos anos. Frequentavam festas de família uns do outro, saíam com amigos da época de escola. Viviam juntos. Como irmãos, havia ouvido muitas vezes, e essa constatação deu um nó em seu estômago. O sentimento que nutria por aquele par de olhos cor do céu não era fraterno e ele não tinha certeza que algum dia havia sido. O que achou ser uma amizade, agora ele percebia, era um amor crescendo em fogo brando, sendo alimentado por companheirismo e confiança. E ali, olhando para o homem que ocupava grande parte do espaço livre do seu quarto e tomava todo o oxigênio restante do ambiente, se perguntou se eram esses seus pensamentos também. Se estava questionando cada momento que tiveram juntos. Se estava colocando sua amizade em dúvida. Se estava com medo de que pensassem que eles eram um casal. Se o odiava.

Seus pensamentos foram interrompidos quando Vicente lentamente se virou, os olhos baixos tornando sua feição impossível de ser lida. Com duas passadas, alcançou a cama onde Luís estava, sentando-se de frente a ele e então, finalmente, ergueu o olhar em sua direção. O par de olhos azuis estava preenchido por dor e Luís perdeu o ar. Perdeu o ar e o controle da confusão que se fazia dentro de si, o nó na garganta arranhando a fala, forçando por seu rosto as lágrimas até então presas no fundo de seus olhos castanhos. Dor e medo era tudo que conseguia sentir naquele momento.

— A minha vontade é gritar com você e te chacoalhar — Vicente começou a falar em um tom de voz contido e Luís cerrou os dentes, olhando para baixo. — Porque simplesmente não me entra na cabeça como você pode ter tentado me afastar de você e jogar nossa amizade no lixo por isso. Porque me dói o quão pouca confiança você tem em mim — concluiu e Luís levantou a cabeça em um salto, os olhos confusos procurando por uma explicação do que havia acabado de ouvir.

Vicente fechou os olhos por um segundo apenas e voltou a encará-lo.

— Mas isso não é sobre mim, é sobre você, então eu vou deixar essa parte pra depois. — Ele suspirou. — Eu sinto muito. Eu sinto muito que isso tenha te feito sofrer tanto nesses últimos meses, que esteja te fazendo sofrer agora. Sinto muito que você tenha medo. Gostaria de poder te dizer que não existe motivo nenhum pra temer, que a vida é sua e você tem o direito de fazer o que bem entender e ninguém tem nada a ver com isso mas... Bom. — Ele engoliu seco e Luís finalmente entendeu.

Como ele pôde esquecer? Como uma informação tão fundamental escapou por sua memória? Matheus era seu nome, e ele conhecia aquela história de cor, não somente porque o amigo havia lhe contado, mas porque lembrava das notícias. Matheus havia saído para jantar com o namorado, foram comemorar a promoção que ele havia recebido no trabalho. Saíam do restaurante, tarde da noite em uma vizinhança agradável e relativamente segura. Estavam de mãos dadas, sorridentes, exalando orgulho e felicidade. O restaurante era a apenas algumas ruas de distância da casa dele e resolveram ir à uma boate depois.

Na volta, de madrugada, caminhavam despreocupados de volta para casa, até que um carro os fechou, adentrando a calçada deserta àquela hora da noite. Três homens saíram do carro, fúria no olhar, e os cercaram. Primeiro aos gritos de bicha, veado. Depois aos brados de que precisa levar muita porrada pra virar homem. Por fim, a ameaça foi cumprida. Em meio a chutes, socos, pancadas com objetos duros encontrados nos arredores, o extintor de incêndio do carro sendo usado como cassetete, o resultado foi devastador. Costelas quebradas, ossos partidos, traumatismo craniano. Pescoço quebrado. As pessoas na rua gritavam, algumas filmavam com o celular. Mas ninguém interviu. Quando o socorro chegou e eles foram levados para o hospital, os agressores já estava há muito longe da cena.

O namorado de Matheus entrou em coma e assim ficou por quatro meses. A extensão dos ferimentos o manteve preso à uma cama de hospital por meses mais. Um nervo da perna direita foi danificado permanentemente e ele era incapaz de andar sem uma muleta. Matheus... Matheus, primo de Vicente, chegou ao hospital já morto.

Vicente o encarava, incerto. Não tinha certeza do que dizer ou do que fazer, porque a verdade é que aquilo mudava muita coisa. E ele odiava isso. Se odiava por isso. Odiava a forma como agora olhava para o homem à sua frente e tudo que queria era que as últimas palavras não tivessem sido ditas e Luís voltasse a ser apenas seu amigo. Estava se esforçando ao máximo para manter sua atenção onde devia estar, mas seus pensamentos vagavam por lugares incontroláveis. Conseguia ver a confusão e o medo estampados nos olhos do outro e queria, precisava dizer alguma coisa para acalmá-lo. Mas tudo o que conseguia pensar era em seu primo morto, vítima da intolerância de uma sociedade cruel e hipócrita. Mas, mais que isso, tudo que conseguia era pensar na sua própria dor egoísta.

Lágrimas escorriam pelas bochechas de ambos, cada um com seu próprio motivo, mas não importava. Vicente lamentava que Luís estivesse sofrendo tanto com a sua sexualidade, isso era algo que ninguém deveria precisar passar. Não havia pecado maior do que fazer alguém se sentir culpado por ser o que é, e disso ele entendia muito bem, embora não fosse um assunto que mencionasse. Nunca. Estava ali, dando todo o apoio que cabia em si, e sabia que não havia momento mais certeiro para falar de sua própria sexualidade — ou, no caso, a ausência dela, o que tornava ainda mais difíceis seus sentimentos. Luís estava confiando nele, e ele sabia que deveria fazer o mesmo, mas... Não conseguia.

Vicente sempre negou a si mesmo a possibilidade daquela relação estreita dos dois ser mais do que sempre fora. E agora se esforçava ao máximo para continuar criando justificativas em sua mente. Manteve-se em silêncio e desperdiçou a oportunidade de dizer algo. Então, tudo o que fez, por fim, foi abraçá-lo. Em silêncio, passou os braços ao redor do seu ombro, em um contato físico muito maior do que jamais haviam tido, mas a verdade é que Vicente precisava daquele abraço tanto quando Luís.

Não podia permitir que as coisas mudassem entre os dois; Vicente sempre soubera que seus próprios relacionamentos não seriam como todos os outros e não destruiria aquela amizade em vão.

Verdade seja dita, a última vez que Vicente se envolvera emocionalmente com alguém havia sido no fim do ensino médio, quando seu namorado da época o pressionara a manter relações sexuais mesmo que ele repetisse todas as vezes que simplesmente não sentia vontade. Não sentia qualquer atração sexual por ele. Tentou se relacionar com mulheres antes e depois disso, e nada. Não se sentia sexualmente atraído por ninguém, e definitivamente não se sentia emocionalmente atraído por pessoas do sexo oposto. Veado e brocha foram apenas duas das coisas que ouvira de todos com quem tentara se envolver desde que atingiu uma idade em que sexo passara a ser fundamental na relação de qualquer pessoa. Lembrava vividamente cada discussão e cada humilhação que sofrera sempre que se aproximava o suficiente de alguém. Ninguém entedia, e como poderiam se ele próprio demorou tanto tempo para entender?

Depois de muita pesquisa, descobriu que não era o único nessa situação e, pela primeira vez, conseguiu respirar aliviado. Significava que não era anormal, que não era um E.T., que podia ter uma vida, potencialmente um relacionamento. Sua atração sexual por outra pessoa era quase nula, e, nas raras vezes em que ocorria, era fruto de um envolvimento emocional profundo, um estado em que era capaz de confiar sua vida e sua alma àquele que a possuísse. Mas como poderia chegar a esse nível de intimidade com alguém se sexo sempre era uma barreira tão grande e requisito tão fundamental logo nas primeiras semanas?

A verdade era que o último relacionamento traumático fez com que ele tivesse evitado se envolver com alguém desde então, convencido de que era impossível estabelecer um relacionamento estável sem sexo. E ali estava Luís, olhando em seus olhos e sendo honesto apesar do medo estampado em seus olhos. Vicente se sentia um covarde por não fazer o mesmo, mas o que poderia dizer? Também gosto de homens, mas não desse jeito. Inclusive, gosto de você, mas não desse jeito. Talvez nunca desse jeito.

Luís já estava lidando com coisas demais no momento para que precisasse ter que lidar com mais isso.

Encararam-se, lágrimas escorrendo silenciosamente por seus rostos quando o abraço cessou, sem que nenhuma palavra precisasse ser dita. Luís havia tirado um peso de suas próprias costas. Ali, naquele momento, tinha certeza que tudo estava bem. Seus sentimentos ainda reprimidos permaneceriam assim e tinha certeza que sofreria em silêncio por eles por muito tempo ainda. Mas a certeza que sua relação não mudaria, a certeza da presença do outro em sua vida bastaria por hora. Deixaria para sofrer no futuro quando o futuro chegasse.

O silêncio foi quebrado com uma batida na porta. Ambos se apressaram para limpar o rosto enquanto a porta ruidosamente se abria e Dona Rita enfiava a cabeça para dentro do quarto.

— Tudo certo por aqui, rapazes? — ela perguntou e, quando ambos acenaram positivamente com a cabeça, continuou. — Vicente, você come peixe?

— Não precisa se preocupar, tia, eu já estou indo para casa — ele respondeu e ela dispensou o comentário com a mão.

— Bobagem, você fica para o jantar! E se ficar tarde para voltar para casa, você dorme aqui — anunciou, retirando-se do quarto antes que qualquer um dos dois pudesse contestar sua decisão. Vicente sorriu.

— Bom, parece que seu plano idiota de me manter afastado acabou de definitivamente ir por água abaixo — ele debochou e Luís riu nervosamente, coçando a nuca.

O restante da noite passou rapidamente. Vicente avisou aos pais que dormiria na casa do amigo e, após o jantar, passaram algumas horas conversando bobagens sobre filmes e livros e teorias. Um colchão foi providenciado e espremido no espaço entre a cama e a porta, e Vicente se acomodou ali, apesar da insistência de Luís para que ficasse com a cama. Conversaram por mais alguns minutos até que naturalmente o silêncio foi tomando conta do quarto. Não um silêncio opressor dessa vez, era natural, confortável. Luís estava prestes a se entregar ao sono quando ouviu Vicente falar.

— Lembra o que eu te disse naquele dia, no começo do ano, quando o Jorge estava insistindo, perguntando da sua namorada misteriosa? — Vicente se forçou a balbuciar, remetendo a um fato específico de muito tempo atrás, sem ter certeza se o outro lembraria. Para sua surpresa, ele lembrou.

— O que quer que me faça feliz — Luís respondeu sem conseguir reprimir o sorriso em seu rosto.

— O que quer que te faça feliz — Vicente repetiu com convicção, dizendo as palavras mais para si mesmo do que para o outro.

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